Isaquias Queiroz

canoísta brasileiro

Isaquias Queiroz dos Santos (Ubaitaba, 3 de janeiro de 1994)[1] é um canoísta brasileiro. Sua melhor conquista foi a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Verão de 2020, na Canoa Individual C1 1.000m, chegando aos 4:04:408 minutos. Outras conquistas foram três medalhas nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro: prata na Canoa Individual (C1) 1.000m, bronze na Canoa Individual (C1) 200m e prata na Canoa de Dupla (C2) 1.000m, com Erlon de Sousa Silva. Isaquias se tornou portanto o primeiro atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição dos Jogos Olímpicos.

Isaquias Queiroz
Isaquias Queiroz
Isaquias Queiroz em 2016
Informações pessoais
Nome completoIsaquias Queiroz dos Santos
Modalidadecanoagem
Nascimento3 de janeiro de 1994 (30 anos)
Ubaitaba, Bahia
Nacionalidadebrasileiro
ClubeClube de Regatas do Flamengo
Medalhas
Jogos Olímpicos
OuroTóquio 2020C-1 1000
PrataRio 2016C-1 1000
PrataRio 2016C-2 1000
BronzeRio 2016C-1 200
Mundial de Canoagem de Velocidade
OuroDuisburg 2013C-1 500
OuroMoscou 2014C-1 500
OuroMilão 2015C-2 1000
OuroMontemor-o-Velho 2018C-1 500
OuroMontemor-o-Velho 2018C-2 500
OuroSzeged 2019C-1 1000
OuroDartmouth 2022C-1 500
BronzeDuisburg 2013C-1 1000
BronzeMoscou 2014C-2 200
BronzeMilão 2015C-1 200
BronzeRacice 2017C-1 1000
BronzeMontemor-o-Velho 2018C-1 1000
BronzeSzeged 2019C-2 1000
Jogos Pan-Americanos
OuroToronto 2015C-1 1000
OuroToronto 2015C-1 200
OuroLima 2019C-1 1000
PrataToronto 2015C-2 1000
PrataSantiago 2023C-1 1000
Campeonato Mundial Júnior de Canoagem Velocidade
OuroBrandenburg 2011C-1 200
PrataBrandenburg 2011C-1 500

Carreira

Em 2010, representou o Brasil nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2 provas: Slalom e Velocidade.[2]

Em 2011, no Campeonato Mundial Júnior de Canoagem de Velocidade 2011, em Brandenburg, ele conquistou a medalha de prata na prova não-olímpica do C1 500m Masculino, e o ouro na prova olímpica do C1 200m Masculino.[3] Sagrando-se, assim, o primeiro atleta brasileiro campeão mundial junior.[4]

Em 2013, no Mundial de canoagem de velocidade, conquistou o bronze na prova olímpica dos 1.000m (a primeira medalha de um atleta brasileiro na história do Mundial).[5] No mesmo campeonato, fez história mais uma vez, ao conquistar o ouro na prova não-olímpica "C1 Masculino 500m".[6]

Conseguiu novamente a medalha de ouro da prova de C1 500m em Moscou, no Campeonato Mundial de Canoagem de 2014 e também conquistou um bronze, na C2 200m.[7]

Conquistou duas medalhas de ouro e uma de prata nos Jogos Pan-Americanos de 2015. Foi ouro na categoria individual C1 200m e na categoria individual C1 1000m e prata na categoria de duplas C2 1000m.[8][9][10]

Em sua primeira participação nos Jogos Olímpicos realizados no Rio de Janeiro em 2016 o canoísta baiano conquistou a medalha de prata na modalidade C1 1000m, sendo superado apenas pelo alemão Sebastian Brendel; a medalha de bronze na modalidade C-1 200m; e a medalha de prata na modalidade C-2 1000m com sua dupla Erlon de Souza Silva, se consagrando com a torcida carioca, conquistando medalhas em todas as modalidades de que participou e se tornando o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição dos Jogos Olímpicos.

Em 2019 , nos jogos Pan-Americanos de Lima (Peru) conquistou a medalha de ouro na prova do C1 1000 metros , com um tempo de 3 minutos e 48 segundos .

Em 2019, foi campeão mundial na prova do C1 1000m.[11]

Conquistou seu primeiro ouro olímpico em Tóquio 2020, na prova Canoagem C-1 1000, atingindo sua quarta medalha olímpica e se tornando terceiro maior medalhista olímpico do Brasil, com quatro medalhas, ao lado de Serginho do vôlei e Gustavo Borges da natação, atrás apenas de Torben Grael e Robert Scheidt, que possuem cinco medalhas, ambos da vela.

Isaquias Queiroz era atleta do Clube de Regatas do Flamengo[12] quando conquistou as medalhas de ouro no C1 200m e a prata no C1 500m. Ele voltou ao clube em 2019 e como atleta do Flamengo conquistou o ouro em Tóquio 2020.[13] Atualmente, ele continua como atleta rubro-negro.

Vida pessoal

Isaquias cresceu em Ubaitaba, cidade de 20 mil habitantes localizada numa região que no passado era habitada por índios tupiniquins.

