Partido Democrata (Estados Unidos)

partido político norte-americano
 Nota: Para outros significados, veja Partido Democrático.

O Partido Democrata (em inglês: Democratic Party) é um dos dois partidos majoritários do atual sistema bipartidário dos Estados Unidos, ao lado do Partido Republicano. Com origens que remontam ao Partido Democrata-Republicano (fundado em 1791 por Thomas Jefferson), o atual Partido Democrata foi fundado em 8 de janeiro de 1828,[10] fazendo dele uma das mais antigas agremiações políticas ainda em atividade do mundo.

Partido Democrata
Democratic Party
PresidenteJaime Harrison
Fundação8 de janeiro de 1828 (196 anos)
Sede430 South Capital Street
Washington, D.C.,  Estados Unidos
IdeologiaMajoritária:
Liberalismo americano[1]

Facções:
Liberalismo social[2]
Progressismo[3]
Populismo de esquerda[4]
Socialismo democrático[5]
Terceira via[6]
Social-democracia[7]
Conservadorismo[8]
Espectro políticoCentro a centro-esquerda
Ala de juventudeYoung Democrats of America
Dividiu-se dePartido Democrata-Republicano
Membros (2022)Aumento 47,130,651[9]
Afiliação internacionalAliança Progressista
Senado
48 / 100
Câmara dos Representantes
213 / 435
Governos Estaduais
23 / 50
Senados Estaduais
857 / 1 973
Câmaras dos Representantes Estaduais
2 425 / 5 413
Governos dos Territórios
4 / 5
Senados dos Territórios
31 / 97
Cores     Azul
Símbolo eleitoral
Página oficial
www.democrats.org
Política dos Estados Unidos

Partidos políticos

Eleições

Desde a década de 1930, o partido adota uma linha política de centro-esquerda, com um plataforma voltada para o liberalismo social,[11] defendendo politicas de economia mista e justiça social.[12] O partido adota uma visão moderna do liberalismo americano que defende igualdade social e econômica, junto com o chamado Estado de bem-estar social.[13] O Partido Democrata também advoga mais participação do governo em questões econômicas na forma de melhores regulamentações do mercado.[14] Estas visões, junto com a defesa do sistema universal de saúde, apoio a sindicatos, programas de assistência social, oportunidades iguais, proteção do consumidor e preservação ambiental, formam a plataforma ideológica do partido.[15] Atualmente, a base eleitoral e política do Partido Democrata é composta basicamente por progressistas e centristas,[16] com uma pequena parcela de democratas conservadores.

Cerca de dezesseis Democratas serviram como Presidente: o primeiro sendo Andrew Jackson, que serviu de 1829 a 1837, e o último e atual sendo Joe Biden, que assumiu em 2021. Após as eleições de 2022, os Democratas são o principal partido no governo dos Estados Unidos, controlando a Casa Branca e sendo maioria absoluta no Senado, mas retendo menos governadores (24 de 50) e legislaturas estaduais (19 de 50) do que os Republicanos;[17] porém ainda se conservam como a principal força política nas maiores cidades do país, como Boston, Chicago, Los Angeles, Filadélfia, Nova Iorque, São Francisco, Seattle e Washington, D.C.[18]

História

O Partido Democrata tem suas origens no Partido Democrata-Republicano, que foi fundado em 1792 por Thomas Jefferson, James Madison e outros opositores ao Partido Federalista. O Partido Democrata atual só surgiu na década de 1830, com a eleição de Andrew Jackson. Desde a nomeação de William Jennings Bryan em 1896, o partido tem se posicionado à esquerda do Partido Republicano em questões econômicas. Desde 1948, o partido tem sido mais liberal (de esquerda) em matéria de direitos civis. Quanto à política externa, ambos os partidos mudaram de posição por várias vezes.[19]

1828–1860

Andrew Jackson, considerado o primeiro presidente democrata.

O Partido Democrata surgiu a partir do Partido Democrata-Republicano, também chamado de Partido Republicano Jeffersoniano, que foi criado por Thomas Jefferson e James Madison em oposição ao Partido Federalista de Alexander Hamilton e John Adams. O Partido Democrata-Republicano defendia o republicanismo, um governo federal fraco, mais poder para os estados, interesses agrários (especialmente os agricultores do sul do país) e estrita obediência à constituição; e era contra a criação de um banco central, laços estreitos com a Grã-Bretanha e os interesses bancários e de negócios. Este partido chegou ao poder na eleição presidencial nos Estados Unidos em 1800.

