Ready to Die

álbum de estreia de The Notorious B.I.G.

Ready to Die é o álbum de estreia do rapper norte-americano The Notorious B.I.G.. Foi lançado em 13 de setembro de 1994 pelas gravadoras Bad Boy Records e Arista Records.[1] Ele foi gravado entre 1993 e 1994 no The Hit Factory e no D&D Studios, estúdios localizados na Cidade de Nova Iorque.[2] O disco, parcialmente autobiográfico, conta as experiências de Notorious BIG como um jovem criminoso, intitulando-se como "o Frank White negro".

Ready to Die
Ready to Die
Álbum de estúdio de The Notorious B.I.G.
Lançamento13 de setembro de 1994 (1994-09-13)
Gravação1993–94
Estúdio(s)The Hit Factory e D&D Studios
(Nova Iorque)
Gênero(s)
Duração69:05
Gravadora(s)
Produção
Cronologia de The Notorious B.I.G.
Life After Death
(1997)
Singles de Ready to Die
  1. "Juicy"
    Lançamento: 9 de agosto de 1994
  2. "Big Poppa"
    Lançamento: 24 de dezembro de 1994
  3. "One More Chance"
    Lançamento: 6 de junho de 1995

Ready to Die foi o único álbum lançado por Notorious durante a sua carreira, pois o rapper foi assassinado poucos dias antes do lançamento de Life After Death, em 1997.[3] O álbum recebeu diversas opiniões positivas e tornou-se um sucesso comercial, recebendo acertificação de platina quádrupla por suas vendas.[1] Foi significativo para a reabilitação da Costa Leste do hip hop, em meio a dominação da Costa Oeste.[4] O álbum possui três singles, com destaque para o segundo, "Big Poppa", que foi nomeado para o Grammy Award de 1996 na categoria Melhor Performance Solo de Rap. Em 2003, Ready to Die foi escolhido pela revista Rolling Stone como o 133° na lista dos melhores álbum de todos os tempos, tornando-se o terceiro disco de rap mais bem posicionado. Em 2006, a revista Time o incluiu na lista dos 100 melhores da história.[5]

Conceito

Gravação

O álbum foi gravado em dois períodos diferentes entre 1993 e 1994 na cidade de Nova Iorque, nos estúdios D&D Studios e, principalmente, no The Hit Factory.[6] Notorious assinou contrato com a Uptown Records, de Sean "Puff" Combs em 1993, iniciando no mesmo período a gravação de Ready to Die.[7] As primeiras faixas do disco mostram um período mais "escuro" e que dificilmente iriam tocar nas rádios (dentre elas estão "Ready to Die", "Gimme the Loot" e "Things Done Changed"). Em relação a tais músicas, a revista XXL descreveu Notorious como "inexperiente, muito apressado e com um som paranóico".[8]

Quando o produtor executivo do álbum, Sean Combs, foi demitido da Uptown, a carreira de Biggie foi estancada no limbo, pois somente uma parte do disco havia sido concluída. Após um pequeno periódo narcotraficando na Carolina do Norte, o rapper voltou ao estúdio na recém-criada gravadora do mesmo Combs, a Bad Boy Records. Gravou então as últimas faixas de Ready to Die, descritas como "suaves, em tom mais confiante" e completou o álbum.[6] Neste momento, as canções que recebiam maior destaque eram gravadas no formato de single. A XXL também descreveu que com o tempo as faixas anteriores eram substituídas por freestyles feitos dentro do estúdio.[8]

Capa

O álbum foi lançado estampando uma capa com um bebê parecido ao artista - embora ostentando um cabelo afro - mostrando o conceito desde o nascimento a morte de Notorious. Tal capa foi listada como uma das melhores de todos os tempos do rap.[9] No entanto, os rappers Raekwon e Ghostface Killah, membros do Wu-Tang Clan, implicaram que tal arte já havia sido utilizada por Nas, no seu álbum de estreia, Illmatic.[10] Posteriormente, um conceito similar foi usado em Tha Carter III, do rapper Lil Wayne.[11]

