Imunoglobulina D

Imunoglobulina D (IgD) é um isotipo de anticorpo que corresponde a aproximadamente 1% das proteinas na membrana plasmática de linfócitos B imaturos, onde é normalmente coexpressado com outro anticorpo de superfície chamado IgM.  A IgD é secretada em quantidades muito pequenas, correspondendo a apenas 0,25% das proteínas no plasma. A  massa molecular relativa e a meia vida da IgD secretada são respectivamente 185 kDa e 2.8 dias, respectivamente.[1] A IgD secretada é um anticorpo monomérico com duas cadeias pesadas da classe delta (δ) e duas cadeias leves.

Alguns anticorpos formam polímeros capazes de se ligar à múltiplas moléculas do antígeno.

Função

A função da IgD é um quebra-cabeça da imunologia, intrigando pesquisadores desde sua descoberta em 1964. A IgD está presente em espécies desde os peixes cartilaginosos até os humanos (provavelmente com exceção de pássaros).[2] Essa presença quase ubíqua com sistema imune adaptativo demonstra que IgD é tão antiga quanto a IgM e sugere que IgD deve possuir funções imunológicas importantes e conservadas.

Em células B, a função da IgD é promover a ativação da célula. Sendo ativadas, tais células assumem logo uma posição importante na defesa do organismo. Durante a diferenciação das células B, IgM é o único isotipo expresso pelas células B imaturas. A IgD começa a ser expressa com a saída da célula B da medula óssea em direção aos tecidos linfóides periféricos. Quando uma célula B atinge sua forma madura, ela coexpressa IgM e IgD. Não sabe-se exatamente  se os anticorpos IgM e IgD são funcionalmente diferentes quando na superfície de células B. Camundongos knockout para Cδ  (camundongos alterados geneticamente para não expressar IgD) não possuem defeitos significativos em células B.[3][4] IgD pode ter alguma participação em reações alérgicas.

Recentemente, foi mostrado que IgD é capaz de ligar-se a basófilos e mastócitos, ativando essas células e estimulando a produção de fatores antimicrobianos que participam na defesa imune do sistema respiratório .[5] Ele também estimula a liberação de fatores homeostáticos de célula B por mastócitos. Isso é consistente com a redução no número de células B periféricas, o nível reduzido de IgE no plasma e deficiências na resposta primaria de IgG1 em animais knockout para IgD

Método de coexpressão

 No Locus de Cadeia Pesada humano, na região 3' do cassete V-D-J está presente uma série de genes C (de constante), cada um conferindo um isotipo de imunoglobulina. O gene Cμ (IgM)  é o mais próximo do cassete V-D-J, com o gene  Cδ aparecendo 3' a Cμ.

O transcrito de mRNA primário conterá o cassete V-D-J transcrito  e os genes Cμ e Cδ, com introns entre eles.

splicing alternativo ocorre, levando à seleção de Cμ ou Cδ para o mRNA funcional (μ mRNA ou δ mRNA respectivamente). O splicing alternativo é possível devido à presença de dois sítios de poliadenilação, um aparecendo entre Cμ e Cδ, e outro 3' de Cδ. O mecanismo preciso de como o sítio de poliadenilação é escolhido permanece elusivo. 

O mRNA funcional resultante possuirá as regiões  V-D-J e C contíguas e sua tradução irá gerar uma cadeia pesada μ ou uma cadeia pesada δ. As cadeias pesadas então acoplam-se a cadeias leves κ ou λ, para criar o anticorpo IgM ou IgD final 

Ligações externas

Referências