Annona cherimola

árvore frutífera da família das anonáceas
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Annona cherimola é uma espécie arbórea de pequeno porte (até 7 m de altura) pertencente à família Annonaceae, originária das regiões andinas do Equador, da Bolívia e do Peru, mas na actualidade cultivada como fruteira nas regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo. O fruto é conhecido por vários nomes, entre os quais chirimoia (do espanhol chirimoya, e este do quéchua chiri muya, "semente do frio"),[3] anona,[4] nona[4], tamarinoia[4] ou ainda coração-de-negro (nos Açores), é na verdade, como nas demais anonáceas, um agrupamento sincárpico de frutos. Na América do Sul, onde o fruto é conhecido por chirimoyo, o suco é muito apreciado, sendo comercializado em bares e restaurantes.[5]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaAnnona cherimola
chirimoia, anona
Fruto de A. cherimola imaturo in situ, maduro e cortado longitudinalmente.
Fruto de A. cherimola imaturo in situ, maduro e cortado longitudinalmente.
Classificação científica
Reino:Plantae
Divisão:Magnoliophyta
Classe:Magnoliopsida
Subclasse:Magnoliidae
Ordem:Magnoliales
Família:Annonaceae
Subfamília:Annonoideae
Tribo:Annoneae
Género:Annona
Espécie:A. cherimola
Nome binomial
Annona cherimola
Mill. in Gard. Dict., ed. 8, 5, 1768 [1]
Distribuição geográfica

Sinónimos[2]
Hábito da planta, com folhas e fruto.
Fruto de A. cherimola.
Frutos unitários do fruto sincárpico: cada um deriva de um só carpelo, sendo o conjunto formado por 100-200 frutos unitário. A polpa esbranquiçada que rodeia as sementes é a parte doce e comestível do fruto.

Descrição

A anoneira é uma árvore caducifólia de crescimento lento, que adquire na maturidade uma altura de 7 a 8 m, com folhagem exuberante, porte erecto, frequentemente ramificada irregularmente.[6]

O caule é cilíndrico, de ritidoma grosseiro. Apresente sistema radicular superficial e ramificado, originando dois ou três estratos radiculares localizados a diferentes profundidades, mas sempre pouco profundos.

As folhas, com pecíolos de 6–12 mm de comprimento, são simples, inteiras, muito finas, de filotaxia alterna e forma ovalada ou ovada-lanceolada com o dorso tomentoso e acinzentado. As gemas são compostas e podem originar rebentos mistos (vegetativos e florais).

As flores são muito aromáticas, embora pouco chamativas, apresentaando seis pétalas amarelentas, jaspeadas de púrpura. São hermafroditas, solitárias ou em ramalhetes de duas o três, sobre um curto e inclinado pedúnculo inserto nas axilas das folhas. O cálice consta de 3 sépalas de coloração verde escura, pequenas (2–4 mm) e de forma triangular. A corola é formada por seis pétalas dispostas em dois verticilos. As três pétalas exteriores são desenvolvidas e ligeiramente carnudas, com 2,5 a 4 cm de comprimento, com a parte superior aguçada ou triangular. As três pétalas internas são rudimentares, em forma de escama, ovaladas ou triangulares, por vezes ausentes.[6]

A parte masculina da flor consta de numerosos estames (150-200), dispostos helicoidalmente num denso arranjo sobre um receptáculo, formando uma massa branca compacta comprimida pelas pétalas. A parte feminina apresenta também elevado de número de carpelos (de 100 a 200), cada um com apenas um óvulo, dispostos em espiral, formando um cone compacto em cujos extremos se encontram os estilos e estigmas.[6]

Quando fecundados, os óvulos desenvolvem-se num fruto composto, sincárpico, como consequência da fusão dos carpelos em torno de um receptáculo carnudo, de forma alongada e cónica. Quando a polinização é inadequada, e apenas são fecundados alguns óvulos de maneira irregular, os frutos que se formam são assimétricos e disformes.

A pele dos frutos é fina e delicada, com a superfície do fruto com marcas em forma de U que correspondem à zona de união dos carpelos, podendo ser lisa ou com pequenas protuberâncias. O peso do fruto pode oscilar entre 200 e 800 g. A coloração do fruto varia segundo a variedade, podendo ir de verde claro a verde escuro ou violáceo quando maduro. A polpa é branca, cremosa e moderadamente suculenta, com numerosas sementes, com 1 cm de comprimento e coloração que varia desde o castanho muito escuro ao negro, adquirindo cor de chocolate após umas poucas horas de exposição ao ar e à luz. As sementes são obovoidas, ligeiramente aplanadas, de superfície brilhante, com pequenas protuberâncias e com uma estria equatorial periférica mais ou menos contínuo, apenas interrompida no ápice. O ápice é obliquamente truncado ao nível do hilo.[6]

O endosperma é de textura ruminada, envolto num tegumento fibroso intimamente ligado ao endosperma e ao endocarpo, penetrando nas profundas fissuras e irregularidades (ruminações laminiformes) existentes na sua superfície.[6]

