Sismo do Chile de 2010

sismo de magnitude 8,8 no Chile em 27 de fevereiro de 2010

O sismo do Chile de 2010 ocorreu ao longo da costa da Região de Maule no Chile[2] em 27 de fevereiro de 2010, às 3h34min na hora local (6h34min UTC), atingindo uma magnitude de 8,8 na escala de magnitude de momento e durando três minutos.[3][4] O terremoto foi sentido na capital Santiago com intensidade VIII na escala de Mercalli (Ruinoso).[5] Tremores foram sentidos em muitas cidades argentinas, incluindo Buenos Aires, Córdoba, Mendoza e La Rioja.[6][7] Outros foram sentidos mais ao sul, como na cidade de Ika no sul do Peru,[8] e até mesmo em algumas regiões no Estado de São Paulo.[9]

Sismo do Chile de 2010
Sismo do Chile de 2010
Consequência de uma tsunami proveniente do terremoto que atingiu o Chile em 27 de fevereiro de 2010.
Sismo do Chile de 2010
Mapa da área atingida pelo sismo de 27 de fevereiro de 2010 na costa do Chile.
Epicentro35° 50' 45,6" S 72° 43' 8,4" O
Profundidade35
Magnitude8,8 MW
Data27 de fevereiro de 2010
Zonas mais atingidas Chile
Vítimas525 mortos, 25 desaparecidos[1]

Alertas de tsunami foram emitidos por 53 países,[5] e um tsunami foi registrado, com ondas superiores a 2,6 m. no mar de Valparaíso, Chile. A presidente Michelle Bachelet declarou "estado de calamidade". Ela também confirmou a morte de pelo menos 763 pessoas.[10] Muitos outros foram registrados como desaparecidos.[11][12][13] Este foi o segundo maior terremoto já registrado no Chile,[14] e um dos sete mais poderosos já registrados no mundo.[15]

Sismologistas estimam que o terremoto tenha sido tão poderoso que o sismo teria encurtado a duração do dia em 1,26 microssegundos e deslocado o eixo terrestre em 8 cm.[16][17][18]

O epicentro do sismo foi no mar da região de Maule, aproximadamente 8 km a oeste de Curanipe e 185 km a norte-nordeste da segunda maior cidade do Chile, Concepción.[19][20] O terremoto também causou seichas que ocorreram no Lago Pontchartrain ao norte de Nova Orleães, Estados Unidos, localizadas a cerca de 7 600 km do epicentro do terremoto.

Geologia

O sismo aconteceu na subducção da Placa de Nazca sob a placa da América do Sul.

O sismo ocorreu ao longo da fronteira entre a Placa de Nazca e a Placa Sul-Americana, as quais convergem a uma taxa de aproximadamente 8 cm por ano,[21] tendo sido causado por um movimento de subducção da primeira sob a segunda.

A costa do Chile é um local de intensa atividade sísmica. A zona está situada sobre o Círculo de Fogo do Pacífico. Até hoje o maior abalo sísmico sofrido pelo país, que também foi o mais potente já registrado em todo o mundo, foi o sismo de Valdivia de 1960, com magnitude 9,5Mw.[22] Mais recentemente, em 2007, o Sismo de Tocopilla, que atingiu 7,7 Mw e afetou a região de Antofagasta, também teve seu epicentro localizado entre as placas de Nazca e Sul-americana.

Entretanto, Richard Gross do Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA concluiu através da aplicação de modelização computorizada de que o sismo alterou em cerca de oito centímetros o eixo da Terra, tornando os dias mais curtos em cerca de 1,26 microssegundo.[23]

Danos e vítimas

Residência destruída pelo terremoto.
Prédio destruído em Concepción.

Segundo um cinegrafista da Associated Press Television News, alguns edifícios desmoronaram em Santiago e houve corte no fornecimento de energia em algumas partes da cidade.[24] Edifícios danificados e incêndios foram registrados em Concepción.[25] O governo já havia contabilizado 234 mortes no fim do primeiro dia.[26][27] As vítimas fatais alcançavam 525 pessoas.[1]

Em diferentes cidades ocorreram roubos e saques, de lojas, prédios e casas, especialmente os mais afetados.[28] Em Concepción, apesar do toque de recolher, os saques continuaram e foi incendiado o shopping La Polar. O terremoto causou a escassez de matérias-primas, as pessoas em várias cidades para longas filas nos postos de gasolina para fazer combustível,[29] os danos sofridos em muitas refinarias, forçou a Companhia Nacional de Petróleo aumentar as importações de combustível para garantir o abastecimento energia, por decisão da presidente Cristina Kirchner, Argentina dobrou o envio de gás para aliviar a demanda para fins de geração de energia a diesel.[30]

No Aeroporto Internacional de Santiago, uma de suas passarelas de acesso à entrada caiu. Dutos de ar condicionado se romperam, inundando o saguão, que também ficou bastante danificado. Houve perdas de equipamentos, como televisores, telões, letreiros e objetos das lojas. As autoridades aeroportuárias fecharam todas as operações de voo durante 72 horas, à torre de controle e nem às pistas, que resistiram perfeitamente aos fortes tremores.[2]

A ONEMI (Oficina Nacional de Emergencia) do Chile estima que, na escala de Mercalli, a intensidade do sismo na província de Bibío tenha sido IX e, em Santiago, VIII.[31] A USGS estimou a intensidade em Santiago e Valparaíso em VII-VIII MM.

A empresa Air Worldwide, especializada em avaliar o impacto financeiro de desastres naturais, estima que o prejuízo total decorrente do terremoto possa ultrapassar 15 bilhões de dólares, considerando não só os danos ocorridos em edificações, mas também na infraestrutura - estradas, pontes, aeroportos, redes elétricas e de telecomunicações.

Do outro lado do Oceano Pacífico, mais de 540 mil pessoas tiveram que deixar suas casas na Ilha de Honshu, no Japão, devido à ameaça de tsunamis. A previsão inicial era que vagalhões de até 3 metros de altura atingissem a região, contudo foram registrados ondas de no máximo 1,45 metros.[32] Também houve evacuações nas Filipinas e na Nova Zelândia.[32] Hawaii, México, Ilhas Galápagos e vários arquipélagos espalhados pelo Pacífico registraram ondas variando de 50 centímetros a 2 metros de altura, mas sem grandes danos.[33] Já o arquipélago de Juan Fernández, e em especial a ilha de Robinson Crusoé, localizados a apenas 700 km da costa chilena foram devastados por tsunamis que atingiram 3 a 5 metros de altura, resultando em 16 mortes.[34][35]

Praia de Pichilemu, Chile após o terremoto.

Auxílio do governo brasileiro

Após reunir-se com Michelle Bachelet, em Santiago, o então presidente Lula comprometeu-se a enviar um hospital de campanha da Marinha Brasileira, além de profissionais de saúde e de resgate, para auxílio às vítimas do terremoto. Durante o sismo, havia 300 a 400 brasileiros em trânsito no Chile. 30 deles regressaram em 2 de março, no avião reserva da FAB que acompanhava a aeronave do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aeronaves avião Hércules da FAB seguiram para o Chile nos dias seguintes para trazer outros grupos de brasileiros e levar ajuda ao país, incluindo o Hospital de Campanha da Marinha do Brasil. Dois helicópteros H-60 Blackhawk chegaram a Concepción no dia 4 de março, de onde cumpriram missões de transporte de ajuda humanitária até o dia 19 daquele mês.

Ver também

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Referências