Vampeta
Marcos André Batista Santos (Nazaré, 13 de março de 1974), mais conhecido como Vampeta, é um comentarista esportivo, dirigente e ex-futebolista brasileiro que atuava como volante. Também chegou a trabalhar como treinador.
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Vampeta em 2012, após aposentadoria | |||||||||||||||||
Informações pessoais | |||||||||||||||||
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Nome completo | Marcos André Batista Santos | ||||||||||||||||
Data de nasc. | 13 de março de 1974 (50 anos) | ||||||||||||||||
Local de nasc. | Nazaré, Bahia, Brasil | ||||||||||||||||
Nacionalidade | brasileiro | ||||||||||||||||
Altura | 1,82 m | ||||||||||||||||
Pé | destro | ||||||||||||||||
Apelido | Vamp Velho Vamp | ||||||||||||||||
Informações profissionais | |||||||||||||||||
Período em atividade | 1993–2011 | ||||||||||||||||
Clube atual | aposentado | ||||||||||||||||
Posição | volante | ||||||||||||||||
Clubes de juventude | |||||||||||||||||
1990–1993 | Vitória | ||||||||||||||||
Clubes profissionais | |||||||||||||||||
Anos | Clubes | Jogos (golos) | |||||||||||||||
1993–1994 1994–1997 1995–1996 1996–1998 1998–2000 2000–2001 2001 2001–2002 2002–2003 2004 2004–2005 2005–2006 2006–2007 2007–2008 2008 2011 | Vitória PSV Eindhoven VVV-Venlo Fluminense Corinthians Internazionale Paris Saint-Germain Flamengo Corinthians Vitória Al Salmiya Brasiliense Goiás Corinthians Juventus-SP Grêmio Osasco | 50 (5) 7 (3) 23 (2) 125 (10) 14 (1) 7 (1) 16 (1) 101 (7) 10 (0) 12 (2) 37 (0) 19 (5) 22 (0) 7 (0) 1 (0) | 13 (1)|||||||||||||||
Seleção nacional | |||||||||||||||||
1998–2002 | Brasil | 41 (2) | |||||||||||||||
Times/clubes que treinou | |||||||||||||||||
2010 2011 | Nacional-SP Grêmio Osasco | ||||||||||||||||
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Seu apelido surgiu nos tempos em que jogava pelo seu clube revelador, o Vitória. O jogador não possuía seus dentes frontais e era muito arteiro dentro do alojamento, fazendo com que seus companheiros de time Cesinha e Zé Elialdo fizessem a junção dos nomes "vam(piro)" e "(ca)peta".[1]
Carreira como jogador
A revelação do Vitória
Vampeta, ao lado de Dida, Rodrigo, Roberto Cavalo, Paulo Isidoro, Alex Alves e outros nomes da geração de ouro da base do Esporte Clube Vitória, foi vice-campeão do Brasileirão de 1993, diante do Palmeiras, no seu primeiro ano como profissional. Em 1994, o jogador se destaca em uma sequência de partidas. Na época, os observadores do PSV buscavam um atacante pela megalópole Rio-SP, mas as negociações acabaram não indo adiante devido ao alto valor das pedidas.[2]
Após ter grande desempenho em um Ba-Vi, quando marcou em uma goleada por 4 a 0, os observadores fecharam negócio com a promessa Vampeta, que se tornou o primeiro atleta do futebol brasileiro a ir para a Europa negociado diretamente com um clube de fora do eixo Rio-SP-Sul-Minas.[carece de fontes]
PSV Eindhoven
Em 1 de julho de 1994, Vampeta oficialmente assinou com o gigante holandês, em uma época que as vagas para estrangeiros eram extremamente limitadas por temporada, tendo sido colega do recém campeão do mundo, Ronaldo. Vampeta chegou para ocupar a vaga deixada por Romário (a busca inicial dos holandeses era por outro atacante).[3]
De 250,00 URVs (equivalente há pouco mais de dois salários mínimos), Vampeta chegou aos Países Baixos com salário de US$ 8000,00 em Florims, além de um apartamento e um carro bancado pelo clube.
Vampeta cumpriu seu contrato com o PSV firmado até o fim da temporada 1997–98. Após empréstimos para o VVV-Venlo e o Fluminense, retornou ao PSV para ser campeão da Eredivisie 1996-1997 e vencer o prêmio de melhor volante da competição.[4]
Logo após ele foi para a sua primeira passagem pelo Corinthians, clube em que se tornaria ídolo.