Após a Guerra anglo-americana de 1812, o Partido Federalista virtualmente desapareceu e o único partido político do país passou a ser o Partido Democrata-Republicano. O período de unipartidarismo no país, conhecido como "Era dos Bons Sentimentos", durou de 1816 até o começo da década de 1830, com o surgimento de um partido rival, o Partido Whig. O Partido Democrata-Republicano, no entanto, também tinha divisões internas. Elas se tornaram evidentes na escolha do sucessor do presidente James Monroe. A facção que apoiava a maior parte dos antigos princípios jeffersonianos, liderada por Andrew Jackson e Martin Van Buren, se tornou o atual Partido Democrata. Como explica Norton:

Os jacksonianos acreditavam que a vontade popular havia finalmente prevalecido. Através de uma financeiramente pródiga coalizão de partidos estaduais, líderes políticos e editores de jornais, um movimento popular tinha eleito um presidente. Os democratas se tornaram o primeiro partido político bem-organizado do país… e disciplinada organização partidária se tornou a marca da política estadunidense no século XIX.[20]
"Um burro vivo chutando um leão morto": caricatura de Thomas Nast publicada em 19 de janeiro de 1870 na revista Harper's Weekly. No burro, está escrito "jornais dos cabeças de cobre" (os "cabeças de cobre" eram uma facção dos democratas que se opunha à Guerra Civil dos Estados Unidos). No leão, está escrito o nome de Edwin M. Stanton, secretário de guerra do governo estadunidense durante a maior parte da guerra.

Facções opositoras lideradas por Henry Clay ajudaram a formar o Partido Whig. O Partido Democrata teve uma pequena porém decisiva vantagem sobre o Partido Whig até a década de 1850, quando o Partido Whig se esfacelou diante da questão da escravidão. Em 1854, revoltados diante do Ato de Kansas-Nebraska, que deixava a decisão sobre a escravidão nos novos territórios do oeste a cargo dos colonos, democratas antiescravistas deixaram o partido e se uniram aos whigs do norte para formar o Partido Republicano.[21][22]

Com base nas plataformas defendidas pelo partido a nível local e a nível nacional, pode ser traçado um perfil do partido Democrata:

Os democratas representavam uma grande gama de visões, mas se uniam no conceito jeffersoniano de uma sociedade agrária. Eles viam o governo central como um inimigo da liberdade individual. A "barganha corrupta" de 1824 aumentou suas suspeitas em relação à política de Washington. …Os jacksonianos temiam a concentração de poder político e econômico. Eles acreditavam que a intervenção governamental na economia beneficiava grupos determinados e criava monopólios corporativos que favoreciam os ricos. Eles procuravam restaurar a independência do indivíduo — o artesão e o agricultor comum — através do fim do apoio federal a bancos e corporações e restringindo o uso de papel-moeda, no qual eles não confiavam. A sua definição do papel apropriado do governo tendia a ser negativa, e o poder político de Jackson se expressava largamente em atos negativos. Ele exercitou o poder de veto mais do que todos os presidentes anteriores juntos. Jackson e seus apoiadores também se opunham ao movimento reformista. Os reformistas cobravam uma maior ação governamental. Os democratas tendiam a se opor a programas como a reforma educacional com instauração de um sistema público de ensino. Eles acreditavam que a escola pública restringia a liberdade do indivíduo na medida em que interferia na responsabilidade dos pais e enfraquecia a liberdade religiosa ao substituir as escolas das igrejas. Jackson também não compartilhava das ideias humanitárias dos reformistas. Ele não tinha simpatia pelos povos nativos dos Estados Unidos, e iniciou a remoção dos cheroquis ao longo da Trilha das Lágrimas.[23]

1860–1900

Grover Cleveland, na sua posse, em 1885.

Os democratas se dividiram na escolha do sucessor do presidente James Buchanan entre norte e sul: o partido apresentou duas candidaturas à eleição presidencial nos Estados Unidos em 1860, na qual o Partido Republicano ganhou importância. Os radicais escravistas "comedores de fogo" lideraram greves tanto na convenção democrata de abril no Institute Hall de Charleston, Carolina do Sul quanto na convenção de junho em Baltimore quando o partido não adotou uma resolução apoiando a extensão da escravidão aos novos territórios mesmo se os eleitores desses territórios não o quisessem. Estes "democratas do sul" apresentaram a candidatura de John C. Breckinridge para presidente e Joseph Lane para vice-presidente. Os "democratas do norte" apresentaram a candidatura de Stephen A. Douglas para presidente e Herschel Vespasian Johnson para vice-presidente. Alguns democratas do sul apoiaram a candidatura do Partido da União Constitucional, com John Bell para presidente e Edward Everett para vice-presidente. A divisão dos democratas levou a uma vitória dos republicanos, e Abraham Lincoln foi eleito o 16.º presidente dos Estados Unidos.

