Frente Única Antifascista

A Frente Única Antifascista (FUA) foi uma organização política fundada em 25 de junho de 1933 na cidade de São Paulo para combater o fascismo, representado no Brasil pela Ação Integralista Brasileira (AIB). A FUA foi criada por iniciativa de militantes da Liga Comunista (LC), do Partido Socialista Brasileiro (PSB), imigrantes italianos antifascistas e outras organizações minoritárias de esquerda. Dois segmentos importantes da esquerda paulista na época, os anarquistas e militantes do Partido Comunista do Brasil (PCB), não participaram formalmente da FUA, mas mantiveram contatos e articularam-se com a frente em algumas ocasiões.

Frente Única Antifascista
(FUA)
TipoFrente ampla de partidos e organizações democráticas, progressistas e de esquerda
Fundação25 de junho de 1933
PropósitoCombater o fascismo, representado no Brasil pela Ação Integralista Brasileira (AIB)
MembrosLiga Comunista (LC), Partido Socialista Brasileiro (PSB) e outras organizações minoritárias de esquerda; eventuais articulações com os anarquistas e o Partido Comunista do Brasil (PCB)

A FUA, articulando-se com outros setores da esquerda, realizou uma série de comícios e manifestações antifascistas, e seus militantes tiveram um papel importante na Batalha da Praça da Sé. Até fevereiro de 1934, ano em que a organização encerrou suas atividades, a FUA editou o jornal O Homem Livre, considerado o principal veículo de propaganda antifascista daquele período.

Ao longo de 1934, com o avanço do fascismo na Europa e a reformulação das políticas da Internacional Comunista (Comintern), que apontava para a formação das frentes populares, a FUA abriu espaço para a formação de uma frente mais ampla de setores progressistas, diluindo a luta antifascista na luta mais geral por reformas e contra as forças conservadoras, processo que culminou na formação da Aliança Nacional Libertadora (ANL) em 1935.

Contexto

A FUA foi fundada em um momento no qual a radicalização política, à esquerda e à direita, era evidente no Brasil e no resto do mundo.[1] Na década de 1930, o liberalismo passava por uma crise, em decorrência de eventos como a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, o crescimento dos movimentos fascistas na Europa e a radicalização dos movimentos comunistas. O liberalismo passou a sofrer então significativa concorrência de outras propostas de organização econômica e política, tanto pela direita quanto pela esquerda, que acabaram marginalizando-o do debate político-ideológico nacional,[1] em um contexto em que o funcionamento da Assembleia Nacional Constituinte (entre 1933 e 1934) resultou em grande agitação e turbulência na sociedade civil brasileira.[2] A crise ideológica e política do liberalismo transformou-se no Brasil numa questão política não apenas para as elites, que, ao longo da década de 1930, debateram uma alternativa viável para o liberalismo. As classes médias e os trabalhadores também participaram do debate, seja pela direita, com o fascismo, seja pela esquerda, com o socialismo, o comunismo e o anarquismo. O debate sobre as alternativas ao liberalismo na prática sofreu a concorrência do confronto entre o fascismo e o antifascismo.[3]

Antecedentes

Fascismo e antifascismo confrontavam-se no Brasil desde a década de 1920. Contudo, foi apenas a partir da fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), em outubro de 1932, que a disputa passou a ter mais notoriedade entre os temas políticos nacionais.[3] Os antifascistas italianos tiveram importante participação na luta antifascista no Brasil na década de 1920. A partir de 1933, passaram a sofrer a concorrência dos antifascistas brasileiros, sobretudo dos trotskistas da Liga Comunista (LC) e socialistas do Partido Socialista Brasileiro (PSB) paulista, com os quais alguns deles se aliaram, liderados pelo socialista italiano Francesco Frola, que se tornou o elemento de ligação entre as duas gerações da militância antifascista.[3]

Mário Pedrosa foi um dos mais proeminentes militantes da Liga Comunista e teve um importante papel na articulação da Frente Única Antifascista.

