Miguel Díaz-Canel

político cubano, atual presidente de Cuba

Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez (Santa Clara, 20 de abril de 1960) é um professor universitário, engenheiro eletrónico e político cubano que serve como Presidente da República de Cuba desde 19 de abril de 2018, e como Primeiro Secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC) desde 2021.

Miguel Díaz-Canel
Miguel Díaz-Canel
Miguel Díaz-Canel
17.º Presidente da República de Cuba
Período19 de outubro de 2019
a atualidade
Vice-presidenteSalvador Valdés Mesa
Antecessor(a)Raúl Castro
Primeiro Secretário do Partido Comunista de Cuba
Período19 de abril de 2019
a atualidade
Antecessor(a)Raúl Castro
Presidente do Conselho de Estado de Cuba
Período19 de abril de 2018
a 10 de outubro de 2019
Vice-presidenteSalvador Valdés Mesa
Antecessor(a)Raúl Castro
Primeiro Vice-presidente do Conselho de Estado
Período24 de fevereiro de 2013
a 19 de abril de 2018
PresidenteRaúl Castro
Antecessor(a)José Ramón Machado Ventura
Sucessor(a)Salvador Valdés Mesa
Ministro da Educação Superior de Cuba
Período8 de maio de 2009
a 21 de março de 2012
Antecessor(a)Juan Vela Váldes
Sucessor(a)Rodolfo Alarcón Ortiz
Dados pessoais
Nome completoMiguel Díaz-Canel Bermúdez
Nascimento20 de abril de 1960 (64 anos)
Santa Clara, Villa Clara, Cuba
Alma materUniversidade "Marta Abreu" de Las Villas
CônjugeLis Cuesta[1]
Filhos(as)2
PartidoPartido Comunista de Cuba
AssinaturaAssinatura de Miguel Díaz-Canel

Em 1987, entrou na União de Jovens Comunistas, e em 1993 aderiu ao PCC. É membro do Politburo do PCC desde 1997 e ocupou o cargo de ministro da Educação Superior de 2009 a 2012, sendo então promovido para o cargo de vice-presidente do Conselho de Ministros em 2012. Um ano depois, em 24 de fevereiro de 2013, foi eleito primeiro vice-presidente do Conselho. Em 18 de abril de 2018, foi eleito em Assembleia como novo presidente de Cuba, tendo tomado posse no dia seguinte. É o primeiro Presidente de Cuba nascido após a Revolução Cubana.

Biografia

Juventude e educação (1960 — 1982)

Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez nasceu a 20 de abril de 1960 em Placetas, na província de Villa Clara, filho de Aída Bermúdez, professora, e Miguel Díaz-Canel, operário de uma usina mecânica em Santa Clara. Tem descendência paterna asturiana direta; o seu bisavô Ramón Díaz-Canel partiu de Castropol, nas Astúrias, para Havana no final do século XIX.

Em 1982, através do sistema de educação gratuito e universal, terminou a sua graduação em Engenharia Eletrónica na Universidade Central de Las Villas, local onde Che Guevara, em 1959, afirmou que a Universidade "deve pintar-se da cor dos trabalhadores e camponeses [...] a cor do povo, porque a Universidade não é o bem de ninguém a não ser do povo de Cuba".[2] Após servir os três anos de conscrição nas Forças Armadas Revolucionárias, regressou à Universidade Central como professor.[2]

Militância política (1987 — 2018)

Em 1987, no mesmo ano em que entrou na União de Jovens Comunistas (UJC), fez parte de uma missão internacionalista na Nicarágua Sandinista e, pouco depois, tornou-se o Segundo Secretário do Escritório Nacional em Havana.[2] Em 1993, no ano mais crítico do Período Especial em Tempos de Paz, aderiu ao Partido Comunista de Cuba.[2] Em 1994, passou a liderar o Partido na província de Villa Clara, como Primeiro Secretário do Comité do Partido Provincial da Província de Villa Clara,[3][4] Ele ganhou uma reputação de competência neste cargo,[4] durante o qual defendeu os direitos LGBT, numa altura onde muitos, na província, desaprovavam a homossexualidade. Foi transferido em 2003[3] para a província de Holguin, ocupando a mesma posição.[2] Em 1997, passou a ser membro do Politburo do Partido Comunista de Cuba, e de 2009 a 2012 foi nomeado Ministro da Educação Superior, e depois a Vice-Presidente do Conselho de Ministros em 2012.[5][3] Em 24 de fevereiro de 2013, foi eleito Primeiro Vice-Presidente, a primeira pessoa nascida após a Revolução Cubana a atingir tal posição.[3][5][2]

Presidente de Cuba (2018 — atualidade)

Díaz-Canel com Vladimir Putin no Kremlin, 2 de novembro de 2018

Como Primeiro Vice-Presidente do Conselho de Estado, Díaz-Canel atuou como suplente do Presidente do Conselho de Estado, Raúl Castro, que em 2018 cessou os seus cargos, e 18 de abril de 2018, Díaz-Canel foi escolhido pelo Partido para suceder Raúl como presidente.[4] Em 19 de abril, a Assembleia Nacional do Poder Popular votou favoravelmente a sua eleição para Presidente do Conselho de Estado,[2][4] e prestou juramento no mesmo dia,[6] posto que em fevereiro de 2019, quando a nova Constituição Cubana foi aprovada, passou a chamar-se Presidente da República.[2]

