Makemake

planeta anão do Sistema Solar
 Nota: Este artigo é sobre o planeta anão. Para o deus rapanui, veja Makemake (mitologia).

Makemake, formalmente designado como (136472) Makemake (símbolo: 🝼),[9] é o terceiro maior planeta anão do Sistema Solar e o maior objeto transnetuniano conhecido na população dos cubewanos,[10][nota 1] com um diâmetro de cerca de dois terços o de Plutão.[14] Possui um satélite conhecido, o S/2015 (136472) 1.[15] Sua superfície é coberta por metano, etano e possivelmente nitrogênio e tem uma baixa temperatura média de cerca de 30 K (-243,2 °C).[11]

(136472) Makemake 🝼
Planeta anão
Makemake pelo telescópio Hubble
Makemake visto pelo Telescópio Espacial Hubble
Características orbitais[1][2]
Semieixo maior45,790 UA
Periélio38,507 UA
Afélio53,073 UA
Excentricidade0,159
Período orbital309,86 anos
Velocidade orbital média4,419 km/s
Inclinação28,962 °
Argumento do periastro298,40º
Longitude do nó ascendente79,382°
Número de satélites1 (S/2015 (136472) 1)
Características físicas
Diâmetro equatorial1434 ± 14 km[3]
1502 ± 45 km[4]
1420 ± 60[5] km
Área da superfície~ 6 900 000 km²
Volume~ 1,7×109 km³
Massa? kg
Densidade média1,4-3,2[3] g/cm³
Período de rotação7,771 ± 0,003 horas[6]
Albedo0,81+0,01
−0,02
[3]
Temperaturamédia: −243 ºC
Magnitude aparente16,7 (oposição)[7][8]
Magnitude absoluta−0,4[2]

Inicialmente conhecido como 2005 FY9 e depois pelo código de planeta menor 136472, Makemake foi descoberto em 31 de março de 2005 no Observatório Palomar, por uma equipe liderada por Michael Brown, e anunciado em 29 de julho de 2005. Recebeu o nome do deus rapanui Makemake. Foi formalmente classificado como plutoide e planeta anão em julho de 2008.[14][16]

Descoberta

Makemake foi descoberto em 31 de março de 2005 no Observatório Palomar (em San Diego, Califórnia), por um grupo liderado por Michael E. Brown,[2] e foi anunciado ao público em 29 de julho de 2005, o mesmo dia do anúncio da descoberta de Éris e dois dias depois do anúncio de Haumea.[17]

Apesar de seu brilho relativo (um quinto do brilho de Plutão),[nota 2] Makemake foi descoberto bem depois de outros objetos do Cinturão de Kuiper com um brilho menor do que o dele. A maioria das buscas por planetas menores foram feitas relativamente perto da eclíptica (a região do céu em que o Sol, a Lua e os outros planetas parecem estar, vistos da Terra), devido à maior probabilidade de encontrar objetos lá. É provável que Makemake escapou da primeira pesquisa por causa de sua alta inclinação, e pelo fato de que ele estava na maior distância possível da eclíptica em sua descoberta, no norte da constelação de Coma Berenices.[8]

Além de Plutão, Makemake é o único outro planeta anão brilhante o suficiente para que Clyde Tombaugh pudesse ter descoberto durante sua busca por objetos transnetunianos em 1930.[19] Na época das buscas de Tombaugh, Makemake estava a apenas poucos graus da eclíptica, perto da borda de Taurus e Auriga,[nota 3] com uma magnitude aparente de 16,0.[8] No entanto, essa posição era também muito perto da Via Láctea, portanto a detecção de Makemake ficaria quase impossível com o fundo cheio de estrelas. Tombaugh continuou a procurar por objetos transnetunianos após a descoberta de Plutão, mas sem sucesso.[20]

Nomeação

A designação provisória 2005 FY9 foi dada a Makemake quando sua descoberta foi publicada. Antes disso, a equipe responsável por sua descoberta o apelidou de "coelho da páscoa", porque sua descoberta foi feita um pouco antes da Páscoa.[21]

2005 FY9 foi oficialmente nomeado em julho de 2008, junto com sua classificação como planeta anão.[14] O nome Makemake, o criador da humanidade e deus da fertilidade dos rapanui, um povo nativo da Ilha de Páscoa,[16] foi escolhido em parte para preservar a conexão do objeto com a Páscoa.[21]

Classificação

Makemake é classificado como um objeto clássico do cinturão de Kuiper (cubewano),[22] o que significa que sua órbita está longe o suficiente de Netuno para se manter estável a longo prazo.[23][24] Ao contrário de plutinos, que podem cruzar a órbita de Netuno devido a ressonâncias orbitais 2:3 com o planeta, os objetos clássicos têm perélios mais distantes do Sol, livres das perturbações do planeta.[23] Makemake, com uma inclinação de 29°,[1] é membro da população quente dos cubewanos, que contém os objetos com inclinações maiores que 4°.[12]

Em 24 de agosto de 2006, a União Astronômica Internacional (UAI) anunciou uma definição formal do termo planeta, que incluiu a criação da categoria dos planetas anões, objetos semelhantes a planetas, mas sem dominância orbital. Com essa definição, Plutão, Ceres e Éris foram reclassificados como planetas anões.[25] Em 11 de junho de 2008, foi criada uma subclasse de planeta anão, plutoide, especificamente para planetas anões situados além da órbita de Netuno. Éris e Plutão são, portanto, plutoides, enquanto Ceres (que está no cinturão de asteroides) não é. Foi especificado que todo objeto transnetuniano com uma magnitude absoluta de +1 ou menos seria um plutoide,[26] o que é o caso de Makemake, que tem uma magnitude absoluta de -0,4.[2] Em 11 de julho de 2008, Makemake foi oficialmente classificado como um planeta anão e plutoide.[16][14]