Com a eclosão da Guerra de Secessão, os democratas do norte se dividiram em democratas de guerra e democratas de paz. Os Estados Confederados da América, cientes da confusão reinante na política do país no período pré-guerra e com uma premente necessidade de união, viam francamente os partidos políticos como inimigos da boa governança. Consequentemente, os Estados Confederados não tinham nenhum partido político, ou pelo menos nenhum com tanta organização quanto os partidos políticos do norte. A maior parte dos democratas de guerra se uniu ao presidente Abraham Lincoln e ao Partido União Nacional na eleição presidencial nos Estados Unidos em 1864. O Partido da União Nacional apresentou a candidatura de Andrew Johnson, que veio a suceder Abraham Lincoln na presidência em 1865. Os democratas se beneficiaram do ressentimento dos brancos do sul com a Reconstrução dos Estados Unidos e consequente hostilidade para com os republicanos. Depois que os "redentores" (coalizão conservadora do sul) encerraram a reconstrução na década de 1870, e em seguida ao violento processo de "desemancipação dos afro-americanos" liderada por políticos democratas adeptos da supremacia branca como Benjamin Tillman nas décadas de 1880 e 1890, o sul passou a votar predominantemente nos democratas, e passou a ser conhecido como "Sul Sólido". Embora os republicanos só não tivessem ganho duas eleições, os democratas continuavam competitivos. O partido era dominado pelos pró-negócios (e conservadores) "democratas bourbons" liderados por Samuel J. Tilden e Grover Cleveland, que: representavam interesses mercantis, bancários e de ferrovias; se opunham ao imperialismo e à expansão além-mar; lutavam pelo padrão-ouro; e combatiam o bimetalismo, a corrupção, os altos impostos e as taxas alfandegárias. Grover Cleveland foi eleito para mandatos presidenciais não consecutivos em 1884 e 1892.[24]

Woodrow Wilson em 1919.

Quarto Sistema de Partido (1896–1930)

Os democratas agrários que defendiam a "prata livre" (política monetária expansionista, com cunhagem ilimitada de moedas de prata de acordo com a demanda, em oposição ao mais contido padrão-ouro) sobrepujaram os democratas bourbons em 1896 e nomearam William Jennings Bryan como candidato à presidência (nomeação esta que viria a ser repetida em 1900 e 1908). Bryan lançou uma vigorosa campanha contra os interesses monetários do leste, mas perdeu a eleição para o republicano William McKinley. Os democratas adquiriram o controle da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos em 1910 e elegeram Woodrow Wilson como presidente em 1912 e 1916. Wilson levou o Congresso dos Estados Unidos a sepultar as questões de taxas alfandegárias, dinheiro e leis antitrustes que haviam dominado a política do país por quarenta anos, e promulgou leis progressistas.

1930–1960

Franklin D. Roosevelt, o 32.º presidente dos Estados Unidos, em abril de 1945. No seu governo, o Partido Democrata começou sua virada para a centro-esquerda no espectro político, ao menos na área social.

A Grande Depressão em 1929, que ocorreu sob a presidência do republicano Herbert Hoover, e o Congresso com maioria republicana prepararam o terreno para um governo mais liberal; os democratas controlaram a Câmara dos Representantes quase ininterruptamente de 1930 a 1994 e ganharam a maioria das eleições presidenciais até 1968. Franklin D. Roosevelt, eleito presidente em 1932, lançou o programa de governo conhecido como New Deal. O liberalismo do "Novo Acordo" se baseava na regulação dos negócios (especialmente o setor bancário e de finanças) e na promoção dos sindicatos, assim como em gasto federal na ajuda aos desempregados e aos agricultores desesperados e na realização de grandes obras públicas. O programa marcou o início do estado de bem-estar social estadunidense.[25] Seus opositores, que se opunham especialmente aos sindicatos e apoiavam os negócios e os tributos reduzidos, começaram a se chamar "conservadores".[26]

Até a década de 1980, o Partido Democrata foi uma coalizão de dois partidos divididos pela linha de Mason-Dixon: os democratas liberais do norte de um lado, e os eleitores culturalmente conservadores do sul (que, embora se beneficiassem das grandes obras públicas do New Deal, se opunham às iniciativas relacionadas aos direitos políticos levadas a cabo pelos liberais do nordeste). A polarização entre esses dois grupos se acentuou após a morte de Roosevelt. Os democratas do sul desempenharam um papel chave na coalizão conservadora com os republicanos do meio-oeste. A filosofia economicamente ativista de Roosevelt, que influenciou poderosamente o liberalismo nos Estados Unidos, modelou muito da agenda econômica do partido após 1932. Da década de 1930 até meados da década de 1960, a coalizão do New Deal geralmente controlou a presidência, enquanto a coalizão conservadora geralmente controlou o congresso.[27]

