Parque Raposo Tavares

O Parque Raposo Tavares é um parque municipal administrado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da cidade de São Paulo. Localiza-se no bairro de Vila Albano, na altura do quilômetro 14,5 da Rodovia Raposo Tavares, entre o distrito homônimo e o distrito de Vila Sônia. Inaugurado em 1981, foi o primeiro parque da América do Sul a ser construído sobre um aterro sanitário.[1][2]

Parque Raposo Tavares
Parque Raposo Tavares
Vista parcial do playground do parque.
LocalizaçãoRua Telmo Coelho Filho, 200 São Paulo, SP
TipoPúblico
Área195 mil m²
Inauguração1981 (43 anos)
AdministraçãoSVMA

Possui 195.000 metros quadrados de extensão, englobando bosques e áreas ajardinadas, com mais de quarenta espécies de árvores nativas do Brasil. Serve de abrigo a mais de trinta espécies de aves, répteis e pequenos mamíferos. Possui infraestrutura para a prática de atividades esportivas, culturais e de lazer. Localizam-se no parque o Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável e uma das unidades dos Bosques da Leitura do Sistema Municipal de Bibliotecas.[3][2]

História

Até o início da década de 1960, a área onde hoje se encontra instalado o Parque Raposo Tavares era um grande terreno de propriedade particular, abrangendo 190.926 m². Em 1965, o então prefeito Francisco Prestes Maia desapropriou o terreno, declarando-o de utilidade pública e reservando-o para a execução de serviços de limpeza. Três anos mais tarde, o terreno foi cedido para a Administração Regional de Pinheiros e passou a ser utilizado como depósito de lixo.[4]

Na década de 1970, entraram para a pauta do poder público municipal as discussões sobre questões ambientais urbanas, nomeadamente a destinação dos resíduos sólidos, cujo volume crescera exponencialmente em função da explosão demográfica paulistana, intensificada nas décadas anteriores. É nesse contexto que surgem as propostas de construção dos primeiros aterros sanitários de São Paulo, visando ordenar a disposição e destinação final dos resíduos urbanos, ainda que carecessem da infraestrutura sanitária dos aterros atuais.[1]

O primeiro aterro paulistano a ser inaugurado foi o de Lauzane Paulista, em 1974. Em seguida, foram criados os aterros de Jardim Damasceno e Engenheiro Goulart e, em julho de 1975, o antigo depósito de lixo de Raposo Tavares foi oficialmente convertido em aterro sanitário.[4] Neste mesmo ano, o "lixão de Raposo Tavares", como era conhecido, foi tema de um documentário do cineasta João Batista de Andrade, intitulado Restos. O documentário registrava a miséria da população cuja sobrevivência dependia da coleta dos resíduos depositados no local, bem como repressão policial a que estava sujeita.[5]

O aterro teve sua área gradualmente ampliada entre 1972 e 1977, agregando lotes lindeiros ao terreno, visando ampliar sua capacidade.[4] Funcionou até agosto de 1979, quando foi desativado, encontrando-se já saturado. Após a desativação do aterro, surgiu o projeto de transformar o espaço em um parque público. O projeto retomava uma das ideias originais para o uso do terreno: em 1961, antes mesmo de sua desapropriação, já existia uma proposta de utilizar a área para fins recreativos.

Em 1981, foi inaugurado o Parque Raposo Tavares, herdando o nome do distrito em que se localiza, dado em homenagem ao bandeirante Antônio Raposo Tavares, um dos responsáveis pela expansão do território da então colônia portuguesa. Foi o primeiro parque da América do Sul a ser construído sobre um aterro sanitário. Essa particularidade histórica explica algumas de suas características peculiares: o solo do parque é formado por camadas compactadas e intercaladas de lixo e de terra, sendo revestidas por uma grossa camada de argila, cujo propósito é diminuir a emanação de gases, e por uma outra camada de terra, que serve de substrato à vegetação. Esta, por sua vez, é totalmente introduzida e tem seu crescimento dificultado pelas características mencionadas.[4]

Não obstante as dificuldades provenientes da adaptação de um antigo depósito de lixo à função de parque, o projeto teve impacto significativo para a qualidade de vida da população do entorno, majoritariamente composta por famílias de baixo poder aquisitivo, residindo em uma área caracterizada pela presença de diversas favelas,[6] ao diminuir sensivelmente, ou mesmo extinguir, problemas como a proliferação de doenças, o mau cheiro e a poluição visual, bem como ao proporcionar uma área para a prática de atividades recreativas, esportivas e de contemplação da natureza.[4]

Infraestrutura e atividades

Campo de futebol do parque.

