Herói da República de Cuba
O título honorífico de Herói da República de Cuba (em castelhano: Héroe de la República de Cuba) é a mais alta condecoração concedida pela República de Cuba,[1] equivalente a outros títulos heróicos do campo socialista e baseada no equivalente soviético. A distinção é fisicamente representada com a Medalha Estrela de Ouro (Medalla Estrella de Oro), que pende de uma placa dourada também esmaltada com as cores da bandeira nacional.
Herói da República de Cuba | |
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Classificação | |
País | Cuba |
Tipo | Título honorífico |
Agraciamento | Méritos e feitos extraordinários realizados na defesa de Cuba e nas conquistas da Revolução ou por contribuições excepcionais à causa do socialismo e na luta contra o imperialismo. |
Histórico | |
Origem | Cópia do prêmio Herói da União Soviética |
Criação | 1979 |
Primeira concessão | 1980 |
Póstuma | Raúl Díaz-Argüelles Víctor Schueg Colás |
Premiados | 48 |
Hierarquia | |
Equivalente a | Herói do Trabalho da República de Cuba |
Superior a | Ordem da Praia Girón |
Esse título honorífico é concedido para os feitos tidos como heroicos no serviço ao Estado cubano e para a sociedade. Ela foi recebida por mais de quarenta indivíduos, também postumamente, incluindo o cosmonauta cubano General Arnaldo Tamayo Méndez, o comandante revolucionário Juan Almeida Bosque, o líder soviético Leonid Brejnev, o ex-presidente cubano Raúl Castro e os Cinco Cubanos; espiões cubanos capturados em Miami.[2] O popular General Arnaldo Ochoa Sánchez, comandante da expedição em Angola e depois fuzilado, era um Herói da República de Cuba.[3]
Criação
Por força da Lei Fundamental nº 17, de 28 de junho de 1978, a Assembleia Nacional da Câmara Popular definiu o sistema de condecoração da República de Cuba. O título honorífico de Herói da República de Cuba foi criado pelo Decreto-Lei nº 30, de 10 de dezembro de 1979.[4] Segue a descrição da sua outorga:
"É concedido aos membros das Forças Armadas e a qualquer cidadão cubano ou de países amigos, por méritos e feitos extraordinários realizados na defesa da pátria e nas conquistas da Revolução ou por contribuições excepcionais à causa do socialismo e no luta contra o imperialismo."
Tanto civis ou militares cubanos quanto estrangeiros, e também cidades ou vilas, podem ser condecoradas pelos mesmos motivos.[5] Em 1º de janeiro de 1980, a Medalha Estrela de Ouro foi concedida à cidade de Santiago de Cuba e afixada na bandeira da capital.[1] Em 1984 existiam aproximadamente dois Títulos Honoríficos, 19 Ordens, 30 Condecorações e 35 Medalhas.[1]
Descrição da condecoração
O título honorífico de Herói da República de Cuba é fisicamente representada com a Medalha Estrela de Ouro (Medalla Estrella de Oro). Esta medalha dourada é semelhante à sua inspiração soviética da honraria Herói da União Soviética, com estrela, fita e armação montados e usados de forma semelhante. A principal diferença é a fita com as cores da bandeira cubana: listras azuis e brancas, com um triângulo vermelho e estrela branca.
O agraciado poderá usar a medalha com o uniforme militar, e no caso de vestir traje civil deverá usar a miniatura que também lhe será entregue.[6]
Atribuição da condecoração
Os órgãos competentes para propor a sua outorga são: o Presidente do Conselho de Estado e o Ministro das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), sendo o Conselho de Estado o órgão que tem competência para outorgar as diversas condecorações e títulos honoríficos outorgados pelo Estado cubano. A outorga de condecorações a cubanos e estrangeiros é feita por decisão do Conselho de Estado por recomendação da respectiva organização social. Todos os que recebem esta honraria também recebem a Ordem da Praia Girón.[7]
A sua primeira concessão ocorreu em 1º de janeiro de 1980, quando a cidade de Santiago de Cuba foi declarada heróica e a Medalha Estrela Dourada foi afixada na sua bandeira.[1] A primeira pessoa a receber a honraria foi o cosmonauta Arnaldo Tamayo Méndez, o primeiro cubano no espaço.[8]
O General-de-Divisão Arnaldo Tomás Ochoa Sánchez, popular e considerado herói nacional por sua atuação na Venezuela, Etiópia e em Angola, foi acusado e condenado por tráfico de drogas.[9][10] O General Ochoa foi julgado em um tribunal televisionado para o país inteiro, declarado culpado, "traidor da revolução" e executado por fuzilamento; ele é o único Herói da República de Cuba a ter o seu título revogado.[10] O julgamento foi o evento que dominou as mentes dos cubanos até a execução da pena, e uma das possíveis razões para o fuzilamento por traição era justamente a grande popularidade do General Ochoa; que estava prestes a assumir o Exército Ocidental de Havana, o mais poderoso das FAR.[10] Quando apareceu na primeira audiência, Ochoa usava a Medalha Estrela de Ouro no seu uniforme.[9]
Lista de agraciados
A lista de heróis da República de Cuba inclui altos oficiais militares e autoridades civis, comandantes socialistas, e astronautas cubanos e estrangeiros. Este é o prêmio mais alto da República de Cuba e é concedido apenas a pessoas que obtiveram mérito em um grau específico.