Questões que desafiaram o partido e o país após a Segunda Guerra Mundial incluíram a Guerra Fria e o Movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. Os republicanos atraíram os conservadores e os sulistas brancos da coalizão democrata com sua "estratégia sulista" (apelar para o racismo contra os afro-americanos como forma de ganhar votos) e sua resistência ao New Deal e ao liberalismo da Grande Sociedade. Os afro-americanos haviam tradicionalmente apoiado o Partido Republicano por causa das políticas antiescravistas de Abraham Lincoln e as políticas de direitos civis de seus sucessores, como Ulysses S. Grant. Mas eles começaram a apoiar os democratas a partir da administração de Roosevelt, do New Deal, da integração nas Forças Armadas dos Estados Unidos, da defesa da legislação de direitos civis pelo presidente Harry Truman em 1947-48 e do movimento dos direitos civis no pós-guerra. A principal base de apoio dos democratas passou a ser, então, a Região Nordeste dos Estados Unidos, numa virada radical na sua história. Essa nova configuração interna de poder adotada causou um impacto tão profundo no partido que inaugurou o fenômeno chamado "realinhamento político" ou "inversão eleitoral crítica", com os democratas tomando posições antes dos republicanos e vice-versa, e influenciou vários outros movimentos em outras partes do mundo.[28]

1960–1980

John F. Kennedy, presidente entre 1961 e 1963.

A eleição do presidente John F. Kennedy, de Massachusetts, em 1960, foi parcialmente um reflexo dessa mudança na base de apoio dos democratas. Na sua campanha, Kennedy atraiu uma nova geração de jovens eleitores. Na sua agenda, chamada de "Nova Fronteira", Kennedy prometeu programas sociais e grandes obras públicas, além de um maior apoio à NASA, propondo uma viagem tripulada à Lua no final da década. Ele apoiou iniciativas de direitos civis e propôs a Lei dos Direitos Civis de 1964, mas seu assassinato em novembro de 1963 impediu-o de ver a aprovação da lei.

O sucessor de Kennedy, Lyndon B. Johnson, foi capaz de persuadir o congresso majoritariamente conservador a aprovar a Lei dos Direitos Civis de 1964 e, com um congresso mais progressista em 1965, conseguiu aprovar muito da Grande Sociedade, que consistia num conjunto de programas sociais destinados a ajudar os mais pobres. A defesa de Kennedy e Johnson dos direitos civis solidificou o apoio dos afro-americanos aos democratas, mas, em compensação, afastou os brancos sulistas, que acabaram migrando para o Partido Republicano, particularmente após a eleição de Ronald Reagan em 1980. O envolvimento do país na Guerra do Vietnã na década de 1960 foi outro assunto polêmico que ajudou a dividir ainda mais a coalizão democrata. Após a Resolução do Golfo de Tonkin em 1964, o presidente Johnson enviou maior número de tropas para o Vietnã, mas isso não foi capaz de afastar a Frente Nacional para a Libertação do Vietname do Vietname do Sul, resultando num crescente atoleiro que, em 1968, gerou uma grande campanha popular contra a guerra no país e mesmo no resto do mundo. Com crescentes perdas humanas e noticiários noturnos veiculando imagens perturbadoras do Vietnã, o custoso engajamento militar no Vietnã tornou-se crescentemente impopular, afastando, do partido, muitos dos jovens eleitores que os democratas haviam atraído no começo da década. Os protestos nesse ano, junto com os assassinatos de Martin Luther King Jr. e do candidato democrata à presidência Robert F. Kennedy (irmão mais novo de John F. Kennedy), chegaram a seu clímax na controversa Convenção Nacional Democrata no verão em Chicago, a qual, em meio ao tumulto dentro e fora do salão de convenções, escolheu o vice-presidente Hubert Humphrey como candidato democrata à presidência, numa série de eventos que marcou o declínio da ampla coalizão do partido.

O presidente Lyndon Johnson se encontra com o ativista dos direitos civis Martin Luther King.

