Leão da Calcedônia

Leão da Calcedônia (português brasileiro) ou Leão da Calcedónia (português europeu) foi um metropolita ortodoxo oriental do século XI da Calcedônia que se opôs à apropriação dos tesouros da Igreja pelo imperador bizantino Aleixo I Comneno (r. 1081–1118) para pagamento das tropas em suas guerras contra os normandos de Roberto Guiscardo. Entrou em conflito com o imperador em 1082 e foi condenado num sínodo em Constantinopla em 1086. Em 1094, num novo sínodo, foi novamente condenado e enviado para Sozópolis, no Ponto Euxino.

Leão da Calcedônia
Nascimentoséculo XI
Nacionalidade Império Bizantino
OcupaçãoBispo
Principais trabalhos
  • Oposição ao uso dos tesouros da Igreja para questões seculares
ReligiãoCristianismo ortodoxo
Selo de Isaac como protoproedro e doméstico das escolas do Oriente na década de 1070
Histameno de eletro dos primeiros anos do reinado do imperador Aleixo I Comneno (r. 1081–1118)

Biografia

Leão da Calcedônia é citado pela primeira vez em 1082, após um sínodo de Constantinopla do mesmo ano, quando publicamente condenou o imperador Aleixo I Comneno (r. 1081–1118) e seu irmão Isaac Comneno pelo uso de tesouros da Igreja para financiar as guerras contra os normandos. Numa carta a Aleixo, culpou o patriarca Eustrácio (r. 1081–1084), e afirmou que ele deveria ser deposto e substituído pelo patriarca anterior, Cosme I (1076–1081),[1] bem como exigiu investigação formal na qual se investigaria os brévios dos fundadores dos mosteiros para saber quais bens deveriam ser restituídos.[2]

A oposição de Leão forçou o imperador a recuar temporariamente em 1082, porém a retomada dos confiscos logo depois e a falta de resistência pelo patriarca Nicolau III (r. 1084–1111) fez com que Leão e outros bispos proeminentes rompessem comunhão com o patriarcado em 1084. Em 1085, quando Aleixo tentou utilizar novamente dos tesouros da Igreja, agora para financiar campanhas contra os pechenegues, novamente foi criticado por Leão. Em 1086, o imperador convocou um sínodo que condenou-o por negar-se a aceitar decreto imperial.[3] Segundo a tradição local, no mesmo ano Jorge Paleólogo, após ser derrotado por pechenegues, foi miraculosamente salvo por Leão que entregou-lhe um cavalo e ele fugiu heroicamente.[1]

Em 1094, Leão enviou uma carta para Nicolau Adrianopolita, cujo conteúdo foi considerado contrário aos ensinamentos dos textos patrísticos sobre a veneração de ícones. Isso levou Aleixo a convocar concílio no Palácio de Blaquerna para discutir a veneração e acabar a controvérsia de Leão. Nesta ocasião, Leão foi unanimemente condenado e enviado para Sozópolis, no Euxino, onde as pessoas viam-o como santo.[4] Aleixo enviou provisões para deixar sua vida tão confortável quanto possível, mesmo ficando hostil e intransigente.[1] Posteriormente, reconciliou-se com o patriarcado, aceitando o uso dos tesouros da Igreja para fins militares.[3]

Descrição

Somente duas são as descrições feitas sobre ele e ambas provém da obra de Ana Comnena, historiadora filha de Aleixo I. Segundo ela, "[Leão] não foi um homem muito sábio ou erudito, embora tinha virtude prática; contudo seu caráter foi áspero e abrupto"; "um homem que expôs sua opinião, um verdadeiro arcebispo, mas de mentalidade simples, às vezes mostrando entusiasmo não baseado em conhecimento; ele igualmente não tinha um conhecimento adequado dos cânones sagrados."[1]

Referências

Bibliografia