Chesley Sullenberger

ex-piloto norte-americano

Chesley Burnett Sullenberger III (Denison, 23 de janeiro de 1951), mais conhecido como Sully, é um diplomata e ex-piloto de linha aérea norte-americano que ficou mundialmente conhecido por ter sido o comandante do voo 1549 da US Airways, que aterrissou no rio Hudson em 2009 após ambos motores serem atingidos por pássaros, garantindo a sobrevivência de todos a bordo. Desde fevereiro de 2022, ele atua como embaixador dos Estados Unidos na Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO). Sullenberger é um ávido defensor da segurança da aviação e ajudou a desenvolver novos protocolos de segurança para as companhias aéreas. Entre 2009 e 2013, ele atuou como vice-chairman no programa Experimental Aircraft Association (EAA).


Chesley Sullenberger
 
Chesley Sullenberger
Nome completoChesley Burnett Sullenberger III
Conhecido(a) porVoo US Airways 1549
Nascimento23 de janeiro de 1951 (73 anos)
Denison
Nacionalidadenorte-americano
CônjugeLorraine Sullenberger
OcupaçãoEx-piloto de aeronaves
Prémios
Página oficial
sullysullenberger.com

Sullenberger se aposentou da US Airways em 3 de março de 2010 após trinta anos atuando como piloto de linha aérea. Em maio do ano seguinte, ele foi contratado como especialista em aviação e segurança pela CBS News.

Sullenberger é coautor, junto com Jeffrey Zaslow, do best-seller Highest Duty: My Search for What Really Matters, publicado pela HarperCollins em 2009, que conta memórias de sua vida e dos eventos em torno do voo 1549. Seu segundo livro, Making a Difference: Stories of Vision and Courage, foi publicado em 2012. Ele ficou em segundo lugar entre os 100 heróis e ícones mais influentes pela revista Time em 2009, ficando apenas atrás de Michelle Obama.

Em 15 de junho de 2021, o presidente Joe Biden anunciou que nomearia Sullenberger como representante dos Estados Unidos na ICAO com o posto de embaixador. Ele foi aprovado por unanimidade no Senado em 2 de dezembro de 2021.

Início de vida

Sullenberger nasceu em 23 de janeiro de 1951 na cidade de Denison, no Texas.[1] Seu pai era um descendente de imigrantes suíço-alemães chamados Sollenberger.[2] Ele tem uma irmã chamada Mary. De acordo com ela, Sullenberger costumava construir modelos de aviões e porta-aviões durante sua infância, afirmando que ele se interessou em voar depois de ver jatos militares decolando e pousando de uma Base Aérea próxima de sua casa.[3]

Quando ele tinha 12 anos de idade, seu QI foi considerado alto o suficiente para que pudesse ingressar na Mensa International.[4] Durante o ensino médio, ele atuou como presidente do clube latim, se destacou como flautista e foi eleito aluno honorário devido ao seu desempenho escolar.[5] Ele também foi um membro ativo da Igreja Metodista Unida.[6] Sullenberger se formou na Denison High School em 1969, e aos 16 anos aprendeu a voar em um Aeronca Champion 7DC a partir de uma pista de pouso particular perto de sua casa. Ele afirmou mais tarde que o treinamento que recebeu de seu instrutor de voo acabou influenciando sua carreira na aviação pelo resto de sua vida.[7]

Sullenberger recebeu um bacharelado em psicologia e pesquisa básica pela Academia da Força Aérea dos Estados Unidos. Ele também obteve um mestrado em psicologia industrial pela Universidade Purdue em 1973 e um mestrado em administração pública (MPA) pela Universidade do Norte do Colorado em 1979.[8]

Serviço militar

Sullenberger foi nomeado para a Academia da Força Aérea dos Estados Unidos, ingressando nela em junho de 1969. Ele foi selecionado, junto com alguns outros calouros, para o programa de planadorismo e, no final daquele ano, foi habilitado para dar instrução de voo.[3] No ano de sua formatura, em 1973, ele recebeu o prêmio Outstanding Cadet in Airmanship ao ser eleito o melhor Cadete Aviador da classe. Após sua graduação e seu comissionamento como oficial, a Força Aérea imediatamente encaminhou Sullenberger até a Universidade Purdue para que ele pudesse obter um mestrado antes de ingressar no Treinamento de Pilotos.[9]

Após concluir sua pós-graduação em Purdue, ele foi então designado para participar dos treinamentos na Columbus AFB, em Mississippi, pilotando as aeronaves T-37 Tweet e T-38 Talon. Depois de receber o distintivo wings em 1975, ele completou o treinamento a bordo do F-4 Phantom II na Base Aérea de Luke, no Arizona. Mais tarde, Sullenberger foi transferido para o Esquadrão de Caça N.° 493 da 48ª Ala de Caça, sediado na Base Aérea de RAF Lakenheath, na Inglaterra, onde operou o F-4D Phantom II.[10]

