Intertextualidade

Formação do significado de um texto por outro

Intertextualidade é a formação do significado de um texto por outro texto, seja por meio de estratégias deliberadas de composição como citação, alusão, calque, plágio, tradução, pastiche ou paródia,[1][2][3][4][5] ou por interconexões entre obras semelhantes ou relacionadas percebidas por um público ou leitor do texto.[6] Essas referências às vezes são feitas deliberadamente e dependem do conhecimento prévio do leitor e da compreensão do referente, mas o efeito da intertextualidade nem sempre é intencional e às vezes é inadvertido. Frequentemente associada a estratégias empregadas por escritores que trabalham em registros imaginativos (ficção, poesia e drama e até mesmo textos não escritos como arte performática e mídia digital),[7][8] a intertextualidade é agora entendida como intrínseca a qualquer texto.[9]

A intertextualidade foi diferenciada em categorias referenciais e tipológicas. A intertextualidade referencial refere-se ao uso de fragmentos em textos e a intertextualidade tipológica refere-se ao uso de padrão e estrutura em textos típicos.[10] Uma distinção também pode ser feita entre iterabilidade e pressuposição. A iterabilidade faz referência à "repetibilidade" de determinado texto que é composto por "traços", pedaços de outros textos que ajudam a constituir seu significado. A pressuposição faz referência às suposições que um texto faz sobre seus leitores e seu contexto.[11] Como o filósofo William Irwin escreveu, o termo "chegou a ter quase tantos significados quanto os usuários, daqueles fiéis à visão original de Julia Kristeva de quem simplesmente a usa como uma maneira elegante de falar sobre alusão e influência".[12]

Tipos de intertextualidade

Pode-se destacar doze tipos de formas:

  • Alusão ou referência - Na alusão, não se aponta diretamente o fato em questão; apenas o sugere através de características secundárias ou metafóricas.
  • Bricolagem - são alguns procedimentos de intertextualidade das artes plásticas e da música que também aparecem retomados na literatura. Quando o processo da citação é extremo, ou seja, um texto é montado a partir de fragmentos de outros textos, tem-se um caso de bricolagem.
  • Citação - é uma transcrição do texto alheio, marcada por aspas e geralmente com o nome do autor deste. A Citação é um fragmento transcrito de outro autor, inserido no texto entre aspas.
  • Crossover - é aparição ou encontro entre personagens que pertencem a universos fictícios diferentes em determinados capítulos, episódios, edições ou volumes de alguma obra artística.
  • Epígrafe - é um pequeno trecho de outra obra, ou mesmo um título, que apresenta outra criação, guardando com ela alguma relação mais ou menos oculta.
  • Paráfrase - o autor recria, com seus próprios recursos,um texto já existente,"relembrando" a mensagem original ao interlocutor.
  • Paródia - é uma forma de apropriação que, em lugar de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente. Ela muitas vezes perverte o texto anterior, visando a crítica de forma irônica.
  • Pastiche - é definido como obra literária ou artística em que se imita abertamente o estilo de outros escritores, pintores, músicos, etc.
  • Plágio - é a cópia e/ou alteração indevida e não-licenciada de uma obra artística, científica ou literária por alguém que afirma ser o autor original da mesma.
  • Sample - são trechos "roubados" de outras músicas e usados como base para outras produções.
  • Tradução - a tradução é a adequação de um texto em outra língua, a língua nativa do país. Por exemplo, um livro em turco é traduzido para o português.
  • Transliteração - técnica linguística que, tal como a tradução, ocupa-se de adequar termos, nomes e expressões de uma língua para outra, entretanto adaptando-as para um alfabeto que possui letras diferentes de seu original.

Referências

Bibliografia

  • Comhrink, A. (n.d.). 'The matrix and the echo': Intertextual re-modelling in Stoppard's Rosencrantz and Guildenstern are dead. Attie de Lxmge[necessário esclarecer].
  • Griffig, Thomas. Intertextualität in linguistischen Fachaufsätzen des Englischen und Deutschen (Intertextuality in English and German Linguistic Research Articles). Frankfurt a.M.: Lang, 2006.
  • Kliese, M. (2013). Little Lamb analysis. CQUniversity e-courses, LITR19049 - Romantic and Contemporary Poetry.
  • National Institute of Development Administration, The (NIDA), Bangkok 10240, Thailand.
  • Oropeza, B.J. "Intertextuality." In The Oxford Encyclopedia of Biblical Interpretation. Steven L. McKenzie, editor-in-chief. New York: Oxford University Press, 2013, Vol. 1, 453–63; B. J. Oropeza and Steve Moyise, eds. Exploring Intertextuality: Diverse Strategies for New Testament Interpretation of Texts (Eugene, Ore.: Cascade Books, 2016).
  • Pasco, Allan H. Allusion: A Literary Graft. 1994. Charlottesville: Rookwood Press, 2002.
  • Porter, Stanley E. "The Use of the Old Testament in the New Testament: A Brief Comment on Method and Terminology." In Early Christian Interpretation of the Scriptures of Israel: Investigations and Proposals (eds. C. A. Evans and J. A. Sanders; JSNTSup 14; Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997), 79–96.