Guilherme Boulos

ativista e político brasileiro

Guilherme Castro Boulos (São Paulo, 19 de junho de 1982) é um professor, psicanalista, escritor, ativista e político brasileiro, filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Atualmente exerce o mandato de deputado federal pelo estado de São Paulo.

Guilherme Boulos
Guilherme Boulos
Boulos em março de 2023
Deputado federal por São Paulo
Período1° de fevereiro de 2023
a atualidade
Legislatura57ª (2023–2027)
Dados pessoais
Nome completoGuilherme Castro Boulos
Nascimento19 de junho de 1982 (42 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidadebrasileiro
Alma materFaculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
CônjugeNatalia Szermeta
Filhos(as)2
PartidoPSOL (2018-presente)
Ocupaçãoprofessor, psicanalista, escritor, ativista e político
ResidênciaSão Paulo, SP
Websiteguilhermeboulos.com

É bacharel em filosofia e membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), sendo reconhecido como uma das principais lideranças da esquerda no Brasil.[1][2] Foi candidato a presidente da República, pelo PSOL, nas eleições gerais no Brasil em 2018[3] e também concorreu ao cargo de prefeito do município de São Paulo na eleição municipal de São Paulo em 2020, pelo mesmo partido, perdendo para o candidato à reeleição, Bruno Covas, no segundo turno.[4] Elegeu deputado federal por São Paulo em 2022, obtendo cerca de um milhão de votos, o mais votado de São Paulo e o segundo mais votado do país naquele pleito.[5]

Biografia

Boulos na Universidade Columbia em 2015

Guilherme Boulos é filho de um casal de médicos. Sua mãe é a infectologista Maria Ivete Castro Boulos,[6] e seu pai é o professor Marcos Boulos, do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.[7]

Graduou-se em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), onde ingressou em 2000. Especializou-se em Psicologia Clínica pela PUC/SP (tema: O Lugar da Razão na Psicanálise). É mestre em psiquiatria (2017), pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (dissertação: Estudo sobre a variação de sintomas depressivos relacionada à participação coletiva em ocupações de sem-teto em São Paulo[8]). Foi também professor da rede pública de ensino, da Faculdade de Mauá e da Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.[9][10]

Desde 2009, Boulos mantém relacionamento com Natalia Szermeta. O casal tem duas filhas: Sofia e Laura. Embora não sejam casados no papel, Boulos a trata como sua esposa.[11][12]

Militância política

Boulos em 2017

Na juventude e nos anos de formação, engajou-se no movimento estudantil. Em 1997, aos 15 anos, ingressou no movimento estudantil brasileiro como militante na União da Juventude Comunista (UJC).[13] Em 2002, ingressou no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).[14]

Ficou conhecido em 2003, quando participou da coordenação da ocupação de um terreno da Volkswagen, em São Bernardo do Campo.[15]

Voltou a ter visibilidade na imprensa em 2014, na esteira das mobilizações sociais em torno da Copa do Mundo, em especial da Ocupação Copa do Povo, realizada pelo MTST no início de maio. Em junho do mesmo ano, tornou-se colunista semanal do site do jornal Folha de S.Paulo, onde ficou até março de 2017.[16]

Em fevereiro de 2015, passou a integrar, junto com o deputado federal Jean Wyllys e a jornalista Laura Capriglione, o programa de debates Havana Connection, criado e mediado pelo jornalista Leonardo Sakamoto no portal UOL.[17]

Boulos afirma ter sido preso diversas vezes, além de responder a diversos processos judiciais.[2] Teve grande repercussão sua prisão em 17 de janeiro de 2017,[18] cujas acusações eram de desobediência a ordem judicial[19] e incitação à violência,[20] durante a ação de reintegração de posse de um terreno no distrito de São Mateus. Foi solto na noite do mesmo dia. Em sua defesa, alega que sua detenção foi arbitrária e de cunho político.[21]

Boulos durante campanha em 2018

Candidatura à presidência em 2018

Logotipo da campanha de Boulos à Presidência da República em 2018.

Em março de 2018, filiou-se ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) como pré-candidato à Presidência da República, com Sônia Guajajara como vice.[22] Houve polêmicas quanto a sua candidatura, especialmente devido à ausência de debate entre os candidatos e a um vídeo gravado por Lula, no qual diz que "seria a última pessoa do mundo a pedir para que Boulos não seja candidato".[23] Sua candidatura se sustentou em uma Frente de Esquerda Socialista, com bases no PSOL, no PCB, no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e no movimento indígena.[24] Com 617 122 votos (0,58%), ficou em décimo lugar no primeiro turno.[25][26]