O candidato republicano à presidência, Richard Nixon, se aproveitou da confusão democrata e se elegeu presidente nesse ano. Em 1972, ele ganhou novamente a eleição, desta vez contra o democrata George McGovern, o qual, como Robert Kennedy, conseguira atrair os jovens contrários à guerra e os partidários da contracultura, mas ao contrário deste, não fora capaz de atrair os trabalhadores brancos, tradicionais eleitores dos democratas. O segundo mandato de Nixon foi abalado pelo caso Watergate, que o forçou a renunciar em 1974. Ele foi sucedido pelo vice-presidente Gerald Ford. O caso Watergate deu, aos democratas, uma oportunidade de se recuperar, e seu candidato Jimmy Carter ganhou a eleição em 1976. Com o apoio inicial dos eleitores evangélicos do sul, Carter pôde, momentaneamente, reunir as diferentes facções do partido, mas a inflação e a Crise dos reféns americanos no Irã em 1979-1980 contribuíram para a esmagadora vitória do republicano Ronald Reagan em 1980, que prenunciou o predomínio republicano nos anos seguintes.

1980–presente

Jimmy Carter, o 39.º presidente dos Estados Unidos.

Com o predomínio dos republicanos a partir do governo de Ronald Reagan, os democratas procuraram reagir, mas Walter Mondale perdeu a eleição de 1984. Em consequência, os democratas começaram a procurar uma nova geração de líderes inspirados pelo idealismo pragmático de John F. Kennedy. Os democratas encontraram esse perfil no governador do Arkansas, Bill Clinton, que se elegeu presidente em 1992. Bill Clinton fazia parte dos Novos Democratas, uma facção centrista do partido. Seu governo adotou uma política econômica centrista, mas uma agenda social progressista. Num esforço para atrair tanto liberais quanto conservadores do ponto de vista fiscal, os democratas passaram a defender um orçamento equilibrado e economia de mercado temperada com intervencionismo econômico (economia mista), mantendo a ênfase na justiça social e ações afirmativas. A política econômica adotada pelos democratas, incluindo o governo Clinton, tem sido descrita como Terceira Via.

Os democratas perderam o controle do congresso nas eleições de 1994 para o Partido Republicano. Reeleito em 1996, Clinton foi o primeiro presidente democrata desde Franklin Roosevelt a ser eleito para dois mandatos. Após doze anos de predomínio republicano, os democratas reconquistaram a maioria tanto na Câmara de Representantes quanto no Senado na eleição de 2006.

Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos durante boa parte da década de 1990.

Na sequência dos Ataques de 11 de setembro de 2001 e com o aumento da preocupação com o aquecimento global, alguns dos principais tópicos abordados pelo partido no início do século XXI foram métodos de combate ao terrorismo, segurança nacional, ampliação do acesso a assistência médica, direitos trabalhistas, ambientalismo e manutenção do programa de governo liberal de esquerda.[29] Barack Obama foi eleito o primeiro presidente afro-americano do país em 2008. Na sequência da recessão de 2007, o partido ganhou o controle de ambas as casas do congresso. O governo Obama fez avançar reformas como o Ato de Recuperação e Reinvestimento Estadunidense de 2009, o Ato Dodd-Frank de Proteção do Consumidor e Reforma de Wall Street e o Ato de Proteção ao Paciente e Assistência Acessível. Nas eleições nos Estados Unidos em 2010, o partido perdeu o controle da Câmara dos Representantes, bem como a maioria nos legislativos e governos estaduais. Na eleição presidencial nos Estados Unidos em 2012, Obama foi reeleito mas o partido continuou a ser minoria na câmara. Em 2014, o partido perdeu o controle do senado pela primeira vez desde 2006. Após a eleição presidencial nos Estados Unidos em 2016, com a vitória de Donald Trump, o partido passou para a oposição, não possuindo nem a presidência nem a maioria no senado ou na câmara.

Barack Obama, o 44.º presidente dos Estados Unidos (e o primeiro afro-americano no cargo) junto com Hillary Clinton.

De acordo com uma pesquisa do Pew Research Center, o partido se tornou mais socialmente liberal e secular em comparação ao que era em 1987.[30] Uma pesquisa de agosto de 2017 da Gallup descobriu que 28% dos estadunidenses se considerava democrata, 28% republicano e 41% independente.[31]

Características

O seu símbolo é um burro, geralmente representado em cores vermelha e azul. Essa última é considerada a cor oficial do Partido Democrata.

