Período Jomon

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O período Jomon (縄文時代 Jōmon-jidai?) foi a primeira cultura no arquipélago japonês. Os ancestrais dos Jomon ocuparam as ilhas nipônicas desde o final da quarta glaciação por volta de 14 mil a.C.[1] Os Jomon deixaram vestígios de sua ocupação através de peças de cerâmica consideradas mais antigas do mundo. Por meio da cerâmica, também, assume-se que os Jomon eram semi-sedentários e praticavam uma religião politeísta, baseada no culto de elementos da natureza que parece ter sido ancestral do xintoísmo.Não há registros escritos ou vestígios claros de sua língua e não se sabe até que ponto os Jomon formaram uma civilização coesa cultural, social e politicamente, ou se consistia de agrupamentos humanos descentralizados.

O período Jomon encerra-se por volta de 200 a.C. quando uma nova cultura continental (Yayoi) migrou do Lago Baikal[2] para o sul do Japão, atravessando a península Coreana, trazendo consigo novas influências culturais que caracterizaram este período. Acredita-se que os grupos étnicos mais próximos dos Jomon sejam os Ainos, um povo racialmente distinto dos japoneses e pouco numeroso, ainda presente nas ilhas de Hokkaido, Sacalina e algumas ilhas menores do arquipélago.

Início do período Jomon (8 000 - 4 000 a.C.)

Cerâmica do Período Jomon(14.000–8000) no Museu Nacional de Tóquio, Japão.

O Japão foi fundado por vários povos, da cultura caçadora-coletora Jomon e da posterior cultura Yayoi, baseada na rizicultura. Esses dois principais grupos ancestrais vieram ao Japão por rotas diferentes em épocas diferentes.

O aquecimento que se seguiu após o fim da última Era Glacial (12 mil anos atrás) separou o arquipélago japonês do continente asiático, deixando o ponto mais próximo (em Kyushu) cerca de 190 km da península coreana, perto o suficiente para ser influenciado pelos desenvolvimentos continentais mas longe o suficiente para desenvolver suas próprias peculiaridades. No arquipélago, a vegetação foi transformada no final da Era Glacial. No sudoeste de Honshu, Shikoku e Kyushu, as folhosas verdes dominaram as florestas, enquanto árvores de folhas decíduas eram comuns no nordeste de Honshu e sul de Hokkaido. Nesta última, existiam muitas espécies de árvores, tais como as faias e os carvalhos, que produziam nozes comestíveis. Elas forneciam fontes de alimento para o povo Jomon coletar, estocar, transportar e consumir, além de sustentar os animais que eles caçavam.

No nordeste, a vida marinha abundante carregada para o sul pela corrente de Oyashio, que trazia peixes como o salmão, era uma grande fonte adicional de comida. Assentamentos ao longo do Mar do Japão e do Oceano Pacífico mantinham-se com as imensas quantidades de mariscos, deixando sambaquis (montes de conchas descartadas e outros resíduos) que hoje são uma fonte valiosa de informação para os arqueólogos. Outras fontes de alimento que merecem menção incluem os cervos, inhames e outras plantas selvagens, e peixes de água doce. Suportada pelas florestas decíduas e a abundância de alimentos do mar, a população se concentrava no centro e norte de Honshu, apesar de sítios Jomon serem encontrados de Hokkaido às Ilhas Ryukyu.

Mark J. Hudson da Universidade de Nishikyushu, diz que o Japão foi fundado por uma população proto-mongol muito semelhantes aos caucasóides, durante o Pleistoceno, que se tornou o Jomon, sendo que suas peculiaridades podem ser encontradas em alguns Ainus e okinawanos.[3] Os Jomons compartilham muitas características físicas com caucasianos modernos.[4]

Cerâmica Jomon

De acordo com evidências arqueológicas, o povo Jomon criou algumas das mais antigas peças de cerâmica do mundo, conhecida como Cerâmica Jomon, datada de 14 mil a.C.[5] A antiguidade dessa cerâmica foi identificada pela primeia vez depois da Segunda Guerra Mundial, através de métodos de datação por radiocarbono.[6]

A arqueóloga Junko Habu afirma que "A maioria dos estudiosos japoneses acreditam que a produção de cerâmica foi inventada na Ásia continental e posteriormente introduzida no arquipélago japonês." E explica que "Uma série de escavações na bacia do rio Amur na década de 1980 e 1990 revelou que a cerâmica nesta região podem ser tão velha quanto, se não mais velha que a cerâmica de Fukui".[5]

A cerâmica Jomon foi chamada de Doki Jomon. Jomon significa padrões de corda, porque as decorações em desenhos pareciam feitas por uma corda. O povo Jomon igualmente fazia figuras de barro e vasos decorados com padrões de uma crescente sofisticação feitas ao modelar o barro molhado com cabos, trançados ou não trançados, e paus.[5]

Esse vaso foi usado provavelmente para guardar alimentos. Muitas cerâmicas são decoradas com desenhos usando cordas, variando de simples a intricadas estruturas.

