Capitão Guimarães

Bicheiro

Aílton Guimarães Jorge, mais conhecido como Capitão Guimarães (Rio de Janeiro, 24 de novembro de 1941), é um bicheiro e ex-militar brasileiro. Está preso acusado de mandar assassinar um padre, em prisão domiciliar. Foi Oficial das Forças Armadas durante o período da ditadura militar, é acusado de ter participado de procedimentos de torturas contra presos políticos.[2] Após deixar o Exército, tornou-se banqueiro do jogo do bicho.

Capitão Guimarães
Capitão Guimarães
Nome completoAílton Guimarães Jorge
Pseudônimo(s)Capitão Guimarães
Nascimento24 de novembro de 1941 (82 anos)[1]
Rio de Janeiro, DF
ResidênciaNiterói, RJ
Nacionalidadebrasileiro
Ocupaçãoex-militar e bicheiro

É filho de um guarda civil, a quem acompanhava nas rondas pela Zona Norte do Rio de Janeiro quando criança.[3] Cursou a Academia Militar das Agulhas Negras na arma de Intendência, foi caracterizado como um aluno aplicado, mas bagunceiro e foi o 15° de uma turma de 69. Durante o curso, passou 35 dias na cadeia.[3]

Carreira militar

Bom de bola, sambista, frequentador do Cordão da Bola Preta, entrou por vontade própria nas operações políticas da Polícia do Exército - RJ.[3] Segundo seus superiores era "inteiramente imbuído dos objetivos revolucionários, por um Brasil melhor, livre da corrupção e da subversão".[3] Em 1968 foi carcereiro de Vladimir Palmeira, logo após a divulgação do Ato Institucional Número 5 prendeu Paulo Francis e Ferreira Gullar.[3] Em 1969, foi ferido na perna durante um tiroteio, o primeiro oficial ferido em combate à luta armada.[3] Recebeu a medalha do Pacificador e foi elogiado por seu comandante.[3] No DOI-CODI orgulhava-se de interrogar os prisioneiros sem máscara.[3]

Na madrugada de 14 de maio de 1971, já no posto de capitão, na companhia de dois outros capitães do exército, dois sargentos e dois cabos, assaltaram uma casa na estrada do Mendanha, no Rio, para roubar centenas de caixas de uísque, perfumes, milhares de calças e jaquetas de uma quadrilha de ex-oficiais da polícia militar.[3] Em poucos dias os ex-oficiais da PM descobriram quem os tinha roubado e propuseram um acordo, no final da negociação ficou acordado que o capitão passaria a fazer serviço de escolta.[3] Um ano se passou, sem que fosse dado nenhum serviço aos militares da Policia do Exército - RJ, que então roubaram um caminhão carregado de roupas e venderam por pouco mais de 30 mil dólares.[3] Os contrabandistas reagiram e eles foram denunciados ao comando do I Exército.[3]

O caso foi inicialmente investigado pelo tenente-coronel José Amaral Caldeira que investigou pessoalmente e inocentou todos os envolvidos.[3] Os contrabandistas finalmente passaram a contratar o grupo do capitão Guimarães.[3] No final de 1972 foi chamado junto com um sargento para guardar a chegada de 3 caminhões com roupas e cosméticos na praia do Caju.[3] Logo depois, em Sepetiba, um jipe do exército escoltou um comboio com mais de 18 mil calças Lee até o centro da cidade.[3] Nestas duas operações trabalharam junto com o comissário Euclides Nascimento, da Scuderie Detetive Le Cocq.[3]

Na madrugada de 22 de novembro de 1973, o capitão e o comissário escoltavam dois caminhões de uísque e cigarros, ao passar por São Cristóvão foram parados por dois policiais militares armados que confiscaram a carga, tentaram um acordo, infrutífero.[3] O capitão mandou chamar reforço no quartel e um camburão da Polícia do Exército - RJ, sob o comando de Paulo Roberto Andrade, chegou para desarmar os policiais e dar seguimento na carga.[3] O caso não deixou nenhum registro na Polícia do Exército - RJ, nem na seção de informações, como era usual na época.[3]

Em 20 de fevereiro de 1974 o governo se movimentou, a Polícia Federal e o Serviço Nacional de Informações reuniram provas e remetaram ao general Sílvio Frota que abriu um IPM para investigar a denúncia, sob o comando do coronel Aloísio Alves Borges.[3] No dia seguinte boa parte da quadrilha estava presa, incluindo o capitão Guimarães.[3] No fim do mês eram trinta presos, para colher os depoimentos foram submetidos a torturas.[3] Na primeira instância, 24 presos foram libertados em dois meses, no final o STM absolveu a todos.[3]

Vida civil

Guimarães passou à vida civil para trabalhar com o bicheiro Ângelo Maria Longa, vulgo Tio Patinhas, começou como gerente e em sete anos já sentava no conselho dos sete grandes banqueiros, redigindo atas, delimitando zonas para os pequenos banqueiros.[1][3] Seu território se estendeu de Niterói ao Espírito Santo.[3]

Com ligações no Carnaval carioca, foi presidente da LIESA de 1987 a 1993 e de 2001 a 2007, quando foi preso na Operação Hurricane da Polícia Federal,[4] junto com outros bicheiros e dirigentes da entidade. Já foi presidente da sua escola de coração Vila Isabel e patrono da Viradouro.

Em 7 de dezembro de 2022, Guimarães foi preso por suspeita de homicídio do pastor Fábio de Aguiar Sardinha, em um posto de gasolina em São Gonçalo, em julho de 2020.[5]

Referências

Ligações externas

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Precedido por
Anísio Abraão David
Luizinho Drummond
Presidentes da LIESA
1987 - 1993
2001 - 2007
Sucedido por
Paulo de Almeida
Jorge Castanheira
Precedido por
Dr. Waltencir Coelho
Presidentes da Vila Isabel
1981 - 1982
Sucedido por
Lícia Maria Maciel Caniné (Ruça)