Corinthians
Em 1998 e 1999, o Banco Excel montou um super time de estrelas. Ao lado de Marcelinho, Rincón e Ricardinho, Vampeta foi campeão brasileiro de 1998 e 1999, paulista de 1999 e mundial de 2000, além de vice-campeão paulista de 1998. O jogador declarou que no primeiro contato com Luxemburgo, o treinador não deixou claro se o seu uso seria como volante ou lateral-direito, função que exercia no PSV.[5]
Com brilhantes atuações no Corinthians, Vampeta somou suas primeiras convocações pela Seleção Brasileira em 1999, sendo campeão da Copa América e da Copa das Confederações FIFA.[6] Especulado no futebol europeu, o jogador recusou um aumento salarial em fevereiro de 2000, com o intuito de se transferir no meio do ano.[7]
Internazionale e PSG
Em julho de 2000, Vampeta retornou a Europa para cinco meses atuando na Internazionale de Milão, um período que descreveu como não bom tecnicamente de forma individual. Ainda assim, o jogador teve uma boa estreia e marcou de trivela numa derrota por 4 a 3 contra a Lazio, em jogo válido pela Supercopa da Itália. Em janeiro, Vamp já estava em Paris, para atuar pelo Paris Saint-Germain, onde encerrou a temporada 2000–01 por meio de um empréstimo.[8]
Flamengo
Em 2001, Vampeta já estava de volta ao futebol brasileiro, no Flamengo, em uma troca com Reinaldo ao PSG. O negócio ainda envolvia a ida de Adriano, o futuro Imperador, para a Inter de Milão, além de US$ 5 milhões,[9] fato relembrado com bom humor pelos três envolvidos.[10]
O momento financeiro do Flamengo era um dos piores. Após cobranças por um melhor desempenho, o volante disse uma frase que ficou marcada: "Eles fingem que me pagam, e eu finjo que jogo."
Em apenas 16 jogos oficiais, Vampeta marcou um gol, em partida contra o Gama, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro de 2001 (seu gol empatou a partida, mas o time candango venceu por 2 a 1). Cita como usava parte de seus ganhos da Europa a ajudar os funcionários e atletas mais jovens do elenco, não tendo chegado a receber um salário sequer do Flamengo.[11]
Em dezembro de 2012, quando Bandeira de Mello assumiu a presidência do Flamengo, afirmou que o clube não seria igual ao do tempo citado por Vampeta.[11]
Retorno ao Corinthians
Em 2002, de volta ao time em que se consagrou, Vampeta terminou o ano com dois títulos, Torneio Rio-São Paulo e Copa do Brasil. O Brasileirão formaria a tríplice coroa, mas o Santos foi o vencedor com a geração dos Meninos da Vila.[12] O Corinthians tinha o plantel comandado por Carlos Alberto Parreira.
Ao meio da temporada, Vampeta voltou da Copa do Mundo de 2002 com o penta da Seleção Brasileira.[13]
Em 2003, Vampeta vence mais um Campeonato Paulista pelo Corinthians, sendo um dos destaques do elenco, porém, uma lesão grave na estreia do Brasileirão o faz ficar oito meses longe dos gramados. Naquele ano, o time foi eliminado da Libertadores, com o técnico Geninho, e teve um desempenho fraco no Brasileirão.[14]
Juninho Fonseca, sucessor de Geninho, teria prometido que Vampeta jogaria boas sequências no retorno de sua lesão, promessa não cumprida, o que gerou desentendimento entre o treinador e o volante, causando uma saída da Fazendinha de modo bastante agitado.[15]
Retorno ao Vitória
Após o Paulista, Vampeta retornou ao clube que o revelou, o Vitória, em 2004, junto ao seu amigo Edílson, vencendo o Campeonato Baiano.[16] Ainda em 2004, Vampeta embarcava para o Kuwait.
Chegada no mundo árabe
Com um ano completo atuando na Ásia, jogando pelo Al Salmiya, o jogador foi campeão do Torneio Al-Khurafi. Seu valor de mercado chegou ao seu último auge em 3,75 milhões de euros, estimadamente, segundo o Transfermarkt. Curiosamente, ele usou a escrita M.Vampeta em sua camisa; a abreviação do seu nome de batismo (Marcos) não foi comum ao longo da sua carreira.[17]
Brasiliense
Vampeta retornou ao futebol brasileiro em 2005, sendo anunciado pelo Brasiliense no dia 26 de abril,[18] onde reencontrou Marcelinho Carioca. A equipe de Brasília disputava pela primeira vez a Série A do Campeonato Brasileiro, e apesar de ter feito alguns bons jogos, acabou sendo rebaixada.[19]
Goiás
Em 2006, Vampeta foi contratado pelo Goiás para a disputa da Copa Libertadores da América.[20] A equipe, que terminou em primeiro lugar no grupo, acabou sendo eliminada da competição sul-americana nas oitavas de final. Apesar de ter atuado pouco naquele ano, Vampeta sagrou-se campeão do Campeonato Goiano.