Em janeiro de 1933, com a chegada dos nazistas ao poder na Alemanha, as organizações de esquerda passaram a demonstrar uma maior preocupação em articular uma frente única de caráter antifascista. Ainda nesse mês, o dirigente trotskista Mário Pedrosa concedeu entrevista ao diário paulista A Platea, no qual discorria sobre o Congresso Mundial Contra a Guerra Imperialista realizado em Amsterdã, sob a iniciativa dos escritores Henri Barbusse e Romain Rolland em fins de 1932, e o papel da Oposição de Esquerda brasileira nesta questão.[4] Nesse mês, a Comissão Executiva da LC aprovou decisão de “se lutar pela formação de uma frente única antifascista em São Paulo”; ainda em janeiro, no dia 20, o jornal A Platea noticiou que a Comissão Executiva da União dos Trabalhadores Gráficos (UTG) de São Paulo, então dominada pelos trotskistas, aprovou a decisão de se dirigir “a todas as organizações sindicais de São Paulo, propondo uma frente única”.[4]

A partir de fevereiro, os militantes do Partido Comunista do Brasil (PCB) e a da LC, participaram de reuniões e conferências em São Paulo nas quais se discutiu a criação de uma organização inspirada no Congresso Mundial Contra a Guerra Imperialista. No dia 7 desse mês, ocorreu uma reunião na sede da UTG de São Paulo que contou com a participação de representantes de várias associações de classe, que acabou por convocar, para o dia 9 de fevereiro, um comício no largo São José do Belém, que originou o Comitê Antiguerreiro, do qual o PCB participaria e lideraria. Na época, os trotskistas continuavam a considerar-se membros, ainda que expulsos, do PCB e portanto, agiam para que o PCB criasse o Comitê segundo suas orientações particulares.[4] O Comitê Antiguerreiro seria filiado ao Comitê Mundial Contra a Guerra e o Fascismo.[5]

Em 23 de março, os integralistas, liderados por Plínio Salgado, marcharam pela primeira vez na cidade de São Paulo, de modo que os antifascistas aceleraram suas ações. Em maio, os militantes da LC e do PSB paulista fundaram o periódico O Homem Livre, que se tornaria um dos principais órgãos de propaganda antifascista e o porta-voz da FUA após a sua fundação. No dia 11 de junho, durante cerimônia lembrando o assassinato do deputado socialista italiano Giacomo Matteotti, o trotskista Aristides Lobo propôs a formação de uma frente única antifascista.[6]

Fundação

Uma semana após a cerimônia em homenagem à Matteotti, no dia 25 de junho, foi realizada uma reunião no salão da União Cívica 5 de Julho, no qual se constituiu a Frente Única Antifascista. A reunião foi presidida por Francesco Frola e contou com a presença de organizações como o PSB paulista, Liga Comunista (LC), União dos Trabalhadores Gráficos (UTG), Grêmio Universitário Socialista, Legião Cívica 5 de Julho, Bandeira dos 18, Grupo Socialista Giacomo Matteotti, jornal O Homem Livre, jornal A Rua, revista O Socialismo, Grupo Italia Libera, Federação Operária de São Paulo (FOSP) e os jornais anarquistas A Lanterna e A Plebe. O PCB e as entidades ligadas a ele foram convidadas, mas não compareceram.[7] Mais tarde, a FUA receberia as adesões da União dos Profissionais do Volante e do periódico socialista O Brasil Novo.[8] Os anarquistas organizados em torno da FOSP e de seus periódicos optaram por não ingressar na FUA, organizando o seu próprio Comitê Antifascista.[9] Durante a reunião, os libertários defenderam uma frente de luta que fosse formada por meio da união de todos os indivíduos antifascistas e, “sob as bases da mais ampla e completa autonomia das facções, princípios e doutrinas que subdivide os homens em clubes, legiões, partidos e dissidências”. No entanto, os outros grupos que aderiram à FUA eram correligionários à formação de uma frente única que congregasse os vários partidos e sindicatos de esquerda, e não que fosse formada a partir dos indivíduos antifascistas, o que era, para os anarquistas, visto como uma incongruência, na medida em que boa parte dessas organizações eram muito pouco expressivas.[10] O PCB, que seguia as posições políticas adotadas pela Internacional Comunista (Comintern) à época, se recusava a participar de qualquer organização frentista, desprezando as outras correntes políticas da esquerda.[11][nota 1] Entretanto, em alguns momentos, sobretudo em fins de 1933, o comitê regional paulista do PCB participou de atividades da frente,[11] assim como os anarquistas, que também mantiveram contatos e por vezes articularam-se com a FUA.[12]