Candidato à prefeitura de São Paulo em 2020

Em 9 de março de 2020, anunciou pelas redes sociais a formação de uma chapa para concorrer à prefeitura de São Paulo pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) nas eleições do mesmo ano, em conjunto com a Deputada Federal e ex-prefeita da cidade Luiza Erundina (PSOL) como vice.[27] Seu anúncio foi seguido da publicação de um manifesto intitulado "Boulos e Erundina para mudar São Paulo".[28] A pré-candidatura contou com apoio de figuras do PSOL, como dos deputados Ivan Valente, Áurea Carolina, Marcelo Freixo, Edmilson Rodrigues e Talíria Petrone. Boulos disputou a indicação com a deputada federal Sâmia Bonfim e com deputado estadual Carlos Giannazi. Originalmente marcada para 15 de março de 2020, a votação foi adiada em virtude da COVID-19.[29][30] Em 19 de julho, Boulos foi confirmado pré-candidato pelo PSOL à prefeitura de São Paulo, após receber 61% dos votos nas prévias do partido.[31] A chapa contou com o apoio do PCB e da Unidade Popular (UP).[32]

Boulos recebeu 1 080 736 votos, 20% dos votos válidos e avançou ao segundo turno, no qual disputou contra o prefeito, Bruno Covas (PSDB), que alcançou 32% dos votos,[33] tendo recebido 2 168 109 votos, o que não foi suficiente para lhe garantir o mandato de Prefeito da Cidade de São Paulo, tendo o cargo permanecido com Bruno Covas (PSDB).[34]

Para o segundo turno, recebeu apoio dos ex-candidatos Jilmar Tatto (PT),[35] Marina Helou (REDE)[36] e Orlando Silva (PCdoB).[37] O Partido dos Trabalhadores,[38] PDT,[39] PSB,[40] PCdoB[37] e a Rede Sustentabilidade oficializaram apoio à candidatura de Boulos e Erundina e formalizaram a Frente Democrática por São Paulo. Já o PSTU defendeu voto crítico em Boulos.[41] Políticos como os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff,[42] Fernando Haddad, ex-prefeito da cidade, Eduardo Suplicy, vereador mais votado na eleição, Flávio Dino, governador do estado do Maranhão, Marina Silva e Ciro Gomes, candidatos a presidente da república em 2018, também declararam apoio a chapa do PSOL.[43][44] Na campanha de Boulos, tinha apoiadores do candidato com jaleco branco que aplicaram álcool em gel nas mãos dos eleitores, ao que Evaldo Stanislau, infectologista do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e diretor da SPI (Sociedade Paulista de Infectologia) respondeu: "Brigada de álcool em gel é uma boa intenção sem nenhum resultado prático (...) Seria melhor uma brigada do distanciamento e de máscara." O cientista político e professor da USP Glauco Peres considerou os esforços de Covas e Boulos válidos para conseguir votos na reta final da campanha, mas arriscado.[45]

Deputado federal

Boulos durante sanção do Projeto de Lei n° 2.920/2023, que institui o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa Cozinha Solidária.

Nas eleições de 2022, Boulos candidatou-se pela primeira vez a um cargo no legislativo, sendo eleito o Deputado federal mais votado do estado de São Paulo naquelas eleições, obtendo cerca de 1 milhão de votos.[46] Entre as suas principais propostas está a aumento de impostos de grandes fortunas e patrimônios, ampliação das políticas de moradia e direito à cidadania, assim como a transformação das cozinhas solidárias em política pública. Durante a pandemia, o MTST abriu cerca de 200 cozinhas solidárias em dez estados e no Distrito Federal, distribuindo cerca de 1 milhão de marmitas de forma gratuita.[47]

Manuela, Lula e Boulos em Curitiba

No final de janeiro de 2023, a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados anunciou que o deputado Guilherme Boulos será o líder do partido em 2023.[48]

No fim de 2023, o deputado ficou em terceiro lugar em duas categorias "Melhoras da Câmara" do Prêmio Congresso em Foco, voto popular ("Melhores na Câmara na Internet") e no voto de jornalistas ("Melhores na Câmara pelos jornalistas").[49][50]

Possível candidato à prefeitura de São Paulo de 2024

Em 2022, Boulos afirmou que pretende ser candidato à prefeitura de São Paulo em 2024 pelo PSOL[51]. Em 2022, Lula afirmou que apoiaria a candidatura de Boulos à prefeitura em 2024[52].

Desempenho em eleições

AnoEleiçãoCargoPartidoVotos%ResultadoRef
2018Presidencial no BrasilPresidentePSOL617.1220,58%Não eleito[53]
2020Municipal de São PauloPrefeito1.080.73620,24%

(1º turno)

Não eleito[54]
2.168.10940,62%

(2º turno)

2022Estadual de São PauloDeputado federal1.001.4724,22%Eleito[55]

Livros

Referências

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