Saltar para o conteúdo

M'banza Congo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de São Salvador do Congo)
M'banza Congo
Localidade de Angola Angola
(Cidade)

Dados gerais
Fundada em691 (1 333 anos)
Gentílicosotero-congolense
mabanzense
ProvínciaZaire
Município(s)M'banza Congo
Características geográficas
Área7 651 km²
População205 272[1] hab. (2018)
Altitude408 m

M'banza Congo está localizado em: Angola
M'banza Congo
Localização de M'banza Congo em Angola
6° 16' 00" S 14° 14' 00" E{{{latG}}}° {{{latM}}}' {{{latS}}}" {{{latP}}} {{{lonG}}}° {{{lonM}}}' {{{lonS}}}
Projecto Angola  • Portal de Angola
M'banza Congo, vestígios da capital do antigo Reino do Congo 
M'banza Congo

CritériosC (iii) (iv)
Referência1511 en fr es
Países Angola
Histórico de inscrição
Inscrição2017

Nome usado na lista do Património Mundial

M'banza Congo,[2] também grafada como M'banza Kongo[3][4] e Mabanza Congo,[5][6] é uma cidade e município angolana, capital da província do Zaire.

Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística, conta com uma população de 205 272 habitantes e área territorial de 7 651 km². É a única capital angolana que não é a localidade mais populosa de sua província, perdendo para a cidade zairense do Soio.[1]

Designada historicamente como "São Salvador do Congo", capital do antigo e poderoso reino do Congo, teve o seu centro histórico declarado, em 2017, como Património da Humanidade pela UNESCO.[7]

Históriaeditar código-fonte

A história oral da cidade de M'banza Congo é muito mais antiga do que a chegada dos portugueses, e mesmo da conquista do poderoso reino do Congo, que fez dela a morada e capital da dinastia reinante.[8]

Fundaçãoeditar código-fonte

Segundo a tradição oral, no ano de 690 AD os congos chegaram à região compreendida entre os rios Cuanza e Cuango, sob a liderança de Na-Culunsi, uma autoridade religiosa. As autoridades religiosas congolesas chamaram essa região Timansi-Timancosi, ou coração do leão.[8]

Em 691 as autoridades ordenaram que se construísse numa zona planáltica, próximo a uma montanha de nome Congo-dia-Tôtila, uma cidade, com trabalhos sob supervisão do artífice Masema-Toco. Sob coordenação do mesmo artífice abrem-se os Anzila Congo, as sete estradas que ligariam a nova cidade (que a princípio conservou o nome Tôtila) a todos os territórios dos congos, ao sul do rio Congo.[8]

Segundo a tradição oral, o primeiro grande governante de Tôtila foi Muabi Maiidi, em 698 AD, sendo sucedido por Zananga Moua e Mabala Luqueni, e; somente muito depois o reino receberia o nome de Muene Cabunga e a cidade de Tôtila passaria a chamar-se Mongo-dia-Congo, possivelmente no século XII.[8]

Conquista pelo reino do Congoeditar código-fonte

Quando o rei Luqueni-lua-Nimi conseguiu unificar as entidades políticas dos congos para formar o reino do Congo em 1390, fixou inicialmente capital em uma localidade por nome Nisi Cuílo, em territórios do Congo-Quinxassa.[8]

Já politicamente forte, o reino do Congo organizou uma expedição e conquistou o reino rival de Muene Cabunga, que tinha sua capital na ainda denominada Mongo-dia-Congo. Após a conquista, a cidade mudou de nome, passando a chamar-se M'banza Congo, para onde o rei do Congo se mudou e construiu o seu palácio.[8]

Chegada dos portugueseseditar código-fonte

Aspecto de São Salvador do Congo, em pintura de 1745.