Música

Letras

As letras das músicas de Notorious B.I.G. foram bastante elogiadas pela crítica. Muitos críticos destacaram sua habilidade de contar histórias, como Steve Huey, da Allmusic, o qual comentou: "Seus raps são fáceis de entender, sem o uso de palavras difíceis - possui um fluxo bom, um flow simples e um talento de colocar uma rima em cima da outra em um curto período de tempo." Ele também mencionou que suas letras são "profundamente enraizadas na realidade, mas descritas como cenas de filme."[1] Touré, escritor do The New York Times, referiu-se a Notorious B.I.G. como alguém que saiu do padrão utilizado pelos outros rappers, porque "suas letras misturam detalhes autobiográficos com temas como crime e violência, com honestinade emocional, dizendo como se sentiu no tráfico de drogas."[12] O álbum também é reconhecido por ter um tom sombrio e sinistro, como alguém que estivesse com depressão.[1] Na opinião original da Rolling Stone, Cheo H Coker afirmou que "ele mantém um nível consistente de tensão pela justaposição de momentos emocionais altos e baixos."[13]

As letras em Ready to Die tendem a lidar com a violência, o tráfico de drogas, mulheres e prostitutas, álcool e o uso da maconha, além de outros elementos que estavam ao redor de Notorious. Ele cantou sobre esses temas "de forma clara, com termos esparsos, permitindo quem ouvisse pela primeira vez compreender a situação".[13] A introdução do álbum mostra seu nascimento, sua infância, sua adolescência e como a vida se encontrava no momento do lançamento do disco.[12] A canção "Things Done Changed" foi uma das únicas músicas de hip hop a entrarem na The Norton Anthology of African American Literature.[14] Músicas do álbum incluem de narrativas de homicídio ("Warning") até batalhas de freestyle ("The What," "Unbelievable"). Na última música do disco, "Suicidal Thoughts", Notorious B.I.G. contempla Ready to Die cometendo suicídio.[15]

Produção

A produção do álbum foi feita principalmente por Easy Mo Bee e Chucky Thompson, e, semelhante as letras, foi bem recebida pela crítica. A Rolling Stone descreveu as batidas como "fundos calmos e pesados", reforçando pela relação com o lírico.[13] A produção utilizou basicamente samples de músicos de funk e soul da década de 1980 e vocais de cantores de rap do mesmo período. Steve Huey, no entanto, apresentou algumas críticas negativas para as batidas: "às vezes as batidas não tiveram nada a ver com a letra, mas isso pouco importa: o show é de Biggie!"[1] Cheo H. Coker retratou as batidas como "um fundo pesado e rápido, mas seria necessário aprimorar um pouco da base, para ver qual instrumento se adequa melhor. A produção é usada para levar o rapper a novos ares."[13]

Singles

Foram lançados três singles do álbum: "Juicy", "Big Poppa" e "One More Chance", além de uma faixa promocional: "Warning". De acordo com a XXL estas canções representam a parte mais comercial do álbum, em comparação com as demais, resultado do encorajamento de Combs para que algumas faixas fossem regravadas.[8]

"Juicy"

Trecho da canção "Juicy".

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"Juicy" foi lançada como single em 8 de agosto de 1994. Ela chegou a estar na 27ª posição da Billboard Hot 100, na 14ª da Billboard R&B/Hip-Hop Songs e alcançou o 3° lugar do Hot Rap Singles.[1] Como vendeu mais de 500.000 cópias, a RIAA certificou-o como Ouro em 8 de novembro do mesmo ano.[16]

Produzido por Sean Combs, ele possui samples de "Juicy Fruit", da banda Mtume. Steve Huey, editor da Allmusic, afirmou que, junto com os outros singles, este tem "uma visão otimista, conciliando com um objetivo comercial", chamando-a de "uma crônica sobre a riqueza".[1] Andrew Kameka, do HipHopDX.com, afirmou que a música era "uma das suas melhores e mais reveladoras canções", complementando que "é uma parte da sua autobiografia, uma parte do seu sucesso. Ela documenta a transição de uma estrela desconhecida do Brooklyn para a capa de uma revista."

