Missão Centenário

A Missão Centenário (ISS EP-10[1][2]) nasceu de um acordo entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial da Federação Russa (Roscosmos) em 30 de março de 2006. O principal objetivo deste tratado seria enviar o primeiro brasileiro ao espaço, o tenente coronel aviador Marcos Pontes.[3]

Missão Centenário
Insígnia da missão
Missão Centenário
Informações da missão
OperadoraAEB
Roscosmos
FogueteSoyuz-FG
EspaçonaveSoyuz TMA 11F732
Número de tripulantes3 (na Soyuz)
1 (Missão Centenário)
Lançamento30 de março de 2006, 02:30 UTC
Centro de Lançamento de Baikonur
Aterrissagem08 de abril de 2006, 23:47 UTC
Casaquistão
Órbitas155
Duração9 dias, 21 horas e 17 minutos
Imagem da tripulação
Marcos Pontes
Marcos Pontes
Navegação
ISS EP-09
ISS EP-11
Astronauta Marcos Pontes (esquerda), da Agência Espacial Brasileira; astronauta Jeffrey Williams, oficial e engenheiro de voo, da NASA; e cosmonauta Pavel Vinogradov, comandante, da Agência Espacial da Federação Russa, no Centro Espacial Lyndon Johnson.

O nome da missão é uma referência à comemoração do centenário do primeiro voo tripulado de uma aeronave, o 14 Bis de Santos Dumont, Paris, 23 de outubro de 1906.

O veículo utilizado para o lançamento da missão foi a nave Soyuz TMA-8, da Roscosmos, e o seu lançamento aconteceu em 30 de março de 2006 (23h30 horário de Brasília) no Centro de Lançamento de Baikonur (Cazaquistão), tendo como destino a Estação Espacial Internacional (ISS).

Acordo bilateral para a missão

A Missão Centenário se tornou possível devido a um acordo comercial[4] assinado em outubro de 2005 entre Brasil e Rússia, sendo representantes destas a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos).[5]

Com isso, o astronauta Marcos Cesar Pontes passou a treinar na Cidade das Estrelas, centro de treinamento para cosmonautas próximo a Moscou.[5]

Lançamento

Lançamento da Soyuz TMA-8 com Jeffrey Williams, Pavel Vinogradov e Marcos Pontes em 30 de março de 2006

A espaçonave Soyuz TMA-8 transportando o tenente-coronel Marcos Pontes foi lançada às 23 horas e 30 minutos de 30 de março de 2006 (horário de Brasília, 8 horas e 30 minutos da manhã de 1 de abril de 2006 no horário do Cazaquistão). Além do astronauta brasileiro, faziam parte da tripulação o russo Pavel Vinogradov e o americano Jeffrey Williams, sendo estes dois membros da Expedição 13.[6]

Quando Pavel Vinagrodov ligou a câmera da cabine para o Marcos Pontes durante o lançamento, o brasileiro não sabia o que dizer. Pensou em acenar, mas isso não expressava o que sentia, então apontou para a bandeira e, após, para cima, querendo dizer que estavam todos juntos, mas pensou "um momento, apontar com um só dedo não dá a impressão de 'juntos'!". Por isso, ele apontou com dois, como se pode observar no vídeo da missão.[7] A nave acoplou à Estação Espacial Internacional (ISS) na madrugada de sábado, 1 de abril.[6]

Antes da entrada na Estação Espacial Internacional, o protocolo internacional previa a seguinte ordem: Pavel, Jeff e Marcos. Porém, quando Pavel observou Marcos com a bandeira do Brasil nas mãos, disse-lhe para entrar primeiro. Marcos respondeu-lhe que talvez teria problemas. A isso, o russo replicou que não seria o Marcos que estaria entrando na frente, mas sim uma nação inteira e nem ele, nem Jeff teriam o direito de entrar antes de uma nação.[8]

Experimentos

Marcos Pontes realizou na ISS oito experimentos científicos, para que pudesse ser analisado o comportamento destes em um ambiente de microgravidade. Eis os experimentos realizados:[9][10]

