Nicolas-Louis François de Neufchâteau

político francês

Nicolas-Louis François de Neufchâteau, conhecido como François, Conde de Neufchâteau, (Saffais, 17 de abril de 1750Paris, 10 de janeiro de 1828) foi um escritor, político e agrônomo francês.

Nicolas-Louis François de Neufchâteau
Nicolas-Louis François de Neufchâteau
Nascimento17 de abril de 1750
Saffais
Morte10 de janeiro de 1828 (77 anos)
Paris
Nacionalidadefrancês

Biografia

Filho de um professor de escola de aldeia, foi notado em sua infância pelo "bailli"[1] da Alsácia, Henri d'Hénin, que morava em Neufchâteau. Os versos que compos, com 12 anos de idade, para agradecer a seu protetor, valeram-lhe a aprovação de Voltaire e Rousseau. Fez seus estudos iniciais com os Jesuítas de Neufchâteau e depois estudou direito na cidade de Reims. Em 1765, com apenas 15 anos, publicou seu primeiro livro de poesias, "Poésies Diverses" ("Poesias Diversas"), seguido por "Pièces Fugitives" ("Peças Fugitivas"). NO mesmo ano é recebido na Academia de Dijon, antes de ser admitido também nas de Marselha e Nancy. Com dezesseis anos, foi autorizado a agregar o nome da cidade "Neufchâteau" ao seu. Seu patronímico torna-se François de Neufchâteau.

Em 1770, foi nomeado professor do Colégio Episcopal Saint-Claude de Toul, mas seria rapidamente afastado do quadro docente devido a suas idéias « filosóficas ». Em 1776, compra o cargo de administrador geral de Mirecourt nos Vosges.

Torna-se subdelegado da Intendência da Lorena em 1781. Tendo adquirido o cargo de Procurador Geral do Cap Français, em Santo Domingo, em 1783, deixa a França e permanece lá até 1786, estudando a economia desta colônia e meios de desenvolvê-la. Colaborador do "Almanach des Muses" ("Almanaque das Musas"), traduz em verso o "Orlando Furioso" de Ariosto que perde num naufrágio durante a travessia de volta à França. Em 1787, volta à Lorena onde interessa-se pela agricultura e corresponde-se com filósofos, escritores e poetas.

Na Revolução Francesa, em 1789, redige os "Cahiers de Doléances" (literalmente "Cadernos de Reclamações") do distrito de Toul e foi eleito deputado suplente nos Estados Gerais de 1789, juiz de paz, depois administrador do departamento de Vosges (1790). Em 1791, foi eleito pelo departamento de Vosges para a Assembléia Nacional. Secretário da Assembléia e depois membro do Comitê Legislativo, fez-se notar por sua hostilidade aos padres refratários e à Igreja Católica em geral, que desejava subordinar ao Estado laico.

Eleito deputado na Convenção Nacional, recusa-se a tomar assento, por razões de saúde, afirma, e recusa também o Ministério da Justiça que lhe é oferecido. Na dissolução da Assembléia (1792), retoma suas funções de juiz de paz em Vicherey (Vosges) para onde foi eleito em 1790. Sua peça "Pamela", retirada do romance de Samuel Richardson, "Paméla ou la Vertu récompensée" ("Pamela ou a Virtude Recompensada"), encenada em 1º de Agosto de 1793, no Teatro da Nação, faz escândalo por parecer contrária aos Jacobinos. A peça foi proibida no início da nona apresentação devido a dois versos considerados subversivos :

Ah ! les persécuteurs sont les seuls condamnables.
Et les plus tolérants sont les seuls raisonnables.

Em tradução livre :

Ah ! os perseguidores são os únicos condenáveis.
E os mais tolerantes são os únicos sensatos.

François de Neufchâteau ficou preso de 2 de Setembro de 1793 a 4 de Agosto de 1794. Eleito juiz no Tribunal de Cassação em 3 de Janeiro de 1795, foi comissário do Diretório em Vosges em Novembro de 1795. Foi nomeado Ministro do Interior em 16 de Julho de 1797. Ficou no cargo durante dois meses, até 14 de Setembro, pois foi chamado para substituir Lazare Carnot como membro do Diretório (de 8 de Setembro de 1797 a 20 de Maio de 1798. Teve um papel bastante apagado no Diretório e o deixou após o "tirar a sorte" de Maio de 1798, voltando a ser Ministro do Interior por pouco menos de um ano.

François de Neufchâteau, membro do Diretório (1797).

Enviado como Ministro Plenipotenciário a Viena, logo é escolhido para o Ministério das Relações Exteriores mas recusa.

Em um ano, de 17 de Junho de 1798 a 23 de Junho de 1799, desenvolve um trabalho notável em todos os sentidos : lança as bases para os arquivos e bibliotecas departamentais, para o Depósito Geral de Mapas, para a Exposição Nacional dos Produtos da Indústria, que organiza em Paris, de 18 a 21 de Setembro de 1798, e que, devido ao sucesso, resolve editar anualmente, e para o Museu do Louvre (que inaugura). Institui concursos nos liceus e colégios, organiza a recepção de objetos de arte enviados da Itália para Napoleão Bonaparte.

