Unidade de Conversão Operacional N.º 1 da RAAF

A Unidade de Conversão Operacional N.º 1 foi uma unidade de treino operacional da Real Força Aérea Australiana (RAAF). Formada em Janeiro de 1959 na Base aérea de Amberley, em Queensland, a sua missão era a de instruir pilotos e navegadores para os capacitar a operar os bombardeiros English Electric Canberra dos esquadrões 1, 2 e 6. A unidade possuía alguns aviões Canberra: um T.4 e um Mk.21, ambos com controlos duplos, e um Mk.20. Originalmente parte da Asa N.º 82, esta unidade tornou-se independente da asa em Abril de 1968 devido à alteração da sua missão prioritária, que passou a ser o treino e instrução de pilotos e navegadores do Esquadrão N.º 2, que prestava serviço na Guerra do Vietname. A Unidade de Conversão Operacional N.º 1 foi extinta em Junho de 1971 após a retirada do Esquadrão N.º 2 do Sudeste Asiático. Quando regressou à Austrália, sendo que era a única unidade a operar bombardeiros Canberra, o Esquadrão N.º 2 passou a realizar os seus próprios treinos de conversão até ser extinto em 1982.

Unidade de Conversão Operacional N.º 1

Um Canberra Mk.20, outrora usado pela Unidade de Conversão Operacional N.º 1 entre 1970 e 1971 depois de prestar serviço no Vietname, está em exposição estática na Base aérea de Wagga, Nova Gales do Sul.[1]
País Austrália
CorporaçãoReal Força Aérea Australiana
SubordinaçãoAsa N.º 82 (1959–68)
MissãoTreino operacional e conversão para bombardeiros
Período de atividade1959–71
Sede
Base aéreaBase aérea de Amberley

História

Um Canberra T.4, um exemplo de um modelo com duplo controlo e três assentos, usado pela Unidade de Conversão Operacional N.º 1

Durante a Segunda Guerra Mundial a Real Força Aérea Australiana criou várias unidades de conversão operacional para capacitar os pilotos recém graduados a operar aeronaves de combate, além de treinar e instruir aqueles que já eram pilotos. Com o final da guerra, as unidades de conversão operacional foram dissolvidas, e a conversão dos jovens pilotos era realizada pelos esquadrões da linha da frente. Esta prática causou impacto no serviço normal dos esquadrões e com o eclodir da Guerra da Coreia, juntamente com a introdução da aviação a jacto, fez com que houvesse a necessidade de um sistema de treino mais formal. Em Março de 1952 a força aérea inicialmente decidiu re-estabelecer a Unidade de Treino Operacional N.º 2 (treino em caças) na Base aérea de Williamtown, Nova Gales do Sul; em Setembro de 1958, esta unidade foi re-baptizada como Unidade de Conversão Operacional N.º 2.[2]

Em Dezembro de 1953 a Asa N.º 82, com quartel-general na Base aérea de Amberley, em Queensland, recebeu o primeiro bombardeiro a jacto da Austrália, o English Electric Canberra. Durante os cinco anos seguintes, quarenta e oito bombardeiros Canberra construídos na Austrália re-equiparam as três unidades de bombardeamento da asa: o Esquadrão N.º 1, o Esquadrão N.º 2 e o Esquadrão N.º 6.[2][3] Durante este período, o treino operacional para as tripulações do novo bombardeiro foi realizado pela própria asa, principalmente pelo Esquadrão N.º 6.[4][5] Além dos efeitos adversos ao serviço de voo regular da unidade, esta tarefa revelou-se um desafio técnico e potencialmente perigoso devido ao facto de que o Canberra ser desenhado para ter apenas uma única coluna de controlo.[2]

No dia 12 de Janeiro de 1959 a Unidade de Conversão Operacional N.º 1 (treino em bombardeiros) foi formada em Amberley. Ficando sob o comando da Asa N.º 82, o seu propósito era o de converter os pilotos e navegadores recém graduados para o Canberra, além de também os treinar para a realização de operações nos esquadrões 1, 2 e 6.[4][6] Depois de estabelecida, a unidade foi comandada pelo Líder de esquadrão B. F. M. Rechinger, e foi equipada com bombardeiros Canberra Mk.20 e a sua versão de treino, o T.4.[6] O T.4 era um avião com duplo controlo e três assentos; o piloto e o instrutor ficavam sentados lado a lado na parte da frente do cockpit, e o navegador ficava sentado atrás deles.[7] Dois destes modelos foram comprados ao Reino Unido.[3][8] A unidade foi posteriormente reforçada com modelos de treino Mk.21; estes modelos Mk.21 foram construídos na Austrália, convertendo cinco modelos Mk.20 e dois B.2 do Reino Unido.[8][9] Os estudantes realizavam instrução de bombardeamento e navegação, além de operações simuladas. O primeiro curso graduou-se em Abril de 1959.[6]

Um Canberra do Esquadrão N.º 2 nos céus do Vietname, em Março de 1970; entre Abril de 1968 até ser dissolvida em Junho de 1971, a Unidade de Conversão Operacional N.º 1 treinou tripulações na Austrália para prestarem serviço no esquadrão.