Nome[2]TipoPesquisador(a)Ref.
Pesquisa biomédica
GOSUMGerminação de sementes em microgravidade (Embrapa).Dra. Antonieta Nassif Salomão.[11][10]
Pesquisa em biotecnologia
DNARMDanos e reparos do DNA na microgravidade (UERJ e INPE).Dr. Heitor Evangelista da Silva[11][10]
SMEKEfeito da microgravidade na cinética das enzimas (FEI)Dr. Alessandro La Neve[12][11][10]
NIPNuvens de interação proteica (CenPRA/MCT)Dr. Aristides Pavani Filho[11][10]
Pesquisa tecnológica
CEMEXTeste de evaporadores capilares em ambiente de microgravidade (UFSC)Dr. Edson Bazzo[11][10]
WMHPMinitubos de calor (UFSC)Dra. Márcia Barbosa Henriques Mantelli[11][10]
Projetos educacionais
SEEDSGerminação de sementes de feijão (Secretaria Municipal de Educação de São José dos Campos-SP)[11]
CHROPHYLCromatografia da clorofila (Secretaria Municipal de Educação de São José dos Campos-SP)[11]

Os experimentos educacionais acima foram acompanhados por alunos de escolas de São José dos Campos por meio da Internet, enquanto realizavam os mesmos experimentos em terra.[11]

Artigo

Entrevistas

Presidente Lula durante videoconferência com o astronauta brasileiro, Marcos Pontes.

Durante sua estadia na ISS, Marcos Pontes concedeu algumas entrevistas por videoconferência.

No dia 3 de abril de 2006, foi transmitida a entrevista com homenagem a Santos Dumont, na qual Marcos Pontes usou um chapéu Panamá igual ao do inventor e um lenço com as siglas SD.

Retorno

Tripulação de retorno da Soyuz TMA-7 após o pouso com o Marcos Pontes

A Nave Soyuz TMA-7 trouxe na noite de 8 de abril de 2006 no horário de Brasília, o Ten. Cel. Marcos Pontes e mais outros dois astronautas da Expedition 12 (o russo Valery Tokarev e o americano William McArthur) que já estavam na ISS. O ponto de aterrissagem foi no Cazaquistão.[13]

Para o resgate foram utilizados 17 helicópteros russos MI-8[13], e a área do pouso foi no entorno da cidade Arclalic, num raio de 60 a 80Km de distância desta.[14]

Após o retorno, os três astronautas passaram por um período de readaptação à gravidade.[15]

Duração total da missão

Marcos Pontes realizou 155 órbitas e a duração total de sua missão foi de 9 dias, 21 horas e 17 minutos.[6]

Insígnia

A insígnia da Missão Centenário foi produzido em conjunto pelo Secom, MCT e AEB.[16]

Atos comemorativos

Discurso de Sergio Gaudenzi durante o lançamento de selo e medalha comemorativas.

Como celebração desta missão ter sido a primeira a levar um astronauta brasileiro ao espaço, assim como ser uma homenagem ao centenário do primeiro voo de uma aeronave mais pesada que o ar de Santos Dumont, foram lançados selos e uma medalha.[17]

Críticas

A missão recebeu críticas por parte da comunidade científica, como da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), segundo a qual o dinheiro investido na missão deveria ser utilizado para a capacitação de pessoal, assim como investido em outros tipos de pesquisas científicas. Além disso, relatam o não cumprimento da participação brasileira na construção da ISS.Outros críticos denunciaram o uso político e tacharam a viagem ao espaço de turismo espacial.[18][19][20]

A Agência Espacial Brasileira e Marcos Pontes rebate, essas críticas, informando que nunca o programa espacial teve tanta visibilidade na imprensa, o que possibilitaria no futuro maior alocação de verbas para a exploração espacial. Além disto, a missão poderá incitar às crianças maior desejo de estudar e seguir a carreira científica.[21]

Galeria

Referências

Ligações externas

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