Alex Periscinoto

Pessoa identificada no acervo do Museu da Pessoa (15014)

Alexandre José Periscinoto OMM (Mococa, 8 de abril de 1925São Paulo, 17 de janeiro de 2021) foi um publicitário brasileiro, fundador da Almap.[2] Era também artista plástico. Escrevia quinzenalmenteum blog focando os melhores anúncios veiculados pelo mundo referenciando os estudantes, profissionais de agências e homens de marketing com o que há de mais criativo na Europa e Estados Unidos.[3]

Alex Periscinoto
Nome completoAlexandre José Periscinoto
Nascimento8 de abril de 1925
Mococa, SP
Morte17 de janeiro de 2021 (95 anos)
São Paulo, SP
PrêmiosOrdem do Mérito Militar[1]

Biografia

“Em determinado momento eu encerava o chão da minha casa. Naquele tempo não tinha empregada e nem pensávamos em contratar, então eu encerava a casa de calça curta e ficava com os joelhos cheios de cera. Eu colocava jornal para as pessoas passarem em cima e ficava olhando aqueles desenhos e imaginava como faziam aquilo. Eu fiquei admirado. Naquela época tinha muita ilustração em jornal, capa de revista. Eu guardava aqueles jornais e à noite eu tentava desenhar. Então eu comecei a copiar as ilustrações do jornal. Pode-se dizer que eu entrei nesse mundo de joelhos (risos).”

— Em entrevista à Revista Publish.[4]

Nascido em Mococa,[5] no estado de São Paulo, caçula em uma família de imigrantes italianos[6] de 11 irmãos, Alexandre José Periscinoto foi educado no bairro paulistano do Belém e lá começou a trabalhar primeiramente com trabalhos temporários mas logo foi empregado como um operário nas Indústrias Matarazzo e lá conseguiu saltar para a seção onde faziam-se desenhos em tecidos, abandonando o cargo de operário e ingressando em algo mais próximo da área a que àquela época já aspirava, a publicidade.[5]

Em 1945, a Sears, que instalava-se no país, promovia um concurso para o desenho industrial de um ferro de passar roupas. Através dele Alex conseguiu um emprego na companhia e futuramente foi promovido a gerente.[5][6] Periscinoto também trabalharia com os setores de publicidade do Mappin como gerente de propaganda, então a maior rede de lojas de departamento da cidade. Foi através desta empresa que viajou, em 1958[5], para os Estados Unidos, uma viagem já pessoalmente muito almejada, onde estagiou nas empresas DDB.[2] Voltando ao Brasil, trouxe consigo muito conhecimento agregado de sua viagem e foi então chamado para ser um sócio da Alcântara Machado Publicidade, oferta que aceitou.[6]

Em 1998 Periscinoto vendeu suas ações para o grupo norte-americano BBDO, que mais tarde compraria Almap e a renomearia para AlmapBBDO. Alexandre deixa a empresa para fundar a sua própria,[6] a Sales, Periscinoto, Guerreiro & Associados.[7] No mesmo ano torna-se secretário de publicidade institucional do Governo Federal na secretaria de comunicação sob a gestão do Presidente Fernando Henrique Cardoso.[2] O cargo só duraria dois anos e Periscinoto passaria a dedicar-se somente à sua empresa desde 2000 até os dias atuais.[6]

Em 2001, Periscinoto foi admitido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso à Ordem do Mérito Militar no grau de Oficial especial.[1]

Em agosto de 2013, Alex Periscinoto, Roberto Justus e Washington Olivetto foram reconhecimento por suas contribuições à propaganda brasileira pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, durante a quarta edição do Fórum de Marketing Empresarial, no Guarujá (SP).[8]

Alex Periscinoto faleceu em 17 de janeiro de 2021, vítima de complicações da Covid-19, aos 95 anos. Ele completaria 96 em abril.

Prêmios

Além dos prêmios pessoais, listados abaixo, como sócio da Almap Periscinoto venceu o prêmio 100 Melhores Comerciais do Brasil por 3 anos consecutivos, até serem retirados do rol de concorrentes porque mais da metade dos comerciais vitoriosos eram sempre da sua agência.[5]

  • Publicitário do Ano, 1984
  • Publicitário dos Últimos 20 Anos, 1988
  • Colunistas, 2000
  • Oficial da Ordem do Mérito Militar, 2001[1]
  • Mauro Salles de Reconhecimento Profissional, 2004[9]

Obra

Periscinoto foi responsável pelo primeiro comercial televisivo do Brasil, para a Cera Dominó,[5] e é conhecido principalmente pelas campanhas da Volkswagen, importantes por serem veiculadas quando o Governo JK fazia grande incentivo ao transporte rodoviário no Brasil, introduzindo as fábricas de automóveis e rodovias no país. Periscinoto trabalhou com a Volkswagen desde os anos 60 até 1998, quando passou o comando da agência aos profissionais Marcello Serpa e Luiz Madeira.[10] Além disto, publica na Folha de S. Paulo desde 1986[7]Publicou o livro Mais vale o que se aprende do que o te ensinam com Izabel Telles pela editora Best Seller em 1995. A obra reúne artigos publicados no jornal Folha de S. Paulo ao longo de vários anos.[11]

Entrevistas

Em 1993, Alex forneceu uma entrevista ao Museu da Pessoa [12], abordando a infância marcada por desafios, desde novo, em que se viu obrigado a trabalhar para contribuir no sustento familiar. Como resultado dessa realidade, teve que abrir mão da continuidade dos estudos.

"O pagamento era dois litros de leite por dia. O que era muito bom. Minha mãe gostava muito da idéia, dois litros de leite. E eu recebia na hora. Acho que foi o primeiro emprego que eu recebia à vista. Era diário o pagamento, não tinha inflação, era dois litros de leite por dia.""Da escola eu lembro. Era em Mococa então, né? A primeira e última porque eu só fiz o primário. Deixa eu confessar logo de cara com alguma vergonha. Mas não tinha outra maneira. Era... a partir de 12, 13 anos tinha que trabalhar. Mas eu fiz o curso primário em Mococa, no Barão de Monte Santo, era o nome do grupo, e era um pouco sofrido porque eu sou tipo dispersivo, vamos chamar assim. O professor está falando e eu volto do sonho e não percebi o que ele está falando ainda, e a aula era a mesma e eu estava em outro lugar. Mas isso deu pra controlar. A pior coisa da escola, não sei se pode contar essas coisas, mas a pior coisa da escola é que eu era canhoto. Na época ser canhoto já era uma coisa, não era ser bem visto ser canhoto, pelo contrário, era meio aleijado. Hoje a minha filha Alexandra é canhota. Minha neta é canhota. É gostoso vê-las escrevendo com a canhota. Mas só que eu era canhoto e escrevia ao contrário. Eu escrevia daqui pra lá. Então essas coisas hoje pode ser engraçada, mas na época a professora chegou, me mandou para o quadro negro."
— Alex Periscinoto

 Em entrevista ao Museu da Pessoa

Bibliografia

  • ABREU, Alzira A., Dicionário histórico-biográfico da propaganda no Brasil- Associação Brasileira de Propaganda - FGV Editora pg 192(2007) - ISBN 978-85-225-0593-7

Referências

Ligações externas

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