Carnaval do Rio de Janeiro

festival brasileiro

Carnaval do Rio de Janeiro é uma festa popular de cunho religioso e histórico-social realizada durante cinco dias consecutivos no mês de fevereiro desde 1893 com a criação do primeiro rancho carnavalesco, o "Rei de Ouros", pelo pernambucano Hilário Jovino Ferreira.[1] Esse festival é considerado o maior carnaval do mundo pelo Livro dos Recordes. Trata-se de uma celebração mundialmente famosa, constituída por diferentes tipos de manifestações culturais, como desfiles de escola de samba, bailes de máscaras, festas móveis dos blocos de embalo seguidos por seus foliões fantasiados, e ainda bandas de rua e blocos de enredo ("escolas de samba" de pequeno porte), chamados de cordões. Também se caracteriza pela irreverência e banalidade, pelos nomes de duplo sentido (especialmente dos blocos) e pela diversidade cultural, musical e sexual.

Carnaval do Rio de Janeiro
Carnaval do Rio de Janeiro
Desfile da Portela no Carnaval do Rio de Janeiro de 2014.
Número de edições126 (até 2019)
Fundador(es)Hilário Jovino Ferreira
Deixa Falar
Mundo Sportivo
Local(is)Rua Marquês de Sapucaí, Estrada Intendente Magalhães e Avenidas principais.
Data(s)Sete semanas antes do Domingo de Páscoa
Gênero(s)Marchinhas de tradição e principalmente Samba, mas também apresenta Pop, Rock clássico, Frevo, Maracatu, Axé e Música Popular.

O desfile competitivo das escolas de samba foi idealizado pelo jornalista Mário Filho (irmão do dramaturgo Nelson Rodrigues e pernambucano assim como Hilário Jovino), que organizou através do seu periódico Mundo Esportivo o primeiro certame oficial, no ano de 1932.[2][3][4] Outro recifense, Pedro Ernesto, também atuou de forma decisiva para o sucesso do evento: quando prefeito do então Distrito Federal, tornou-se o primeiro político a dar apoio financeiro ao carnaval, dentro de um projeto que visava transformar o Rio de Janeiro numa potência do turismo, e em 1935 reconheceu e oficializou os desfiles.[5][6]

Após um período de decadência dos festejos de rua nas décadas de 80 e 90, quando o carnaval da cidade resumia-se quase que unicamente aos desfiles das escolas de samba, o carnaval dos blocos e bandas de rua voltou a crescer, entrando oficialmente para o Guinness Book.[7] Atualmente, o carnaval de rua da cidade é cerca de cinco vezes maior que os festejos realizados pelas escolas de samba e apresenta-se como um evento multifacetado, possuindo: blocos dos mais variados ritmos, como samba, marchinhas, ritmos nordestinos, entre outros; e blocos temáticos que tocam de Mamonas Assassinas a Beatles.[8][9]

O carnaval carioca pode ser considerado um evento cultural de alto prestígio, já tendo sido eleito, pelos internautas do site estrangeiro Fun Party, como a melhor festa do mundo. É citado, constantemente, como o carnaval mais famoso que existe.[10][11][12]

História

O Carnaval no Rio de Janeiro. As famílias que aguentem bisnagas e outras cousas, 1907.[13]

Sua história remonta do período da Independência do Brasil, quando a elite carioca decidiu se afastar do passado lusitano e incrementar a aproximação com as novas potências capitalistas. A cidade e a cultura parisienses passariam, portanto, a ser os parâmetros a guiar as modas e modos a serem importados.

Imediatamente, surgem os grandes bailes de carnaval na cidade, que acabariam por incentivar outras formas de diversão, como os passeios ou promenades aos moldes do então já quase extinto carnaval romano. A ideia de se deslocar para os bailes em carruagens abertas seduzia a burguesia, que via, aí, uma oportunidade de exibir suas ricas fantasias ao povo e "civilizar" o carnaval.

Paralelamente ao movimento de implantação de uma festa civilizada, outras diversões rapidamente tomavam forma na cidade: o entrudo, com sua alegria desorganizada e espontânea, os grupos negros de Congadas (ou Congos) e Cucumbis, que aproveitavam-se da relativa liberalidade reinante para conseguir autorização policial para se apresentarem e, além disso, outros grupos reunindo a população carente de negros libertos e pequenos comerciantes portugueses (mais tarde conhecidos como Zé Pereiras), que sentiram-se incentivados a passear pelas ruas.