Traços neolíticos

A produção de cerâmica normalmente implica alguma forma de sedentarismo, tendo em vista o fato de que a cerâmica é muito frágil e geralmente inútil para caçadores-coletores que estavam constantemente se movendo. O povo Jomon era, provavelmente, um dos únicos povos sedentários, ou pelo menos semi-sedentários, no mundo. Eles usavam ferramentas de pedra lascada, armadilhas e arcos, e provavelmente eram caçadores-coletores semi-sedentários e habilidosos pescadores costeiros e de águas profundas. Eles praticavam uma forma rudimentar de agricultura e viviam em cavernas e depois em grupos de habitações em buracos ou casas acima do solo, deixando valiosos sambaquis para o estudo moderno da arqueologia.

Expansão populacional

Essa cultura semi-sedentária levou a grandes aumentos populacionais, tanto que o povo Jomon possuía algumas das mais altas densidades conhecidas para populações de caçadores-coletores.[7] Estudos de mapeamento genético feitos por Cavalli-Sforza mostraram um padrão de expansão genética da região do Mar do Japão para o resto do continente asiático. Essa é o terceiro principal componente de variação genética na Eurásia (depois da grande expansão vinda do continente africano, e a segunda expansão vinda do norte da Sibéria), o que sugere uma expansão geográfica no começo do período Jomon.[8] Esses estudos também sugerem que a expansão demográfica dos Jomon possivelmente podem ter alcançado a América através de um caminho pela costa do Pacífico.[9]

Final do Período Jomon (4000 - 300 a.C.)

Prédios reconstruídos no sítio de Sannai-Maruyama, Aomori

Os períodos de início e meio do Jomon viram uma explosão populacional, como provam os inúmeros assentamentos nesse período. Esses dois períodos ocorreram durante a pré-história (entre 4000 a.C. e 2000 a.C.), quando as temperaturas alcançaram alguns graus Celsius a mais do que hoje e o nível médio do mar era 5 ou 6 metros mais alto.[10] Obras artísticas bem elaboradas, como vasos com decorações complexas, foram produzidas nesse período. Após 1 500 a.C., o clima esfriou e a população diminuiu drasticamente. Poucos sítios arqueológicos podem ser encontrados após essa fase.

O início do Jomon é o primeiro estágio da era Jomon da pré-história japonesa. O período Jomon inteiro foi de 10 mil a 300 a.C., com o primeiro estágio durando de 4000 a 3000 a.C., O início do Jomon é caracterizado pelo alto nível do mar (2 a 3 metros mais alto que nos dias de hoje) e um grande aumento populacional.[11] Nesse período, observa-se um aumento na complexidade da arquitetura das casas em fossos, o método mais comum de se construir casas naquela época.[12]

No final do período Jomon, uma mudança gradual começou a se iniciar, de acordo com estudos arqueológicos. Novos habitantes (Yayoi) parece terem invadido o Japão vindos do oeste, trazendo com eles novas técnicas como o cultivo de arroz e a metalurgia. Os assentamentos dos recém-chegados parece terem coexistido com o povo Jomon por algum tempo. Sob essas influências, a cultivação incipiente dos Jomon evoluiu para sofisticados métodos de cultivo de arroz.

Estudos arqueológicos dos períodos Jomon e Yayoi indicam que os dois povos eram visivelmente distintos.[13] Os indivíduos Jomon costumavam ser mais peludos e possuíam olhos mais abertos que os Yayoi. Os Jomon também tinham arcadas superciliares e narizes mais proeminentes que os Yayoi. O povo Yayoi, por outro lado, tinham olhos mais fechados e narizes menores que lembram os japoneses dos dias atuais.[14][15]

Muitos outros elementos da cultura japonesa também datam desse período e refletem um processo migratório do norte do continente asiático e do sul do Pacífico. Entre esses elementos estão a religião xintoísta, costumes de casamento, estilos arquitetônicos e desenvolvimentos tecnológicos tais como a laca, têxteis, arcos laminados, metalurgia e produção de vidro. O Jomon foi sucedido pelo período Yayoi, exceto em Hokkaido, onde o Jomon foi sucedido pelo período Zoku-Jomon (pós-Jomon). A cultura Zoku-Jomon foi sucedida pela cultura Satsumon por volta do século VII.

Divisão do Período Jomon

Incipiente Jomon (14.000 a.C.- 7500 a.C. )
Linear
Fixação
Impressão do Cordão
Muroya menor
Jomon inicial (7500 a.C.- 4000 a.C. )
Igusa
Inaridai
Mito
Baixa Tado
Alto Tado
Shiboguchi
Kayama
Jomon Médio (3000-2000 a.C.)
Katsusaka / Otamadai
Kasori I
Kasori II
Velho Jomon (2000-1000 a.C.)
Horinouchi
Kasori B1
Kasori B2
Angyo I
Final Jōmon (1000–300 a.C.)
Distrito de Tohoku
Oubora B
Oubora BCŌfunato, Iwate
Oubora C1
Oubora C2
Oubora A
Oubora A
Distrito de Kanto
Angyo IIKawaguchi, Saitama
Angyo III

Ver também

Referências

Ligações externas