- Santiago de Cuba (1980), única cidade condecorada como heróica, pela forte tradição de luta de seus habitantes;[1]
- Gal. Arnaldo Tamayo Méndez (1980), cosmonauta cubano, o primeiro a ser condecorado como Herói da República de Cuba;[8]
- Cel. Yuri Romanenko (1980), cosmonauta soviético e co-tripulante com Méndez na Soyuz-38;[11]
- Valery Ryumin (1980), cosmonauta soviético e duas vezes Herói da União Soviética;[12]
- Ten.-Gal. Leonid Popov (1980), cosmonauta soviético;[13]
- Mar. Leonid Brezhnev (1981), líder da União Soviética;[1][14]
- Gal. Francisco González López (?), codinome "Comandante Pancho", líder guerrilheiro nas montahas de Macizo Nipe-Sagua-Baracoa;[15][16]
- Gal. Abelardo Colomé Ibarra (1984);[17]
- Gal. Arnaldo Ochoa Sánchez (1984), herói nacional e a única pessoa que foi destituída desta honraria, em 1989, quando foi declarado culpado de traição;[10]
- Gal. Harry Villegas Tamayo (1989);[18]
- Gal. Ulises Rosales del Toro (1989);[19]
- Gal. Leopoldo Cintra Frías (1989);[17]
- Gal. Ramón Espinosa Martín (1989);[20]
- Gal. Enrique Carreras Rolas (1989), um dos chefes da Força Aérea Revolucionária. Sua atuação como piloto foi decisiva para a vitória na Invasão da Baía dos Porcos. Ex-Chefe da Força Aérea Cubana em Angola;[21]
- Gal. Rafael Moracén Limonta (1989);[22]
- Cel. Fidencio González Peraza (1989), comandante das tropas cubanas que resistiram ao cerco durante a Batalha de Cangamba;[23]
- Cel. Orlando Cardoso Villavicencio (1989), "combatente internacionalista" que sofreu 11 anos de dura prisão na Somália;[24]
- Rolando Pérez Quintosa (1992, póstuma), policial morto em serviço quando tentava impedir cidadãos cubanos de roubarem um barco para saírem de Cuba;[25]
- Gal. Raúl Castro Ruz (1998), irmão de Fidel Castro e ex-presidente de Cuba;[17]
- Cmte. Juan Almeida Bosque (1998);[26]
- Cmte. Ramiro Valdés Menéndez (2001);[17]
- Cmte. Guillermo García Frías (2001);[17]
- Cmte. Ing. Lic. Pedro Miret Prieto (2001);[27]
- Gal. José Ramón Fernández Álvarez (2001);[28]
- Gral. Dr. Sergio del Valle Jiménez (2001);[29]
- Gal. Álvaro López Miera (2001), Ministro das FAR;[30]
- Gal. Julio Casas Regueiro (2001);[17]
- Gal. Joaquín Quintas Solá (2001);[31]
- Gal. Efigenio Ameijeiras Delgado (2001);[32]
- Gal. Antonio Enrique Lussón Batlle (2001);[33]
- Gal. Samuel Rodiles Planas (2001);[34]
- Eng. Vilma Espín Guillois (2001), ex-guerrilheira, esposa de Raúl Castro, engenheira química e Presidente Fundadora da Federação de Mulheres Cubanas (FMC);[35]
- Lic. Melba Hernández Rodríguez del Rey (2001), Heroína de Moncada, advogada, política e diplomata. Foi embaixadora no Vietnã e no Camboja;[36]
- Gal. Delsa Esther Puebla Viltre (2001), ex-guerrilheira codinome "Teté Puebla" e a primeira mulher general das forças armadas cubanas;[37][38]
- Eng. Antonio Guerrero Rodríguez (2001), um dos Cinco Espiões;[39]
- Fernando González Llort, (2001), um dos Cinco Espiões;[39]
- Lic. Gerardo Hernández Nordelo (2001), um dos Cinco Espiões;[39]
- Lic. Ramón Labañino Salazar (2001), um dos Cinco Espiões;[39]
- René González Sehwerert (2001), um dos Cinco Espiões;[39]
- Cmdte. Dr. José Ramón Machado Ventura (2013), médico e político;[40]
- Gal. Raúl Díaz-Argüelles (2015, póstumo), morto em combate na Batalha do Ebo em Angola;[41]
- Gal. Víctor Schueg Colás, (2015, póstumo) morto em combate em Angola;[41]
- Gal. Carlos Fernández Gondín (2015), ex-ministro do Interior;[41]
- Gal. Romárico Sotomayor García (2015), veterano da Batalha do Quifangondo.[41]
Ver também
Referências
Ligações externas
- Stogieman (14 de janeiro de 2007). «Titulo "Héroe de la de República Cuba"». Gentleman's Military Interest Club (em inglês). Consultado em 14 de setembro de 2023
- Corvaton (12 de junho de 2011). «Hero of Cuba». Gentleman's Military Interest Club (em inglês). Consultado em 14 de setembro de 2023
- «Hero of the Republic of Cuba». World Awards (em inglês). Consultado em 14 de setembro de 2023
- Cuba Debate (25 de fevereiro de 2015). «Los Cinco Héroes de la República de Cuba». TeleSURtv.net (em espanhol). Consultado em 14 de setembro de 2023