A mistura desses diferentes grupos acabaria por forçar uma espécie de diálogo entre eles. Em pouco tempo as influências mútuas se fazem notar através da adoção pelo carnaval popular, das fantasias e da organização características da folia burguesa. As sociedades carnavalescas por sua vez, passaram a incorporar boa parte dos ritmos e sonoridades típicos das brincadeiras populares.

O resultado de tudo isso é que as ruas do Rio de Janeiro veriam surgir toda uma variedade de grupos, representando todos os tipos de interinfluências possíveis. É essa multiplicidade de formas carnavalescas, essa liberdade organizacional dos grupos que faria surgir uma identidade própria ao carnaval carioca. Uma identidade forjada nas ruas, entre diálogos e tensões.[14]

Bailes

O carnaval da capital francesa foi um dos elementos de influência, fazendo com que a folia do Rio de Janeiro rapidamente apresente bailes mascarados aos moldes parisienses. Inicialmente promovidos ou incentivados pelas Sociedades Dançantes que existiam na cidade (como a Constante Polka, por exemplo) esses bailes acabariam por ser suplantados pelos bailes públicos, como o famoso baile público do Teatro São Januário promovido por Clara Delmastro.[15]

O grande sucesso dos bailes acabaria por incentivar outras formas de diversão, como os passeios ou promenades aos moldes do então já quase extinto carnaval romano. A ideia de se deslocar para os bailes em carruagens abertas seduzia a burguesia, que via, aí, uma oportunidade de exibir suas ricas fantasias ao povo e "civilizar" o carnaval de feição 'entruda'.[15]

O povo carioca assistia deslumbrado a esses cortejos sem, entretanto, se furtar a saudar com seus limões de cheiro os elegantes mascarados. A tensão decorrente desse embate carnavalesco faria com que a elite procurasse organizar cada vez mais seus passeios através da reunião de um grande número de carruagens e da presença ostensiva de policiamento incorporado aos desfiles.[15]

Sociedades Carnavalescas

Aos poucos essas promenades acabariam por adquirir uma certa independência em relação aos bailes até que, em 1855, um grupo de cidadãos notáveis organizaria aquele que ficou conhecido como o primeiro passeio de uma sociedade carnavalesca por uma cidade brasileira: o desfile do Congresso das Sumidades Carnavalescas. O sucesso desse evento abriria as portas para o surgimento de dezenas de sociedades carnavalescas que, em poucos anos, já disputariam entre si o exíguo espaço do centro da cidade durante os dias de carnaval.[16]

Blocos e Cordões do carnaval de rua

Cordão da Bola Preta, o mais antigo bloco de carnaval do Rio de Janeiro.

O Rio de Janeiro é a cidade que, podemos dizer, tem mais tradição quando o assunto é blocos de rua. Desde meados do século XIX, as pessoas saiam às ruas na cidade maravilhosa para se divertir e pular o carnaval em qualquer tipo de organização (ou desorganização).[17]

Nos anos 30, o prefeito Pedro Ernesto oficializou o Carnaval carioca. E a partir daí, a cidade passou a brincar também em grupos de categorias separadas, como blocos, ranchos, cordões, Zé Pereiras, corso e sociedades. Grupos mais organizados e com muitos participantes.[18]

O carnaval de rua sempre começa antes da data oficial, entre os dias 15 e 22 de janeiro; a partir desse período os blocos começam a sair às sextas-feiras e fins de semana e no dia de São Sebastião. Os primeiros blocos a sair são sempre: Aconteceu..., Bloco da Preta, Céu na Terra, Em Cima da Hora, Ih! É Carnaval, Me Enterra na Quarta; entre outros. Atualmente, o carnaval popular da cidade tem nos blocos Afroreggae, Banda de Ipanema, Bagunça Meu Coreto,[19] Bangalafumenga, Boêmios de Irajá, Cordão da Bola Preta, Carmelitas, Empolga às 9, Escravos da Mauá, Herdeiros da Vila, Me Beija Que Eu Sou Cineasta, Monobloco, Orquestra Voadora, Quizomba, Sargento Pimenta, Vaga lume, o Verde,[20] Vai Barrar? Nunca!, Volta Alice e alguns de seus maiores expoentes no século XXI e conta com 456 blocos oficiais.[21]

