Internet no Brasil

A Internet no Brasil chega em 1988 por decisão inicial da sociedade de estudantes e professores universitários paulistanos (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, liderada por Oscar Sala) e fluminenses (Universidade Federal do Rio de Janeiro e Laboratório Nacional de Computação Científica). No entanto, somente a partir de 1996, a Internet brasileira passou a ter seus backbones próprios inaugurados por provedores comerciais, iniciando assim o desenvolvimento dessa rede de telecomunicações.[1]

Desde então, os números de provedores desse serviço e de usuários que o utilizam aumentaram a cada ano. Foi realizada uma reunião, na Universidade de São Paulo, na qual estavam presentes representantes do governo e da Embratel, com o objetivo de criar uma rede que visava interligar a comunidade acadêmica e científica do Brasil com outros países com a finalidade de trocar informações. Em 2013, de acordo com o Procon de São Paulo, os principais provedores de Internet no Brasil eram: Vivo, Claro, TIM, NET e Oi, por ordem decrescente de críticas dos consumidores.[2]

Trajetória

Em 1988, o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) conseguiu se conectar a Universidade de Maryland, acessando a Bitnet (Because It's Time Network),[3] uma rede que permitia a troca de mensagens. No mesmo ano, em São Paulo, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) se conectou ao Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab) em Chicago, também por meio da Bitnet. Em 1989, a Universidade Federal do Rio de Janeiro também se conectou à Bitnet através de uma universidade americana, tornando-se a terceira instituição a ter acesso a essa tecnologia. Nesse ano, foi criada, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Rede Nacional de Pesquisa (RNP),[4] que durante a década de 1990 foi a responsável por fornecer acesso a internet a aproximadamente 600 instituições, ou seja, por volta de 65 mil usuários. No ano de 1991 o acesso a rede de informações, já denominada internet, já era utilizada também por órgãos do governo e instituições educacionais de pesquisa. Nessa época a internet era utilizada para transferências de arquivos, debates e acesso a base de dados nacionais e internacionais.

O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) trata-se de uma instituição autônoma que tinha como um dos seu objetivos levar informação à sociedade civil, incluindo o acesso a rede de computadores. Pioneiros no assunto, na década de 1980, o Ibase ligou-se a uma instituição internacional a qual visava a troca de informações entre organizações não governamentais por meio de correio eletrônico. Em 1989, o Ibase juntamente com o Institute for Global Communications, dos Estados Unidos e outras agências internacionais, colocaram em funcionamento o Alternex, que era um serviço de troca de mensagens e conferências eletrônicas, inovador no país.

Em 1992, ocorreu a implantação de uma rede que cobria grande parte do país. Inicialmente interligava onze estados, uma rede de equipamentos e linhas de comunicação que compunham o que se pode chamar de central da RNP. No ano seguinte a BBS Canal Vip, que foi criada em 1986 por Paulo Cesar Breim, e é o primeiro sistema do Brasil a oferecer uma conta de internet, gratuita, a qualquer pessoa.[5] Nos anos seguintes, seguiu-se o processo de divulgação dos benefícios da internet entre os estudantes e empresas privadas. Em 1994, alunos da USP criaram inúmeras páginas na Web. Somente em 1995 (com os sistemas implantados a partir de 1992) foi realizada a primeira transmissão a longa distância entre os estados, realizada por São Paulo e Rio Grande do Sul, e finalmente neste mesmo ano foi liberada a operação comercial no Brasil.[6] No mesmo ano, foi criado o Comitê Gestor da Internet no Brasil, com a atribuição de coordenar e integrar todas as iniciativas de serviços Internet no país, promovendo a "qualidade técnica", a inovação e a disseminação dos serviços ofertados.

Em 1996 surgem os dois primeiros portais de internet privados do Brasil: o Zaz[7] e UOL. No ano seguinte, alguns órgãos públicos foram informatizados. O governo também desenvolve um serviço permitindo a entrega da declaração do Imposto de renda por meio da Internet.

