Selma Lagerlöf

escritora sueca

Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf ( PRONÚNCIA; Mårbacka, 20 de novembro de 185816 de março de 1940) foi uma escritora sueca. [1][2]

Selma Lagerlöf
Selma Lagerlöf
Retrato, 1909
Nome completoSelma Ottilia Lovisa Lagerlöf
Nascimento20 de novembro de 1858
Mårbacka, Östra Ämtervik, Sunne, Suécia
Morte16 de março de 1940 (81 anos)
Mårbacka, Östra Ämtervik, Sunne, Suécia
Nacionalidadesueca
OcupaçãoEscritora
Prêmios Nobel de Literatura (1909)
Magnum opus

Vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 1909, é uma das escritoras suecas mais lidas e com maior sucesso internacional. Entre as suas obras mais conhecidas estão "A saga de Gösta Berling", "Jerusalém" e "A Viagem Maravilhosa de Nils Holgersson através da Suécia".[3][4][5][1]

Selma Lagerlöf foi a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel de Literatura em 1909 e também a primeira mulher a ser membro da Academia Sueca, em 1914.[6][2]

Biografia

Selma nasceu na paróquia de Östra Ämtervik, província da Värmland, oeste da Suécia, numa casa senhorial chamada Mårbacka, que seus pais administravam. Era filha de Erik Gustaf Lagerlöf, tenente do Regimento Real da Värmland e Louise Lagerlöf, cujo pai era um comerciante muito bem-sucedido e dono de uma fundição. Selma era a quinta criança entre os seis filhos do casal. Ela nasceu com uma displasia no quadril, que causou o deslocamento da junta. Com três anos e meio, Selma ficou doente, o que a deixou com as pernas dormentes, mas ainda que tenha se recuperado, ficou restrita à cama por um bom tempo.[7][8]

Selma era uma criança quieta, considerada muito séria para sua idade, mas que demonstrava grande amor pela leitura. Com frequência era vista lendo poesia quando pequena, ainda que não tenha publicado nada oficialmente quando ficou adulta. Sua avó ajudou a criá-la, sempre contando contos de fadas e histórias de fantasia. Ao crescer, era modesta e mancava um pouco.[7]

Como outras crianças de classe abastada, as crianças da família Lagerlöf receberam educação em casa, com tutores e professores particulares. Eles vinham para a residência, onde educavam os jovens em inglês e em francês. Selma terminou de ler seu primeiro romance aos sete anos, Osceola, de Thomas Mayne Reid. Depois da leitura, Selma disse à família que decidira se tornar escritora quando crescesse.[9]

Em 1868, aos 10 anos, Selma terminou de ler a Bíblia. Por volta dessa época, seu pai ficou muito doente e ela esperava que seu pai se recuperasse caso lesse a Bíblia de uma ponta a outra. Seu pai viveu por mais 17 anos depois disso. A venda da residência em Mårbacka logo após a doença de seu pai teve um grande impacto em sua vida. Algumas fontes apontam que ele era alcoólatra, algo que ela nunca discutia. Ele não queria que Selma tivesse mais educação além do básico, nem que se envolvesse com o movimento feminista. Mais tarde, quando Selma ganhou o Nobel de Literatura, ela compraria de volta a propriedade para seu pai e moraria lá para o resto da vida.[10] Selma terminou os estudos no Seminário Real (Högre lärarinneseminariet), onde se tornou professora no mesmo ano em que seu pai morreu.[11]

Carreira

Selma Lagerlöf com 23 anos, em 1881.

Selma estudou no Seminário Real, em Estocolmo, de 1882 a 1885. Trabalhou como professora de ensino médio em uma escola para moças na área rural, em Landskrona, de 1885 a 1895, enquanto aprimorava suas habilidades de escrita, com interesse nas lendas que aprendeu quando era criança. O ofício de professora era algo que Selma gostava, bem como gostava de seus alunos.[9]

Através de seus estudos em Estocolmo, Selma reagiu contra o realismo da literatura contemporânea sueca de escritores, como August Strindberg. Seu primeiro livro, A Saga de Gösta Berling, foi escrito enquanto dava aulas em Landskrona. Seu primeiro sucesso como escritora veio depois que submeter os primeiros capítulos da Saga em uma competição literária da revista Idun. Ela não apenas ganhou a competição como também ganhou um contrato para a publicação do livro. No começo, sua escrita recebeu críticas mornas, mas depois que o famoso crítico Georg Brandes, lhe fez uma crítica positiva, sua populariade cresceu.[12]

Em 1894 conheceu a escritora sueca Sophie Elkan, uma amiga e companheira de vida. Por muitos anos, elas liam e criticavam os trabalhos uma da outra. Selma costumava dizer que Sophie influenciou fortemente seu trabalho e que ela frequentemente discordava da direção que Selma queria tomar em seus livros. As cartas de Selma para Sophie foram publicadas em 1993, com o título Du lär mig att bli fri (Você me ensinou a ser livre).[13]