Em 1483, o explorador Diogo Cão, a serviço do reino de Portugal, chega em M'banza Congo, onde assentava-se o trono do manicongos, monarcas que governavam o Reino do Congo. Quando os portugueses chegaram, ela já era uma grande cidade, a maior da África sub-equatorial.[9]

No ano de 1549, por influência dos missionários portugueses, foi construída a igreja católica Catedral de São Salvador do Congo no local em que os angolanos reclamam ser a mais antiga da África Sub-Saariana. A edificação foi elevada a catedral em 1596.[10]

O nome "São Salvador do Congo", para designar a cidade de M'banza Congo, apareceu pela primeira vez em cartas enviadas por Álvaro I do Congo (ou Álvaro II do Congo), entre os anos de 1568 e 1587.

Durante o reinado de Afonso I do Congo, edificações de pedra foram criadas, incluindo o palácio e muitas igrejas. Em 1630 foram relatados cerca de 4000 a 5000 baptismos cristãos na cidade, naquele ano com uma população de 100.000 pessoas.

Decadência e abandonoeditar código-fonte

Os desentendimentos do reino do Congo com o reino de Portugal, levaram a cidade a ser saqueada várias vezes, principalmente durante a guerra civil que se seguiu após a batalha de Ambuíla. As consequências foram tão dramáticas que São Salvador do Congo foi abandonada no ano de 1678.[11]

Nas cercanias do ano de 1704 o rei Pedro IV do Congo concede a Quimpa Vita, líder política, profetiza e membro da monarquia congolesa a incumbência de ser a regente de São Salvador do Congo, numa tentativa de reocupar e restaurar a cidade. Por esforço de Quimpa Vita a cidade foi reestruturada e reconstruída aos poucos, não sendo mais abandonada desde então.[11]

Séculos XIX e XXeditar código-fonte

Brasão de São Salvador do Congo durante o período colonial.

No século XIX Portugal criou o Protetorado do Congo Português e, em seguida, o "distrito do Congo", mas resolveu não assentar os aparatos administrativos em São Salvador do Congo, a preterindo por Cabinda.

Durante a grande revolta do Congo contra Portugal, a cidade foi parcialmente destruída, caindo em desgraça, pois em 1914 a monarquia congolesa é extinta, deixando de ser capital.[12]

Em 1917 o governo colonial pretere mais uma vez a cidade de São Salvador do Congo, pois transfere a capital do distrito do Congo para a antiga capital do ducado de Bambata, a cidade de Maquela do Zombo.[13]

Em 1922, porém, a cidade passa a sediar o "distrito do Zaire", condição que conserva até 1930, quando o distrito do Zaire é fundido ao de Cabinda para tornar-se a "Intendência-Geral do Zaire e Cabinda", com capital na cidade de Cabinda.[14][13]

Em 1961 a cidade recupera seu status de capital, quando ocorre a refundação do "distrito do Zaire".[14][15]

Pós-independênciaeditar código-fonte

A cidade voltaria a se chamar M'banza Congo, após a Independência de Angola em 1975.

O papa João Paulo II visitou a cidade, fazendo um culto especial na histórica catedral em 1992, onde fez apelo ao processo de paz que se negociava em função da Guerra Civil Angolana.[16]

Geografiaeditar código-fonte

O município situa‐se no topo do planalto de Tôtila,[17] que possui muitas encostas escarpadas; a sede municipal está numa elevação com cerca de cinco quilómetros quadrados, a cerca de quinhentos e vinte metros de altura em relação ao nível do mar.[11] O planalto divide as sub-bacias dos rios Mupozo e Luezi.[18]

O município de M'banza Congo é dividido, além da comuna sede, que corresponde a própria cidade de M'banza Congo, nas comunas de Calambata, Caluca, Quiende, Luvu (ou Luvo) e Madimba (ou Nadinba).[19]

Economiaeditar código-fonte

M'banza Congo é agora um importante centro comercial de atacado e varejo para a província zairense; serve também como centro agroindustrial beneficiador de milho, amendoim, amêndoas, gergelim e mandioca cultivados no leste do Zaire.[20]

A cidade também possui plantas industriais de beneficiamento de carnes, couro e leite, havendo também unidades de fabricação de bebidas, de têxteis e de materiais de construção.[21]

A capital zairense ainda dispõe de uma gama grande de serviços financeiros, administrativos, além de oferta de outros relacionados com a saúde, turismo, educação e entretenimento.[20]

Infraestruturaeditar código-fonte

Transporteseditar código-fonte

As principais ligações rodoviárias do M'banza Congo são pelas rodovias EN-210, que dá ligação ao Nezeto e à Cuimba, e; a EN-120 (Rodovia Transafricana 3), que dá ligação a Matadi (Congo-Quinxassa).