Cordão da Bola Preta

No ano de 1918, surge o famoso Cordão da Bola Preta, que, segundo muitos afirmam, nunca foi um "cordão" propriamente dito, mas um bloco cuja finalidade e missão contida em seus estatutos era revigorar e reviver as tradições dos antigos "cordões" que haviam desaparecido.[22]

O bloco tem em sua marcha, a "Marcha do Cordão da Bola Preta", uma das mais famosas e emblemáticas músicas do carnaval brasileiro, eternizada pelos versos "Quem não chora, não mama":

O Cordão da Bola Preta foi fundado por Álvaro Gomes de Oliveira (também conhecido como "Caveirinha"), Francisco Brício Filho (Chico Brício), Eugênio Ferreira, João Torres e os três irmãos Oliveira Roxo, Jair, Joel e Arquimedes Guimarães, no ano de 1918. Caveirinha teria dado o nome ao bloco ao ver passar uma linda mulher com vestido branco com bolas pretas. [23]

Em 2012, o bloco carioca arrastou, segundo estimativas da polícia militar, um público aproximado de 2,3 milhões de pessoas pelas ruas do centro do Rio, o que teria feito o bloco, de acordo com os organizadores do desfile e de parte da mídia, tomar informalmente, do Galo da Madrugada (de Recife), o título de maior bloco de carnaval do mundo, dando início, assim, a uma rivalidade entre as duas agremiações.[24]

Nomes engraçados e de duplo sentido

Bloco Simpatia é Quase Amor em 2016

Característica marcante do carnaval de rua do Rio, os nomes engraçados e de duplo sentido chamam atenção, como é o caso dos blocos: A Nega Indoidô; Apertado Mas Entra; Bafo da Onça; Boka de Espuma; Bloco dos Impussivi; Cacique de Ramos; Concentra, mas Não Sai; Deixa a Língua no Varal, Deita Mas Não Dorme; Enxota Que Eu Vou; É Mole, Mas Estica!; Imaginô? Agora Amassa!; Imprensa que eu Gamo; É Pequeno, Mas Vai Crescer; Largo do Machado Mas Não Largo do Copo; Loucura Suburbana; Melhor Ser Bêbado do Que Ser Corno; Mulheres de Chico; Mulheres Rodadas; Nem Muda Nem Sai de Cima; Parei de Mentir, Não de Beber; Planta na Mente; Pinta Mas Não Borra; Põe na Quentinha?; Que Merda é Essa?!; Rola Preguiçosa Tarda Mas Não Falha; Senta Que Eu Empurro; Se Cair, Eu Como; Simpatia É Quase Amor; Suvaco do Cristo; Te Vejo Por Dentro... Sou da Radiologia!; Último Gole; Vestiu Uma Camisinha Listrada e Saiu Por Aí; Virilha de Minhoca; Vem Comigo Cachaçada!; Vem Cá Me Dá; e Xupa Mas Não Baba.[25]

Em fevereiro de 2012, a banda carioca Forfun realizou a música Largo dos Leões em promoção ao seu terceiro disco Alegria Compartilhada; na canção todas os versos são junções de nomes dos principais blocos carnavalescos de embalo em homenagem ao carnaval da cidade e em especial aos blocos que atravessam pelo bairro de Humaitá.

Escolas de samba

Hilário Jovino Ferreira, o criador do primeiro rancho de carnaval, que deu origem às escolas de samba.

As escolas de samba têm como precursores os ranchos carnavalescos. O "Rei de Ouros", criado em 1893 pelo pernambucano Hilário Jovino Ferreira, foi o primeiro rancho de carnaval, responsável por apresentar novidades como o enredo, personagens como o casal de mestre-sala e porta-bandeira e o uso de instrumentos de cordas e de sopro.[26][27][28][29]

No final dos anos 1920 o Brasil buscava criar uma identidade capaz de diferenciá-lo dentro da nova ordem mundial estabelecida após a Primeira Grande Guerra. O conceito de negritude se destacava mundialmente valorizando as produções culturais negras como a Arte africana e o jazz. A festa carnavalesca e o novo ritmo de base negra recém surgido, o samba, seriam as bases para a formulação de um sentido de brasilidade. A valorização do samba e da negritude acabariam aumentando o interesse da intelectualidade nos novos "grupos de samba" que surgiam nos morros cariocas. Esses grupos passariam a se apresentar "no asfalto", ou seja, longe dos guetos dos morros, sendo chamados de escolas de samba.[2]

