Teoria espectral de grafos
Em matemática, a teoria espectral de grafos estuda propriedades de um grafo por meio de suas representações matriciais e de seus respectivos espectros. Em geral, a Teoria Algébrica dos Grafos estuda propriedades algébricas de funções de representação e operações em grafos, conceitos e propriedades algébricas delas decorrentes. Além disso, em Teoria Espectral de Grafos, estudam-se as propriedades estruturais decorrentes das matrizes que representam grafos. Estas últimas levam às propriedades espectrais das matrizes de representação, que é o elemento central da teoria espectral de grafos.
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Breve Histórico
Teoria Espectral de Grafos surgiu nos anos 1950 e 1960. Além das pesquisas em Teoria dos Grafos sobre a relação entre as propriedades estruturais e espectrais de grafos, outra fonte importante foi a pesquisa em química quântica, mas as conexões entre essas duas linhas de trabalho foram descobertos muito mais tarde.[1] A monografia Spectra of graphs de 1980,[2] por Cvetkovic, Doob, e Sachs resumiu quase todas as pesquisas até o momento na área. Em 1988, ela foi atualizada pelo survey em Teoria Espectral de Grafos Recent Results in the Theory of Graph Spectra.[3] A 3 ª edição do Spectra of graphs (1995) contém um resumo das contribuições mais recentes para o assunto.[1]
Matriz de Adjacência
O estudo da Teoria Espectral dos Grafos basicamente relaciona propriedades algébricas do espectro de certas matrizes associadasa um grafo e as propriedades estruturais desse grafo. A associação mais comum éfeita pela matriz de adjacência e o espectro dessa matriz é o espectro do grafo.Dado um grafo G=(V,E) com n vértices, a matriz de adjacência de G é a matriz de ordem n dada por , onde
se
e
nas entradas restantes. Quando conveniente, utilizaremos apenas A para denotar a matriz de adjacência.Eis um exemplo:
Grafo rotulado | Matriz de Adjacência |
---|---|
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O espectro de Gé o conjunto dos autovalores, geralmente apresentados em ordem decrescente, nãonecessariamente no sentido estrito, associados às suas respectivas multiplicidadesalgébricas.
Grafos Isoespectrais
Uma das questões em aberto da Teoria de Grafos se refere à caracterização deuma lista completa de parâmetros capaz de decidir se dois grafos são isomorfos.Tais parâmetros são conhecidos como invariantes do grafo.Dois grafos são chamados de isoespectrais ou cospectrais se a matriz de adjacência de cada grafo tem os mesmos autovalores.
Grafos isospectrais não precisam ser isomorfos, mas os grafos isomorfos são isoespectrais. O menor par de grafos não isomorfos e cospectrais não dirigidos são {K1,4, C4 U K1}, como relatado por Collatz e Sinogowitz[4][5] em 1957.
Quase todas as árvores são coespectrais, ou seja, a proporção de árvores cospectrais em n vértices tende a 1 quando n cresce.[6]
Energia do Grafo
Se A é a matriz de adjacência do grafo G, a energia do grafo é definida como:
onde ,
são os autovalores de A. A energia de um grafo foi definida pela primeira vez por Ivan Gutman em 1978.[7]
Matriz Laplaciana
Dado um grafo G=(V,E) com n vértices, a matriz Laplaciana de G é a matriz de ordem n dada por , onde
se
,
e
nas entradas restantes. Quando conveniente, utilizaremos apenas L para denotar a matriz laplaciana.
A matriz Laplaciana e a matriz de adjacência se relacionam da forma
onde é a matriz diagonal com o grau dos vértices.
Eis um exemplo:
Grafo rotulado | Matriz laplaciana |
---|---|
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Uma representação de um grafo frequente em teoria espectral de grafos é dada pela sua matriz Laplaciana. Essa matriz e, em especial, o seu segundo menor autovalor, chamado de conectividade algébrica, desempenham um papel relevante em diversas aplicações. Em,[8] alguns dos muitos resultadosconhecidos sobre essa matriz são exibidos.
A seguir, enunciamos um resultado bem conhecido sobre o primeiro e o segundo menor autovalor laplaciano de um grafo G.
- Teorema
Seja G um grafo com n vértices, e L sua matriz laplaciana. Sejam os autovalores de L. Então:
(i) e o vetor com todas entradas iguais a 1 é autovetor associado
(ii) G é conexo se, e somente se, .
Portanto todos os autovalores de L são maiores ou iguais a zero. Para um grafo desconexo, o número de autovalores iguais a zero é precisamente o número de componentes conexas do grafo. Assim, a multiplicidade do autovalor zero é o número de componentes conexas de G.
Teorema da Matriz-Árvore
Outro resultado importante envolvendo a matriz Laplaciana é o teorema da matriz-árvore. Uma árvore geradora de um grafo G é um subgrafo que tem os mesmos vértices de G e é uma árvore. A determinação do número de árvores geradoras de um grafo é um dos problemas mais antigos e famosos da teoria de grafos.
Em 1847, Kirchhoff estudando circuitos elétricos, provou o resultado que ficou conhecido como teorema da matriz-árvore, enunciado a seguir.
Claramente, grafos desconexos não possuem árvores geradoras. Por outro lado, todo grafo conexo tem pelo menos uma árvore geradora (se o grafo não é uma árvore, podemos remover uma aresta de cada ciclo, sucessivamente, até não haver mais ciclos. O subgrafo obtido será uma árvore geradora do grafo inicial). O teorema da matriz-árvore, na sua versão original, afirma que o número de árvores geradoras de um grafo é dado por qualquer cofator de sua matriz laplaciana. Mais precisamente:
- Teorema
adj(L) = t(G) · J, onde t(G) é o número de árvores geradoras de G, e J é a matriz com todas entradas iguais a 1.
Conectividade algébrica
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/31/Truncatedicosahedron.gif/220px-Truncatedicosahedron.gif)
Fiedler mostrou[9] que um grafo é conexo se, e somente se, o seu segundo menor autovalor Laplaciano é positivo. Esse autovalor é denominado conectividade algébrica e desempenha um papel fundamental em teoria espectral de grafos. Denotamos a conectividade algébrica por a(G).
As conectividades algébrica, de vértices e de arestas, respectivamente a(G), κ(G) e λ(G), estão relacionadas de acordo com o resultado abaixo, provado por Fiedler.
- Teorema
Se G não é um grafo completo então a(G) ≤ κ(G) ≤ λ(G).
Para o grafo completo , Fiedler demonstrou que
.
Energia Laplaciana do Grafo
Da mesma maneira que para a matriz de adjacência, a energia pode ser definida utilizando os autovalores da matriz Laplaciana. Esse conceito também foi definido por Ivan Gutman em 2006 no artigo.[10]Considerando L a matriz Laplaciana do grafo G com n vértices e m arestas, a energia Laplaciana do grafo é definida como:
onde ,
são os autovalores de L.
Matriz Laplaciana normalizada
A matriz Laplaciana normalizada pode ser definida por [11]
A matriz Laplaciana normalizada e a matriz Laplaciana
se relacionam da seguinte forma
onde diagonal com o grau dos vértices.