O produtor Pete Rock, o qual foi selecionado para remixar a faixa, alegou que Combs roubou a ideia original da canção e do instrumental após uma conversa entre os dois. Rock explicou isso em uma entrevista com a Wax Poetics:[17]

O remix de Rock incluiu o mesmo sample que a música original.[17]

"Big Poppa"

"Big Poppa" foi lançado como o segundo single em 20 de fevereiro de 1995 e semelhante ao single anterior, foi sucesso em várias paradas musicais. Alcançou a sexta posição na Billboard Hot 100, a quarta no Hot R&B/Hip-Hop Singles & Tracks e o topo da Hot Rap Singles.[1] Vendeu mais de um milhão de cópias e a RIAA certificou como platina em 23 de maio de 1995.[16]

Contou com a produção de Combs e Chucky Thompson, e utilizou samples de "Between the Sheets", da banda The Isley Brothers. "Big Poppa" foi nomeada para o Grammy Awards de 1996 na categoria Grammy Award de Melhor Performance Solo de Rap, mas perdeu para "Gangsta's Paradise" de Coolio.[18] Steve Huey a nomeou como "um hino de amor excessivo".[1]

"One More Chance"

"One More Chance" foi lançado como o terceiro single em 9 de junho de 1995. Foi produzido por Combs e contou com samples de "I Want You Back" de The Jackson 5 e de "Hydra" de Grover Washington, Jr.. Chegou a estar no 2° lugar da Billboard Hot 100 e na primeira posição da Hot R&B/Hip-Hop Singles & Tracks e do Hot Rap Singles.[1] Semelhante à "Big Poppa", vendeu mais de 1 milhão de cópias e foi certificada como platina pela RIAA em 31 de julho de 1995.[16]

Steve Huey a classificou como um "rap de sexo explícito". Cheo H. Coker, escritor da Rolling Stone, tem uma visão parecida sobre a canção, observando que ela era "um dos raps mais obscenos sobre sexo desde o clássico "Talk Like Sex", de Kool G Rap", e complementou que "esta canção hilária prova simplesmente porque B.I.G. gosta de vulgaridade".[13]

Recepção

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
FonteAvaliação
Allmusic [19]
Blender [20]
Robert Christgau(A-)[21]
The New York Times(favorável)[22]
RapReviews10/10[23]
Rolling Stone 1994[24]
Sputnik Music [25]
The Source [26]
Stylus Magazine(favorável)[27]
Yahoo! Music(favorável)[28]

Reação inicial

Após o seu lançamento, Ready to Die recebeu diversas críticas positivas, ao contrário de outros álbuns aclamados da costa leste gravados no mesmo período (incluindo Enter the Wu-Tang (36 Chambers) do Wu-Tang Clan, e Illmatic de Nas).[29] Seu sucesso foi impulsionado pela execução das canções nas principais rádios e a exibição dos singles "Big Poppa" e "Juicy" na MTV. A Rolling Stone elogiou a habilidade de Biggie fazer rimas: "pintando um retrato sonoro tão brilhante que faz você ser transportado até a canção". A revista Q escreveu: "a forma natural de fazer rap, utilizando de forma inteligente efeitos sonoros e diálogos, e um conceito… bastante superior da classe média do gangsta."[29] O álbum alcançou a posição #3 e #15 na Billboard 200 e na Top R&B/Hip-Hop Albums, respectivamente, fazendo o disco ser certificado quatro vezes platina.[16]