Em 1932, o periódico Mundo Sportivo, do jornalista pernambucano Mário Filho (irmão do dramaturgo Nelson Rodrigues), decidiu organizar o primeiro desfile competitivo das escolas de samba.[2]

Tratadas, inicialmente, como uma espécie de curiosidade "folclórica", as escolas de samba foram, pouco a pouco, cativando a sociedade carioca com seu ritmo marcado, com a sonoridade inesperada de suas cabrochas e com os temas populares de suas letras. Mantidas por décadas como elementos secundários da folia carnavalesca carioca, as escolas de samba adquiririam grande proeminência a partir da década de 1950, com a incorporação da classe média aos desfiles, consequência da aproximação entre as escolas e intelectuais de esquerda. A partir daí elas galgariam os degraus do sucesso até se tornarem o grande evento carnavalesco nacional.

A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato. Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de samba era mais bonita e animada.

A Era Joãosinho Trinta

Joãosinho Trinta

Joãosinho Trinta foi um dos mais emblemáticos e, provavelmente, o mais polêmico carnavalesco brasileiro, foi dono de uma trajetória que se iniciou quando seu nome artístico ainda se escrevia com “z”, apesar de não ser carioca e sim de São Luís do Maranhão virou um dos símbolos do Carnaval do Rio de Janeiro. Estreou no carnaval carioca na década de 60, na Acadêmicos do Salgueiro e virou carnavalesco da escola em 1973, no Salgueiro conquistou dois títulos em 1974 e 1975.

Deixou o Salgueiro em 1976 e foi para a Beija-Flor de Nilópolis onde estreou para a história dos desfiles de Escola de Samba introduzindo elementos inéditos em carros alegóricos e nas fantasias, como o tão usado esplendor. Ganhou um tricampeonato em 1976, 1977 e 1978 pela escola de Nilópolis, tirando a hegemonia das 4 grandes (Portela, Império Serrano, Salgueiro e Mangueira). Seu maior e melhor desfile foi em 1989 com o enredo "Ratos e urubus, larguem minha fantasia", que teve a polêmica do Cristo coberto por ordem judicial. No pano da cobertura tinha escrito "MESMO PROIBIDO OLHAI POR NÓS".

Inovou em 2001, pela Acadêmicos do Grande Rio, onde fora mostrado algo jamais visto no Carnaval: o americano Eric Scott levanta voo em plena avenida, numa ousadia impactante que maravilhava os espectadores. Com tecnologia importada da NASA, o fato ficou marcado na história do carnaval carioca. Joãozinho arrebatou, ao todo, 11 títulos do carnaval carioca. É dono da célebre frase "O povo gosta de luxo. Quem gosta de miséria é intelectual".[30]

A Era Paulo Barros

Paulo Barros com o Troféu Tupi Carnaval Total em 2010, da emissora Radio Tupi.
Alexandre Louzada, único carnavalesco campeão em quatro escolas grandes diferentes.
Rosa Magalhães, recordista de títulos na Sapucaí ao lado de Alexandre Louzada.
Renato Lage, um dos mais respeitados carnavalescos em atividade.

Paulo Barros, até então desconhecido do público, surge para o carnaval nos anos 2000, trazendo os impactantes "carros vivos" (alegorias formadas por pessoas executando coreografias) e torna-se famoso com os surpreendentes desfiles da Unidos da Tijuca, uma escola modesta até o momento que havia ganhado apenas um título em 1936. Após anos conseguindo apenas o vice-campeonato, o carnavalesco, enfim, é campeão com o enredo "É segredo", da escola tijucana. A comissão de frente, que trocava de roupa na Sapucaí, foi o grande destaque do carnaval campeão da Unidos da Tijuca no ano de 2010, desde então, Paulo Barros assume o posto de "carnavalesco-sensação" dos desfiles, após isso ele venceu ainda os Carnavais de 2012 e 2014 pela escola da Tijuca.

