509-E

509-E é um grupo de rap brasileiro. Formado por Dexter e Afro-X enquanto estavam no Casa de Detenção de São Paulo, foi dissolvido em 2003, quando os músicos decidiram seguir carreira solo.

509-E
Informação geral
OrigemSão Paulo,  São Paulo
País Brasil
Gênero(s)Rap, hip hop, gangsta rap
Período em atividade2000-2003
2019-presente
Integrantes
Ex-integrantes
Página oficialinstagram.com/509eoficial

Em 2019 os rappers Dexter e Afro-X, decidiram retomar as atividades do grupo para uma turnê e logo após Dexter anunciou a sua saída do grupo.

Carreira

Início

O grupo foi formado por Dexter e Afro-X, dois jovens pobres, nascidos na Vila Calux, periferia violenta de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista.[1] Em 1990, cada um montou seu grupo de rap: O de Dexter era o Snake Boys e o de Afro X era o Suburbanos.[1] Foi também nessa época que eles começaram a se envolver com o crime.[1] Em 1994, Afro X foi preso por assalto a mão armada e em 98, Dexter também foi preso.[1] Presos e condenados a mais de 10 anos de prisão pelo crime previsto no artigo 157 (assalto à mão armada) do Código Penal, os dois se envolveram com a música dentro da penitenciária, Dexter como integrante do Tribunal Popular e Afro-X como vocal do Suburbanos.

O nome do grupo veio da cela que dividiam no quinto andar do pavilhão 7 da Casa de Detenção.[1] Eles se tornaram os porta-vozes de todos aqueles que sofriam encarcerados no Brasil ao abordarem em suas letras o cotidiano violento da periferia e das penitenciárias. Foi através do selo Só Rap, da gravadora Atração, que o álbum de estreia do 509-E, batizado de Provérbios 13, foi lançado com 12 faixas, no segundo trimestre de 2000. O álbum foi gravado em quatro saídas da cadeia.[2] Além do talento dos dois nos vocais, o time de produtores do Provérbios 13, formado por Mano Brown e Edi Rock (ambos do Racionais MC's), DJ Hum (parceiro de Thaíde) e por MV Bill conseguiu promover o grupo.[1] Também contaram com o apoio da "Madrinha dos Presos", a atriz Sophia Bisilliat, idealizadora do projeto “Talentos Aprisionados”, uma iniciativa do sistema prisional do Estado de São Paulo. Provérbios 13 vendeu 90 mil cópias oficiais, sem contar os discos piratas.[2]

Antes disso, eles gravaram a faixa "Barril de Pólvora", no disco Brazil 1: Escadinha Fazendo Justiça com as Próprias Mãos, lançado pelo ex-bandido carioca e também detento José Carlos dos Reis Encina, mais conhecido como "Escadinha". Naquela época, dezembro de 1999, a dupla era conhecida como Linha de Frente.

Em agosto, o 509-E foi apresentado ao Brasil, quando disputou com o clipe de "Só os fortes" duas categorias, de Melhor Vídeo de Rap e Escolha da Audiência, no Video Music Brasil, da MTV. A vitória não veio, mas o espaço dado ao grupo abriu várias portas para Dexter e Afro-X. A consagração aconteceu no dia 14 de novembro de 2000, quando o 509-E levou o prêmio HUTÚZ de grupo revelação do ano. A ida dos rappers paulistas até um teatro no Rio de Janeiro para receber a premiação, com direito a ponte aérea e tudo, fez com que a Rede Globo produzisse duas matérias sobre o trabalho musical de Dexter e Afro-X. O grupo, no entanto, estava no seu auge quando as coisas começaram a piorar. Convidados para um debate na Rede Globo, a dupla despertou a atenção das autoridades em função do conteúdo das letras de suas músicas. Tornaram-se inimigos dos policiais, principalmente após a rebelião que resultou na extinção do Carandiru. Após esse episódio, o grupo foi proibido de fazer shows na rua.[3]

Após um tempo, Afro-X foi libertado e o 509-E lançou seu segundo e último trabalho, MMII DC (2002 Depois de Cristo).[3] Os dois integrantes começaram a se desentender criativamente e o grupo terminou em 2003. Sobre o fim do grupo, o rapper Dexter afirmou:[3]

O 509-E acabou por vários motivos. Um grupo de RAP é como uma igreja, a partir do momento que você não concorda com aquela doutrina e aquilo te incomoda, você muda de igreja, porém, seu Deus vai continuar sendo o mesmo e estará dentro do seu coração. Você só vai mudar de placa, mas a sua essência continuará sendo a mesma. Depois que o Afro-X foi pra rua, algumas coisas mudaram e naturalmente nos afastamos um do outro. Ele passou a falar de coisas que estava vivendo no momento, que é natural. E eu, continuei falando das mesmas coisas que já havia falado nos outros discos, porém, de um outro jeito, é lógico. Ideologicamente falando, nos distanciamos também, o barato começou a me incomodar e optei pelo fim do grupo.

Posteriormente, Dexter seguiu carreira solo e lançou dois álbuns; Afro-X permaneceu por algum tempo no rap, afastou-se e voltou novamente, se casou com a cantora Simony[4][5], e se tornou educador[6].

Em 2009, foi lançado um documentário sobre o 509-E, chamado Entre a Luz e a Sombra.[7] Dirigido por Luciana Burlamaqui, ele aborda a violência no Brasil a partir da formação da dupla Dexter e Afro-X dentro do Carandiru.[8][9] Lançado em novembro de 2009, recebeu o prêmio da 4ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul.[10]

Retorno

Amigos de infância, Dexter e Afro-X ficaram mais de dez anos sem se falar.[2] Após 16 anos, em 2019, a dupla retornou aos palcos para uma série de shows para celebrar os 20 anos de parceria, denominada "Vivos".[11][12][13][14] O primeiro show foi realizado em São Paulo, em 24 de agosto, no Audio Club.[2][15][16]

No fim, Dexter preferiu seguir carreira solo e Afro-X efetivou então o irmão, Bad, formando a nova dupla do 509-E.[17] Em dezembro do mesmo ano sai “A Segunda Chance”, acompanhada de videoclipe.[18][19]

Em março de 2021, lançam o single "A Liberdade Cantou".[20][21][22]

Em outubro de 2022, se unem ao cantor e compositor Hyldon para lançar o single e clipe de “Liberdade Pra Sonhar”.[23][24]

Discografia

Prêmios

AnoPrêmioCategoriaRef
2000Prêmio HutúzRevelação[25]

Referências

Ligações externas