Durante sua administração, interessou-se particularmente pelas questões econômicas, colocando em prática algumas de suas idéias. Um dos primeiros a perceber a utilidade das estatísticas para o governo, tentou que as administrações centrais dos departamentos fizessem quadros da atividade industrial (9 Fructidor do Ano V). Inspirado pelo liberalismo econômico, procurou divulgar e encorajar as inovações do setor. Empenhou-se em favorescer o renascimento das sociedades de agricultura, figurando entre os membros fundadores da Sociedade de Agricultura em 1798. Foi o principal apoiador do Culto Decadário, religião civil baseada no Calendário Republicano Francês.

Alinhado a Napoleão Bonaparte, foi senador a partir de 1800 e depois Presidente do Senado de 1804 a 1806 e foi feito Conde do Inpério por carta-patente de 26 de Abril de 1808.

Atingido pela gota há muito tempo, retira-se da vida pública em 1814 e dedica-se à Agronomia. Publica numerosos trabalhos dedicados tanto à Agronomia quanto à Poesia e História, e mesmo à edição das obras de Pascal e de notas sobre "Gil Blas" de Alain-René Lesage. Até sua morte, preside à Sociedade de Agricultura.

Os poemas de Neufchâteau – Poésies diverses (1765), Ode sur les parlements (1771), Nouveaux Contes moraux (1781), Les Vosges (1796), Fables et contes (1814), Les Tropes, ou les figures des mots (1817) – carecem de força e originalidade, como uma grande parte da produção de sua época. Suas quadras com objetivos educativos valeram-lhe ser apelidado ironicamente « o novo Pibrac » por Ecouchard-Lebrun.

Seus trabalhos de gramática e de crítica literária - notadamente suas edições das Provinciales (1822) e dos Pensamentos (1826) de Pascal e do Gil Blas (Paris, 1820) de Lesage - foram apreciados em seu tempo. Ele escreveu também diversas memórias, principalmente sobre agronomia.

Repousa no Cemitério do Père-Lachaise, Paris, no túmulo correspondente à concessão n°28-1828, XIe division, 2e ligne, enclos Delille.

Obras

  • 1765 Poésies diverses
  • 1766 Pièces fugitives
  • 1771 Odes sur les parlements
  • 1774 Le mois d'Auguste, épître à Voltaire
  • 1778 Le désintéressement de Phocion, dialogue en vers
  • 1781 Nouveaux contes moraux en vers
  • 1784 Recueil authentique des anciennes ordonnances de Lorraine, 2 vol. ; Anthologie morale, ou choix de quatrains et dystiques
  • 1787 Les études du magistrat
  • 1790 Les lectures du citoyen
  • 1791 L'origine ancienne des principes modernes
  • 1795 Dix épis de blé au lieu d'un ; Paméla, comédie en vers
  • 1796 Épître sur un voyage de Paris à Neufchâteau ; Les Vosges, poèmes
  • 1797 Des améliorations dont la paix doit être l'époque
  • 1798 L'institution des enfants ou conseils d'un père à son fils
  • 1799 Méthode pratique de lecture ; Discours sur la manière de lire les vers
  • 1800 Le Conservateur ou recueil de morceaux inédits, 2 vol. ; Recueil de lettres, circulaires, instructions et discours de François de Neufchâteau, ministre de l'intérieur, 7 vol.
  • 1801 Rapport sur le perfectionnement des charrues
  • 1802 Essai sur la nécessité et les moyens de faire entrer dans l'instruction publique l'enseignement de l'agriculture
  • 1804 Tableau des vues que se propose la politique anglaise dans toutes les parties du monde
  • 1805 Histoire de l'occupation de la Bavière par les Autrichiens
  • 1806 Voyage agronomique dans la sénatorerie de Dijon
  • 1809 L'art de multiplier les grains, 2 vol.
  • 1814 Fables et contes en vers, 2 vol.
  • 1817 Supplément au mémoire de Parmentier sur le maïs ; Les tropes ou les figures des mots, poème
  • 1818 Le Jubilé académique ; Rapport d'un goutteux, poème
  • 1821 Épître à M. Viennet et au comte de Rochefort
  • 1827 Mémoire sur la manière d'étudier et d'enseigner l'architecture

Notas

Referências

  • H. Bonnelier, Mémoires sur François de Neufchâteau, Paris, 1829
  • J. Lamoureux, Notice historique et littéraire sur la vie et les écrits de François de Neufchâteau, Paris, 1843
  • Dominique Margairaz, « La figure de l'exécutif pendant les deux ministères Neufchâteau », Annales Historiques de la Révolution Française, 332
  • E. Meaume, Étude historique et biographique sur les Lorrains révolutionnaires: Palissot, Grégoire, Francois de Neufchâteau, Nancy, 1882
  • A.F. de Sillery, Notice biographique sur M. le comte François de Neufchâteau, 1828
  • Ch. Simian, François de Neufchâteau et les expositions, Paris, 1889
  • Jean Boulaine, Histoire de l'agronomie en France, 2ème édition, 1996, Éditions Tec & Doc.