Macaco-prego-amarelo

Macaco-prego-amarelo[2] (nome científico: Sapajus libidinosus) é uma espécie de macaco-prego, um macaco do Novo Mundo da família dos cebídeos (Cebidae) e gênero sapajo (Sapajus). Faz parte do complexo específico Cebus apella e já foi considerado uma subespécie de Cebus apella.[3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMacaco-prego-amarelo
Fêmea adulta e juvenil no Parque Nacional da Serra da Capivara
Fêmea adulta e juvenil no Parque Nacional da Serra da Capivara
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino:Animalia
Filo:Chordata
Classe:Mammalia
Ordem:Primates
Família:Cebidae
Género:Sapajus
Espécie:S. libidinosus
Nome binomial
Sapajus libidinosus
(Spix, 1823)
Distribuição geográfica
Mapa de distribuição
Mapa de distribuição

Taxonomia

Considerado como espécie propriamente dita por Groves (2001) com as seguintes subespécies:[3]

Pela classificação de Silva Jr (2001), a subespécie C. l. paraguayanus corresponde a macaco-prego-do-papo-amarelo (Sapajus cay), e macaco-prego-amarelo é monotípico.[4] A espécie foi incluída no gênero Sapajus baseado no trabalho de Lynch Alfaro et al (2012).[5] Tem sua distribuição geográfica limitada a leste com macaco-prego-dourado (Sapajus flavius), a oeste por macaco-prego-das-guianas (Sapajus apella), a sul do rio São Francisco por Macaco-prego-do-peito-amarelo (Sapajus xanthosternos) e a sul do rio Grande por macaco-prego-preto (Sapajus nigritus) e ocorre hibridização com essa espécie no Triângulo Mineiro.[6]

Distribuição

Ocorre no Brasil central e nordeste, a oeste e norte do rio São Francisco e leste do rio Araguaia, ocorrendo nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, leste e centro do Rio Grande do Norte (oeste de Jucurutu), noroeste da Paraíba e oeste de Pernambuco e Alagoas. Ocorre em Minas Gerais, ao norte do rio Grande[6] e partes do leste da Bolívia. É típico das formações xeromorfas, como a Caatinga e o Cerrado até 600 m acima do nível do mar. Ocorre nas florestas de galeria e nos brejos de altitude.[6]

Descrição

Possui entre 34 e 44 centímetros de comprimento, com a cauda tendo entre 38 e 49 centímetros; pesa entre 1,3 e 4,8 quilos.[6] Macaco-prego-amarelo possui pouco dimorfismo sexual. A coloração tende ao amarelo ou bege, com os membros de cor escura tendendo ao preto, assim como o topete, que possui forma espessa.[6]

Alimentação

Macho adulto

Alimenta-se principalmente de insetos e frutos, como os de palmeiras. Esses animais utilizam pedras para se alimentar de cocos[7] e as populações da caatinga utilizam ferramentas frequentemente para obter alimento e água.[8] De fato, são os únicos macacos do Novo Mundo que utilizam ferramentas espontaneamente em ambiente natural para quebrar cocos.[7] São animais diurnos e passam a maior parte do tempo forrageando e se deslocando pelo território, que tem cerca de 300 hectares.[6] Os grupos têm geralmente nove indivíduos, mas já foi relatado um grupo com 53 animais, no oeste do Rio Grande do Norte. Os grupos são bastante coesos e as fêmeas possuem um forte sistema hierárquico.[6] São geralmente arborícolas, mas as populações de regiões mais abertas frequentemente adotam hábitos terrestres.[6] A reprodução é muito similar à de outras espécies de macacos-pregos, mas são necessários mais estudos. As fêmeas possuem um comportamento sexual proceptivo, e os machos não costumam utilizar de métodos coercitivos para conseguir cópulas.[6]

Conservação

A espécie é listada como "pouco preocupante" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), principalmente devido à sua ampla distribuição geográfica, embora seu habitat esteja em acelerado processo de desmatamento, e seja necessário um monitoramento mais refinado de suas populações. É, também, caçado ao longo de toda sua área de ocorrência.[6] Ocorre em muitas unidades de conservação no Brasil, como o Parque Nacional da Serra da Capivara.[1]

Uso de Ferramentas e Cultura

Cientistas constataram nesta espécie, em várias populações selvagens, o uso de ferramentas percussivas de pedra ("martelo e bigorna", uma superfície plana e dura como base, e uma pedra solta, com a qual o macaco bate contra algum tipo de alimento que necessite ser quebrado)[8]. Após essa constatação, percebeu-se que a espécie se encaixa no modelo teórico tripartite de desenvolvimento de cultura do bioantropólogo holandês Carel van Schaik, da Universidade Duke (Estados Unidos). Isso faz com que o macaco-prego-amarelo entre para a lista dos poucos animais com capacidade de desenvolver cultura.[9]

Algumas populações dessa espécie podem apresentar uma cultura de uso de ferramentas bem mais complexo. Os grupos que vivem no Parque Nacional Serra da Capivara habitualmente usam ferramentas de pedra e de madeira para obter alimento, além de usar esses objetos também para comunicação e ameaças.[10][11][12][13] Essa população é a única conhecida, até o momento, a apresentar esse nível de variação e complexidade. Apesar de macacos de outras populações usarem habitualmente ferramentas de pedra,[14] geralmente eles só as usam para uma finalidade (p.ex. quebrar cocos[15]), não tendo nenhuma outra população a variedade e complexidade dos macacos-prego da Serra da Capivara no comportamento de uso de ferramentas. Estudos arqueológicos sobre o uso de pedras pelos macacos-prego nesse local revelaram que esse comportamento ocorre há, pelo menos, 3000 anos.[16]

Referências

Ligações externas

Wikispecies
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