Em 2000, surgem as primeiras provedoras de acesso gratuito, como o iG.[8] Ainda com conexão discada, essas provedoras eram financiadas por meio de propagandas e banners colocados sobre o navegador. O modelo se provou insustentável; no mesmo ano, essas provedoras começaram a fechar. Ainda no mesmo ano, surgem as primeiras provedoras de acesso por tecnologias de banda larga como o ADSL, aumentando a qualidade da conexão e permitindo pela primeira vez a transmissão de vídeo.

A partir de 2004, com o advento das redes sociais, mais notavelmente o Orkut e posteriormente o Facebook, a Internet começa a se popularizar como uma mídia de massa no Brasil e, a partir de 2007, com o surgimento dos primeiros smartphones e da conexão 3G, passa a estar disponível também em dispositivos móveis.

Em 2016, pela primeira vez, mais de 50% dos domicílios brasileiros estão conectados à Internet.[9]

Em 2017, o celular para navegar na rede era usado em 80,4% das casas com acesso à internet, já o computador para esse fim estava em 76,6% desses domicílios e teve queda na comparação com 2013 (88,4%), se tornando o principal meio de acesso a internet no Brasil.[10]

Social

Inclusão digital

O Brasil tem se conectado a cada ano, a inclusão digital tem se acelerado no pais principalmente devido aos acontecimentos e consequências da pandemia. Entretanto percebe-se que a curva de crescimento da inclusão digital no Brasil vem sendo alta anos antes, visto que a pesquisa TIC Domicílios 2019 mostrou que 79 porcento[11] dos brasileiros acessaram a internet pelo menos uma vez nos últimos três meses, em comparação a dez anos atrás havia somente 41 porcento[11] da população estava conectada. O avanço tecnológico também facilitou a inclusão social, a taxa da população que possui um smartphone cresceu e se tornou o aparelho mais utilizado para a conexão com a internet no pais superando os computadores e diversos outros aparelhos[11].

Inclusão digital e trabalho

A inclusão digital é importante, ao ponto de politicas publicas serem criadas para que mais pessoas se incluam no meio de usuarios das tecnologias, pois o mercado brasileiro tem se digitalizado nas ultimas decadas como o mercado de TI em crescente expansão[12], isto afeta tambem todo os serviços ja existentes no Brasil; cerca de 70 porcento das micro e pequenas empresas estão digitalizadas no Brasil[13] principalmente pelos acontecimentos da pandemia, entretanto, com a popularização dos serviços digitais no Brasil, como: IFood; Uber Eats entre outras, a necessidade de um profissional que saiba utilizar tecnologias basicas como o telefone celular ou navegador em um computador, a cada ano, sera mais demandado.

Exclusão digital

Temos no Brasil grandes indices de desigualdades sociais e socioeconômicas, diferenças na população que ocasionam na exclusão social de determinados grupos da sociedade e nos aspectos sociais da internet tais desigualdades geram uma exclusão digital no Brasil. Seja pelo fato do individuo não possuir o equipamento para o acesso a rede ou pela falta de conhecimento para acessar a mesma, pode se considerar como excluídas digitalmente as pessoas que têm dificuldade até mesmo em utilizar as funções do telefone celular ou que não tem acesso aos equipamentos ou a rede de internet. O afastamento de um individuo de meios digitais não prejudica somente o lazer e entretenimento da pessoa, mas os afete na procura de emprego tendo em vista que a necessidade do uso de tecnlogias e o mercado de TI tem crescido no pais deste dados de 2016[12].

