Helena Vaz da Silva

jornalista cultural e politica portuguesa (1939-2002)

Helena Maria da Costa de Sousa de Macedo Gentil GOIH (Lisboa, Santa Catarina, 3 de Julho de 1939 – Lisboa, 12 de Agosto de 2002) foi uma das primeiras e mais influentes jornalistas culturais em Portugal.[1]

Helena Vaz da Silva
Helena Vaz da Silva
Nome completoHelena Maria da Costa de Sousa de Macedo Gentil
Nascimento3 de julho de 1939
Lisboa, Portugal
Morte12 de agosto de 2002 (63 anos)
Lisboa, Portugal
NacionalidadePortugal Português
OcupaçãoJornalista, tradutora e política
PrémiosOrdem do Infante D. Henrique
Magnum opusIncitações para o milénio

Biografia

Filha única do Doutor Francisco Mascarenhas Gentil, Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e de sua mulher D. Isabel Maria da Ascenção Barjona de Freitas da Costa de Sousa de Macedo. O seu avô paterno, o médico cirurgião e professor de Medicina Francisco Soares Branco Gentil, foi o fundador e director do Instituto Português de Oncologia (IPO) e director da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.[2]

Frequenta o Colégio de freiras de St. Augustin e as escolas das irmãs Escravas e Oblatas, sempre com excecional aproveitamento. Com 17 anos começa a sua vida profissional na agência de publicidade de Martins da Hora, na mesma secretária em que trabalhou Fernando Pessoa. Mais tarde,volta a estudar Jornalismo e Sociologia na Universidade de Vincennes em Paris, onde assiste também aos acontecimentos de Maio.[2][3][4]

Casa no Mosteiro dos Jerónimos, a 7 de Março de 1959, com Alberto de Mira Mendes Vaz da Silva (Lisboa, 7 de Agosto de 1936 – Lisboa, 7 de Julho de 2015), com quem tem quatro filhos; Francisco, Salvador, Tomás e Helena.[2] Insere-se no influente círculo cultural, em que se integram António Alçada Batista, Nuno Bragança, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, José Escada, Luís Sousa Costa, Nuno Cardoso Peres e Cristovam Pavia. Sobre esse grupo disse Helena: “Para lá do trabalho em comum que tínhamos (no projecto editorial da Livraria Moraes), chegámos a planear constituir uma comunidade segundo um projecto só nosso, a que chamámos O Pacto”. Esse projeto não se concretizou, mas realizou-se um outro, o da criação de uma revista “de pensamento e acção”, que nasceu em 1963 e que se chamou “O Tempo e o Modo” – iniciativa marcante, pela abertura de novos horizontes políticos, culturais, literários e artísticos. A revista congregaria personalidades de diversas sensibilidades, empenhadas na renovação da vida portuguesa no sentido da democracia: Mário Soares, Salgado Zenha, Jorge Sampaio, Sottomayor Cardia, Vasco Pulido Valente, Manuel de Lucena, Sophia de Mello Breyner, Jorge de Sena, Agustina Bessa-Luís, Ruy Belo, M.S. Lourenço, Eduardo Lourenço, António Ramos Rosa, José Cardoso Pires e Vergílio Ferreira. Dois dos mais aclamados números temáticos desta revista foram “Deus, O Que É?” e “O Casamento”.[3]

Ingressa no quadro do “Expresso” e dirige os programas políticos e sociais da RTP. Em 1977 entra na ANOP (Agência Noticiosa Portuguesa), para chefiar a área da cultura. Em 1978, assume a direção e a propriedade da revista “Raiz e Utopia”, fundada por António José Saraiva, Carlos Medeiros Silva e José Batista, e imprime uma orientação inconformista virada para os grandes debates europeus do momento.[2][3][4]

Em 1979, assume a Presidência do Centro Nacional de Cultura (CNC), que leva a cabo até à sua morte. Lá inicia e desenvolve uma ação incansável em prol da divulgação, do estudo e da preservação da língua e da cultura portuguesas. Lança os “passeios de Domingo” - itinerários culturais como forma de conhecimento e valorização do património histórico e da criação artística e cultural contemporânea. Organiza debates, colóquios, cursos livres, diversas publicações e o ciclo “Os Portugueses ao Encontro da Sua História”.[2][3][4][5]

Em 1980 é Vice-Presidente do Instituto Português de Cinema e conhece Marguerite Yourcenar, de quem se torna amiga e tradutora. Também Edgar Morin e Yehudi Menuhin são, aliás, referências fundamentais do círculo de afetos e de referência intelectuais e éticas de Helena Vaz da Silva. Em 1987, integra o Conselho Consultivo da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e de 1989 a 1994 é Presidente da Comissão Nacional da UNESCO, mandato que coincide com o de Federico Mayor como diretor geral da organização, o que permitiu a Portugal exercer um papel decisivo no Ano Internacional dos Oceanos, na Expo 98 e realizar em Lisboa a Reunião Inter-Regional sob o tema “A UNESCO para o Século XXI”.[2][3]

Em 1992, é membro do Conselho de Orientação para os Itinerários Culturais do Conselho da Europa e em 1994 foi eleita deputada ao Parlamento Europeu pelo PSD, exercendo um mandato muito marcante: “consegui pôr Portugal na agenda dos agentes culturais europeus e pôr a cultura na agenda da Europa”. Em 1996 integrou a Comissão para o Futuro da Televisão em Portugal e em 2002 toma posse como Presidente do Grupo de Trabalho sobre o Serviço Público de Televisão.[2][3]

É sepultada em Lisboa, no Cemitério do Alto de São João, a 14 de Agosto de 2002.[3][4][5]

Obra

Foi autora de várias obras, entre as quais: Helena Vaz da Silva com Júlio Pomar, 1979; Portugal, o Último Descobrimento, 1987; Qual Europa?, I, 1996; Qual Europa?, II, 1997; Qual Europa?, III, 1999; Incitações para o Milénio, 2001.[2][3][4]

Prémio Helena Vaz da Silva

Atribuído pela primeira vez em 2013, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a divulgação do Património Cultural é um galardão instituído pela Europa Nostra, pelo Centro Nacional de Cultura e pelo Clube Português de Imprensa.

Este prémio tem como objectivo destacar e reconhecer o papel fundamental desempenhado pelos profissionais dos "media" na promoção do património cultural da Europa.

Galardoados:

Condecorações[17]

Referências