Órbita

Órbitas de Makemake (em azul), Haumea (verde), Plutão (vermelho) e a eclíptica (cinza). O perélio (q) e o afélio (Q) estão marcados juntos com as datas de passagem

Makemake é o segundo planeta anão mais afastado do Sol, com um semieixo maior de 45,790 unidades astronômicas (UA). Atualmente, está a uma distância de 52,5 UA (7,85×109 km) do Sol, quase atingindo seu afélio (53,073 UA), o que acontecerá em 2033.[7][1][8] Sua órbita é parecida à de Haumea, com uma alta inclinação de 29° e excentricidade moderada de 0,16, mas é mais afastada do Sol em termos de semieixo maior, perélio e afélio.[27] O período orbital de Makemake é de aproximadamente 310 anos,[1] maior que o de Plutão (248 anos) e Haumea (284 anos).[28][29]

Características físicas

Brilho e tamanho

Comparação de tamanho de Éris, Plutão, Makemake, Haumea e da Terra

Makemake é o segundo objeto mais brilhante do cinturão de Kuiper, logo atrás de Plutão,[19] tendo uma magnitude aparente de 16,7 em oposição.[7] Isso é brilhante o suficiente para ser visto com um telescópio amador de alta qualidade. O alto albedo de Makemake de aproximadamente 80% sugere uma temperatura de cerca de 30 K (-243,2 °C).[30] O tamanho de Makemake não é conhecido precisamente. Observações em infavermelho com o Telescópio Spitzer e o Observatório Espacial Herschel, combinadas com as semelhanças de espectro com Plutão, estimaram um diâmetro entre 1 360 e 1 480 km.[5] Em 2012, foram publicados dados de uma ocultação estelar por Makemake em 2011, usados para calcular dimensões de 1 502 × 1 430 km.[4] Em 2013, uma reanálise desses dados estimou um diâmetro equatorial de 1 434 ± 14 km e diâmetro polar de 1 422 ± 14 km.[3] Isso é um pouco maior que Haumea, fazendo de Makemake o terceiro maior objeto transnetuniano conhecido, perdendo apenas para Plutão e Éris.[10] Makemake foi o quarto planeta anão no Sistema Solar a ser reconhecido como tal, devido à sua magnitude absoluta na banda V de -0,4. Esse brilho praticamente garante que ele é grande o suficiente para alcançar equilíbrio hidrostático e tornar-se um esferoide oblato.[14][26][2][31]

Espectro

Concepção artística de Makemake

Em uma publicação no jornal Astronomy and Astrophysics em 2006, Licandro et al. relatou as medições do espectro visível e infravermelho próximo de Makemake. Eles usaram o Telescópio William Herschel e o Telescopio Nazionale Galileo e mostraram que a superfície de Makemake é parecida à de Plutão.[32] Como Plutão, Makemake aparece vermelho no espectro visível, e bem mais vermelho que a superfície de Éris.[32] O espectro infravermelho próximo apresenta acentuadas bandas de absorção de metano (CH4). O metano é observado também em Plutão e Éris, mas seu sinal espectral é muito mais fraco.[32]

Análises espectrais da superfície de Makemake revelaram que o metano deve estar presente na forma de grandes grãos de pelo menos um centímetro de tamanho.[11] Além disso, grandes quantidades de etano e tolina podem estar presentes, provavelmente criados por fotólise de metano pela radiação solar.[11] As tolinas provavelmente são responsáveis pela cor vermelha do espectro visível. Embora existam evidências da presença de nitrogênio na sua superfície, em nenhum lugar de Makemake há o mesmo nível de nitrogênio que há em Plutão e em Tritão, onde ele constitui 98% da crosta. A relativa falta de nitrogênio em Makemake sugere que o fornecimento de nitrogênio acabou de algum modo durante a evolução do Sistema Solar.[11][33][34]

Análises fotométricas no infravermelho distante (24–70 μm) e submilímetro (70–500 μm) feitas pelos telescópios Spitzer e Herschel revelaram que a superfície de Makemake não é homogênea. Sua maior parte é coberta por nitrogênio e gelos de metano, onde o albedo varia entre 78 e 90%, porém existem pequenas áreas de terreno escuro que compõem 3–7% da superfície, cujo albedo é de apenas 2 a 12%.[5]

Atmosfera

Os astrônomos esperavam que Makemake contasse com uma atmosfera semelhante à de Plutão, mas com uma pressão superficial mais baixa. No entanto, em 23 de abril de 2011, o planeta anão passou na frente de uma estrela com uma magnitude de 18 e bloqueou abruptamente a luz.[35][36] Os resultados mostraram que Makemake atualmente carece de uma atmosfera substancial e colocou um limite superior de 4-12 nanobar na pressão em sua superfície.[4]

Satélite

Imagem do Satélite S/2015 (136472) 1 vista pelo WFC3 do Telescópio Espacial Hubble

Observações feitas em abril de 2015 com a câmera de campo largo (WFC3) do Telescópio Espacial Hubble detectaram um satélite orbitando o planeta anão, que foi provisoriamente denominado S/2015 (136472) 1 e apelidado de MK2. Seu diâmetro foi estimado em cerca de 160 km.[37]

Ver também

Notas e referências

Notas de rodapé

Referências

Ligações externas

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