Mucolipidose

Mucolipidose se refere a um grupo de doenças metabólicas hereditárias caracterizadas pela acumulação anormal de mucopolissacarídeos e quantidades de lípidos no interior da célula. Ocorrem com pouca freqüência, com apenas algumas centenas de casos diagnosticados, por isso são consideradas doenças raras.[1] São causadas por falha genética no cromossomo 3 ou 4 (4q21-23) que codificam enzimas dos lisossomos. Não confundir com mucopolissacaridoses nem com esfingolipidoses, doenças metabólicas similares, mas menos raras.

Mucolipidosis
Mucolipidose
É uma doença autossômica recessiva, ou seja, filhos de um casal de portadores tem 25% de chance de ter a doença.
Especialidadeendocrinologia
Classificação e recursos externos
CID-10E77.0-E77.1
CID-9272.7
CID-11714623911
MeSHD009081
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Classificação

Existem quatro condições rotuladas como mucolipidoses (ML) de acordo com a enzima afetada[2]:

  • Tipo I ou sialidose: Agora é classificado como uma glicoproteinose, pois é devido a deficiência da enzima alfa sialidase.
  • Tipo II ou doença de inclusão celular (Inclusion-cell disease): Causada por deficiência de enzima N-acetil-1-fosfotransferase (FFT).
  • Tipo III ou Pseudopolidistrofia de Hurler: Similar a Síndrome de Hurler, mas mais benigna.
  • Tipo IV ou Sialolipidose: Agora é classificada como uma gangliosidose. Mais comum entre judios ashkenazi.

Causas

A ML tipo II e III são causados por falha genética que produz uma deficiência da enzima N-acetil-1-fosfotransferase (FFT). Esta proteína catalisa o primeiro passo na síntese da manose-6-fosfato no complexo de Golgi, que é quem permite que enzimas de moléculas glicosiladas sejam reconhecidas e transportados para os lisossomas. Assim, a deficiência dessa FFT impede a entrada de hidrolases ácidas para os lisossomas, onde seriam degradados, deixando que se acumulem e sejam liberado em meios extracelulares e formando depósitos de glicosaminoglicanos (GAG), oligossacarídeos e esfingolipídeos, que eventualmente levam ao dano celular e tecidual.[3]

Sinais e sintomas

Tipo I e II

As primeiras manifestações podem ocorrer desde o período neonatal e são semelhantes às encontradas no tipo I e II[4]:

Geralmente os sintomas agravam levam a morte antes do sétimo ano de vida por problemas cardíacos ou respiratórios.

Tipo III e IV

Menos graves que os outros, os sintomas começam entre os 3 e 5 anos:

Podem chegar a idade adulta, dependendo da severidade da doença e acesso a tratamento.

Diagnóstico

Além dos sintomas clínicos, os exames de soro indicam atividade de enzima lisossomiais 10 ou mais vezes superior ao normal e linfócitos vacuolizados. Geralmente a excreção de mucopolissacarídeos é normal exceto no tipo Austin.[5]

Tratamento

Suplementos nutricionais, principalmente de ferro e vitamina B12, são frequentemente recomendados para indivíduos com o tipo II. A fisioterapia (por exemplo hidroterapia) para melhorar problemas motores e fonoaudiologia é recomendada para melhorar a aquisição da linguagem. Uma cirurgia pode ser feita remover a camada fina que escurece a córnea para melhorar temporariamente problemas de visão. É possível que o transplante de medula óssea pode ser útil no retardamento ou corrigindo a deterioração neurológica no tipo II. Cirurgia para reparar as válvulas do coração podem prolongar a expectativa de vida. Cadeira de rodas e colete ortopédico podem ajudar na locomoção conforme as deformidades de coluna agravam. É importante estar preparado para infecções respiratórias, pois elas costumam ser mais graves que o normal. [6]

Referências