Terceira e última passagem no Corinthians
Chegou no Corinthians para a temporada 2007, após alguns meses da sua saída do Goiás, Vampeta fez uma intertemporada para recuperar o condicionamento físico e atuar pelo Campeonato Brasileiro.[21] Relacionado pelo técnico Carpegiani, estreou no dia 4 de agosto, justamente contra o seu ex-clube, o Goiás, na 17ª rodada, em que o Corinthians venceu por 1 a 0, com Vampeta iniciando a jogada do gol da partida com um passe de três dedos.[22] Com 19 jogos realizados, o ídolo da Fiel fez parte do elenco que foi rebaixado para a Série B, o que decretou um brusco ponto final na parceria entre Corinthians e MSI. Vampeta não permaneceu para a disputa da temporada 2008 e deixou o clube pensando no seu fim de carreira.[23]
Final de carreira
Vampeta foi anunciado no início de 2008 como um dos maiores reforços da história do Juventus, chegando para atuar no Campeonato Paulista daquele ano. O volante teve grande atuação no dia 24 de janeiro, sendo titular na vitória por 3 a 1 contra o Santos, no Estádio Bruno José Daniel.[24] Terminada a campanha, o jogador oficialmente anunciou o fim da sua carreira, aos 34 anos de idade.[25]
De forma surpreendente, em 2011, em uma jogada de marketing, o Grêmio Osasco anunciou a contratação de Vampeta para seus últimos dias como atleta profissional, no Campeonato Paulista A3. Jogando poucos minutos de um segundo tempo, Vamp anunciou sua aposentadoria e que daquele dia em diante estaria se dedicando como diretor do clube.[26]
Seleção Brasileira
Vampeta foi convocado pela Seleção Brasileira pela primeira vez em 1998, sendo no ano seguinte campeão da Copa América e vice da Copa das Confederações.[27]
O jogador vestiu a camisa da Amarelinha em 42 jogos, marcando dois gols, ambos na vitória por 3 a 1 contra a Argentina, no Morumbi, em 26 de julho de 2000, pelo primeiro turno das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2002. No primeiro gol (2 a 0), Vampeta, em rebote de um chute de fora da área de Alex, surgiu como um elemento surpresa na ponta-direita para marcar; já no segundo (3 a 1), Ronaldinho Gaúcho viu o volante entrando na grande área e serviu Vampeta entre os marcadores argentinos, que marcou de bico. Era uma fase em que o jogador tinha como forte as arrancadas.[28]
Vampeta manteve o bom futebol em 2001, atuando pelo PSG, e foi chamado por Emerson Leão para a Copa das Confederações.[29] O Brasil, no entanto, decepcionou em solo asiático e foi eliminado na semifinal para a França. Daquela controversa lista de convocação, o volante foi um dos quatro que seriam selecionados para a Copa de 2002, ao lado de Dida, Lúcio e Edmílson.[30]
No ano seguinte, mesmo com a troca no comando da Seleção — Leão foi demitido e deu lugar a Scolari —, Vampeta foi convocado para a Copa do Mundo FIFA de 2002. Vestindo a camisa 18, atuou na estreia diante da Turquia no Munsu Cup Stadium. O jogador entrou em campo aos 72 minutos, substituindo o meia Juninho Paulista, e viu Rivaldo balançar as redes e fechar o placar 15 minutos depois: triunfo brasileiro por 2 a 1. Por conta das boas atuações de Gilberto Silva e Kléberson, Vampeta amargou o banco de reservas e não foi mais utilizado por Felipão no Mundial conquistado pelo Brasil.[31]
No tradicional encontro com o Presidente da República para entrega de medalha de honra ao mérito, Vampeta proporcionou uma cena icônica, quebrando totalmente o protocolo: sem o uniforme de viagem da CBF, usando uma camisa do Corinthians e um tanto alcoolizado, após receber a honraria presidencial de Fernando Henrique Cardoso, celebrou dando uma sequência de cambalhotas na rampa do Planalto; no retorno à parte superior, veio correndo, dando um pulo com soco no ar. Vampeta declarou que foi uma homenagem a Nilson Locatelli, o louco, torcedor que cumprimentava os jogadores dando cambalhotas.[32]
Outro causo foi a foto da final contra a Alemanha. Segundo informou, apenas os 11 titulares iriam aparecer, mas ele incentivou os demais reservas a se juntarem para o retrato, de modo que a imagem oficial do confronto conta com todos os 23 convocados.[33]