Após o seu serviço na RAF Lakenheath, Sullenberger foi transferido para o Esquadrão de Caça N.° 428 da 474ª Ala de Caça Tático, com sede na Base Aérea de Nellis, em Nevada, onde operou novamente o F-4D.[11][12] Mais tarde, ele assumiu o posto de capitão (O-3), com vasta experiência de voo na Europa, no Pacífico e na Base Aérea de Nellis, além de ter servido como comandante durante exercícios de combate aéreo Red Flag.[12] Durante seu período na Força Aérea, Sullenberger foi membro do conselho de investigação de acidentes aéreos.[13]

Carreira na Aviação Civil

Sullenberger em um simulator da NASA no Centro de Pesquisa Ames, em dezembro de 2011.

Sullenberger foi funcionário da US Airways de 1980 a 2010.[14][15][16] Possui licença de pilotagem para aviões monomotores e multimotores, licença de piloto comercial, licença de piloto de linha aérea, licença de piloto de planador e licença de instrutor de voo para aviões (monomotores, multimotores e instrumentos).[17] No total, ele acumulou mais de 20,000 horas de voo. Em 2007, ele se tornou o fundador e CEO da Safety Reliability Methods, Inc., uma empresa que fornece orientação estratégica e tática para melhorar a segurança, desempenho e confiabilidade.[18]

Ele também esteve envolvido em diversas investigações de acidentes aéreos conduzidas pela USAF e pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB), como no voo Pacific Southwest Airlines 1771 e no desastre da pista de Los Angeles.[19] Ele também atuou como instrutor, diretor de segurança de voo do sindicato de pilotos dos EUA, investigador de acidentes e membro do comitê técnico nacional.[10] Seu trabalho em prol da segurança para o sindicato levou ao desenvolvimento de Circulares Consultivas pela Administração Federal de Aviação, agência que regula todos os aspectos da aviação civil nos Estados Unidos.[12] Sullenberger teve um papel fundamental no desenvolvimento e implementação do curso de Crew Resource Management (CRM) utilizado pela US Airways, e ministrou o curso para centenas de tripulantes de diversas companhias aéreas.[12][20]

Ao trabalhar com cientistas da NASA, Sullenberger foi coautor de um artigo cuja pesquisa se concentrou nos fatores que induzem ao erro na aviação.[12] Ele também estuda a psicologia por trás do comportamento de uma tripulação durante momentos de crise.[21]

Voo 1549

Ver artigo principal: Voo US Airways 1549
O voo US Airways 1549 flutuando no rio Hudson.

Em 15 de janeiro de 2009, Sullenberger era o comandante do voo 1549 da US Airways, que decolou do Aeroporto LaGuardia em Nova Iorque com destino ao Aeroporto Internacional de Charlotte-Douglas na Carolina do Norte.[22] Logo após a decolagem, o Airbus A320 atingiu uma formação de gansos-canadenses e perdeu potência em ambos os motores.[23] Após constatar rapidamente que a aeronave seria incapaz de retornar para LaGuardia ou para o Aeroporto de Teterboro, Sullenberger pilotou o Airbus em direção ao rio Hudson para um pouso de emergência na água. Todas as 155 pessoas a bordo sobreviveram e foram resgatadas por barcos próximos.[24][25]

Sullenberger disse mais tarde: "Foi muito tranquilo enquanto trabalhávamos, meu copiloto Jeff Skiles e eu. Nós fomos uma equipe. Mas ter potência zero saindo desses motores foi chocante - o silêncio."[26] Sullenberger foi o último a deixar a aeronave, depois de realizar duas verificações pela cabine a fim de garantir que todos os passageiros e tripulantes foram evacuados.[3]

Sullenberger é descrito por amigos como "tímido e reticente", além de ser conhecido por sua postura calma durante um momento de crise; o então prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, o apelidou de "Captain Cool". No entanto, Sullenberger apresentou sintomas de transtorno de estresse pós-traumático nas semanas seguintes, incluindo insônia e analepse.[27] Ele disse que os momentos que antecederam o abandono da aeronave foram "uma sensação horrível, uma sensação na boca do estômago, de estar despencando, a pior que já senti na minha vida".[28]

O NTSB afirmou que Sullenberger tomou a decisão correta ao pousar no rio em vez de tentar retornar ao Aeroporto LaGuardia, já que os procedimentos padrões para perda de motor haviam sido projetados para altitudes de cruzeiro e não imediatamente após a decolagem. Simulações realizadas no Airbus Training Centre Europe em Toulouse mostraram que o voo 1549 poderia ter retornado para LaGuardia caso a manobra fosse iniciada imediatamente após a colisão com os pássaros. No entanto, tais cenários negligenciaram o tempo necessário para os pilotos entenderem e avaliarem a situação ao invés de simplesmente arriscarem a possibilidade de um acidente dentro de uma área densamente povoada.[29][30]

Ver também

Referências

Bibliografia