O pai de Isaquias morreu quando ele tinha apenas dois anos, e a mãe, Dilma, cuidava dele e de outros nove irmãos e irmãs (cinco biológicos e quatro adotados). Ao trabalhar, ela às vezes deixava as crianças trancadas em casa.

Em 1997, numa casa simples, de apenas três cômodos, no terceiro ano de vida, Isaquias reclama de dor de barriga. A mãe está na rodoviária, onde passa todo o dia como servente. A cuidadora vai ao fogão e coloca a água para esquentar no intuito de fazer um chá. O menino esbarra em sua cuidadora. A panela vira e a água queima grande parte do corpo do garoto. Ele passa mais de um mês no hospital. A mãe exige o retorno para o lar e ouve o médico dizer que o filho vai morrer.

A previsão do médico falhou. Já recuperada da queimadura, a criança tem cinco anos. É forte e causa inveja por Ubaitaba. A mãe vive ouvindo que seu filho será sequestrado. A ameaça se torna realidade, mas ela consegue recuperar um dos amores de sua vida.

Em 2004 após algumas torções nos braços e pernas, o menino cresceu. Já está com dez anos, mas não para de assustar a mãe. Em uma determinada tarde, sobe em uma árvore para ver uma cobra morta e pendurada em um galho. A curiosidade infantil não mediu riscos. Ele cai em cima de uma pedra. Tem hemorragia interna e perde um rim.

Em julho de 2011, com apenas 17 anos, Isaquias conseguiu seu primeiro feito histórico na canoagem brasileira, foi campeão na C1 200m e vice no C1 500m no campeonato mundial júnior, realizado naquele ano na Alemanha.

Era o ano em que Isaquias havia deixado Ubaitaba e ido viver no Rio de Janeiro, e enfrentou problemas para se adaptar à nova rotina de treinamentos, poucos amigos e dinheiro escasso. Acabou não sendo incluído na equipe que disputaria o Pan-Americano de Guadalajara (México), em outubro.

Revoltado com a ausência, ele voltou à cidade natal sem ter autorização e foi suspenso da seleção. Voltou a treinar apenas no ano seguinte e também ficou fora dos Jogos Olímpicos de Londres em 2012.

Em setembro de 2013, após faturar um ouro (C1 500m) e um bronze (C1 1000m) no Mundial de Canoagem, Isaquias publicou um texto no Facebook reclamando de falta de reconhecimento da Confederação Brasileira de Canoagem.

Intitulado "Desabafo de um campeão triste", o texto criticava a falta de apoio financeiro após suas primeiras vitórias em mundiais adultos e deixava seu futuro na modalidade em aberto. Citava, como exemplo comparativo da falta de apoio no Brasil, um colega do Equador que havia recebido dinheiro e uma casa como prêmio pelo ouro.

"Estou pensando seriamente em abandonar a canoagem. Já não aguento mais apresentar bons resultados e não ter mudanças significativas em minha vida", escreveu.

Na época, a confederação negou que tivesse prometido prêmios, reconheceu que ainda havia "muito a ser aprimorado" em relação a apoios e disse que continuaria dando suporte a Isaquias.

No Mundial de Canoagem de 2014, em Moscou, Isaquias liderou quase toda a prova individual dos 1000m, mas acabou perdendo o título porque mergulhou na água comemorando antes da linha de chegada.

Resultado: o ouro ficou com o alemão Sebastian Brendel (campeão da prova em Londres-2012 e também no Rio). A organização chegou a dar a medalha de prata para Isaquias, mas depois da atualização do sistema o resultado foi alterado para "não completou a prova". "Meu mundo desabou, a única coisa que tinha para fazer era chorar", afirmou depois, sobre o episódio, à revista Isto É. Mesmo assim conseguiu bicampeonato no C1 500m e o bronze no C2 200 m com Erlon de Souza.

Em setembro de 2015, em meio à boa fase da canoagem brasileira, a equipe brasileira, liderada por Isaquias, decidiu boicotar o evento-teste das Olimpíadas realizado no Rio, em protesto contra atraso no pagamento de salários e condições de hospedagem numa instalação do Exército em que estavam na ocasião.

Eles afirmaram que estavam havia oito meses sem receber do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), patrocinador da canoagem brasileira. "Uma das causas da nossa decisão é o respeito que se deve ter por um atleta. É a nossa forma de protestar", disse Isaquias na ocasião.

A confederação atribuiu o atraso a questões burocráticas e disse que os atletas não ficaram sem assistência no período.

Também em setembro de 2015, Isaquias sofreu um acidente na BR-101 após buscar o irmão no aeroporto em Ilhéus. Ele estava no volante, cochilou e perdeu o controle do veículo, que caiu em uma ribanceira.

Isaquias, o irmão e um amigo saíram sem ferimentos. O acidente só não teve consequências mais graves porque Isaquias dirigia em baixa velocidade por causa da neblina.

É casado desde 2017 com Laina Guimarães, com quem tem um filho. Isaquias o batizou de Sebastian em homenagem ao rival Brendel.[14]

Conquistas

Ver Também

  • Jesus Morlán - Treinador de canoagem que lapidou o talento do Isaquias Queiroz.

Referências

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Isaquias Queiroz