Localmente, o Partido Democrata tem vindo a aproximar-se do conservadorismo do seu adversário, o Partido Republicano, em especial na região oeste, no centro e no sul do país. O Partido Democrata costuma ser tradicionalmente apoiado pelos trabalhadores, sindicatos, assalariados, pela maioria das profissões intelectuais (professores, jornalistas, artistas) e por algumas minorias étnicas (afro-americanos, hispânicos) e religiosas (católicos, judeus), enquanto o Partido Republicano costuma ser associado à população dita WASP ("White Anglo-Saxon Protestant"; Branca, Anglo-Saxã, Protestante), mais próxima dos meios financeiros e de negócios, profissionais liberais, empreendedores e também das correntes religiosas protestantes maioritárias no país.[32][33][34]

Entretanto, vale lembrar que foi Abraham Lincoln, presidente republicano, que garantiu a abolição da escravatura, liderando a União (norte) contra os confederados (sul). Além disso, o Partido Democrata abrigou todos os governadores pró-segregacionismo do sul dos Estados Unidos, como Bob Kennon, George Wallace, Lester Maddox entre outros.[35][36]

Resultados eleitorais

Joe Biden é o 46.º e atual presidente dos Estados Unidos, sendo o décimo-sexto Democrata no cargo.

Eleições presidenciais

DataCandidatoCI.Votos%+/-Colégio Eleitoral+/-Status
1828Andrew Jackson1.º642 553
56,0 / 100,0
178 / 261
Eleito
1832701 780
54,2 / 100,0
1,8
219 / 286
41
1836Martin van Buren764 176
50,8 / 100,0
3,4
170 / 294
49
18402.º1 128 854
46,8 / 100,0
4,0
60 / 294
110Não Eleito
1844James K. Polk1.º1 339 494
49,5 / 100,0
2,7
170 / 275
110Eleito
1848Lewis Cass2.º1 223 460
42,5 / 100,0
7,0
127 / 290
43Não Eleito
1852Franklin Pierce1.º1 607 510
50,8 / 100,0
8,3
254 / 296
127Eleito
1856James Buchanan1 836 072
45,3 / 100,0
5,5
174 / 296
80
1860Stephen A. Douglas2.º1 380 202
29,5 / 100,0
15,8
12 / 303
162Não Eleito
1864George B. McClellan1 812 807
45,0 / 100,0
15,5
21 / 233
9
1868Horatio Seymour2 708 744
47,3 / 100,0
2,3
80 / 294
59
1872Horace Greeley2 834 761
43,8 / 100,0
3,5
3 / 352
77
1876Samuel J. Tilden1.º4 286 808
50,9 / 100,0
7,1
184 / 369
181
1880Winfield Hancock2.º4 444 260
48,3 / 100,0
2,6
155 / 369
29
1884Grover Cleveland1.º4 914 482
48,9 / 100,0
0,6
219 / 401
64Eleito
18885 534 488
48,6 / 100,0
0,3
168 / 401
51Não Eleito
18925 553 898
46,0 / 100,0
2,6
277 / 444
109Eleito
1896William Jennings Bryan2.º6 509 052
46,7 / 100,0
0,7
176 / 447
101Não Eleito
19006 370 932
45,5 / 100,0
1,2
155 / 447
21
1904Alton B. Parker5 083 880
37,6 / 100,0
7,9
140 / 476
15
1908William Jennings Bryan6 408 979
43,0 / 100,0
5,4
162 / 483
22
1912Woodrow Wilson1.º6 296 284
41,8 / 100,0
1,2
435 / 531
273Eleito
19169 126 868
49,2 / 100,0
7,4
277 / 531
158
1920James M. Cox9 139 661
34,2 / 100,0
15,0
127 / 531
150Não Eleito
1924John Davis2.º8 386 242
28,8 / 100,0
5,4
136 / 531
9
1928Al Smith15 015 464
40,8 / 100,0
12,0
87 / 531
49
1932Franklin Roosevelt1.º22 821 277
57,4 / 100,0
16,6
472 / 531
385Eleito
193627 752 648
60,8 / 100,0
3,4
523 / 531
51
194027 313 945
54,7 / 100,0
6,1
449 / 531
74
194425 612 916
53,4 / 100,0
1,3
432 / 531
17
1948Harry S. Truman24 179 347
49,6 / 100,0
3,8
303 / 531
129
1952Adlai Stevenson II2.º27 375 090
44,3 / 100,0
5,3
89 / 531
214Não Eleito
195626 028 028
42,0 / 100,0
2,3
73 / 531
16
1960John F. Kennedy1.º34 220 984
49,7 / 100,0
7,7
303 / 537
230Eleito
1964Lyndon B. Johnson43 127 041
61,1 / 100,0
11,4
486 / 538
183
1968Hubert Humphrey2.º31 271 839
42,7 / 100,0
18,4
191 / 538
295Não Eleito
1972George McGovern29 173 222
37,5 / 100,0
5,2
17 / 538
174
1976Jimmy Carter1.º40 831 881
50,1 / 100,0
12,6
297 / 538
280Eleito
19802.º35 480 115
41,0 / 100,0
9,1
49 / 538
248Não Eleito
1984Walter Mondale37 577 352
40,6 / 100,0
0,5
13 / 538
36
1988Michael Dukakis41 809 476
45,7 / 100,0
5,1
111 / 538
98
1992Bill Clinton1.º44 909 806
43,0 / 100,0
2,7
370 / 538
259Eleito
199647 401 185
49,2 / 100,0
6,2
379 / 538
9
2000Al Gore50 999 897
48,4 / 100,0
0,8
266 / 538
113Não Eleito
2004John Kerry2.º59 028 444
48,3 / 100,0
0,1
251 / 538
15
2008Barack Obama1.º69 498 516
52,9 / 100,0
4,6
365 / 538
114Eleito
201265 915 795
51,1 / 100,0
1,8
332 / 538
33
2016Hillary Clinton65 844 954
48,2 / 100,0
2,9
227 / 538
105Não Eleito
2020Joe Biden81,268,867
51,3 / 100,0
3,1
306 / 538
79Eleito