Atividades

Nos primeiros dias de julho, o grupo que dirigia a FUA reuniu-se na sede do PSB paulista para tratar da ratificação das bases para a constituição da organização e marcar um comício em comemoração à queda da Bastilha, no dia 14 de julho.[13] A manifestação foi realizada na sede da Lega Lombarda e presidida por Aristides Lobo. Na ocasião, foi lançado o “Manifesto da Frente Única Antifascista",[14] e a tribuna foi ocupada sucessivamente pelos representantes das organizações e periódicos O Brasil Novo, Frente Negra Socialista, União Sindical dos Profissionais do Volante, Italia Libera, O Homem Livre, União dos Trabalhadores Gráficos, Bandeira dos 18, Liga Comunista, e outros grupos e partidos que enviaram delegados, entre eles o Socorro Vermelho, o PCB, a FOSP, um ferroviários de Sorocabana e Oreste Ristori. A reunião, iniciada às 20h, prolongou-se até após as 23h.[15] Após esse episódio, a FUA entrou em um período de inatividade que perdurou até setembro, quando O Homem Livre conclamou as organizações que participaram da fundação a cumprir o seu papel. Essa inatividade teria sido causada, principalmente, por uma crise no interior do PSB paulista, que buscava uma identidade que o diferenciasse das tendências de esquerda do tenentismo.[14][nota 2]

Edição de O Homem Livre de 14 agosto de 1933. O jornal tornou-se o órgão de imprensa da FUA após sua criação e foi o principal veículo de propaganda antifascista do período.

A FUA teve no jornal O Homem Livre a definição de sua identidade política frente à sociedade civil paulista e, particularmente, em contraposição ao fascismo, representado pela AIB.[11] Fundado cerca de um mês antes da criação da FUA, o jornal foi concebido e criado por jornalistas do vespertino paulista Diário da Noite.[17] A primeira edição do jornal é datada de 27 de maio de 1933 e contou com artigos, assinados ou sob pseudônimos, de José Pérez, Mário Pedrosa, Lívio Xavier, Aristides Lobo, Goffredo Rosini, Geraldo Ferraz e Miguel Macedo, e foi ilustrada pelo gravador Lívio Abramo.[18] Com a fundação da FUA em 25 de julho, O Homem Livre tornou-se seu órgão de imprensa e o principal periódico de propaganda antifascista da esquerda paulista.[17] A campanha de desmistificação do fascismo feita nas páginas de O Homem Livre teve no humor uma de suas principais estratégias, através da publicação de charges originalmente editadas em jornais estrangeiros, como o Daily Express e The Nation, e foram editados vários artigos que procuravam analisar o fascismo e o integralismo de forma satírica.[19] O periódico também procurava denunciar as práticas fascistas e os meios de que o fascismo se utilizava para obter determinados resultados, como no artigo As Explorações Anti-Semitas Sobre os Protocolos dos Sábios de Sião, de José Pérez, publicado também na primeira edição do jornal, e que demonstrava a natureza racista do nazismo.[20]

Conferência anti-integralista realizada em 14 de novembro de 1933, no salão da União das Classes Laboriosas.

Em setembro de 1933, o Comitê Regional do PCB paulista, através de Hermínio Sacchetta, iniciou conversações com a FUA e, ainda que criticando os trotskistas, concordou em assinar manifesto convocando os antifascistas a participar de uma conferência anti-integralista marcada para o dia 14 de novembro de 1933.[14] A conferência, organizada pelos anarquistas através do Centro de Cultura Social (CCS), contou com a participação de representantes de diversas correntes políticas da esquerda, como socialista Carmelo Crispino, o anarquista Hermínio Marcos e um representante do jornal O Homem Livre. O evento, realizado no salão da União das Classes Laboriosas, reuniu cerca de mil pessoas.[21] Em meio à conferência aparecerem alguns integralistas a fim de tumultuá-la, no entanto, ao perceberem a quantidade de elementos antifascistas que ali se encontravam, retiraram-se e começaram a procurar reforços nas mediações, sendo repelidos por um grupo de trabalhadores.[22]