Exclusão dos idosos

A terceira idade sofre acentuadamente com a exclusão digital em um mundo que se torna a cada dia mais digital, o afastamento da parcela mais velha da população se deve por fatores sociais tais quais como o acesso, situação economica e principalmente a escolaridade[14], os idosos continuam apartados do mundo digital pela dificuldade de adaptação ao digital devido, principalmente, a falta da escolaridade necessaria para acessar a rede, tendo em vista que pesquisa realizada pelo Sesc São Paulo e pela Fundação Perseu Abramo mostra que o nível médio de escolaridade, entre os idosos é ainda baixa, 14 porcento de idosos que nunca foram à escola e 24 porcento que têm o ensino fundamental incompleto[14]. O aumento dos maiores de 60 anos que disseram ter conhecimento sobre o termo internet subiu entre os periodos da pesquisa, 63 porcento em 2006 e 81 porcento em 2020, porem apenas 19 porcento dos idosos fazem uso efetivo da rede[14] 72 porcento da população da terceira idade nunca utilizou um aplicativo e 62% nunca utilizou redes sociais[14]. Essa quadro demonstra que a população idosa tem estado afastada do potente meio de informação, comunicação, entretenimento e saude de nossa atual sociedade.

Internet no Governo brasileiro

Governo Eletrônico

O advento de Internet e as inovações nas tecnologias de comunicação proporcionaram às organizações a possibilidade de migrar sistemas existente em plataformas tradicionais para sistemas com interface web. O esgotamento da sobrevivência dos sistemas legados ainda pode ser considerado um exemplo de fator impulsionador da constituição de sistemas baseados na internet que realmente formam o governo eletrônico. Outros aspectos que estimulam o surgimento de tais inovações são na ordem pertinentes ao governo:[15]

  1. A necessidade das administrações aumentarem suas arrecadações e melhorar seus processos internos;
  2. As pressões da sociedade para que o governo aperfeiçoe seus gastos e atue, cada vez mais com transparência, qualidade e modo de universal nas ofertas de serviços aos cidadãos e organizações em geral.

O governo eletrônico é considerado como fornecedor de informações e serviços governamentais através da internet. Essa definição difere do conceito de e-gov, e alguns autores utilizam as definições de e-government de forma intercambiável, ou mais especificamente, porque sua estrutura é a dimensão politica mais avançada. No entanto, reconhece-se que é uma distinção didática, pois ambas as estruturas se baseiam em processos organizacionais, politicos e institucionais que visam utilizar as tecnologias de informação e comunicação para criar novos mecanismos de segurança, cujo resultados ainda não podem ser previstos com precisão.[15]

Governança de Dados

Governança de dados é o gerenciamento de dados de alto nível, ou seja, o gerenciamento de ativos de daods com autoridade e controle relacionados ao planejamento, monitoramento e execução, a fim de promover a interoperabilidade das informações, ferramentas analíticas para fornecer aos cidadãos, organizações e empresas políticas publicas e atualizações serviços digitais simples e mais flexíveis. Com a publicação do decreto n° 10.046, de 9 de outubro de 2019, no contexto da transformação digital, o governo aprimorará suas relações com a sociedade, ampliando os aspectos de governança do compartilhamento de dados na administração pública federal. Além de continuar coordenando as atividades com os órgãos federais, o governo está avançando na área de segurança jurídica, trazendo maior clareza às regras e mecanismos para a troca de informações necessarias ao cumprimento da politica.[16]

Compartilhamento de Dados

Compartilhamento de dados é projetado para facilitar ainda mais o acesso dos cidadãos aos serviços públicos federais e à proteção e cuidados que merecem. Na prática, visa entre outros objetivos, evitar que os cidadãos se desloquem de um órgão para outro a fim de coletar documentos e certidões para prestar os serviços que desejam.

Em 2019, com a publicação do decreto nº 10.046, o processo ganhou mais segurança jurídica e ampliou a governança do compartilhamento de dados, tornando mais clara as regras e mecanismos de troca de informações necessárias à implementação de políticas públicas. Por exemplo, as interações entre agências passaram a ser obrigadas a cumprir as disposições da Lei de Acesso à informação e os princípios da Lei Geral de Proteção de Dados pessoais (LGPD), que se referem ao compartilhamento de dados entre agências usuárias e entidades públicas. O conselho centra de Governança de dados criado pelo novo decreto reunirá representantes de diferentes agências.

