Interstellar Overdrive

composição instrumental de Pink Floyd

Interstellar Overdrive é uma composição instrumental escrita e tocada pelos Pink Floyd. A música foi escrita em 1966, e foi incluída seu primeiro álbum, The Piper at the Gates of Dawn, comercializado em 1967, com uma duração de cerca de dez minutos.[3][4]

"Interstellar Overdrive"
Single de Pink Floyd
do álbum The Piper at the Gates of Dawn
Lançamento5 de Agosto de 1967
GravaçãoMarço-Abril de 1967
Gênero(s)
Duração9:41
Gravadora(s)Columbia Graphophone Company (Reino Unido), Tower Records (editora musical)|Tower Records, (EUA)
ComposiçãoSyd Barrett, Roger Waters Rick Wright, Nick Mason
ProduçãoNorman Smith

A composição surgiu quando o guitarrista Syd Barrett ouviu o gestor da banda, Peter Jenner, a trautear uma música, a qual Barrett tentou interpretar na sua guitarra. Musicalmente semelhante a Astronomy Domine, a composição foi gravada em vários takes entre Março e Abril de 1967. Uma versão anterior, mais longa, pode ser ouvida na banda sonora do filme Tonite Lets All Make Love in London, o qual foi gravado nos Sound Technique Studios no início de 1967, e que foi lançada no mesmo ano. Outras versões da música surgem em várias gravações bootleg.

Música e composição

Interstellar Overdrive, foi uma das primeiras improvisações instrumentais psicadélicas gravadas por uma banda de rock.[5] A composição é considerada como a primeira incursão dos Pink Floyd no space rock (juntamente com Astronomy Domine), apesar de, mais tarde, os membros da banda terem depreciado este termo. Interstellar Overdrive surgiu quando o primeiro gestor dos Pink Floyd, Peter Jenner, estava a tentar cantarolar uma música que não conseguia lembrar-se do nome (habitualmente identificada como uma versão de My Little Red Book dos Love).[6][7] O guitarrista e vocalista Syd Barrett acompanhou Jenner com a sua guitarra e utilizou a melodia como base para o principal refrão de Interstellar Overdrive. O baixista Roger Waters disse a Barrett que o riff lhe recordava o tema principal de Steptoe and Son (de Ron Grainer). Na altura em que a música foi escrita, Barrett também era inspirado pelos AMM e o seu guitarrista Keith Rowe, que tinha um estilo que consistia em movimentar de peças de metal ao longo da escala da sua guitarra. A parte da composição improvisada (e também, Pow R. Toc H.), foi inspirada nas improvisações delirantes de Frank Zappa e em Eight Miles High dos The Byrds'.

Interstellar Overdrive partilha os cromatismos com Astronomy Domine. O tema principal desce cromaticamente de Si para Sol, antes de passar para Mi, sendo todos os acordes maiores.[8] A abertura do gancho da música é um riff distorcida e descendente de guitarra interpretado por Barrett, o seu compositor, com Waters no baixo e Richard Wright no órgão. A secção rítmica de Nick Mason entra em seguida, e, depois de alguma repetição do riff, a composição transforma-se em improvisação, incluindo improvisações modais, órgão Farfisa, e interlúdios tranquilos.[9] Gradualmente, a composição vai ficando sem estrutura e com um tempo livre, pontuado apenas por estranhos ruídos de guitarra. Eventualmente, no entanto, toda a banda retoma o tema principal, que é repetido com uma diminuição do tempo e com uma intensidade mais intencional. Waters descreveu a música como "uma peça abstracta".[10] Um riff de baixo na composição evoluiria, mais tarde, para uma outra canção dos Pink Floyd, Let There Be More Light, escrita por Waters.[11][12]

Gravação

A versão estéreo da canção tem um órgão que alterna entre alto-falantes; o efeito deixa de ser perceptível na versão mono da música, onde esta tem a mais um órgão e som de guitarra. No entanto, o órgão é muito importante durante os primeiros 50 segundos da versão mono—juntamente com alguns efeitos especiais—mas inaudível na mistura estéreo até à secção improvisada. Em 27 de Fevereiro de 1967, foram gravados cinco takes da música,[13][14] com um sexto mais tarde foi registado em 16 de Março de 1967, numa tentativa de criar uma versão mais curta,[15] com overdubs em Junho desse ano, a versão de Piper também aparece na compilação oficial ldos álbuns Relíc[nota 1][nota 2] e A NIce Pair.[nota 3][nota 4] Apesar de Smith ter tentando transformar uma longa composição de improvisos para algo mais prático,[20][21] Smith aceitou Interstellar Overdrive, como Jenner recordou: "foi definitivamente uma cena tipo—ei!, aqui podem fazer Interstellar Overdrive, vocês podem fazer o que gostam, podem fazer cenas estranhas. Assim, Interstellar Overdrive foi uma cena estranha . . . e, novamente, parabéns a Norman por deixá-los fazer isso."[22] Um efeito de delay foi criado pelo produtor Norman Smith, sobrepondo uma segunda versão da música sobre uma versão anterior. Smith tocou a parte da bateria na música.[23] Após esta parte, o riff de abertura é tocado com um panning estéreo.