Após ser tricampeão ele vai para a Mocidade Independente para o Carnaval de 2015, sendo o carnavalesco mais caro do Carnaval carioca há uma grande expectativa que o título vá para Padre Miguel, porém com ele consegue um amargo 7º lugar para a escola, após o resultado Paulo Barros acaba saindo da escola.

Em 2016 ele vai para a Portela, a escola de Madureira apesar de ser a maior campeã não ganhava o Carnaval desde 1984, no primeiro ano ele ganha o 3º lugar, criando um estigma de carnavalesco que só vence na Unidos da Tijuca, porém em 2017 ele e a Portela voltaram a ser campeões, a escola vinha de um jejum de 33 anos sem vencer um título, ganhando assim seu 22º título com o enredo "Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar?" esse foi o 4º de Paulo Barros e tirou o título de ser um carnavalesco que só vencia pela Unidos da Tijuca. [31]

Após a vitória em 2017 com a Portela ele decide voltar para a Unidos de Vila Isabel escola que foi carnavalesco em 2009.

Influência ao redor do mundo

Tendo como berço a cidade do Rio de Janeiro, os desfiles de escolas de samba ganharam fama internacional ao longo do tempo e se espalharam por vários países, passando a ocorrer em lugares como a Argentina e a Finlândia. [32][33]

Democracia por Decreto

No ano de 2013, o então prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, publicou decreto no Diário Oficial proibindo a venda de abadás e qualquer outro tipo de restrição ou demarcação de áreas privadas durante os desfiles dos blocos de rua na cidade, com o fim de garantir que o carnaval de rua carioca permanecesse como uma festa popular, gratuita e acessível à participação de toda e qualquer pessoa. [34][35]

O carnaval de rua do Rio é tido, constantemente, como um dos mais democráticos e acessíveis do país, não só por oferecer vasta diversidade temática, rítmica e cultural, mas também por permitir a participação gratuita de quem deseja participar da festa. Todos os blocos e bandas da cidade são gratuitos.[36]

"Blocos Temáticos"

Com o ressurgimento do carnaval de rua carioca veio também uma intensa diversificação musical e cultural em geral, o que pode ser observado no aparecimento dos "blocos temáticos", que surgem como característica marcante da festa, a exemplo dos blocos: Sargento Pimenta, que desfila ao som da banda inglesa The Beatles; Pra Iaiá, composto exclusivamente por fãs e ex-músicos do grupo musical Los Hermanos; Terreirada Cearense, que tem como foco a música de raiz do Nordeste; Rio Maracatu, que entoa ritmos pernambucanos; do Super Mario Bloco, bloco nerd fundado em 2012; o New Kids on the Bloco, novo nome da tradicional Banda da Rodolfo Dantas realiza grande sucessos da música pop em versões mais instrumentais. E o Thriller Elétrico, que reúne fãs do cantor Michael Jackson.[37][38][39][40] A Associação de Profissionais e Amigos do Funk cria um bloco dedicado ao funk carioca.[41]

Em 2015, surgiram os blocos: Brasília Amarela, que faz homenagem aos Mamonas Assassinas;[42] Match Comigo, inspirado no aplicativo de smartphone de encontros Tinder;[43] e o Pega no Meu Pau de Selfie e Balança, cuja inspiração veio da febre dos chamados "Pau de Selfie". Tendo no ano seguinte alterado o nome para Pega na Minha Tocha e Balança em alusão aos jogos da XXXI Olimpíada.[44]

Marchinhas - Patrimônio Imaterial do Rio

Em 2015, época dos 450 anos da cidade, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) passou a reconhecer as marchinhas de carnaval como patrimônio imaterial do Rio de Janeiro, por considerá-las uma manifestação tipicamente carioca e um gênero musical que se popularizou por todo o país, contribuindo para o legado de diversos artistas e ajudando a construir a identidade carnavalesca carioca e nacional.[45]

Blocos estrangeiros na festa

Reprodução de uma caravana no desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel em 2017.