Em 19 de abril de 2021, no VIII Congresso do Partido Comunista de Cuba, foi eleito Primeiro Secretário.[7]

Ele liderou reformas sociais em favor dos direitos LGBT, como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a filiação estendida e a maternidade de substituição, tornando Cuba o país mais progressista da América Latina nessa área.[8]

Vida pessoal

Díaz-Canel tem dois filhos com sua primeira esposa, Martha, e atualmente mora com sua segunda esposa, Lis Cuesta.[9] A 23 de março de 2021, Díaz-Canel obteve o doutoramento em ciências técnicas, defendendo uma tese intitulada "Sistema de Gestão Governamental Baseado na Ciência e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável em Cuba".[10]

Ações repressivas durante sua gestão

Em Cuba, sob a liderança de Miguel Díaz-Canel, têm sido relatados numerosos casos de repressão e violações dos direitos humanos, conforme um relatório de uma ONG sediada em Madrid, publicado em 5 de abril de 2023. Dos casos documentados, 93 corresponderam a detenções arbitrárias e 270 a outros tipos de abusos. Foi mencionado o cerco policial a 92 ativistas em suas casas e pelo menos 27 abusos contra presos políticos nas prisões, incluindo ameaças, convocações policiais, multas e assédios.[11]O observatório também destacou que 64 dessas ações ocorreram no contexto das eleições de 26 de março para renovar a Assembleia Nacional do Poder Popular. Entre os casos notáveis, a youtuber Hilda Núñez Díaz foi detida, interrogada e multada. Além disso, exigiu-se a libertação da ativista Anniette González, detida desde 23 de março. Foram criticadas as ações repressivas contra prisioneiros políticos como Maikel Puig e as agressões contra Abel Lázaro Machado Conde na prisão de Quivicán.[11]

A Anistia Internacional expressou preocupação com a repetição das táticas repressivas utilizadas pelas autoridades cubanas, como as observadas durante os protestos de 11 de julho do ano anterior. Erika Guevara-Rosas, diretora para a América da Anistia Internacional, apontou que os cubanos estão exercendo seus direitos à liberdade de expressão e reunião, historicamente reprimidos, e que é alarmante ver como as autoridades estão tentando silenciar os manifestantes. Desde o final de setembro, foram relatadas interferências na Internet, deslocamento de policiais e militares, e detenções arbitrárias.[12]O acesso à Internet, controlado pelo único operador de telecomunicações do país, foi frequentemente restrito durante momentos politicamente sensíveis ou de protestos. Os últimos cortes de Internet dificultaram a comunicação das famílias após a passagem do furacão Ian e impactaram a capacidade de observadores independentes dos direitos humanos e jornalistas independentes de documentar a situação dos direitos humanos no país. A Anistia Internacional também analisou vários vídeos que mostram o desdobramento de cadetes militares à paisana, armados com bastões de beisebol, perseguindo e detendo manifestantes.[11][12]

As autoridades cubanas desenvolveram uma maquinaria sofisticada para controlar qualquer forma de dissidência e protesto, como documentado anteriormente pela Anistia Internacional. Enquanto os oficiais de segurança do estado frequentemente realizam vigilância e detenções arbitrárias de críticos, o Comitê de Defesa da Revolução (membros locais do Partido Comunista que colaboram com oficiais do estado e agências de aplicação da lei) também fornece informações sobre atividades consideradas "contrarrevolucionárias". "Atos de repúdio" – manifestações lideradas por apoiadores do governo com a alegada participação de oficiais de segurança do estado – também são comuns e visam assediar e intimidar críticos do governo.[11][12]Enquanto a comunicação com Cuba permanece prejudicada devido à interferência na Internet, o grupo Justicia J11, estabelecido após a repressão aos manifestantes em julho de 2021, relatou 26 detenções desde 30 de setembro, principalmente de jovens e artistas, 19 dos quais permaneceram detidos até 4 de outubro de 2022.[11][12]

As autoridades cubanas criminalizaram quase todos os que participaram nos protestos de julho de 2021, incluindo algumas crianças, mas negaram veementemente quaisquer violações dos direitos humanos, atribuindo a culpa pela situação econômica quase exclusivamente ao embargo econômico dos EUA. Da mesma forma, em 2 de outubro de 2022, o presidente Díaz-Canel minimizou a natureza generalizada dos protestos mais recentes e sugeriu que uma minoria de "contrarrevolucionários" com conexões fora de Cuba realizou "atos de vandalismo, como bloqueio de estradas ou lançamento de pedras" e seriam tratados com a "força da lei".[11][12]

Prémios

Referências

Citações

Bibliografia

Ligações externas


Precedido por
José Ramón Machado Ventura
Vice-presidente do Conselho de Estado da República de Cuba
2013 - 2018
Sucedido por
Salvador Valdés Mesa
Precedido por
Raúl Castro
Presidente do Conselho de Estado da República de Cuba
2018 - atualidade
Sucedido por
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