Origem

A espécie é considerada originária do norte do Peru[7][8][9][10][11] em áreas compreendidas entre os 1 500 e 2 200 m acima do nível médio do mar, região onde é cultivada pelo menos desde o ano 200 d.C.,[12] e do sul do Equador, na província de Loja no chamado Vale Sagrado de Vilcabamba e nas localidades de Cariamanga, Gonzanamá e Amaluza.[13]

Ao norte da latitude 6° 40' de latitude sul no Peru, as cherimoias em estado silvestre crescem em uma faixa de altitude que vai de 1 000 a 2 000 m na vertente do Pacífico e que varia de 1 500 a 2 500 m nos vales interandinos. As cherimoias não prosperam nas vertentes orientais dos Andes, por que a chuva ocorre em todas as estações do ano, impedindo a detenção do crescimento e a iniciação floral. No Distrito de Assunção (Cajamarca), observaram-se cherimoias em locais de precipitação média anual inferior a 668 mm, em vales cujos solos profundos permitem que as raízes das plantas busquem as águas subterrâneas.[14]

As localidades aonde se produzem cherimoias no Peru são Santo Toribio de Cumbe no Distrito de San Mateo de Otao e no Distrito de Callahuanca, ambas localizadas na Província de Huarochirí; assim como no Distrito de Leoncio Prado, localizado na Província de Huaura. Outras regiões do Peru aonde se produzem cherimoia são Cajamarca, Huánuco, Apurímac e Junín.[15]

Na Bolívia, as cherimoias prosperam melhor em torno de Mizque, Aiquile e na Província de Ayopaya, no Departamento de Cochabamba, e ao redor de Luribay e Sapahaqui no Departamento de La Paz.[16] Em Mizque só existem plantios de cherimoia irrigados.[14]

Devido a falta de estudos complementares não permite descartar que o centro de diversidade também se estenda à América Central e ao México, considerados como um centro de origem secundário.[17]

Encontram-se variedade aparentemente nativas desde o México até ao Chile, percorrendo toda a porção ocidental da América Central e do Sul, mas não ocorre no Brasil. No Brasil é uma espécie introduzida, mas seu cultivo em anos recentes tem ganhado relevância em resultado da popularidade crescente do fruto no país, sobretudo para uso em sucos e coquetéis.

A espécie foi introduzida no sul de Espanha antes de 1751,[18] na zona de Motril, Salobreña, Almuñécar e parte de Málaga, de onde provavelmente foi levada para Itália e para a ilha da Madeira, Canárias e Açores.

Na zona mediterrânica a cultura encontra-se bem adaptada em Israel, Egipto, Reggio Calabria (sul de Itália) e Argélia, mas o seu cultivo encontra-se estendido a todos os continentes.[19] Os principais produtores mundiais são a Argentina, Austrália, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Estados Unidos, Israel, Peru, África do Sul e Taiwan.

Na ilha da Madeira, a produção além de se destinar ao consumo interno, é exportada para vários países europeus, em especial a França.

cultivar de cherimoia "Anona da Madeira"

Taxonomia

A espécie Annona cherimola foi descrita por Carolus Linnaeus e publicada em Species Plantarum, vol. 1, p. 536, 1753,[2] tendo como basinómio Annona muricata L.

A etimologia do epíteto específico cherimola assenta nos vocábulos da língua quechua chiri, "frio", e muya, "horto", aparentemente porque germina a elevadas altitudes com temperaturas baixas. A palavra em quechua é grafada como chirimuya.[20]

O nome genérico Annona foi latinizado a partir de anón, denominação do fruto da árvore homónima em língua taína.[21]

Está descrito um hibrido entre A. cherimola e A. squamosa, conhecido pelo nome comum de atemoya, produzido na Flórida por Pj. Westery E. Simmonds, presentemente objeto de cultivo comercial tanto na Flórida como na Austrália e Israel.

Requerimentos edafoclimáticos

No sul do Equador, na Província de Loja, as cherimoias nativas ocorrem em áreas de temperaturas médias anuais, de 18 a 20 °C, temperaturas mínimas medias variando de 10 a 12 °C e temperaturas médias máximas variando de 26,5 a 30 °C. A precipitação anual varia entre 800 - 1.000 mm (concentrada em 8 meses do ano). Os valores de umidade são elevados e variam entre 75 e 85%. Os solos nas quais elas são encontradas têm alto teor de areia e são ligeiramente ácidos com pH entre 5 e 6,5 [13]

Características climáticas e classes de aptidão para o cultivo de cherimoia
Características climáticasAptidão boaAptidão moderadaInapropriado
Precipitacão anual (mm)>800600-800<600
Temperatura anual (°C)17-2020-23>23
14-17<14
Período de crescimento (meses)6-85-6<5
8-12
Umidade relativa (%)<80>80

Fonte:[22]

Notas

Ligações externas

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