A diversidade do carnaval de rua carioca vai além da variedade de ritmos e temas, englobando, também, desfiles de blocos formados por estrangeiros, como foi o caso do bloco britânico Carnaval Transatlântico, que estreou em 2014, e do bloco francês Ulalá Balancê, surgido no ano de 2013. [46][47]

Livro dos Recordes

Nos anos 2000, o carnaval de rua do Rio de Janeiro voltou a crescer, sendo homologado oficialmente pelo Guinness Book (o Livro dos Records), em 2004, como sendo o maior carnaval do mundo, com aproximadamente 2 milhões de pessoas por dia e um número de 400 mil visitantes estrangeiros. [48]

Em 2014, de acordo com dados da Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur), o carnaval de rua da cidade teria levado mais de 5 milhões de foliões às ruas, dos quais, destes, 918 mil seriam turistas, mas sem especificar exatamente a quantidade de estrangeiros. Teria, também, movimentado cerca de 2 bilhões de reais na economia local.[49]

Geminação

Corte real

Rei-momo

Rainha do Carnaval

A atual rainha de bateria da Mangueira, Evelyn Bastos, que no carnaval de 2013 foi rainha do carnaval.
Camila Silva, a primeira que além de rainha do carnaval carioca, foi também rainha do carnaval paulista.
AnoRainha do Carnaval1ª Princesa2ª PrincesaRef.
1994Ana Paula PereiraAndrea CaetanoAndrea Vieira[54][55]
2002Patrícia Chélida[56]
2003Amanda Barbosa[57]
2004Priscila Hirle Mendes[58][59]
2005Ana Paula EvangelistaElaine Babo[60]
2006Ana Paula EvangelistaCristiane Hani[60][61][62]
2007Jaqueline FariaJacqueline NascimentoMônika Nascimento[63]
2008Ketula MelloCharlene CostaJaqueline Faria[64]
2009Jéssica MaiaCharlene CostaShayene Cesário[65]
2010Shayene CesárioTalita CastilhosSuellen Pinto[66]
2011Bianca SalgueiroTalita CastilhosSuzan Gonçalves[67]
2012Cris AlvesLetícia GuimarãesSuzan Gonçalves[68]
2013Evelyn BastosLetícia GuimarãesClara Paixão[69][70]
2014Letícia GuimarãesClara PaixãoGraciele Chaveirinho[71][72][73]
2015Clara PaixãoBianca MonteiroUillana Adães[74][75]
2016Clara PaixãoUillana AdãesBianca Monteiro[76][77]
2017Uillana AdãesJoice RochaDeisiane Conceição[78]
2018Jéssica MaiaDeisiane ConceiçãoCínthia Martins[79][80]
2019Clara PaixãoDeisiane ConceiçãoViviane Silveira[81]
2020Camila SilvaDeisiane ConceiçãoCinthia de Oliveira[82]
2023Mari MolaMonalisa CarvalhoRhuanda Monteiro[83]
2024Gabriela Medeiros
Mocidade Independente de Padre Miguel
Bruna dos Santos
Estação Primeira de Mangueira
Ana Carolina de Souza
Unidos de Bangu
Palcos dos desfiles
Centro do RioCampinho
Sambódromo da Marquês de SapucaíEstrada Intendente Magalhães[84]

Ver também

Referências

Bibliografia

  • ARAÚJO, Hiram. Carnaval: seis milênios de história. Rio de Janeiro: Gryphus, 2003.
  • AUGRAS, Monique. O Brasil do samba-enredo. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.
  • CABRAL, Sérgio. As escolas de samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Lumiar, 1996.
  • COUTINHO, Eduardo Granja. Os cronistas de Momo: imprensa e carnaval na Primeira República. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2006.
  • CUNHA, Maria Clementina Pereira. Ecos da folia: uma história social do carnaval carioca entre 1880 e 1920. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
  • FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
  • FERREIRA, Felipe. Inventando carnavais: o surgimento do carnaval carioca no século XIX e outras questões carnavalescas. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005.
  • FERREIRA, Felipe. Escritos carnavalescos. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2012.
  • KAS, Leonel e LODDY, Nigge. Meu carnaval Brasil. Rio de Janeiro: Editora Aprazível, 2009.
  • MORAES, Eneida de. História do carnaval carioca. Rio de Janeiro: Record, 1987.
  • PEREIRA, Leonardo Affonso de Miranda. O Carnaval das letras. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1994.
  • QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Carnaval brasileiro: o vivido e o mito. São Paulo: Brasiliense, 1992.
  • SOIHET, Rachel. A subversão pelo riso: estudos sobre o carnaval carioca da Belle Époque ao tempo de Vargas. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1998.

Ligações externas

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