Numeração de Sosa-Stradonitz

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Numeração de Sosa-Stradonitz (ou sistema de numeração de Eyzinger-Sosa-Stradonitz), é um sistema de numeração dos antepassados nas genealogias ascendentes, também conhecido por método Stradonitz ou Ahnentafel.

Foi Michel Eyzinger que, em 1590, utilizou pela primeira vez um sistema de numeração dos antepassados nas genealogias ascendentes. Este método foi redescoberto, em 1676, por Jerónimo de Sosa, e recuperado, em 1898, por Stephan Kekulé von Stradonitz, que o divulgou. Desde então este método tornou-se de uso universal.

Costados de Anselmo Braamcamp Freire pelo método Stradonitz

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O método Stradonitz

Sistema de numeração

Este método atribui o n.º 1 ao indivíduo cuja genealogia se estuda (o sujeito, chamado de cujus ou probandus), o n.º 2 ao seu pai e o n.º 3 à sua mãe. Os seus avós paternos terão os números 4 e 5, e os avós maternos terão os números 6 e 7. Cada homem tem um número que é o dobro do número do seu filho (2n) e o número de cada mulher é o dobro do número do seu filho mais 1 (2n + 1).

Por exemplo:

  • os pais do n.º 6 são o n.º12 e o n.º 13;
  • o n. 23 é mulher do n.º 22, que são pais do n.º 11.

Cada grau de ascendência tem um efectivo teórico correspondente à potência de 2 do seu grau. Simultaneamente o menor número de ascendência desse grau é igual ao efectivo teórico do mesmo grau. Deste modo, no grau dos trisavós, do qual o efectivo teórico é 16 (24), o menor número de ascendência é o 16 (o avô paterno do avô paterno do sujeito).

Árvore de costados

Sujeito
(grau “zero”)
Pais
Primeiro grau
Avós
Segundo grau
Bisavós
Terceiro grau
Trisavós
Quarto grau
Tetravós
Quinto grau
efectivo do grau :
1 = 20
efectivo do grau :
2 = 21
efectivo do grau :
4 = 22
efectivo do grau :
8 = 23
efectivo do grau :
16 = 24
efectivo do grau :
32 = 25
1 : De cujus ou probandus2 : pai de 14 : pai de 28 : pai de 416 : pai de 832 : pai de 16
33 : mãe de 16
17 : mãe de 834 : pai de 17
35 : mãe de 17
9 : mãe de 418 : pai de 936 : pai de 18
37 : mãe de 18
19 : mãe de 938 : pai de 19
39 : mãe de 19
5 : mãe de 210 : pai de 520 : pai de 1040 : pai de 20
41 : mãe de 20
21 : mãe de 1042 : pai de 21
43 : mãe de 21
11 : mãe de 522 : pai de 1144 : pai de 22
45 : mãe de 22
23 : mãe de 1146 : pai de 23
47 : mãe de 23
3 : mãe de 16 : pai de 312 : pai de 624 : pai de 1248 : pai de 24
49 : mãe de 24
25 : mãe de 1250 : pai de 25
51 : mãe de 25
13 : mãe de 626 : pai de 1352 : pai de 26
53 : mãe de 26
27 : mãe de 1354 : pai de 27
55 : mãe de 27
7 : mãe de 314 : pai de 728 : pai de 1456 : pai de 28
57 : mãe de 28
29 : mãe de 1458 : pai de 29
59 : mãe de 29
15 : mãe de 730 : pai de 1560 : pai de 30
61 : mãe de 30
31 : mãe de 1562 : pai de 31
63 : mãe de 31

A maioria das árvores de costados que se encontram à venda no comércio, são impressas em folhas de formato A4, apresentam os espaços para preencher o sujeito e 4 gerações de ascendentes, ou seja 31 pessoas (1 sujeto + 30 antepasados).

Se pretendemos apresentar, por exemplo, os antepassados do n.° 24, utilizamos uma nova folha onde o sujeito em quem se inicia será o n.° 24, seguido dos antepassados dos diferentes graus: 48-49, 96-97-98-99, 192-193-194-195-196-197-198-199, 384-385-386-387-388-389-390-391-392-393-394-395-396-397-398-399; e se pretendermos apresentar os antepassados do n.° 399, criaremos outra folha onde o sujeito será o n.° 399, com os respectivos antepassados, e assim sucessivamente.

Regras gerais

  • O n.º 1 pode ser homem ou mulher (o sujeito);
  • Todos os outros números ímpares são mulheres;
  • Os números pares são sempre homens;
  • O pai de n é 2n, a mãe de n é 2n +1;
  • Os antepassados por varonia (linha masculina) têm sempre números que são potência de base 2.
  • Uma análise mais avançada exige algumas noções matemáticas:
    • O grau de ascendência obtém-se a partir do logaritmo de base 2 do número de ascendência (mais exactamente a sua parte inteira);
    • Uma vez conhecido o grau de ascendência, a escrita do número em sistema binário dá-nos o detalhe da filiação.

Por exemplo: o número 38.

38 está compreendido entre 25=32 e 26=64, está então no 5º grau de ascendência.

Converte-se 38 em base 2: 38=32+4+2=1*32+0*16+0*8+1*4+1*2+0*1, ou seja o número binário 100110. Retira-se o 1 inicial e convertem-se os números restantes substituíndo 0 por pai e 1 por mãe.

A partir do de cujus o antepassado n.º 38 obtém-se tomando o seu pai (0), o pai deste (0), a mãe deste último (1), a mãe desta (1), e finalmente o pai desta última (0).

Deste modo, quando um genealogista se refere ao n.º 71, deduzimos que se trata da mulher do n.º 70, mãe do n.º 35, que é avó materna do n.º 17, a trisavó casada como o trisavô por varonia do de cujus.

Carácter abstracto da numeração e implexo

Do modo geral, a partir de um certo grau de ascendência, muito variável conforme os casos, os quadros são imcompletos, mas a numeração permite manter a coerência: os antepassados desconhecidos têm o seu número previsto, em função do seu lugar na árvore de costados.

A numeração prevê 2n ascendentes do grau n. O aumento indefinido do número de ascendentes não é possível: se recuarmos suficientemente na pesquisa da ascendência encontraremos inevitavelmente as mesmas pessoas em muitos lugares diferentes. Este fenómeno é chamado implexo. Nestes caso, um mesmo antepassado terá vários números de ascendência, cada número corespondendo a cada um dos lugares que ocupa no quadro da ascendência.

Na prática, o implexo é frequente, mesmo num pequeno espaço de gerações, ligado a uma maior ou menor tendência à endogamia.

Lista de ascendentes

Existe uma apresentação alternativa à das árvores de costados, a lista de ascendentes, que é muito mais compacta.

Ver também

  • A numeração de Aboville é um sistema de numeração, estabelecido por volta de 1940 por Jacques d'Aboville, que permite identificar os descendentes de um antepassado comum. Este sistema é utilizado quando se faz uma genealogia descendente.
  • A numeração Beruck é um sistema de numeração, baseado em parte na numeração de Sosa-Stradonitz, que permite identificar todas as pessoas duma base de dados genealógicos, tanto os antepassados do de cujus como os seus descendentes, assim como a família dos afins e os padrinhos.

Bibliografia

  • Mendes, Nuno Canas. Descubra as suas Raízes. Lyon Multimédia Edições. Mem Martins, 1996, pág. 46, 59, 72, 73, 87-106, anexos fig. 1,2. ISBN 972-8275-29-3

Ligações externas