Erupção do Vesúvio em 79
A erupção do Vesúvio em 79 d.C. foi uma das mais conhecidas e catastróficas erupções vulcânicas de todos os tempos.[1] As cercanias romanas de Pompeia, Herculano, Estábia e Oplontis foram afetadas, com Pompeia e Herculano sendo completamente destruídas. O Vesúvio espalhou uma nuvem mortal de rochas, cinzas e fumaça a uma altura de mais de 30 quilômetros, cuspindo lava e púmice a uma proporção de 1,5 milhão de toneladas por segundo e liberando no total uma energia térmica centenas de milhares de vezes maior do que a do bombardeamento de Hiroshima.[2]
Erupção do Vesúvio em 79 | |
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Erupção do Vesúvio, quadro de Johan Christian Dahl pintado em 1826 | |
Vulcão | Monte Vesúvio |
Data | 24–25 de agosto (tradicional) ou c. Outubro ou novembro (hipótese moderna), 79 d.C. |
Tipo | Pliniana |
Localização | Itália, Império Romano |
IEV | 5 |
Impacto | Destruiu as cidades romanas de Pompeia, Herculano, Oplontis e Estábia. |
Alcance da erupção do Vesúvio em 79. |
Estima-se que 16 000 cidadãos de Pompeia e Herculano morreram devido ao fluxo piroclástico hidrotermal de temperaturas superiores a 700 °C.[3] Desde 1860, quando escavações sistemáticas passaram a ser realizadas em Pompeia, os arqueólogos descobriram nos limites da cidade as cascas petrificadas dos corpos decompostos de 1 044 vítimas.[4]
Antecedentes
O Vesúvio sofreu diversas erupções. A mais conhecida, ocorrida em 79, foi precedida por diversas outras na pré-história, incluindo pelo menos três de significante impacto, a mais célebre delas sendo a erupção de Avelino por volta de 1800 a.C., que engolfou diversos povoados da Idade do Bronze e depositou no monte Vesúvio aproximadamente 0,32 km³ de púmice branca, enquanto uma segunda e mais intensa explosão levantara uma coluna de 31 km e depositara 1,25 km³ de púmice cinza.[5]
A erupção de 79 foi antecedida por um poderoso sismo ocorrido dezessete anos antes, em 5 de fevereiro de 62, que provocou destruição generalizada em torno do golfo de Nápoles e, particularmente, em Pompeia. Alguns dos danos ainda estavam sendo reparados quando o vulcão irrompeu.[6] A morte repentina de 600 ovelhas nas cercanias de Pompeia, relatada por Séneca, levou o vulcanologista moderno Haraldur Sigurðsson a comparar o fato a mortes similares de animais ocorridas na Islândia devido a poças de dióxido de carbono vulcânico, e a especular que o terremoto de 62 estava relacionado à nova atividade do Vesúvio.[7]
A erupção
As reconstituições da erupção e seus efeitos variam consideravelmente em detalhes, mas apresentam todas as mesmas características. A erupção teria durado dois dias. A manhã do primeiro dia foi considerada normal pela única testemunha a deixar registros escritos, Plínio, o Jovem. Ao entardecer, uma explosão lançou uma coluna de grande altitude da qual cinzas começaram a cair, cobrindo a região. Resgates e fugas ocorreram durante este período. Em determinada hora da noite ou no começo do dia seguinte, os fluxos piroclásticos começaram a atingir as cercanias mais próximas ao vulcão. As luzes vistas no monte foram interpretadas como sendo um incêndio, e populações de locais distantes como Miseno fugiram para salvar suas vidas. Os fluxos moviam-se rapidamente, eram densos e de temperatura intensa, destruindo parcial ou inteiramente todas as estruturas em seu caminho, incinerando ou sufocando os habitantes remanescentes e alterando a paisagem, incluindo a linha costeira. Ocorriam paralelamente tremores leves, enquanto um maremoto de médio porte atingia o golfo de Nápoles.
Estudos mostram que, as cerca de duas mil pessoas que morreram não foram apanhadas por rios de lava, mas sim por uma nuvem gigante de cinzas e gás ejetada pelo vulcão. O fluxo piroclástico – a nuvem densa de cinzas, gás e vidro vulcânico – que atingiu a cidade tinha uma temperatura de mais de 100 ºC, provavelmente engolfou a cidade durante 10 a 20 minutos, com a duração média do fluxo a ser 17 minutos – tempo suficiente para a inalação das cinzas quentes ser letal.[8]
Estudos estratigráficos
De acordo com um estudo estratigráfico por Sigurdsson, Cashdollar e Sparks, publicado em 1982 e atualmente considerado uma referência padrão, a erupção de 79 ocorreu em duas fases: uma erupção pliniana que durou de dezoito a vinte horas, seguida por um fluxo piroclástico, característico da erupção peleana, que alcançou Miseno mas concentrou-se a oeste e noroeste.[9] Dois fluxos piroclásticos engolfaram Pompeia, queimando e asfixiando os habitantes que não foram capazes de fugir. Oplontis e Herculano receberam a maior parte dos fluxos, sendo soterradas por uma cinza fina e pelos depósitos piroclásticos.
Os estudos da erupção de 79 foram comparados à erupção da Idade do Bronze, adiantando suposições de um possível futuro desastre. Desde uma última erupção em 1944, o Vesúvio permanece relativamente quieto; supõe-se, no entanto, que quanto mais tempo ele permanecer adormecido pior será a erupção, especialmente em relação à região densamente habitada em torno do vulcão.[10]