A cidade ainda dispõe do Aeroporto Pedro Moisés Artur, que em breve será substituído por uma nova infraestrutura, a 33 quilómetros do centro da cidade.[22]

Educaçãoeditar código-fonte

Na educação superior, a cidade dispõe de um campus universitário, que sedia a Escola Superior de Ciências Socias, Artes e Humanidades do Zaire.[23]

Cultura e lazereditar código-fonte

Culturaeditar código-fonte

Uma das principais manifestações culturais-religiosas da cidade, e por consequência do país, são as festividades de São Salvador, o padroeiro da cidade, e a procissão em alusão ao martírio de Quimpa Vita. Quem as promove é a Diocese de Mabanza Congo.[17]

Outras manifestações culturais de grande relevo são o Carnaval e o FestiCongo; a segunda é uma festa multicultural que reúne os povos e países que integravam o antigo Reino do Congo.[24]

Lazereditar código-fonte

M'banza Congo é conhecida pelas ruínas da Catedral de São Salvador do Congo (construída em 1492), do século XV, que afirmam ser a igreja colonial mais antiga da África Subsaariana. Na tradição oral, diz-se que esta mesma igreja, conhecida localmente como Culumbimbi, foi construída por anjos durante a noite. Foi elevado ao status de catedral em 1596. O Papa João Paulo II visitou o local durante sua visita à Angola em 1992.[25]

Outro local interessante de importância histórica é o memorial da mãe do rei Afonso I, próximo ao aeroporto, que rememora uma lenda popular que começou na década de 1680 em que o rei possivelmente havia enterrado sua mãe viva, porque ela não estava disposta a desistir de um "ídolo" que ela usava em volta do pescoço.

Outros locais importantes incluem o Jalancuvo, a árvore de julgamentos do manicongo, que ainda pode ser encontrada no centro da cidade, juntamente com o Sunguilu, uma estrutura retangular no nível do solo onde a tradição local diz que o corpo do rei foi lavado antes do enterro. Ambos estão nas terras do palácio real e do museu real atual.

O Museu Real do Congo, reconstruído como uma estrutura moderna, abriga uma impressionante coleção de artefatos do antigo reino, embora muitos tenham sido perdidos do prédio mais antigo durante a Guerra Civil Angolana.[26]

Referências

Bibliografiaeditar código-fonte

  • Sean Sheehan; Jui Lin Yong; Yong Jui Lin (Janeiro 2010). Angola. Marshall Cavendish. pp. 136–. ISBN 9780761448457.
  • Josué Ndamba (Março 2022). Kongo Kultur Vol.4. 2021 : Réhabiliter et s’approprier MBanza Kongo. Paari éditeur. ISBN 978-2-84220-117-3.

Ver tambémeditar código-fonte

Ligações externaseditar código-fonte

Ícone de esboçoEste artigo sobre geografia de Angola, integrado ao projecto Angola, é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.
🔥 Top keywords: Wikipédia:Página principalEspecial:PesquisarSilvio LuizAntero GrecoWashington RodriguesChatGPTCleópatraMárcia (cantora brasileira)Paulo SoaresYasukeYouTubeNova CaledóniaCandombléCássio RamosEnchentes no Rio Grande do Sul em 2024Verinha DarcyRio Grande do SulPablo MarçalSony ChannelAMBEVCanal BrasilEduardo LeiteFicheiro:Logotipo da GloboNews.pngBrasilDanubio Fútbol ClubSalomãoEslováquiaBaby ReindeerJuraj Cintula16 de maioPaulo PimentaWhatsAppHigh Frequency Active Auroral Research ProgramRobert FicoCopa Libertadores da América de 2024Club BolívarAlma GêmeaCopa Libertadores da AméricaCristiano Ronaldo