Ancuabe (distrito)

distrito de Moçambique

Ancuabe é um distrito da província de Cabo Delgado, em Moçambique, com sede na vila de Ancuabe. Tem limite, a norte com o distrito de Meluco, a oeste com o distrito de Montepuez, a sul com o distrito de Chiúre e a este com os distritos de Metuge e Quissanga.

Ancuabe
  Distrito  
Localização
Localização do distrito em Moçambique
Localização do distrito em Moçambique
Localização do distrito em Moçambique
País Moçambique
ProvínciaCabo Delgado
Administração
CapitalAncuabe
Postos administrativosAncuabe, Metoro e Meza
Características geográficas
Área total4 836 km²
População total (2017)159 340 hab.
Densidade32,9 hab./km²
Fuso horárioEAT (UTC+3)

Demografia

De acordo com os resultados finais do Censo de 2017, o distrito tem 159 340 habitantes[1] numa área de 4836 km², o que resulta numa densidade populacional de 32,9 habitantes por km². A população registada no último censo representa um aumento de 48,6% em relação aos 107 238 habitantes contabilizados no Censo de 2007.[2]

População do distrito de Ancuabe[2][1]
199720072017
87 243107 238159 340

O distrito é habitado maioritariamente pelo grupo étnico macua, cuja língua era materna de 93% da população em 2007.[3] A religião dominante é a muçulmana.[3]

História

O topónimo actual deriva de Nkwapa, uma zona montanhosa local, através do nome Unkwape, posteriormente aportuguesado para Ancuabe.[3] No período colonial, Ancuabe foi um posto administrativo do concelho de Porto Amélia (actual Pemba) até Agosto de 1971, sendo então elevado à categoria de Circunscrição. Com a independência nacional esta foi elevada a Distrito.[3] A então localidade de Meza foi transferida do distrito de Montepuez para o de Ancuabe em 25 de Junho de 1986, no seguimento de uma reorganização administrativa.[4]

O distrito de Ancuabe foi vítima de ataques esporádicos dos insurgentes que vêm desencadeando acções violentas na província desde 2017.[5] No entanto, o principal efeito do conflito no distrito tem sido o acolhimento de refugiados vindo de outras regiões da província mais afectadas. Assim, em Fevereiro de 2021 registavam-se mais de 16 mil refugiados em seis centros de acolhimento.[6][7]

Divisão administrativa

O distrito está dividido em três postos administrativos, Ancuabe, Metoro e Meza, compostos pelas seguintes localidades:

  • Posto Administrativo de Ancuabe:
    • Ancuabe
    • Chiote
    • Nacuale
  • Posto Administrativo de Metoro:
    • Metoro
    • Salave
  • Posto Administrativo de Meza:
    • Campine
    • Meza
    • Minheuene
    • Nanjua

Economia

O distrito encontra-se bem servido em termos de acessibilidade, já que é cortado por quatro estradas importantes: a estrada Pemba-Montepuez, a qual entre Pemba e Metoro é a N1 e a oeste de Metoro é a N14; a N1 que continua de Metoro para sul e liga a Nampula; a N380 que liga a norte a Mocímboa da Praia, Mueda e Palma; e a R761 que dá acesso à vila-sede.[8] A vila de Ancuabe situa-se a apenas 67 km de Pemba.[3]

A actividade económica dominante no distrito é a agricultura, envolvendo a quase totalidade da população (93%).[3] A maior parte da produção agrícola é de sequeiro para auto-sustento. As principais culturas são: mapira, a principal, mais a mandioca, milho, feijão, amendoim e arroz. A dieta alimentar é reforçada pela criação de animais domésticos e caça da fauna bravia (gazela e javali); e pela colheita de frutos.[3]

A agricultura comercial de algodão, castanha de caju e milho eram importantes nos períodos coloniais e pós-colonial e só agora voltam (principalmente o algodão) a assumir alguma relevância. São explorados também recursos silvícolas, sobretudos como fonte de energia para a maioria da população, embora exista um grande potencial florestal.

Existem ainda importantes reservas de grafite que foram exploradas comercialmente de 1994 a 2000. De acordo com estudos de viabilidade efectuados por companhias mineiras internacionais, as reservas elevam-se a cerca de 1 milhão de toneladas de minério, com um conteúdo de 10% de grafite. A capacidade de extracção instalada (a céu aberto) tem uma capacidade potencial de produção de 10.000 toneladas de grafite ao ano. A extracção e processamento foram paralisados por uma série de razões, particularmente dificuldades financeiras do concessionário, o baixo preço do mineral no mercado internacional e a deficiente e cara alimentação eléctrica, pois o distrito ainda não estava ligado à rede electrica nacional. Alguns destes obstáculos foram ultrapassados (o distrito passou a estar ligado à rede eléctrica nacional em 2009)[9] e a mina voltou a operar em Junho de 2017.[10]

Existe ainda potencial de desenvolvimento do turismo, já que a parte norte do distrito é parte do Parque Nacional das Quirimbas.[3]

Referências

Ligações externas