Snorri Sturluson

Snorri Sturluson (em nórdico antigo: Snorri Sturluson; em islandês: Snorri Sturluson, PRONÚNCIA; em latim: Snorro Sturlaeus; 117923 de setembro de 1241) foi um historiador, poeta, político e homem de leis islandês da Idade Média.[1][2][3][4]

Snorri Sturluson
Snorri Sturluson
Snorri Sturluson, gravura de Christian Krohg (c. 1890).
Nome completoSnorri Sturluson
Nascimento1178 ou 1179
Comunidade Islandesa
Morte23 de setembro de 1241
Reykholt, Islândia
OcupaçãoEscritor, historiador e político
Principais trabalhosEdda em prosa
História dos reis da Noruega (Heimskringla)

Atribui-se a Snorri a autoria da chamada Edda em prosa, um manual de poesia escáldica e uma compilação de lendas, que é a principal fonte literária de mitologia nórdica, e ainda da Heimskringla, uma crónica dos reis noruegueses. Uma outra obra sua é a Saga de Egil Skallagrimsson. Snorri visitou tanto a Noruega como a Suécia. Além da sua intensa atividade literária, foi eleito duas vezes para o cargo de homem de leis (lögsögumaður) do parlamento islandês, o Althing.[5][6][7]

Grande parte de sua vida é conhecida através da Saga de Sturlung, uma saga histórica que conta a história de Snorri e outros mesmos da família Sturlung.[8]

Vida

Snorri Sturluson nasceu em 1178 ou 1179. Era filho de Sturla, um chefe local da Islândia ocidental, cujos descendentes dão nome à chamada Era de Sturlung da história islandesa, na primeira metade do século XIII.[9] Quando tinha dois ou três anos de idade, Snorri foi enviado à casa de um dos mais importantes líderes da Islândia medieval, Jon Loptosson, como parte de um trato para encerrar um conflito entre este e Sturla. A ida de uma criança para a ser criada na casa de outro líder era comum na época, e Snorri passou dezesseis anos em Oddi, a propriedade de Loptosson, que era um importante centro cultural naquele país.[8][9] Em Oddi, Snorri deve ter tido contato com o latim, obras teológicas, a poesia antiga e as sagas.[8]

Aos dezenove anos, Snorri casou-se com Herdis, filha de Padre Bersi, e tornou-se um homem rico com a morte do sogro em 1202. Snorri e a mulher mudaram-se para a propriedade de Bersi, em Mýrar, e Snorri aumentou seu poder adquirindo outras propriedades.[8] Em 1206 mudou-se a Reykholt, a oeste da Islândia.[8] Um sinal de seu prestígio e poder é o fato de ter sido eleito por duas vezes "legífero" (lögsögumaður) do parlamento islandês (Alþingi), o cargo mais alto na antiga Comunidade Islandesa.[9] Snorri ocupou esse cargo entre 1215 e 1218 e novamente entre 1222 e 1231.[8]

O casamento de Snorri e Herdis aparentemente não foi muito feliz, e em 1224 ele casou-se por segunda vez com Hallveig Ormsdóttir.[8] Teve um total de dois filhos e três filhas; seu filho favorito morreu jovem, e as filhas foram unidas por matrimônio com filhos de chefes locais, como meio de tecer alianças com a elite islandesa.[8][9]

Em 1218, Snorri viajou à Noruega para fazer alianças entre a nobreza norueguesa.[8] Foi bem recebido pelo rei Haakon IV da Noruega (então com 14 anos) e pelo jarl (conde) Skule Bardsson, sendo nomeado escudeiro e vassalo.[8] Retornou à Islândia dois anos depois, onde escreveu o Háttatal ("lista de métricas poéticas"), em homenagem ao rei e ao conde. Este longo poema compõe a última parte da Edda em prosa.[9]

Na Islândia, a situação política de Snorri tornou-se difícil. Seu sobrinho, Sturla Sighvatsson, liderou uma força armada contra ele em Reykholt em 1236.[8] Snorri fugiu à Noruega, onde o rei Haakon e o agora duque Skule encontravam-se em meio a um conflito. Passou dois invernos no país na companhia de Skule e seus parentes, tendo sido designado conde (jarl) pelo duque. O rei Haakon, desconfiando da amizade entre os dois, proibiu Snorri de deixar a Noruega, mas este viajou mesmo assim. Seu irmão e sobrinho haviam sido mortos numa batalha, o que permitiu a Snorri retornar à Islândia sem temor.[8]

O rei Hakon derrotou as forças de Skuli numa batalha no verão de 1240. Snorri foi declarado traidor, e um emissário do rei, Gissur Torvaldsson, foi enviado à Islândia com ordens de trazê-lo de volta à Noruega ou matá-lo.[8] Os homens de Gissur surpreenderam Snorri em suas terras em Reykholt e o assassinaram no outono de 1241.[8]

Capa da Edda em prosa num manuscrito islandês do século XVIII.

Obra

Snorri é geralmente considerado o autor da Edda em prosa, uma obra complexa composta por quatro partes: um Prólogo que tenta harmonizar a mitologia nórdica com a tradição greco-romana, seguida da Gylfaginning ("a ilusão de Gylfi"), uma narrativa fantástica em que, por meio de um diálogo entre o rei lendário Gylfi e o deus Odin, é explicada grande parte da cosmologia e mitologia nórdicas. A terceira parte é a Skáldskaparmál ("linguagem poética"), outra fonte importante de lendas nórdicas escrita como uma espécie de manual de arte poética para escaldos (os poetas nórdicos). A última parte é o Háttatal, uma lista de formas de métrica poética.[9][10]

A base mais importante para a atribuição de autoria da Edda em prosa é um trecho do Códice de Upsália (um manuscrito do século XIV que inclui a Edda) que afirma que a obra foi "compilada" por Snorri Sturluson. Porém, não é totalmente claro se ele foi apenas um compilador ou autor de toda a obra. A parte que com certeza foi escrita por ele é o Háttatal.[9]

A Snorri também é atribuída a História dos reis da Noruega (Heimskringla), uma crónica dos reis nórdicos. A obra começa com a lendária Saga dos Inglingos, mas torna-se subsequentemente mais histórica, especialmente a partir do rei Haldano, o Negro e seu filho, Haroldo Cabelo Belo.[8] Dentro da Heimskringla cada rei tem sua própria saga, sendo a mais extensa a de Olavo, o Santo,[8] rei da Noruega morto em 1030 e canonizado em 1164.

Como historiador e mitógrafo, Snorri é famoso por ter sustentado a teoria (na Edda em Prosa) que os deuses mitológicos começam como líderes de guerra humanos e reis cujos sítios funerários se tornam objeto de culto. À medida que as pessoas os invocam esse líder morto quando vão à batalha, ou o rei morto quando eles em frente dificuldades nas tribos, elas começam a venerar a figura. Eventualmente, o rei ou soldado é lembrado apenas como um deus. Ele também propôs que quando uma tribo derrota outra, explica sua vitória dizendo que seus deuses estavam em guerra com os deuses dos outros.

Referências

Bibliografia

  • Sturluson, Snorri. The Prose Edda: Norse Mithology. Tradução, introdução e notas por Jesse L. Byock. Penguin Classics. 2006. ISBN 9780140447552 [1]

Ligações externas

  • Biografia de Snorri Sturluson em Snorrastofa (em inglês)