Grupos Dinamizadores de Unidade Popular

partido político português
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Os Grupos Dinamizadores de Unidade Popular (GDUP's) foram um partido português, criado em 1976, mas que se extinguiu ainda antes do final de 1977, e oficialmente dissolvido em 1997. Patrocinado e liderado, ainda que não oficialmente, por Otelo Saraiva de Carvalho tinha um carácter frentista, visava a criação de uma frente popular aberta a todos os antifascistas revolucionários, na luta pelo socialismo opondo-se a qualquer tentativa de conspiração fascista que o PSD e o CDS poderiam querer impor.[1]

Grupos Dinamizadores de Unidade Popular
GDUP
Grupos Dinamizadores de Unidade Popular
LíderLuís Moita
PresidenteOtelo Saraiva de Carvalho
Fundação25 de outubro de 1976
Dissolução12 de novembro de 1997
SedePortugal Portugal
IdeologiaSocialismo revolucionário
Anticapitalismo
Espectro políticoExtrema-esquerda
Publicação"A Luta Continua"

Publicou o boletim "A Luta Continua"[2] Durante a sua existência concorreu somente às eleições autárquicas de 1976[3] onde não logrou obter mais de 2,5% dos votos. A sua desagregação resultou na posterior criação da Organização Unitária dos Trabalhadores (OUT), embrião do Projecto Global que incluía as Forças Populares 25 de Abril e a Força de Unidade Popular.[4]

História

Os Grupos Dinamizadores de Unidade Popular surgem inicialmente como frente eleitoral de apoio à candidatura presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho às eleições presidenciais de 27 de Junho de 1976, reunindo o Partido Revolucionário do Proletariado (PRP), o Movimento de Esquerda Socialista (MES), a União Democrática Popular (UDP) e o Partido Comunista Português (Reconstruído) [PCP (R), a Liga Comunista Internacionalista (LCI) e a Frente Socialista Popular (FSP). Nesta, Otelo obteve um resultado histórico, com 792 760 votos (16,2%).[5] Segundo o próprio, a ideia dos GDUP teria nascido em casa de Ferro Rodrigues, na Lapa.[6][7]

No seguimento do sucesso eleitoral das presidenciais, já no final de 1976, o GDUP constitui-se oficialmente como partido, realizando na Amadora o seu primeiro congresso, a 21 de Novembro de 1976, onde elegem os orgãos nacionais e aprovaram os estatutos. A Comissão Nacional do Movimento de Unidade Popular (MUP) é então criada durante o congresso. Era constituída por 50 membros e foi presidida por Luís Moita, antigo pároco em Marvila. A vaga deixada na presidência da Comissão Nacional, ficou por preencher, uma vez que Otelo Saraiva de Carvalho, foi impedido de participar, pela sua condição de militar. Entre os nomes principais, eleitos para a Comissão Nacional estão além do já citado Luís Moita, Mário Brochado Coelho, Catalina Pestana, Jorge Almeida Fernandes, Luís Salgado de Matos e Francisco Cordovil e Maria da Conceição Moita.[8] Segundo Gobern Lopes, neste congresso, dos GDUP's, é apresentado o corpo do projeto das quatro componentes do Projecto Global (FP-25 de Abril), o PRP defende esta tese, os militares aderem, o Otelo adere, e depois desta reunião começa a ser implementado[9].O congresso ficou ainda marcado pelo abandono dos militantes do PRP, ainda antes da eleição da Comissão Nacional.[10] Ao abandonar o MUP e sobretudo da forma como o fez,[8] o PRP contribuiu fortemente para a sentença de morte dessa organização, deixando-o entregue a uma precária coligação entre dois pequenos partidos, a UDP e o MES.[11]

Os GDUP concorreram imediatamente depois às eleições autárquicas, de 12 de dezembro de 1976, obtendo um resultado muito abaixo das expectativas com cerca de 100 mil votos (2,51%). Para isso candidatos em 10 dos 14 concelhos do distrito de Lisboa, com foco na cintura industrial. Os nomes mais conhecidos foram, Nuno Teotónio Pereira para a Presidência da Câmara Municipal de Lisboa e o antigo pároco em Marvila e principal dirigente do GDUP, Luís Moita,[12] para a Presidência da Assembleia Municipal. Em Oeiras concorreram para os mesmo cargos, respectivamente o jornalista Amadeu Lopes Sabino e o operário Luís Soares.[13] Em Setúbal concorreram Acácio Barreiros e o cantor Zeca Afonso, que foram eleitos. No Porto concorreu Mário Brochado Coelho.[14]

