HD 80606 b
Exoplaneta | Estrelas com exoplanetas | |
---|---|---|
Estrela mãe | ||
Estrela | HD 80606 | |
Constelação | Ursa Major | |
Ascensão reta | 09h 22m 37.57s[1] | |
Declinação | 50° 36′ 13.4″[1] | |
Elementos orbitais | ||
Semieixo maior | 0,449 ± 0,006[2] UA UA | |
Excentricidade | 0,93366 (−0 00043 +0 00014)[3] | |
Inclinação | =89.285 ± 0,023[4]° | |
Semi-amplitude | 472 ± 5[5] m/s m/s | |
Características físicas | ||
Massa | 3,94 ± 0,11[2] MJúpiter 1253 [b] MTerra MJ | |
Raio | 1,029 ± 0,017[4] MJúpiter 11.55 [c] RTerra RJ | |
Densidade | 4440 ± 240[4][p.4] kg/m3 g/cm³ | |
Temperatura | Mín: 246, Máx: 1500[6] K K | |
Descoberta | ||
Data da descoberta | 4 de abril de 2001[7] | |
Descobridores | Naef al.,[8] ELODIE em Observatório de Haute-Provence Telescópio Keck | |
Método de detecção | Velocidade radial |
HD 80606 b é um planeta extrassolar situado a uma distância de 190 anos-luz da Terra na constelação da Ursa Major. Orbita a estrela HD 80606, que pela sua vez faz parte de um sistema estelar binário. Trata-se do exoplaneta com maior excentricidade (órbita mais alongada) descoberto até agora. Devido a esta, a sua órbita tem uma forma muito alongada, mais própria dos cometas. Faz parte dos exoplanetas denominados Júpiter excêntricos.
Descobrimento
A descoberta de HD 80606 b foi anunciada em 4 de abril de 2001 pelo grupo ELODIE.[7] Contudo, a possibilidade de existência do planeta já fora postulada um ano antes pelo G-Dwarf Planet Search na sua procura de candidatos a planetas extrassolares, cujas observações se iniciaram em abril de 1999 desde o Telescópio Keck.[9] Esta possibilidade conduziu a que o grupo ELODIE seguisse a estrela através do Observatório de Haute-Provence, situado ao sul da França, confirmando finalmente a existência do exoplaneta.[8]
Características
A sua massa é de cerca de quatro vezes a de Júpiter, o que o converte num gigante gasoso, e o seu período de rotação é de cerca de 34 horas. Adicionalmente, devido à sua excentricidade, faz parte dos chamados "Júpiter excêntricos". Esta excentricidade é comparável, por exemplo, à do cometa Halley, ainda que com a correspondente diferença de distâncias e período orbital. Isto poderia ser devido entre outros fatores a que o planeta orbita a uma estrela que faz parte de um sistema estelar binário (Struve 1341), pois a maior parte dos planetas com excentricidades elevadas se encontra neste tipo de sistemas estelares. A estrela companheira poderia causar a estranha excentricidade devido à elevada inclinação orbital do planeta (respeito do plano da órbita de ambas as estrelas), mediante o chamado mecanismo Kozai[d].[10][11] As medidas realizadas do efeito Rossiter-McLaughlin são consistentes com as predições deste mecanismo.[5]
A distância do planeta com referência à sua estrela oscila entre 0,03 unidades astronômicas (abreviado UA, distância entre a Terra e o Sol) e 0,85 UA. Se comparar a sua órbita com os planetas do Sistema Solar, observa-se que no ponto mais afastado da sua órbita (0,85 UA) estaria situado entre Vênus (0,7 UA) e a Terra (1 UA, por definição). Por outro lado o seu ponto mais próximo (0,03 UA) encontrar-se-ia muito mais perto que a órbita de Mercúrio (0,4 UA), o que supõe uma distância 13 vezes menor que a separação entre Mercúrio e o Sol. Neste ponto, alguém situado sobre a sua superfície veria a estrela sobre o céu cerca de 30 vezes maior que o Sol desde a superfície terrestre.[12]
O planeta encontra-se a maior parte do tempo nos pontos mais afastados da sua órbita, aumentando a sua velocidade quanto mais perto está da sua estrela.[e] Uma pessoa situada sobre a sua superfície, veria como a estrela aumenta de tamanho cada vez mais rápido, até tornar -se cerca de 100 vezes maior.[6]
Temperatura e atmosfera
A temperatura do planeta oscila dos 250 K (cerca de -20 ºC) no apoastro até os 1500 K (cerca de 1200 °C) que atinge no periastro, onde recebe em torno de 800 vezes mais radiação da sua estrela.[13] Na sua passagem pelo periastro, as temperaturas variam de 800 K a 1500 K em apenas seis horas, esquentando-se e esfriando-se depressa.[6] Este valor é suficiente até mesmo para fundir o níquel.[14]
Por causa destas bruscas mudanças de temperatura, e amplificado devido a que a sua rotação não é sincronizada com a sua translação, desenvolvem-se tormentas na atmosfera que movimentam ventos a velocidades enormes, inclusive de vários quilômetros por segundo,[f][6] criando-se vórtices nos polos do planeta.[15] Trata-se da primeira vez que os astrônomos observam mudanças atmosféricas em tempo real num planeta extrassolar.[16]
Notas
No caso dos exoplanetas, postulou-se que este mecanismo desempenha um rol importante em sistemas estelares formados por duas estrelas (sistemas estelares binários), sendo maior o efeito quanto mais massiva seja a sua estrela casal, embora esta não deve encontrar-se demais próxima porque a órbita seria instável.[18] O efeito ocorre devido ao intercâmbio de momento angular entre o planeta e a estrela companheira. A excentricidade máxima que o planeta poderá atingir será a permitida pela seguinte fórmula:[18][19]
Para o caso de HD 80606 b, se levarmos em conta a inclinação da sua órbita ( =89,285º), o cálculo dá como resultado =0,99987[20](maior que a excentricidade atual: 0,93366),[4] embora este valor teórico poderia ficar afetado por outros efeitos alheios ao mecanismo Kozai.
Referências
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «HD 80606 b».
Ligações externas
- Spitzer Exoplanet Observation of HD 80606b
- Exoplanets: The Hunt Continues! Nota de imprensa a data de 4 de abril de 2001, onde se anúncia a descoberta do exoplaneta com dez mais.
- Gráfico que representa a velocidade radial da estrela HD 80606 a respeito do tempo. Estes dados levaram finalmente a descoberta do planeta HD 80606 b.
- A very eccentric planet orbiting HD 80606
- TransitSearch Candidate Light Curves
- HD 80606 b na capa de Nature (457, nº 7229)