Aclamação posterior

Mesmo depois do seu lançamento, o álbum continuou sendo bastante aclamado. Em 1998, foi escolhido pela revista The Source um dos cem melhores de todos os tempos no rap.[30] A Rolling Stone, que em 1994 havia classificado Ready to Die como 4.5/5 estrelas, em 2005 mudou sua avaliação para 5/5, nota máxima.[31] Em 2003, o disco foi escolhido pela mesma Rolling Stone como o 133º melhor álbum de todos os tempos, tornando-se o terceiro melhor do gênero, atrás apenas de It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back do Public Enemy, e Raising Hell do Run-D.M.C., mas o primeiro da década de 1990 e o primeiro a ser de estreia.[13] Ainda, Ready to Die foi ranqueado pela revista Spin o 27° dos Melhores Álbuns entre 1985 e 2005.[32]

Faixas

#TítuloProdutor(s)Sample(s)[33][34]GravadaDuração
1"Intro"Sean "Puffy" Combs19933:24
2"Things Done Changed"Darnell Scott19933:58
3"Gimme the Loot"Easy Mo Bee19935:04
4"Machine Gun Funk"Easy Mo Bee19934:17
5"Warning"Easy Mo Bee19943:40
6"Ready to Die"Easy Mo Bee19934:24
7"One More Chance"The Bluez Brothers,
Chucky Thompson,
Sean "Puffy" Combs
19944:43
8"#!*@ Me"(Interlúdio)Sean "Puffy" Combs19941:31
9"The What" (part. Method Man)Easy Mo Bee19943:57
10"Juicy"Pete Rock (não creditado)19945:02
11"Everyday Struggle"The Bluez Brothers19945:19
12"Me & My Bitch"The Bluez Brothers,
Chucky Thompson,
Sean "Puffy" Combs
19934:00
13"Big Poppa"Chucky Thompson,
Sean "Puffy" Combs
19944:13
14"Respect"Jean "Poke" Oliver,
Sean "Puffy" Combs
19945:21
15"Friend of Mine"Easy Mo Bee19943:28
16"Unbelievable"DJ Premier19943:43
17"Suicidal Thoughts"Lord Finesse19942:50
18 *"Who Shot Ya?"Sean "Puffy" Combs,
Nashiem Myrick
19945:19
19 *"Just Playing (Dreams)"Rashad Smith19932:43

Créditos

As seguintes pessoas trabalharam no álbum Ready to Die:[35]

Paradas musicais

Singles
AnoSinglePosição nas paradas[19]
style="font-size:85%;"|Billboard Hot 100style="font-size:85%;"|Hot R&B/Hip-Hop Songsstyle="font-size:85%;"|Hot Rap Tracks
1994"Juicy"27143
"Big Poppa"641
"One More Chance"211

Aclamação

  • A informação da aclamção do álbum é proveniente do site Acclaimed Music,[36] exceto por listas lançadas em todo o mundo.
  • (*) significa listas não-ordenadas
PublicaçãoPaísAclamaçãoAnoRank
About.comEstados Unidos100 Grandes Álbuns de Hip Hop[37]20085
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10 Álbuns Essenciais de Hip Hop[39]20083
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The Mojo Collection, 3ª e 4ª edição2003*
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QReino Unido The Ultimate Music Collection2005*
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The SourceOs 100 Melhores Álbuns de Rap de Todos os Tempos1998*
Os 100 Álbuns de Música Negra de Todos os Tempos[41]20068
SpinTop 100 (+5) Álbuns dos Últimos Vinte Anos200530
Top 90 Álbuns dos Anos 90199927
TimeTop 100 Álbuns de Todos os Tempos2006*
Vibe100 Álbuns Essenciais do Século XX1999*
Village VoiceÁlbuns do Ano199438
VPROPaíses Baixos299 Nomeações para Melhor Álbum de Todos os Tempos2006*

Referências

Ligações externas