Uma grande mudança é o papel da Secretaria de governo digital (SGD), que não é mais intermediária para a solicitações de acesso a dados. Central Data Governance Council (CCGD), definirá um novo processo de solicitação de acesso, mais eficiente e simplificado. O processo deve ser finalizado em janeiro de 2020 e adotado pelas agências no primeiro semestre de 2020. Enquanto o processo ainda não for finalizado, voltamos à situação anterior ao decreto n° 8.789/16, em que as partes envolvidas negociam o acesso à interferência na forma de SGD sem autorização.[17]

Cronologia

Os fatos que marcaram a história da internet no Brasil estão listados abaixo cronologicamente.

  • 1989 — Delegação do Código de País de Domínio de topo (ccTLD) .br ao Brasil. Dois anos depois já estava disseminada por vários órgãos públicos;
  • 1992 - Implantação de uma central da RNP;
  • 1993 — A BBS Canal Vip, criada em 1986 por Paulo Cesar Breim, é o primeiro sistema do Brasil a oferecer uma conta de email gratuita, a qualquer pessoa;
  • 1995 — Criação do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br); site do Jornal do Brasil;
    • Realizada a primeira transmissão (com os sistemas implantados a partir de 1992) de dados por São Paulo e Rio Grande do Sul;
    • Canal Vip recebe primeiro IP comercial no Brasil e registra o primeiro domínio.com do Brasil: canalvip.com.br;
    • Primeiros sites de empresas; sites do Biquini Cavadão e Barão Vermelho são os primeiros de música a entrar no ar. UOL entra no ar; fundação da MediaLab, uma das primeiras agências digitais do País;
  • 1996 — Nasce a primeira rede de IRC brasileira, a BrasIRC;
  • 1997 — Pela primeira vez o imposto de renda pode ser entregue pela internet;
  • 1999 — A UOL lança um software de conversação instantânea;
  • 2000 — Lançamento do iG e da Globo.com; primeiras conexões de banda larga;
  • 2003 — É fechado um acordo de colaboração entre América Latina e Estados Unidos que beneficia pesquisadores e instituições, permitindo a conexão e a troca de tráfego entre as duas redes;
  • 2004 — Lançamento do Orkut, rede social da Google que se tornou o primeiro fenômeno de massa pela Internet no Brasil;
    • Vivo implanta a primeira rede de conexão móvel 3G no Brasil;
  • 2007 — Ocorre a implantação do sistema de televisão digital no Brasil;
  • 2011 — Início das operações da Netflix no Brasil;
  • 2012 — O Facebook se torna a rede social mais usada no Brasil, ultrapassando o Orkut;
    • "Não Faz Sentido" se torna o primeiro canal brasileiro no YouTube a ultrapassar um milhão de inscritos;[18]
  • 2013 — Mobilizações políticas em redes sociais dão início às Jornadas de Junho, primeira grande mobilização popular brasileira no século XXI;
  • 2014 — Entra em vigor o Marco Civil da Internet;
    • Pela primeira vez, a Internet passa a atingir mais de 50% dos domicílios no Brasil
  • 2016 — Compras pela Internet no Brasil superam as compras em lojas físicas.[19]
    • 64,7% da população brasileira declara ter acesso na internet, são 116 milhões de pessoas.[20]
  • 2017 — Senado aprova projeto que proíbe limitação de dados na internet fixa. .[21]
  • 2018 — Notícias falsas circulam 70% mais do que as verdadeiras na internet, notícias consideradas falsas se espalham mais facilmente na internet.[22]
  • 2020 — Brasil atinge marca de 81% de pessoas conectadas a internet, equivalente a 152 milhões de pessoas.[23]
  • 2021 — Brasil realiza o maior leilão do 5G, segundo a OCDE, movimentando 46,790 bilhões de investimento.[24]

Referências


Ligações externas