Com o agravo dos conflitos entre integralistas e antifascistas, surgiram relatos de agressão por parte dos integralistas contra militantes de esquerda em diversas partes do país, de modo que a FUA decidiu organizar uma contramanifestação para o dia 15 de dezembro de 1933, data em que a AIB havia marcado um comício integralista.[23] A divulgação, por parte da FUA, de que haveria uma contramanifestação, fez com que a AIB cancelasse a marcha.[24] O comício da FUA, no entanto, ocorreu, na sede da Lega Lombarda e com a presença de cerca de dois mil participantes, incluindo militantes do PCB e do Comitê Antiguerreiro. Neste evento, a FUA demonstrou intenções de articular-se com outras organizações antifascistas de outros estados para a formação de Frente Única Antifascista Nacional, além de ter convocado o movimento operário paulista para a formação de uma frente sindical.[16]

Apesar do sucesso desses dois eventos, o PCB e o Comitê Antiguerreiro tentavam colocar-se como os orientadores da frente, esvaziando assim o protagonismo da FUA. Neste ínterim, o Comitê Central do PCB, localizado no Rio de Janeiro, interveio no Comitê Regional paulista, tendo em vista que a participação do PCB na FUA contrariava a linha política de “frente única pela base” do partido e da Comintern.[16][nota 3]

Depois disso, a FUA convocou um comício para o dia 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo. O evento foi impedido pela polícia e uma comissão do PSB foi à Região Militar tentar obter uma autorização de última hora. Antes do seu retorno, um militante do PCB tentou abrir o comício, sem sucesso. Ainda assim, alguns dirigentes fizeram curtos discursos interrompidos pela polícia montada.[25] Na noite do dia seguinte, a polícia invadiu a sede da UGT durante uma conferência de Francesco Frola, prendendo todos os presentes no local.[26] Nessa ocasião, pressionado pelo Comitê Central, o Comitê Regional do PCB paulista abandonou a FUA e iniciou uma violenta campanha contra ela. O PCB já tentava colocar-se como orientador da frente enquanto participou das atividades promovidas por ela, e após o rompimento, o jornal paulista A Vanguarda Estudantil, ligado ao PCB, passou a publicar então duras críticas à FUA, chamando-a de “frente única de tapeação” que visava ofuscar a legítima frente única do Comitê Antiguerreiro, promovido pelo PCB desde o início de 1933.[25]

Em 24 de fevereiro de 1934 foi lançado o último número de O Homem Livre. O fechamento do jornal da FUA demostrava as dificuldades políticas e financeiras pela qual ela passava. Os problemas pelos quais passava o PSB, a fragilidade orgânica dos trotskistas, a recusa dos anarquistas em participarem da FUA de maneira mais consistente e a decisão do PCB em deixar de colaborar com a frente contribuíram para inviabilizar a continuação do jornal e dificultaram a continuação das atividades da FUA.[25] Ao longo de 1934, os trotskistas, agora organizados na Liga Comunista Internacionalista (LCI)[nota 4] e os militantes do PSB paulista passaram a dedicar-se à construção de uma frente única sindical e eleitoral de esquerda.[25] Nesse sentido, realizaram um comício no dia 1º de maio, realizado no pátio do Palácio das Indústria, no Parque D. Pedro II. O PCB não participou dessa manifestação, em que falaram representantes da LCI, PSB, Sindicatos Profissionais do Volante, dos Tecelões, dos Barbeiros e Cabeleireiros, dos Empregados em Hotéis, de grupos independentes do Sindicato dos Rodoviários, do Sindicato dos Empregados em Comércio, União dos Trabalhadores Gráficos e Sindicato dos Bancários.[28]

