Tratado de São Francisco

O Tratado de São Francisco ou Tratado de paz com o Japão (日本国との平和条約 Nihon-koku to no Heiwa Jōyaku?) entre as forças aliadas e o Japão, foi assinado oficialmente em 1949. O tratado ficou popularmente conhecido como Tratado de São Francisco (サンフランシスコ条約 sanfuransisuko Jōyaku?). Ele entrou em vigor em 28 de Abril de 1952.

O Tratado serviu para finalizar oficialmente a Segunda Guerra Mundial, formalizar a posição do poder imperial, e especificar as compensações aos civis aliados feitos prisioneiros de guerra que tinham sofrido crimes de guerra por parte das forças imperiais japonesas. O tratado fez uso extensivo da Carta das Nações Unidas e da Declaração universal dos direitos humanos para anunciar os objetivos dos aliados.

Após a conferencia de Yalta, cinquenta países se reuniram nos EUA, em 1945 na Conferencia de São Francisco para a criação da ONU - Organização das Nações Unidas - tendo como objetivos: manter a paz mundial e a segurança internacional, buscar a cooperação entre os povos e soluções para os problemas econômicos, sociais, culturais e humanitário. Atualmente, a ONU congrega quase todas as nações do mundo e sua sede, em Nova Iorque, compreende seis órgãos de decisão: O conselho de segurança, a Assembleia - Geral, a Secretaria - Geral, o Conselho de Tutela, a Corte internacional de Justiça e o Conselho Económico e Social.

Os territórios ultramarinos japoneses

Império Japonês em seu apogeu.

O documento oficial o Japão renuncia aos territórios derivados do Protocolo de 1901 e seus direitos sobre Coreia, Formosa (Taiwan), Hong Kong (Colônia do Reino Unido) as Ilhas Curilhas, Ilhas Pescadores, Ilhas Spratly, Antártida e a Ilha de Sacalina.

O tratado não indica formalmente que nações são soberanas nestas áreas, como consequência disso uma publicação que os simpatizantes da Independência de Taiwan usam para justificar sua autodeterminação é artigo 77b da Carta das Nações Unidas, que diz que os territórios sob responsabilidade da ONU podem ser destacados dos estados inimigos como resultado da Segunda Guerra Mundial. Entretanto com a exceção das Ilhas Ryukyu, as áreas sobre as quais o Japão renunciou a soberania nunca foram trazidas sob o arranjo formal das leis das Nações Unidas. E as especificações dos artigo 77 nunca foram aplicadas.

O artigo 3 do tratado pôs formalmente as Ilhas Ryukyu, incluídas em Okinawa, as Ilhas Amami, Miyako, e o grupo das Ilhas Yaeyama sob responsabilidade dos Estados Unidos. As Ilhas Amami foram cedidas de volta ao Japão em 25 de dezembro de 1953 e em 1969 uma negociação entre Estados Unidos e Japão transferiu a autoridade sobre as Ilhas Ryukyu para o Japão sendo implementada em 1972. Em 1972 a “reversão” americana das Ilhas Ryukyu aconteceu junto com a transição do controle das desabitadas Ilhas Senkaku sem tomar posição sobre o ultimato de soberania das ilhas reivindicado pela República da China e da República Popular da China.

Pelo artigo 11 o Japão aceitou os julgamentos do Tribunal Militar Internacional do Extremo Oriente e outras Cortes Aliadas para crimes de guerra dentro e fora do Japão, e aceitou aplicar as sentenças impostas sobre os japoneses aprisionados no Japão.

O documento adicional declara regras de repatriação dos prisioneiros de guerra e renuncia qualquer linha de agressão futura sob as regras da Carta da ONU.

O documento anula tratados anteriores e restringe qualquer força militar japonesa como sendo puramente de natureza defensiva.

Existe alguma ambiguidade sobre os território que o Japão renunciou a soberania. Isto conduziu ao conflito do território de Kuril e à disputa de Diaoyutai/Senkaku.