Câmara dos Representantes

DataCI.Votos%+/-Mandatos+/-
18321.ºN/DN/D
143 / 240
18341.ºN/DN/D
143 / 242
18361.ºN/DN/D
128 / 242
15
18381.ºN/DN/D
125 / 242
3
18402.ºN/DN/D
99 / 242
26
18421.ºN/DN/D
148 / 223
49
18441.ºN/DN/D
142 / 227
6
18462.ºN/DN/D
112 / 230
30
18481.ºN/DN/D
113 / 233
1
18501.ºN/DN/D
130 / 233
17
18521.ºN/DN/D
158 / 234
28
18541.ºN/DN/D
83 / 234
75
18561.ºN/DN/D
133 / 237
50
18582.ºN/DN/D
98 / 238
35
18602.ºN/DN/D
45 / 183
53
18622.ºN/DN/D
72 / 184
27
18642.ºN/DN/D
38 / 193
34
18662.ºN/DN/D
47 / 224
9
18682.ºN/DN/D
67 / 243
20
18702.ºN/DN/D
104 / 243
37
18722.ºN/DN/D
89 / 292
15
18741.ºN/DN/D
183 / 293
94
18761.ºN/DN/D
157 / 293
26
18781.ºN/DN/D
148 / 293
9
18802.ºN/DN/D
131 / 293
17
18821.ºN/DN/D
199 / 325
68
18841.ºN/DN/D
183 / 325
16
18861.ºN/DN/D
167 / 325
16
18882.ºN/DN/D
152 / 332
15
18901.ºN/DN/D
238 / 332
86
18921.ºN/DN/D
220 / 356
18
18942.ºN/DN/D
93 / 357
127
18962.ºN/DN/D
124 / 357
31
18982.ºN/DN/D
161 / 357
37
19002.ºN/DN/D
151 / 357
10
19022.ºN/DN/D
176 / 386
25
19042.ºN/DN/D
135 / 386
41
19062.ºN/DN/D
167 / 391
32
19082.ºN/DN/D
172 / 391
5
19101.ºN/DN/D
230 / 394
58
19121.ºN/DN/D
291 / 435
61
19141.ºN/DN/D
230 / 435
61
19162.ºN/DN/D
214 / 435
16
19182.ºN/DN/D
192 / 435
22
19202.ºN/DN/D
131 / 435
61
19222.ºN/DN/D
207 / 435
76
19242.ºN/DN/D
183 / 435
24
19262.ºN/DN/D
194 / 435
11
19282.ºN/DN/D
164 / 435
30
19301.ºN/DN/D
216 / 435
52
19321.ºN/DN/D
313 / 435
97
19341.ºN/DN/D
322 / 435
9
19361.ºN/DN/D
334 / 435
12
19381.º17 715 450
48,7 / 100,0
262 / 435
72
19401.º24 227 821
51,4 / 100,0
2,7
267 / 435
5
19422.º13 181 759
47,0 / 100,0
4,4
222 / 435
45
19441.º23 380 045
51,8 / 100,0
4,8
242 / 435
20
19462.º15 491 113
45,0 / 100,0
6,8
188 / 435
54
19481.º24 217 516
52,6 / 100,0
7,6
263 / 435
75
19501.º19 991 683
49,6 / 100,0
3,0
235 / 435
28
19521.º28 642 537
49,8 / 100,0
0,2
213 / 435
22
19541.º22 366 386
52,5 / 100,0
2,7
232 / 435
19
19561.º30 062 042
51,2 / 100,0
1,3
234 / 435
2
19581.º25 604 679
56,0 / 100,0
4,8
283 / 437
49
19601.º35 125 032
54,8 / 100,0
1,2
262 / 437
21
19621.º26 860 184
52,4 / 100,0
2,4
258 / 435
4
19641.º37 643 960
57,1 / 100,0
4,7
295 / 435
37
19661.º26 934 136
50,9 / 100,0
6,2
248 / 435
47
19681.º33 214 994
50,2 / 100,0
0,7
243 / 435
5
19701.º29 080 212
53,6 / 100,0
3,4
255 / 435
12
19721.º37 071 352
52,1 / 100,0
1,5
242 / 435
13
19741.º30 054 097
57,5 / 100,0
5,4
291 / 435
49
19761.º41 474 890
55,9 / 100,0
1,6
292 / 435
1
19781.º29 317 222
53,7 / 100,0
2,2
277 / 435
15
19801.º39 347 947
50,5 / 100,0
3,2
243 / 435
34
19821.º35 284 473
55,2 / 100,0
4,7
269 / 435
26
19841.º42 973 494
52,1 / 100,0
3,1
253 / 435
16
19861.º32 447 021
54,3 / 100,0
2,2
258 / 435
5
19881.º43 544 565
53,3 / 100,0
1,0
260 / 435
2
19901.º32 463 472
52,1 / 100,0
1,2
267 / 435
7
19921.º48 654 189
50,1 / 100,0
2,0
258 / 435
9
19942.º31 609 829
44,8 / 100,0
5,3
204 / 435
54
19961.º43 507 586
48,2 / 100,0
3,4
207 / 435
3
19982.º31 490 298
47,3 / 100,0
0,9
211 / 435
4
20002.º46 582 167
47,1 / 100,0
0,2
212 / 435
1
20022.º33 795 885
45,2 / 100,0
1,9
205 / 435
7
20042.º52 969 786
46,8 / 100,0
1,6
202 / 435
3
20061.º42 338 795
52,3 / 100,0
5,5
233 / 435
31
20081.º65 237 840
53,2 / 100,0
0,9
257 / 435
24
20102.º38 980 192
44,9 / 100,0
8,3
193 / 435
64
20121.º59 645 531
48,8 / 100,0
3,9
201 / 435
8
20142.º35 624 357
45,5 / 100,0
3,3
188 / 435
13
20162.º61 776 554
48,0 / 100,0
2,5
194 / 435
6
20181.º60 589 257
53,4 / 100,0
5,4
235 / 435
41
20201.º77 122 690
50,3 / 100,0
3,1
222 / 435
13
20222.º51 280 463
47,3 / 100,0
3,0
213 / 435
9

