Crise política na Somália em 2021

A crise política somali de 2021–2022 é uma grande crise política que eclodiu na Somália depois que o presidente Mohamed Abdullahi Mohamed (também conhecido como Farmajo) se recusou a renunciar em 8 de fevereiro de 2021, quando seu mandato presidencial expirou. O presidente havia firmado um acordo em 17 de setembro de 2020 com cinco líderes regionais sobre a realização de eleições parlamentares e presidenciais,[1] entretanto, Farmajo decidiu adiar as eleições e pretendia continuar inconstitucionalmente no poder, insistindo em estender seu mandato apesar da objeção frontal da oposição política e dos estados autônomos de Jubaland e Puntland.[2][3]

Crise política na Somália em 2021
Período8 de fevereiro de 2021 - 10 de janeiro de 2022
LocalSomália
Causas
Objetivos
  • Renúncia do presidente
  • Novas eleições
Resultado
  • Desistência do presidente Mohamed Abdullahi Mohamed em prorrogar o mandato

A instabilidade política se intensificou a partir de então, com protestos antigovernamentais ocorrendo após a decisão do governo de adiar as eleições presidenciais de 2021, que contou com a presença de milhares de apoiadores da oposição, agitando e segurando bandeiras somalis e exigindo a renúncia do governo. A tensão aumentou quando tiros foram disparados durante as manifestações de 19 e 20 de fevereiro em Mogadíscio. Os manifestantes realizaram manifestações de protesto nas próximas semanas e exigiam um sucessor em Mogadíscio. A onda de protestos visa derrubar o governo e agendar as eleições presidenciais o mais rápido possível e, esperançosamente, acabar com a crise política e os distúrbios.[4][5][6]

Por sua vez, o presidente de facto Farmajo continuou as negociações políticas com a oposição e com dois dos cinco estados que compõem a Somália para acordar a celebração das eleições presidenciais.[7] Depois que nenhum acordo foi alcançado, a câmara baixa do parlamento somali aprovou uma prorrogação de dois anos do mandato presidencial de Farmajo, não apenas com forte discordância da oposição e dos dois estados autônomos, mas também da câmara alta do Parlamento, de vários ex-presidentes e parte da comunidade internacional.[8][9] Antes da sessão parlamentar, a principal autoridade policial da capital da Somália ordenou que ela fosse suspensa e instou o primeiro-ministro Mohamed Hussein Roble a assumir o controle e chegar a um consenso transversal.[8] O comandante da polícia foi demitido.[8]

A situação se agravaria a partir de 25 de abril, quando soldados amotinados invadiram a capital Mogadíscio, assumiram o controle de várias partes da cidade e iniciaram confrontos armados para forçar a saída do presidente.[10][11] Em 1 de maio, Farmajo renunciou à prorrogação extraconstitucional de seu mandato para amenizar as tensões.[12] Em uma aparição perante o Parlamento, ele confirmou novamente que apoiava o acordo assinado com a oposição em 17 de setembro de 2020.[12] Em 29 de dezembro de 2021, tropas leais a Hussein Roble se reuniram em frente ao palácio presidencial da capital após o presidente Abdullahi Mohamed tentar suspender o primeiro-ministro no que foi descrito por uma tentativa de autogolpe.[13]

Em 10 de janeiro, os líderes somalis anunciaram que chegaram a um acordo para concluir as eleições parlamentares até 25 de fevereiro, após repetidos atrasos que ameaçaram a estabilidade do país. O acordo no foi alcançado após vários dias de conversações organizadas por Roble com líderes estaduais visando acabar com um impasse nas eleições.[14]

Referências

Ligações externas