Joaquim Romero Magalhães

professor e político português (1942 - 2018)

Joaquim Romero Magalhães GCIH (Loulé, Algarve, 18 de Abril 1942 - Coimbra, 24 de Dezembro de 2018) foi um professor, deputado e historiador português.

Joaquim Romero Magalhães
Deputado
Período1975 - 1976
Dados pessoais
Nascimento18 de abril de 1942
Loulé, Algarve
Morte24 de dezembro de 2018 (76 anos)
Coimbra
NacionalidadePortugal Portugal
Alma materUniversidade de Coimbra
OcupaçãoProfessor e historiador

Biografia

Cidade de Loulé, no Algarve.

Nascimento e formação

Joaquim Romero Magalhães nasceu em Loulé, no Algarve, em 18 de Abril de 1942.[1] Depois de ter concluído os estudos secundários no Liceu Nacional de Faro, veio para Coimbra em 1959, onde entrou na Universidade.[2] Esteve primeiro no curso de Direito, tendo no ano seguinte passado para o estudo da História.[3]

Quando esteve em Coimbra, integrou-se nos movimentos de associativismo académico, tendo feito parte da geração que se tornou num dos focos de resistência ao regime ditatorial do Estado Novo, depois do governo ter suprimido a Crise académica de 1962.[3] Fez parte da República do Prakistão, e presidiu ao Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra em 1963, e à Associação Académica de Coimbra em 1964.[3] Licenciou-se em 1967, com uma tese inovadora sobre a economia do Algarve, que foi publicada em 1970 pela editora Cosmos com o título Para o estudo de Algarve económico durante o século XVI.[3] Em 1971, foi diplomado como professor do ensino liceal.[3]

Fez o doutoramento em 1984, e recebeu o título de agregado em 1993.[3]

Fachada principal do Palácio de São Bento, onde esteve a Assembleia Constituinte.
Universidade de Coimbra

Carreira profissional e política

Após a sua formação, Joaquim Romero Magalhães exerceu como professor no ensino secundário, e em 1973 começou a ensinar na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.[3]

Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal, foi necessário reformular a composição do governo, num processo que modificou profundamente a sociedade nacional.[3] Neste âmbito, Joaquim Romero Magalhães foi eleito entre 1975 e 1976 como deputado da Assembleia Constituinte, que participou na elaboração da nova constituição portuguesa.[3] Entre 1976 e 1978, ocupou a posição de secretário de estado da Orientação Pedagógica.[2]

Foi um dos principais defensores da fundação da Universidade do Algarve, na qual colaborou desde os seus primeiros anos, tendo por exemplo feito parte dos júris de doutoramento para qualificar a equipa docente.[1] Desta forma, estabeleceu fortes relações com alguns dos professores da universidade, incluindo José Carlos Vilhena Mesquita e António Rosa Mendes, tendo discursado na sessão de homenagem quando este último faleceu, em 2013.[1] Participou no ciclo de seminários Portugal Mediterrâneo, o Algarve no contexto português, entre 1982 e 1983, que procuravam melhorar as condições dos emigrantes portugueses que estavam de férias na região do Algarve.[1]

Fez parte da direcção da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra entre 1985 e 1999, incluindo o cargo de presidente do Conselho Directivo e do Conselho Científico.[3] Tornou-se professor catedrático em 1993,[3] e catedrático jubilado em 18 de Abril de 2012, tendo dado a sua última aula, de forma simbólica, nesse dia, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.[1]

Em 1986 tornou-se presidente da Assembleia Municipal de Coimbra, posição que exerceu até 1998.[3]

Em 1999, foi nomeado como comissário-geral da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, posição na qual permaneceu até 2002.[3] Fez parte da Comissão Consultiva das Comemorações do Centenário da República de 2009 a 2011.[1]

Exerceu como professor convidado da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris entre 1989 e 1999, da Universidade de São Paulo entre 1991 e 1997, e da Universidade de Yale em 2003.[1]

Também foi historiador, tendo estudado principalmente a história económica do Algarve, nos Séculos XVI a XVIII.[1] Em 1993, colaborou no terceiro volume da série História de Portugal de José Mattoso, entre 1999 e 2001 foi director da revista Oceanos, e em 2009 publicou a obra Vem aí a República! 1906-1910.[3] Em 2001 tornou-se sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.[3] Desde 2009 que exercia a posição de curador dos Anais de Faro,[2] sendo director da revista com o mesmo nome.[1] Em conjunto com o historiador Manuel Viegas Guerreiro, foi responsável pela publicação de duas obras com descrições do Algarve no Século XVI, a Corografia do Reino do Algarve, escrita em 1577 por Frei João de São José, e História do Reino do Algarve, elaborada por Henrique Fernandes Sarrão cerca de 1600.[1]

Falecimento

Durante o Verão de 2018, já tinha mostrado sinais de doença, tendo sido internado, embora tivesse melhorado nos meses seguintes.[3] Faleceu em 24 de Dezembro de 2018, na sua habitação em Coimbra, aos 76 anos de idade.[2] Após o seu falecimento, a Universidade do Algarve emitiu uma nota de pesar, e decretou três dias de luto académico.[1]

Homenagens

Devido ao seu trabalho no campo da diplomacia, Joaquim Romero Magalhães recebeu seis condecorações, cinco destas do governo brasileiro, e uma portuguesa.[3] Foi homenageado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em 5 de Outubro de 2002.[4]

Em Março de 2016 foi nomeado como Deputado Honorário à Assembleia da República, no âmbito das comemorações dos 40 anos da aprovação da Constituição da República Portuguesa.[3] Numa cerimónia realizada em 12 de Dezembro de 2018, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Algarve.[2]

Referências


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