Presidentes democratas

Animação com os resultados das eleições presidenciais nos EUA desde 1856
N.ºNomeRetratoEstado de origemPeríodo dos mandatos
1ºAndrew Jackson Tennessee4 de março de 1829 – 4 de março de 1837
2ºMartin Van Buren Nova Iorque4 de março de 1837 – 4 de março de 1841
3ºJames K. Polk Tennessee4 de março de 1845 – 4 de março de 1849
4ºFranklin Pierce Nova Hampshire4 de março de 1853 – 4 de março de 1857
5ºJames Buchanan Pensilvânia4 de março de 1857 – 4 de março de 1861
6ºAndrew Johnson Tennessee15 de abril de 1865 – 4 de março de 1869
7ºGrover Cleveland Nova Iorque4 de março de 1885 – 4 de março de 1889
4 de março de 1893 – 4 de março de 1897
8ºWoodrow Wilson New Jersey4 de março de 1913 – 4 de março de 1921
9ºFranklin D. Roosevelt Nova Iorque4 de março de 1933 – 12 de abril de 1945
10ºHarry S. Truman Missouri12 de abril de 1945 – 20 de janeiro de 1953
11ºJohn F. Kennedy Massachusetts20 de janeiro de 1961 – 22 de novembro de 1963
12ºLyndon B. Johnson Texas22 de novembro de 1963 – 20 de janeiro de 1969
13ºJimmy Carter Geórgia20 de janeiro de 1977 – 20 de janeiro de 1981
14ºBill Clinton Arkansas20 de janeiro de 1993 – 20 de janeiro de 2001
15ºBarack Obama Illinois20 de janeiro de 2009 – 20 de janeiro de 2017
16ºJoe Biden Delaware20 de janeiro de 2021 – presente

Ver também

Referências

Ligações externas