Morte

Mårbacka

Selma morreu em 16 de março de 1940, aos 81 anos, alguns dias depois de sofrer um AVC hemorrágico, na casa da família em Mårbacka. Ela foi sepultada no Cemitério de Östra Ämtervik.[14][15]

Carreira literária

Em 1885, a família de Selma, mediante a doença do pai e as dívidas do irmão Johan, perdeu Mårbacka. Secretamente, Selma desejava trabalhar o suficiente para recuperar a propriedade da família. Foi auxiliada pela baronesa Sophie Lejonhufvud Adlersparre (Esselde), que a incentivou a publicar seus versos em Dagny, a revista literária feminista fundada por ela. Em 1890, participou de um concurso de contos com alguns capítulos de um romance que estava escrevendo, e ganhou seu primeiro prêmio em dinheiro. Em 1891, publicava o romance completo, A Saga de Gösta Berling.[16]

Selma Lagerlöf, pintada por Carl Larsson

Após o sucesso, vieram Os Laços Invisíveis, em 1894, uma coleção de contos. Desses, o mais popular foi A Penugem. Nessa ocasião, em Estocolmo, Selma conhece Sofia Elkan, escritora de romances históricos, com a qual manterá correspondência e amizade pelo resto da vida. A partir dessa época escreveu Os Milagres do Anticristo, em 1897, na Itália, considerado uma crítica ao socialismo siciliano, e Lenda de uma Quinta Senhorial, em 1898, concebido sobre o tema de A Bela e a Fera. Entre 1900 e 1902, publicou os dois volumes de Jerusalém, após uma viagem ao Egito e à Palestina, e posteriormente Escudos do Senhor Arne, As Lendas de Jesus Cristo e O Livro das Lendas. Já então era considerada uma das maiores escritoras suecas.[16]

Alfred Dalin, diretor da escola de Husqvarna, fez-lhe a proposta de um livro para crianças das escolas primárias, que ensinasse a história e a geografia de seu país. Selma aceitou, elaborando extensa pesquisa e viagens de estudo, concluindo entre 1906 e 1907 a obra A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson através da Suécia, alcançando tamanho sucesso que pôde realizar seu sonho: comprar novamente Mårbacka, em 1910. Em 1904, recebera a medalha de ouro da Academia Sueca; em 1907, fora nomeada doutora honoris causa da Universidade de Uppsala; em 1909, recebera o Nobel de Literatura.

Em 1914, entrou para a Academia Sueca, mas conservou sua vida de fazendeira, criando gado e beneficiando farinha de aveia, e continuou escrevendo: A Casa de Liljekrona, em 1911, O Carroceiro da Morte, em 1912, e um compêndio de lendas escritas de 1915 a 1921, reunidas em Gnomos e Homens. Depois publicou O Imperador de Portugal, em 1914, O Exilado, em 1918, a trilogia dos Löwensköld, de 1925 a 1928, entre eles seu último romance, Anna Svärd.

Desde 1992, seu retrato tem sido destaque na nota de 20 coroas suecas.[17]

Academia Sueca

Selma Lagerlöf ocupou a cadeira 7 da Academia Sueca, para a qual foi eleita em 1914.[18]

Prémio nobel da literatura 1909

Em 1909 foi distinguida com o Nobel de Literatura. O prémio foi-lhe atribuído "pelo idealismo nobre, riqueza de imaginação e equilíbrio dos seus textos".[19]

o conto "A lenda de uma dívida" (do livro Bok av Legender (1902) (trad. O Livro das Lendas, por Pepíta de Leão), foi narrado no banquete do Premio Nobel, a 10 de dezembro de 1909.

Características literárias

Genuinamente ligada à sua província natal - a Värmland, Selma Lagerlöf ganhou fama internacional com o seu livro A Maravilhosa Viagem de Nils Holgersson através da Suécia, entrou como primeira mulher na Academia Sueca, e foi laureada como primeira mulher com o Prémio Nobel da Literatura.[16]

No fim do século XIX, a literatura sueca era dominada pelo realismo naturalista. Selma Lagerlöf, com sua obra mesclada de gnomos, duendes e fantasmas, ao recriar a atmosfera ficcional das lendas e relatos populares, significou uma volta ao romantismo.Era vista, popularmente, como uma narradora que encarnava a arte dos contos populares.[16]

Claes Annerstedt, que fez o discurso de recepção para Selma por ocasião da entrega do Nobel de Literatura, em dezembro de 1909, diria: "Para ela a natureza, mesmo inanimada, possui vida própria, invisível e contudo real".[20]

Obras principais

Ver também

Referências

Ligações externas

Commons
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Precedido por
Rudolf Eucken
Nobel de Literatura
1909
Sucedido por
Paul Heyse