Monopterus albus

Monopterus albus (Zuiew, 1793) é uma espécie de enguia-d'água-doce pertencente à família Synbranchidae, com importância comercial no Sueste Asiático. A espécie é nativa dos pântanos das regiões subtropicais do leste e sueste da Ásia, onde consegue sobreviver em épocas de seca enterrando-se no lodo e respirando ar. É considerada uma espécie invasora na América do Norte, estando naturalizada na Flórida (Everglades), no Hawaii e em diversas outras regiões subtropicais e tropicais.[1]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMonopterus albus
Monopterus albus.
Monopterus albus.
Classificação científica
Reino:Animalia
Filo:Chordata
Classe:Actinopterygii
Ordem:Synbranchiformes
Família:Synbranchidae
Espécie:M. albus
Nome binomial
Monopterus albus
(Zuiew, 1793)
Sinónimos

Descrição

Monopterus albus é uma espécie de enguia-d'água-doce asiática, de aspecto anguiliforme pertencente à família Synbranchidae. Apesar dos nomes comuns de Monopterus albus incluirem em geral referência a enguia, a espécie não pertence aos grupo das verdadeiras enguias (a ordem Anguilliformes), estando incluída na ordem Synbranchiformes, um agrupamento taxonómico filogeneticamente distante.

A espécie é nativa das águas doces e salobras das zonas pantanosas, rios e lagos das regiões de clima tropical e subtropical da Ásia, mas encontra-se naturalizada na África Ocidental, em algumas ilhas do Pacífico e em diversas regiões das Américas.[1]

A espécie parecer pertencer a um complexo específico já que as populações identificadas na América do Norte como pertencendo a Monopterus albus aparentam pertencer a pelo menos três espécies ou taxa sub-específicos distintos,[2] cada um dos quais com origem em regiões distintas do Sueste Asiático.[3]

Monopterus albus tem um corpo serpentiforme, sem escamas, que em geral na idade adulta mede entre 25 a 40 cm de comprimento, mas que em alguns casos atinge cerca de 1 m de comprimento. Com a conformaçção típica das espécies da família Synbranchidae, apresenta cauda afilada e focinho rombo, e um tronco sem barbatanas peitorais ou pélvicas. As barbatanas dorsal, anal e caudal são rudimentares, com a caudal muitas vezes ausente.[1] Estas barbatanas rudimentares servem para proteger o animal contra o rolamento e como auxiliar em voltas repentinas e paragens. As suas fendas branquiais são fundidas, mas uma guelra em forma de V está localizado abaixo da cabeça. Tal forma evita o fluxo inverso da água. O corpo e cabeça são escuros, com coloração dorsal verde-oliva escuro ou castanho e coloração ventral clara em tons alaranjadados. Esta coloração camufla o predador aquático, no entanto, alguns espécimes são coloridos com manchas amarelas, pretas ou douradas.

A boca é grande e protáctil, com os maxilares superior e inferior providos de dentes pequenos adaptados para comer peixes, vermes, crustáceos e outros pequenos animais aquáticos durante a noite.[4]

M. albus é um predador nocturno, de comportamento evasivo, o que o torna um animal difícil de estudar e cuja história natural é mal conhecida.[4] A sua dieta inclui outros peixes, camarões, lagostins, rãs, ovos de tartarugas e invertebrados aquáticos como vermes e insectos.Ocasionalmente elimenta-se de detritos.

ao contrário do que acontece com as espécies diurnas semelhantes, os traços da história de vida de M. albus, como a sua densidade absoluta e curva de sobrevivência, são difíceis de medir com precisão e podem exigir décadas de dados para detectar tendências, como se depreende da actual falta de dados disponíveis sobre o tópico.[5] Em consequência desta falta de conhecimento do ciclo de vida da espécie, não são conhecidos métodos adequados de controlo da população nas regiões onde é espécie invasora.[5]

M. albus tem motilidade versátil e ainda é capaz de se mover sobre a terra seca em distâncias curtas. Este comportamento é usado para a relocalização de acordo com a disponibilidade de recursos. Na ausência de água e comida, o animal é capaz de sobreviver a longos períodos de seca enterrando-se em buracos que escava na terra húmida.[6] Se a massa de água em que habita deixa de oferecer condições de sobrevivência, M. albus simplesmente arrasta-se para a margem e faz o seu caminho para um habitat mais adequado deslizando sobre a terra de forma semelhante a uma cobra. Estas características aumentar amplamentea sua capacidade de dispersão.[7] A espécie é um predador voraz e pouco selectivo, fazendo dela uma importante ameaça para as espécies nativas de peixes, anfíbios e invertebrados aquáticos.[7]

A curva de sobrevivência de uma espécie ou coorte pode ser calculada pela proporção de indivíduos que sobrevivem em cada escalão etário. Uma curva de sobrevivência do tipo I[8] (fisiológica) caracteriza-se pela alta sobrevivência nas fases inícais da vida, seguida por um rápido declínio na sobrevivência na fase final da vida devido a mudanças fisiológicas. As curvas de sobrevivência do tipo II[9] (ecológicas) apresentam uma taxa de mortalidade constante, independente da idade, devida a ameaças ambientais consistentes.[10] A curva de sobrevivência de M. albus situa-se entre os tipos I e II, ou seja entre as curvas determinadas por factores fisiológicos e as curvas determinadas por factores ecológicos.

A espécie investe muito em cuidados parentais,[2] o que é indicativo de uma estratégia de sobrevivênca de base fisiológica. Os grandes machos constroem ninhos de bolhas na entrada de tocas e protegem os ovos e filhotes. Além disso, as populações da espécie são dependentes da abundância de recursos, tornando a sua sobrevivência parcialmente ecológica. Por causa dos referidos comportamentos, o controlo da espécie nos habitats em que é invasora pode melhor ser alcançada na fase juvenil ou imediatamente após a desova, quando o cuidado parental é mais elevado.

Referências

Ligações externas

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