Carreira como treinador e dirigente
Em fevereiro de 2010, assumiu o comando do Nacional;[34] posteriormente, treinou o Grêmio Osasco, clube pelo qual iniciou sua profissão de dirigente.[35]
Com a compra do antigo Pão de Açúcar Esporte Clube pelo grupo liderado por Mario Teixeira, dono do então Grêmio Osasco, Vampeta foi promovido ao cargo de presidente do novo clube,[36] função de dois mandatos, seguindo atualmente como presidente do conselho deliberativo do Grêmio Osasco Audax.[37]
Comentarista esportivo
Durante a Copa do Mundo FIFA de 2010, trabalhou como comentarista esportivo pela primeira vez no programa Band Mania, que tinha a função de encerrar as noites de jogos.[38]
Ele também fez parte do programa Mesa Redonda, pela TV Gazeta. Atualmente Vampeta trabalha para a Jovem Pan Esportes, fazendo parte do time titular de comentaristas da Pan desde 2015.[39]
No dia 31 de janeiro de 2022, a Jovem Pan criou o programa Reis da Resenha, apresentado por Thiago Asmar e Vampeta, que conversam com personalidades do mundo do futebol.[40]
Vida pessoal e outros trabalhos
Em 1999, o jogador aceitou um convite e posou nu para a edição de janeiro da revista gay G Magazine.[41] O volante, que vivia o auge da sua carreira e estava atuando no Corinthians, aceitou posar para ajudar a restaurar o Cinema Rio Branco.[42] Vampeta foi o primeiro jogador de futebol a posar nu, e a foto foi a primeira ereção mostrada na revista. Ela quebrou um tabu dentro do futebol, pois a presença de homossexuais começou a ser discutida dentro dos times.[43] Seu ensaio é usado em um tipo de cancelamento virtual conhecido como "vampetaço".[43]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f5/Vampeta.jpg/180px-Vampeta.jpg)
Em sua cidade natal, Nazaré das Farinhas, Vampeta reformou e mantém com seus fundos um cinema municipal, fundado em 1923, para o entretenimento de seus conterrâneos. A gestão é feita por duas de suas tias, Elizabeth e Edna. O local já recebeu ofertas de compra pela Igreja Universal, recusadas por Vamp e família.[44] A reinauguração, em 2000, contou com Ronaldo no momento do corte da fita.[45]
Conhecido por seu jeito provocador, ajudou a popularizar, ainda no início dos anos 2000, o termo "bambi" como apelido pejorativo aos torcedores do São Paulo.[46][47] Porém, reitera que não foi o criador da "brincadeira".[48][49]
Em 2002, o recém campeão do mundo recebeu a Medalha Ordem do Mérito da Bahia, no grau de comendador.[50]
Vamp chegou a ser detido no Kuwait por estar portando garrafas de bebida alcoólica em seu carro, algo proibido de acordo com a lei em grande parte dos países árabes.[51]
Em 2009, Vampeta foi parodiado pelo desenho animado da MTV Brasil, Fudêncio e Seus Amigos, no episódio denominado "Crepúsculo", em que o jogador assume a forma de vampiro após as partidas. O desenho foi ao ar pela primeira vez na noite de 3 de agosto.[52]
No ano seguinte, filiado ao PTB, Vampeta concorreu ao mandato de deputado federal pelo estado de São Paulo. No entanto, recebeu 14 921 votos e não se elegeu, ficando apenas com o 184º lugar.[53] Ele afirmou votar de acordo com suas análises, independentemente de ser um candidato de direita ou esquerda.[54]
Em dezembro de 2012, com a ajuda do jornalista Celso Unzelte, o jogador lançou o livro biográfico Vampeta: memórias do velho Vamp: sem cortes (ed. LeYa).[55]
Títulos
- PSV Eindhoven
- Eredivisie: 1996–97
- Supercopa dos Países Baixos: 1996 e 1997
- Corinthians
- Campeonato Mundial de Clubes da FIFA: 2000
- Campeonato Brasileiro: 1998 e 1999
- Campeonato Paulista: 1999 e 2003
- Torneio Rio-São Paulo: 2002
- Copa do Brasil: 2002
- Vitória
- Campeonato Baiano: 2004
- Goiás
- Campeonato Goiano: 2006
- Seleção Brasileira
Prêmios individuais
- Bola de Prata: 1998 e 1999
Referências
Ligações externas
- Site oficial
- «Vampeta». no oGol
- «Vampeta». no Transfermarkt
- «Vampeta». no Soccerway