O Parque Raposo Tavares possui uma área total de 195.000 m², sendo 193.460 m² referentes à área interna ao gradil e 1.540 m² a área da calçada externa. A vegetação ocupa 185.260 m² e as quadras, pisos e edificações aproximadamente 9.000 m². A frequência diária é de aproximadamente 100 visitantes nos dias úteis, 300 pessoas aos sábados e 360 pessoas aos domingos e feriados.[4]

O parque é dotado de um conjunto de quadras poliesportivas, um campo de futebol, campinhos de terra, campo de malha, pista de cooper, playground, áreas de estar, aparelhos de ginástica, churrasqueiras, bebedouros e sanitários.[4] Conta com uma unidade dos "Bosques da Leitura", espaços mantidos pelo Sistema Municipal de Bibliotecas que disponibilizam livros e periódicos para consulta aos fins de semana, em diferentes pontos da cidade. Eventualmente o Bosque da Leitura do parque organiza a "Feira de Troca de Livros e Gibis", atividade que visa estimular o público a renovar seus acervos bibliográficos pessoais, sem custos.[2] Nos arredores do parque também funciona o Centro de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, órgão responsável por estabelecer intervenções sócio-educativas em tópicos como acesso aos alimentos e alimentação saudável, visando estimular a saúde e a qualidade de vida.[2][2]

Em janeiro de 2009, um estudo publicado pelo Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) apontou o Parque Raposo Tavares como o pior, dentre 41 parques municipais avaliados, em termos de conservação e manutenção da infraestrutura.[2][7]

Flora e fauna

Vista parcial do parque.

Por ter sido construído em cima de um aterro sanitário desativado (com mais de dois milhões de toneladas de resíduos), o Parque Raposo Tavares tem uma vegetação inteiramente introduzida. O solo do parque é composto por camadas compactadas e intercaladas de resíduos e de terra, recobertas por uma camada de argila, que tem por objetivo diminuir a emanação de gases, e, sobre esta, uma camada de terra onde foram plantadas as espécies vegetais. Tal característica dificulta o crescimento da flora local. As espécies arbóreas, em especial, apresentam problemas de desenvolvimento e fixação no substrato. O parque pertence à bacia hidrográfica do córrego Pirajuçara e seu terreno se situa em área de antiga cabeceira de drenagem, sobre maciço gnássico.[1][2][4]

A área verde é dividida em espaços ajardinados e bosques baixos, com 46 espécies arbustivas e arbóreas, incluindo três espécies de palmeiras, e diversas espécies herbáceas, gramíneas e leguminosas. Encontram-se representados exemplares nativos e exóticos, tais como tamboril, pau-ferro, palmeira seafórtia, acácia negra, faveira, jerivá, quaresmeira, paineira, pau-formiga, sibipiruna, resedá e urucum, entre outros.[1][2][4]

O parque encontra-se inserido em uma área com vegetação relativamente abundante, se comparado a outras regiões mais adensadas da cidade de São Paulo. Esse fator contribui para a existência de um grande número de aves (31 espécies identificadas), incluindo espécies como o periquito-rico, a coruja-buraqueira, a coruja-do-mato, a andorinha-pequena-de-casa, o bem-te-vi-do-gado, o chupim e o tico-tico, além de espécies migratórias, como o suiriri e o andorinhão-do-temporal. Na fauna do parque também estão representados répteis inofensivos, como cobras não venenosas, e pequenos mamíferos, como gambás e preás.[1][2][4]

Ver também

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Referências

Ligações externas