Versões alternativas e apresentações ao vivo

A gravação de estúdio em queThe Piper at the Gates of Dawn é a que a maioria das pessoas conhecem melhor, no entanto, existem várias outras versões tanto de estúdio como de palco. O tema foi registado pela primeira vez como demo em 31 de Outubro de 1966,[24] gravado ao vivo ao no estúdio Thompson Private,Recording Company.[25] Esta versão foi usada como o som para o filme San Francisco, o qual foi feito por um amigo de Barrett, Anthony Popa.[26] Enquanto o cineasta Peter Whitehead e o seu assistente estavam a ter uma discussão, o tópico sobre os Pink Floyd foi introduzido por Stern, ao qual Whitehead lhe respondeu: "sim, música horrível".[27] Stern disse que eles "agora são bem-sucedidos", e sugerem que eles os vão ver, no seu concerto no Royal College of Art. Whitehead recorda que eles "foram para a UFO e eu gostei deles. Não ligados à música pop, longa improvisação de qualidade, ideal para o que eu queria." Whitehead convenceu os Pink Floyd a gravar Interstellar Overdrive para um filme em que ele estava a trabalhar.[28] Antes de ir ao estúdio de gravação, a banda realizou um ensaio, e, no dia seguinte, 11 de Janeiro de 1967,[29][30] foi ao estúdio Sound Technics. O estúdio, que tinha sido uma fábrica de lacticínios, era gerido pelos engenheiros Geoff Frost e John Wood.

Para a sessão, que foi reservada por duas horas, Wood e Joe Boyd eram os técnicos da mesa de misturas enquanto Whitehead e Stern filmavam. Este registo da canção, com cerca de 16 minutos de duração, foi gravada num gravador de 4 canais[31] em apenas um ´´take, pois a banda não queria tocar a música novamente. Em seguida, o grupo tocou outro instrumental, intitulado Nick Boogie. Apesar de se ter incluindo 5 segundos da banda a tocar no filme de Whitehead, Tonite Permite All Make Love in London, algumas edições da gravação foram incluídas na banda sonora respectiva desse filme. Aquela (comercializada em 1968)[33] inclui uma versão editada da música e duas repetições. A versão completa está disponível no álbum London '66-'67.[35] Enquanto tentava negociar com a banda a gravação de um álbum, Boyd regressou com o grupo ao estúdios Sound Techniques.[36][37] Ali, Boyd e a banda gravaram uma fita demo que seria entregue a várias gravadoras: uma das músicas incluídas na fita era Interstellar Overdrive. Uma das primeiras versões remisturadas e sem overdub de Interstellar Overdrive foi incluída num EP francês lançado em Julho de 1967.[39] A edição do 40.º aniversário de Piper at the Gates of Dawn[42] contém duas versões diferentes, de cinco minutos, da composição, sendo uma delas o take n.º'6 de 16 de Março.

Apesar do repertório apresentado nos concertos ser na sua maioria da autoria do guitarrista e compositor Barrett, a longa, livre e sem estrutura improvisação do tema, não é particularmente representativa das gravações habituais do grupo. Como afirma o baterista Mason Inside Out: A Personal History of Pink Floyd, as versões ao vivo do tema incluíam muitas secções que não aparecem no álbum, e muitas vezes tinham uma duração de mais de 20 minutos. Durante o período em que a banda tocava em clubes underground de Londres como o UFO (Underground Freak Out), era habitual este tema abrir os concertos, e ser repetida no final; deixou de fazer parte do repertório em 1970. A canção surgiu pela primeira vez em actuaçóes ao vivo no Outono de 1966. Numa das vezes em que tocaram a música, num concerto organizado por Hoppy Hopkins, os Pink Floyd conseguiram provocar uma sobrecarga eléctrica. Hopkins caracterizou a situação como "muito frio, muito suja, mas muito agradável." Após uma sessão de gravações Piper , a banda tocou uma versão de 30 minutos "Interstellar Overdrive".[43] Os Pink Floyd foram filmados a tocar a música num documentário da Granada Television, Scene Special, em Janeiro de 1967, no UFO Club.[44] Uma versão do final do período com Barrett na banda, foi gravada ao vivo em Roterdão, em Novembro de 1967, na Hippy-Happy Fair.[45] A canção foi mais tarde substituído por Set the Controls for the Heart of the Sun, como parte principal da lista de músicas da banda, depois de Barrett ter deixado o grupo.[46][47] Uma versão de Interstellar Overdrive foi cortada do álbum ao vivo Ummagumma.[48] A canção foi interpretada pela banda Nick Mason Saucerful of Secrets , em 2018.[49]

Notas

Referências