Programa, Estatutos e discursos no Congresso de novembro de 1976

Em 1977, após o resultados menos animadores das autárquicas, o partido cessou a sua actividade. No entanto, com a participação de Otelo, foram sendo realizados reuniões, com simpatizantes, à porta fechada, em todo o País, durante todo o ano de 1977. E consideradas as condições suficientemente amadurecidas, foi promovido em 30 de Janeiro de 1978 um grande encontro no anfiteatro da Faculdade de Ciências, com apoiantes de todo País, no qual foram definidas as linhas do projecto político da nova organização, escolhidos pessoas para o exercício provisório de determinadas responsabilidades, conducentes à realização de um Congresso de formação de uma nova organização, com sede provisória em instalações cedidas pelo PRP, na Rua Braamcamp, em Lisboa.[11]

Em Março de 78 é lançado a público e profusamente distribuído um «Manifesto ao Povo Trabalhador», escrito por Otelo e no qual se apontam as linhas mestras da futura organização. É daqui que surge a Organização Unitária de Trabalhadores (OUT) que absorveu também o que restava do PRP, e que evoluiria, depois para o Projecto Global constituído pela Organização Política de Massas - Força de Unidade Popular (FUP) e a Estrutura Civil Armada materializada nas Forças Populares 25 de Abril.[11]

Os GDUP foram oficialmente dissolvidos pelo Tribunal Constitucional através do Acórdão 669/97, datado em 12 de Novembro de 1997, mas a sua actividade politica, enquanto organização tinha cessado em 1977, poucos meses depois da sua criação.[15]

Estrutura e organização

As estruturas do MUP aprovadas eram, o Congresso, a Comissão Nacional e o seu Secretariado, o Presidente, o Plenário Distrital e a Comissão Distrital, o Plenário Concelhio e a Comissão Concelhia, o Plenário de Freguesia e a Comissão de Freguesia, os Grupos Dinamizadores de Unidade Popular. [1]

O Congresso era o orgão máximo, composto pelos membros da Comissão Nacional, as Comissões Concelhias e Distritais e os delegados dos GDUP em proporção a fixar pela Comissão Preparatória do Congresso de forma a que as comissões não ultrapassem um terço dos delegados.[1]

Para a Presidência do MUP, o único camarada que o Congresso que poderiam aclamar como Presidente seria Otelo Saraiva de Carvalho. Segundo o texto da moção aprovada refletia isso mesmo:[1]

"Considerando que este está, neste momento, impedido de exercer actividade politica e, mesmo, proibido de contactar com o povo trabalhador que nele confia. Propomos:

  1. Que fique em aberto o lugar de Presidente do Movimento de Unidade Popular.
  2. Que o Congresso, ao aprovar este decisão, manifeste a sua confiança no camarada Otelo e lhe confirme a determinação dos GDUP´s em lutarem firmemente pela sua libertação completa."

Cronologia[1]

Resultados eleitorais

Eleições autárquicas

Câmaras e Vereadores Municipais

DataCl.Votos%Presidentes CMVereadores
19765.º104 629
2,51 / 100,00
0 / 304
5 / 1 908

Assembleias Municipais

DataCl.Votos%Deputados
19765.º100 872
2,54 / 100,00
43 / 5 135

Assembleias de Freguesia

DataCl.Votos%Deputados
19766.º93 967
2,29 / 100,00
99 / 26 135
Câmaras Municipais com representação do Grupos Dinamizadores de Unidade Popular
Municípios1976
Almada
1 / 11
3.º
Machico
3 / 7
2.º
Setúbal
1 / 9
3.º

Fonte: Comissão Nacional de Eleições Arquivado em 8 de abril de 2005, no Wayback Machine.

Ver também

Referências

Ligações externas

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