Além de treinar, ao longo do curso os alunos da Unidade de Conversão Operacional N.º 1 realizavam alguns voos operacional em cooperação com a Marinha Real Australiana, fotografia aérea, ataque em alvos predefinidos, e ainda participaram em exercícios na Malásia, Papua-Nova Guiné e Nova Zelândia.[6][10] Quando a pista de Amberley esteve em obras a meio do ano de 1962, a unidade ficou durante um mês colocada na Base aérea de Richmond, Nova Gales do Sul. Mais tarde nesse ano, teve também um destacamento na Base aérea de Townsville, Queensland.[6] No dia 11 de Setembro de 1964, um dos bombardeiros Canberra foi interceptado por um CAC Sabre do Esquadrão N.º 76, colocado na Base aérea de Darwin, no Território do Norte; esta intercepção fazia parte da Operação Handoer, um treino de um programa que fazia parte da preparação das unidades aéreas durante a Konfrontasi, preparando os militares destas unidades para um possível ataque da Indonésia depois do recém-estabelecimento da Federação da Malásia.[11] A Unidade de Conversão Operacional N.º 1 sofreu um acidente fatal no dia 16 de Fevereiro de 1965, quando um Canberra Mk.21 saiu da pista de descolagem e sofreu um acidente; todos os tripulantes faleceram.[6][8] Em Abril de 1968 a unidade tornou-se independente da Asa N.º 82. A partir desta altura, a sua missão era a de providenciar tripulações treinadas exclusivamente para o Esquadrão N.º 2, que estava a prestar serviço na Guerra do Vietname.[4] Ao mesmo tempo, as responsabilidades de manutenção dos Canberra passou do Esquadrão N.º 482 para a Unidade de Conversão Operacional N.º 1, juntamente com alguns efectivos e equipamento inerente à manutenção.[12] Os esquadrões 1 e 6 cessaram efectivamente as suas operações, enquanto as suas tripulações passaram por um curso de conversão para o bombardeiro General Dynamics F-111C, avião que se esperava que entrasse rapidamente em serviço pela RAAF.[13] A entrega dos F-111 foi adiada, e os esquadrões 1 e 6 passaram a operar aviões F-4E Phantom emprestados pelos Estados Unidos em 1970.[14][15]

Para preparar as tripulações para a rotação de serviço pelo Esquadrão N.º 2 no Vietname, os estudantes da Unidade de Conversão Operacional N.º 1 participaram em exercícios como o Combat Skyspot em Agosto de 1968, no qual se utilizou equipamento de radar controlado pelo Esquadrão N.º 30, e o Strait Kris entre Setembro e Outubro de 1969 em conjunto com o Exército Australiano.[6] A unidade perdeu mais dois militares quando um Canberra M.21 num voo de treino despenhou-se perto de Amberley, no dia 23 de Março de 1970.[8][16] De 21 de Março até 25 de Abril de 1971, quatro aeronaves da unidade voaram 16 mil quilómetros à volta da Austrália para realizar sete exibições aéreas em comemoração do Jubileu de Ouro da RAAF.[17] Depois de completar trinta e seis cursos de conversão durante os seus doze anos de existência, a Unidade de Conversão Operacional N.º 1 foi dissolvida no dia 9 de Junho de 1971, depois de o Esquadrão N.º 2 ter deixado o Vietname. O pessoal da unidade foi transferido para o Esquadrão N.º 2, que continuou a operar os bombardeiros Canberra e passou a realizar os seus próprios cursos de conversão operacional até o próprio esquadrão ser dissolvido em Junho de 1982.[4][6] Dez dos quinze bombardeiros da Unidade de Conversão Operacional N.º 1 foram armazenados e os restantes, incluindo os Mk.21, ficaram a pertencer à frota do Esquadrão N.º 2.[9][17] Quando os F-111C eventualmente entraram de serviço pela Asa N.º 82 em 1973, o Esquadrão N.º 6 assumiu novamente a responsabilidade pelo treino de conversão, enquanto o Esquadrão N.º 1 agiu como a principal unidade de ataque.[5][18] O bombardeiro Canberra A84-236, que pertenceu à Unidade de Conversão Operacional N.º 1 em 1968 e em 1970 quando não estava a prestar serviço pelo Esquadrão N.º 2 no Vietname, ficou em exposição estática no Museu da RAAF, em Point Cook, Vitória, em 1982.[19]

Referências

Bibliografia

  • Bennett, John (1995). Highest Traditions: The History of No. 2 Squadron, RAAF (em inglês). Camberra: Australian Government Publishing Service. ISBN 0-644-35230-2 
  • Eather, Steve (1995). Flying Squadrons of the Australian Defence Force (em inglês). Weston Creek, Território da Capital Australiana: Aerospace Publications. ISBN 1-875671-15-3 
  • Lax, Mark (2010). From Controversy to Cutting Edge: A History of the F-111 in Australian Service (em inglês). Camberra: Air Power Development Centre. ISBN 978-1-920800-54-3 
  • RAAF Historical Section (1995). Units of the Royal Australian Air Force: A Concise History. Volume 7: Maintenance Units (em inglês). Camberra: Australian Government Publishing Service. ISBN 0-644-42800-7 
  • RAAF Historical Section (1995). Units of the Royal Australian Air Force: A Concise History. Volume 8: Training Units (em inglês). Camberra: Australian Government Publishing Service. ISBN 0-644-42800-7 
  • Stephens, Alan (1995). Going Solo: The Royal Australian Air Force 1946–1971 (em inglês). Camberra: Australian Government Publishing Service. ISBN 0-644-42803-1 
  • Wilson, Stewart (1989). Lincoln, Canberra and F-111 in Australian Service (em inglês). Weston Creek, Território da Capital Australiana: Aerospace Publications. ISBN 0-9587978-3-8