Nem a nacionalista República da China nem a comunista República Popular da China foram convidados à conferência da paz de São Francisco e consequentemente nenhumas assinaram este tratado. A República da China, entretanto, decretou um tratado separado de Taipei com o Japão em 1952, em que reconhece os termos do tratado do São Francisco. Alguns simpatizantes da independência de Taiwan alegam que o tratado de São Francisco justifica a independência de Taiwan por não conceder explicitamente a soberania a República da China ou a República Popular da China. Essa justificativa legal é rejeitada pela República da China e pela República Popular da China.

A União Soviética e outros dois países comunistas recusaram-se a assinar o tratado de São Francisco. Nenhum tratado em separado foi assinado com o Japão depois que a União Soviética entrou em colapso em 1991. Isto impediu que as disputas territoriais russo-japonesas fossem resolvidas.

Compensação para aliados civis

Transferência de recursos ultramarinos japoneses

Recursos ultramarinos japoneses refere-se a todos os recursos possuídos pelos governo japonês, empresas, organizações e cidadãos nos territórios ocupados ou colonizados. De acordo com a cláusula 14 do tratado, forças aliadas confiscaram todos os recursos ultramarinos japoneses, exceto aqueles na China, como previsto na cláusula 21. A China reempossou todos os recursos japoneses dentro de Manchúria e da Mongólia. Além disso, a cláusula 4 do tratado indica que “a disposição de propriedade do Japão e seus bens e de duas reivindicações contra as autoridades presentemente administrando essas áreas e seus residentes ficam sujeitas a acordos especiais entre o Japão e essas autoridades”. Consequentemente, considera-se que a Coreia também estava dentro dos direitos previstos na cláusula 21.

Recursos Ultramarinos Japoneses em 1945 (1945, ¥15=1US$)
País/RegiãoValor (Ienes)Valor (Dólares americanos)
Coreia70 256 000 0004 683 700 000
Taiwan42 542 000 0002 846 100 000
Nordeste da China146 532 000 0009 768 800 000
Norte da China55 437 000 0003 695 800 000
Centro-sul da China36 718 000 0002 447 900 000
Outros28 014 000 0001 867 600 000
Total379 499 000 00025 300 000 000

Compensação por prisioneiros de guerra aliados

Cláusula 16 do Tratado de São Francisco:

Como uma expressão do desejo de indenizar aqueles membros das forças armadas aliadas que sofreram tratamentos impróprios enquanto prisioneiros de guerra do Japão, o Japão irá transferir recursos e posses nos países que foram neutros durante a guerra.

Também pelo acordo, Japão pagou £4 500 000 para a Cruz Vermelha Internacional.

Os territórios aliados ocupados pela cláusula 14 de Japão do tratado indicaram que "O Japão participará prontamente em negociações com os poderes aliados que o desejem, cujos territórios atuais foram ocupados por forças japonesas e danificados pelo Japão, com vista a ajudar a compensar aqueles países para o custo de reparar os danos feitos, disponibilizando o serviço do povo japonês em trabalho da produção." De modo conforme, as Filipinas e o Vietnam do Sul receberam a compensação em 1956 e em 1959 respectivamente. A Birmânia (Miammar) e a Indonésia não eram signatários originais, mas assinaram mais tarde o tratado bilateral de acordo com a cláusula 14 do tratado do San Francisco. A compensação japonesa aos países ocupados durante 1941-45 do país atinge na data do tratado, em ienes e em dólares: Birmânia 72 000 000 000; 200 000 000; 5 de novembro de 1955; Filipinas 198 000 000 000; 550 000 000; 9 de maio de 1956; Indonésia 80 388 000 000; 223 080 000; 20 de janeiro de 1958; Vietnam 14 400 000 000; 38 000 000; 13 de maio de 1959; total em ienes: 364 348 800 000 e total em dólares 1 012 080 000. O último pagamento foi feito às Filipinas em 22 de julho de 1976.

Ver também

Ligações externas