Raimundo António de Bulhão Pato

poeta, ensaísta e memorialista português (1828-1912)
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Raimundo António de Bulhão Pato[1] (Bilbau, 3 de março de 1828Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido como Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa.[2] As suas Memórias, escritas em tom íntimo e nostálgico, são interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem, retratando o ambiente intelectual português da última metade do século XIX.

Bulhão Pato
Raimundo António de Bulhão Pato
Retrato de Bulhão Pato (1883), por Columbano Bordalo Pinheiro. Museu do Chiado.
Nascimento3 de março de 1828
Bilbau
Morte24 de agosto de 1912 (84 anos)
Monte de Caparica
NacionalidadePortugal Português
OcupaçãoPoeta
Magnum opusLivro do Monte
Assinatura

Biografia

Filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e da espanhola María de la Piedad Brandy, o poeta nasceu em Bilbau, no País Basco, e passou seus primeiros anos no distrito de Deusto. Foi a época dos dois primeiros cercos de Bilbau (em 1835 e 1836), durante a Primeira Guerra Carlista. Em 1837, depois de sofrer grandes transtornos, sua família decide retirar-se para Portugal.

Em 1845, o jovem Raimundo António matricula-se na Escola Politécnica, mas não completaria o curso.[3] Ganhou a vida como 2.º oficial da 1.ª repartição da Direcção-Geral do Comércio e Indústria.[4] Bon vivant, era apreciador de caçadas,[5] viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier[6].

Aderiu à voga ultrarromântica, acrescentando elementos folclóricos e descrições de cenas e tipos populares, em linguagem viva e coloquial. O poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado de 1866 a 1894 e que o tornou célebre, parece já prenunciar um certo realismo, enquanto sua poesia satírica reflete uma certa preocupação social.[7]

Em 1850, publica o seu primeiro livro, Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 aparece o segundo, Versos de Bulhão Pato, e, em 1866, o poema Paquita. Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare e do Ruy Blas de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.

Para o teatro, escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, encenada no Teatro D. Maria II em 1858 e publicada nesse mesmo ano.

Foi colaborador em diferentes publicações periódicas, nomeadamente: A Época [8] (1848-1849) jornal fundado e dirigido por Andrade Corvo juntamente com Rebelo da Silva; Revista do Conservatório Real de Lisboa [9] (1902), Pamphletos (1858), A illustração portugueza (1884-1890)[10] A Semana de Lisboa [11] (1893-1895), Revista Peninsular, Gazeta Literária do Porto [12] (1868), Revista Universal Lisbonense[13], Branco e Negro [14] (1896-1898) e Brasil-Portugal[15], Serões[16] (1901-1911), Ilustração Luso-Brasileira [17] (1856-1859) e na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil [18] (1859-1865), Tiro civil [19] (1895-1903) entre outros.

Por seu ultrarromantismo, influenciado por Lamartine e Byron, e seus dotes culinários, Bulhão Pato acreditou ter servido de inspiração a Eça de Queirós na composição do personagem — algo caricatural — do poeta Tomás de Alencar, que aparece em Os Maias (1888).[20] Ao se crer retratado no romance — o que Eça negou, em uma deliciosa carta ao jornalista Carlos Lobo d'Ávila[21] —, Bulhão Pato parece ter ficado furioso e, em resposta, escreveu as sátiras "O Grande Maia" (1888) e "Lázaro Cônsul" (1889).[4] [22] [23][24]

Obras

  • Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato (1850)
  • Versos de Bulhão Pato (1862) (eBook)
  • Digressões e Novelas (1864)[25]
  • Paquita (1866)
  • A José Estevão (1866) (eBook)
  • Canções da Tarde (1867)
  • Flôres agrestes (1870)
  • Paizagens (1871)
  • Canticos e satyras (1873)
  • Sob os Ciprestes: Vida intima de homens illustres (1877)
  • Hamlet (tradução) (1879)
  • Mercador de Veneza (tradução) (1881)
  • Satyras (1896)
  • Canções e Idyllios (1896)
  • Livro do Monte (1896)
  • Memórias (1894-1907)

Ver também

Ligações externas

Referências