O segundo semestre de 1934 caracterizou-se pelo confronto direto entre antifascistas e a AIB e pela busca da articulação política da unidade das forças de esquerda, no campo sindical, eleitoral e contra o fascismo.[29] A radicalização política podia ser percebida desde abril, quando no dia 20, treze dias após o início da votação da Constituição, aconteceu o primeiro de uma série de desfiles integralistas em importantes cidades brasileiras, demonstrando o fortalecimento organizacional e político da AIB. Neste dia, desfilaram cerca de 4.000 pessoas pelas ruas do Rio de Janeiro.[30] Cerca de um mês depois, no dia 24 de junho, ocorreu um desfile integralista na capital paulista, contando com cerca de 3.000 pessoas. Uma semana depois, no dia 2 de julho, feriado na Bahia, cerca de 400 integralistas fizeram um desfile pelas ruas de Salvador. Por outro lado, no dia 9 de julho, em Niterói, encerrou-se a I Conferência Nacional do PCB que, entre outras coisas, institucionalizava um novo grupo dirigente, e marcava uma radicalização nas políticas do partido, que se recusou a participar de qualquer coligação eleitoral e protagonizou uma série de greves e manifestações cada vez mais violentas.[31]

Integralista ferido durante a Batalha da Praça da Sé, carregado por companheiros.

Em outubro de 1934, por fim, a disputa entre as esquerdas e a AIB chegou ao confronto direto em espaço público aberto.[32] Já no dia 3, em uma quarta-feira, um confronto entre integralistas e militantes de esquerda em Bauru, no interior de São Paulo, resultou em um morto — Nicola Rosica — e quatro feridos, todos integralistas. Um dos principais acusados de ter participado da agressão aos integralistas era candidato a deputado estadual pela Coligação das Esquerdas, criada em São Paulo pela Coligação dos Sindicatos Proletários, LCI e PSB no final de agosto.[33] Quatro dias depois, no domingo, o confronto atingiu uma dimensão maior, acontecendo no centro comercial e financeiro da capital paulista. Para esse dia, 7 de outubro, a AIB convocou os seus militantes para um evento político a ser realizado na Praça da Sé, onde seria comemorado o aniversário de dois anos do "Manifesto Integralista".[33] Segundo Fúlvio Abramo,[nota 5] os trotskistas, tão logo tomaram conhecimento das intenções da AIB de realizar tal manifestação, decidiram impedi-la. Convocaram as organizações que haviam participado da FUA até o comício de 1º de maio para preparar uma contramanifestação. O seu secretariado, então recriado, formado por membros da LCI e do PSB, entrou em contato com o PCB e com os anarquistas.[35] Publicaram-se uma série de manifestos convocando militantes e simpatizantes antifascistas a comparecerem ao evento.[35] Ainda que sem direção totalmente centralizada, todas as forças antifascistas participaram em conjunto da contramanifestação, que resultou em um violento conflito que ficou conhecido como "Batalha da Praça da Sé". O conflito resultou na morte de dois agentes policiais, um guarda civil, três integralistas e um estudante antifascista — Décio Pinto de Oliveira —, terminando com a debandada geral dos integralistas, que abandonaram suas camisas verdes pelas ruas do centro de São Paulo para evitar mais agressões.[36]

Desdobramentos políticos da FUA

A Batalha da Praça da Sé teve grande repercussão positiva no Rio de Janeiro, e combinada com identificação do corpo do jovem militante Tobias Warchavski, detonou uma campanha política contra a política repressora do governo de Getúlio Vargas que se combinou com o sentimento antifascista.[37] Ao longo de 1934, com o avanço do fascismo na Europa, a Internacional Comunista reformulou suas políticas, dando sinais de que a união dos comunistas com outras forças políticas progressistas seria possível, apontando para a formação de frentes populares.[38] O processo político que se acelerou nas últimas semanas de 1934 encaminhava-se para a formação de uma frente muito mais ampla do que a FUA e o Comitê Antiguerreiro, com a formação de uma Frente Única de Luta contra a Reação e o Fascismo, de cunho eleitoral, formada pelo Partido Socialista Proletário do Brasil, Liga Comunista Internacionalista, Partido Trabalhista Brasileiro e Partido Comunista.[38] A Frente Única de Luta contra a Reação e o Fascismo não elegeu nenhum candidato, mas contribuiu para a formação de uma ampla coligação de setores progressistas favoráveis à reformas mais abrangentes na sociedade, formando uma frente popular que diluiu a luta antifascista na luta por reformas e contra as forças conservadores. Tal processo viria a culminar, em 1935, na formação da Aliança Nacional Libertadora (ANL).[39]

Ver também

Notas

Referências

Bibliografia