Itália (província romana)

Os romanos usavam o termo Itália (em latim Italia), durante o período histórico da República, para referir-se ao território da península Itálica, do rio Rubicão até a Calábria. Durante a República e parte do Império, a Itália não era considerada uma província romana, e sim o território da cidade de Roma,[1][2] detendo, portanto, um status especial: por exemplo, aos generais romanos era proibido entrar na Itália acompanhados de seus exércitos - foi a travessia do Rubicão por Júlio César, juntamente com suas tropas, que marcou o início da guerra civil.

Mapa do Império Romano em 117 com a Itália em destaque.

O significado geográfico preciso da designação Itália variou com o tempo. Segundo Estrabão (Geografia, v 1), de início o nome indicava o território entre o estreito de Messina e uma linha traçada entre o golfo de Salerno e o golfo de Taranto; posteriormente, o conceito geográfico de Itália foi ampliado de modo a incluir a península Itálica em sua totalidade, bem como a cidade ístria de Pola (a atual Pula, na Croácia). Finalmente, quando Júlio César outorgou a cidadania romana aos habitantes da Gália Transpadana (i.e., a porção da Gália Cisalpina além o ), a Itália passou a estender-se até os Alpes.

Com o término da Guerra Social (91–88 a.C.), Roma absorveu os aliados itálicos, com plenos direitos, na sociedade romana, atribuindo a todos os povos itálicos a cidadania romana.

Regiões augustas

Etapas da conquista romana da Itália.

No início do período da República, a Itália era um conjunto de territórios com diferentes estatutos.[3] Algumas cidades, chamadas municípios, gozavam de certa independência de Roma, enquanto que outras, as colônias, haviam sido fundadas pelos próprios romanos. Durante o Império, cerca de 7 d.C., Augusto dividiu a Itália em onze regiões, conforme relata Plínio, o Velho (Naturalis Historia, iii 46):

O território italiano foi beneficiado por Augusto e seus sucessores com a construção, dentre outras estruturas públicas, de uma extensa rede de estradas.[4] A economia italiana floresceu, com um crescimento considerável da agricultura, da manufatura e das exportações para outras províncias. A população italiana aumentou, como demonstram os três censos de cidadãos do sexo masculino na Itália determinados por Augusto: 4 063 000 em 28 a.C., 4 233 000 em 8 a.C. e 4 937 000 em 14 d.C.. Incluídas as mulheres e crianças, a população total da Itália no século I d.C. era de cerca de 10 milhões de pessoas.

Quando a cidadania romana foi estendida a todo o império, a Itália entrou numa trajetória de declínio, em favor de províncias mais ricas. Ademais, sofreu com os ataques bárbaros do fim do século III (Crise do terceiro século).

A Itália e a reorganização do Império Romano

Diocleciano redividiu administrativamente o império em quatro prefeituras pretorianas. A prefeitura pretoriana da Itália, governada pelo augusto do Ocidente, era por sua vez subdividida em duas dioceses, cada uma repartida em territórios menores:

A Itália Suburbicária (Italia suburbicaria - "sob o governo da cidade [de Roma]"):

A Itália Anonária (Italia annonaria), cuja capital era Mediolano (moderna Milão):

  • Alpes Cócios (Alpes Cottiae)
  • Flamínia E Piceno Anonário (Flaminia et Picenum Annonarium)
  • Ligúria e Emília (Liguria et Aemilia)
  • Récia I (Raetia)
  • Récia II
  • Venécia e Ístria (Venetia et Istria)

As antigas províncias dos Alpes Peninos e Alpes Marítimos passaram a integrar a Diocese das Gálias.

A Itália e o fim do Império do Ocidente

Quando a ameaça bárbara se tornou mais aguda, os imperadores viram-se forçados a mudar a capital de Roma para o norte da Itália e, por vezes, para as províncias,[5] o que acelerou o declínio da península. Em 330, Constantino I mudou a capital do império para Constantinopla, juntamente com a corte, a administração econômica e as estruturas militares.

Após a morte de Teodósio I (395), a Itália foi deixada a cargo do Império Romano do Ocidente. Com as invasões bárbaras, mudou-se a capital do império de Mediolano (a atual Milão) para Ravena em 402. Alarico I, rei dos visigodos, saqueou Roma em 410 (o primeiro saque da cidade em sete séculos) enquanto o norte da Itália foi atacado pelos hunos.

Com os imperadores sob o controle de seus generais bárbaros, o governo imperial encontrava dificuldades para impor-se na Itália. Em 476, com a deposição de Rômulo Augusto e o fim do Império Romano do Ocidente, a Itália permaneceu unida sob o governo de Odoacro, rei dos hérulos.

Eventos posteriores

Ver artigo principal: Risorgimento

Em 488, o rei ostrogodo Teodorico, o Grande (r. 493–526) venceu Odoacro em Aquileia e conquistou a região. Em 534, o imperador bizantino Justiniano I (r. 527–565) travou uma guerra de mais de duas décadas com os ostrogodos (Guerra Gótica) até por fim vencê-los. Em 568, os lombardos, comandados por Alboíno invadiram a península Itálica vindos da Panônia e o domínio sobre a península foi disputado com o Império Bizantino. Em 756, sugiram os Estados Pontifícios, disputando o domínio territorial com os lombardos e com os bizantinos. A fragmentação territorial da península Itálica perdurou até a proclamação do Reino de Itália em 1861.

Referências