Fernando de Castro, senhor do Paul do Boquilobo
D. Fernando de Castro (? - Abril de 1440), foi um importante fidalgo, diplomata e militar português, que pereceu num ataque genovês contra a frota que comandava com destino a Ceuta, com o propósito de entregar a cidade e conseguir assim o resgate do santo infante D. Fernando.
D. Fernando de Castro | |
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Senhor do Paúl do Boquilobo | |
Armas dos Castros, da linhagem dos condes de Monsanto (Livro do Armeiro-mor, de 1509) | |
Consorte |
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Nascimento | ? |
Morte | abril de 1440 |
Oceano Atlântico | |
Pai | D. Pedro de Castro, senhor do Cadaval |
Mãe | D. Leonor de Meneses |
Ocupação | Fidalgo, Militar, Diplomata |
Biografia
Foi o 1.º senhor do Paul do Boquilobo[1][2] e também de Ançã, São Lourenço do Bairro e da quinta da Penha Verde em São Martinho (Sintra).[3]
Pertencia à Casa Real de D. João I e exerceu os cargos de alcaide-mor da Covilhã, governador da casa do infante D. Henrique,[4] regedor das justiças do Reino (1439), e vedor da fazenda.
Foi igualmente fidalgo do Conselho de El-Rei, capitão da Infantaria na tomada de Ceuta e embaixador a Castela[5][6] assim como foi enviado nessa qualidade ao concílio de Constança.[4]
Em 1424, o infante D. Henrique mandou-o à Grã-Canária à frente de um contingente de dois mil e quinhentos homens de pé e cento e vinte a cavalo,[7] com o propósito de se apoderarem desta ilha, objecto de litígio entre Portugal e Castela,[4] não conseguindo derrotar os nativos guanches[8] devido a problemas logísticos.[9]
Em Almeirim, a 27 der Janeiro de 1432, testemunhou a ratificação do tratado de paz com Castela, o Tratado de Medina del Campo, que tinha sido assinado em Outubro do ano anterior.[4]
Terá participado na malograda tentativa de conquista de Tanger.[10]
Faleceu em combate, em abril de 1440, num ataque de uma armada genovesa,[11] quando comandava uma frota enviada a Ceuta pelo infante D. Pedro, com o propósito de entregar a cidade a troco do resgate do infante D. Fernando, o Santo. Gênova era, na época, uma aliada de Portugal, e as autoridades da cidade nunca conseguiram apresentar uma explicação convincente para o incidente que, na prática, inviabilizou a devolução de Ceuta.
Na opinião do historiador João Paulo de Oliveira e Costa, o ataque poderá ter sido o resultado de uma conspiração entre mercadores italianos e comerciantes de Lisboa, interessados em manter a ocupação de Ceuta, que lhes garantia grandes proveitos. O regente D. Pedro, depois deste ataque, desistiu da ideia de entregar Ceuta e o Infante Santo veio assim a morrer prisioneiro nos calabouços de Fez, em 05.06.1443.[12]
Dados genealógicos
Era filho de D. Pedro de Castro, conde de Arraiolos,[13] senhor de Cadaval, e de D. Leonor de Menezes, filha de D. João Afonso Telo de Meneses, conde de Ourém (tio de D. Leonor Teles[4]); e neto paterno de D. Álvaro Pires de Castro, 1.º conde de Arraiolos e de Viana (da Foz do Lima).
Casou, pela 1.ª vez, com D. Isabel de Ataíde, filha de Martim Gonçalves de Ataíde, alcaide-mor de Chaves e de Mécia Vasques Coutinho.
Filhos do 1.º casamento:
- D. Álvaro de Castro, 1.º conde de Monsanto, casado com D. Isabel da Cunha, senhora de Cascais e Lourinhã. Com geração.
- D. Henrique de Castro, prior do Crato, sem geração.
- D. Garcia de Castro, senhor do Paúl de Boquilobo casado a 1.ª vez com D. Beatriz da Silva e a 2.ª vez com Catarina de Gouveia. Com geração de ambos os casamentos.
- D. Maria de Castro primeira mulher de Álvaro de Sousa, mordomo-mor de D. Afonso V,[10] senhor de Miranda, alcaide-mór de Arronches.[14] Com geração.
- D. Isabel de Castro segunda mulher de D. Duarte de Menezes, 3.º conde de Viana do Alentejo, 2.º conde de Viana da Foz do Lima. Com geração.
- D. Catarina de Castro casada a 1.ª vez com D. Álvaro Vaz de Almada, 1º conde de Avranches e sua segunda mulher, com geração; casada pela 2.ª vez, em 1451, com seu primo co-irmão, D. Martinho de Ataíde, 2º conde de Atouguia, sem geração.[15]
Casou, pela 2.ª vez, com D. Mécia de Sousa, filha de Afonso Vasques de Sousa, "o cavaleiro" e de sua prima D. Leonor Lopes de Sousa.
Filhos do 2.º casamento:
- D. Violante de Castro, senhora de Mafra, casada com João Vaz de Almada, com geração.
- D. Margarida de Castro casada com Jean de Neufchâtel, senhor de Montagu e Fontenoy, com geração.
Referências
Bibliografia
- D. António Caetano de Sousa, «História Genealógica da Casa Real Portuguesa», Atlântida-Livraria Editora, Lda, 2ª Edição, Coimbra, 1946, Tomo XII- P. II - pg. 49.
- Direcção de Afonso Eduardo Martins Zuquete, «Nobreza de Portugal e Brasil», Editorial Enciclopédia, 2ª Edição Lisboa, 1989, vol. 3- pg. 14.
- Cristovão Alão de Morais, «Pedatura Lusitana», Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1997, vol. II - pg. 394
- Felgueiras Gayo, «Nobiliário das Famílias de Portugal», Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989, vol. IV - pg. 264 (Castros).
- Antonio Carvalho da Costa, «Corografia portugueza, e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal», 1708, tomo II, pg. 407.