Escrita brami

Brami ou bramanesa (Brāhmī)[1] é o nome moderno dado aos mais antigos membros da família brâmica. As mais conhecidas inscrições em brami são inscrições sobre rochas dos Éditos de Asoca localizadas no centro-norte da Índia, datando do século III a.C. Esses são tradicionalmente considerados como as mais antigas amostras de escrita brami, embora descobertas mais recentes sugerem que possa haver algo mais antigo. A escrita foi decifrada em 1837 por James Prinsep, um arqueólogo, filólogo e oficial da Companhia Britânica das Índias Orientais[2] Assim como a escrita contemporânea das áreas onde ficam hoje Afeganistão e Paquistão, o Kharoṣṭhī Brāhmī era um abugida.

Escrita brami
TipoAbugida
LínguasPrácrito, Sânscrito, Saka, Tâmil, Canarim, Línguas tocarianas
Período de tempo
Século III a.C. até Século V
Sistemas-pais
Sistemas-filhos
Escrita gupta e outros numerosos descedentes
Conjunto de carateres Unicode
U+11000–U+1107F
Escrita brami sobre rochas nas Cavernas Kanheri

Características básicas

A escrita foi inovadora em sua apresentação, com o alfabeto num arranjo em forma com linhas e colunas (a chamada varga) de acordo com a fonética.[3] É algo como uma tabela periódica de Mendeleiev. O sistema varga resultou de séculos de análises feitas por diversas pessoas, num desenvolvimento com conceitos básicos de fonologia que foram descobertos e definidos.

Fragmento do Édito de Asoca – 6° pilar.

Brami foi uma ancestral da maioria das escritas da Ásia Meridional, do Sudeste Asiático, de algumas da Ásia Central tais como o alfabeto tibetano e aquele da língua saca, Algum, como Gary Ledyard, acreditam que tenha também influenciado o Hangul, escrita do coreano (criada em 1444). A sequência alfabética do brami foi adotada pela escrita japonesa Kana, mesmo que não haja relações entre as suas letras.[4]

Escrita

São 19 caracteres para vogais e diacríticos; mais 33 para consoantes.

Possível derivação do brami do alfabeto fenício
GregoΑΒΓΔΕΥΖΗΘΙΚΛΜΝΞΟΠϺϘΡΣΤ
Fenício
Aramaico ,
Brami ? ? ?
Devanagari
Tâmil ஶ்
Canada
IASTabagadhaḍha vada?ḍa? thaṭhayakacalamanaṇaśa* paphasa*khacharaṣa*taṭa

* Tanto o fenício, como o aramaico e o brami apresentam três consoantes surdas sibilantes, mas como a sequência alfabética foi perdida, as correspondências entre elas não são claras.

Não consideradas como consoantes bramis originais, bh, gh, h, j, jh, ny. Brahmi ng foram um desenvolvimento mais recente.

Amostra de texto

Transliterado para o alfabeto latino

devānaṁpiye piyadasi lājā hevaṁ āhā ye atikaṁtaṁaṁtalaṁ lājāne husa hevaṁ ichisu kathaṁ janedhaṁmavaḍhiyā vāḍheya nocujane anulupāyā dhaṁmavaḍhiyāvaḍhithā etaṁ devānaṁpiye piyadasi lājā hevaṁ āhā esamehuthā atākaṁtaṁ ca aṁtalaṁ hevaṁ ichisu lājāne katha jane

Português

Assim falou o Rei Devanampia Piadasi: "Reis dos tempos antigos foram para o paraíso sob alguns fortes desejos. Como então entre a raça humana pode a religião ser ampliada (crescer em graça)? Sim! Através da conversão dos nascidos na humildade deve a religião crescer."

Referências

Bibliografia

  • Sampaio, Adovaldo Fernandes (2009). Letras e Memória – Uma Breve História da Escrita. São Paulo: Ateliê Editorial 
  • [Kenneth R. Norman, The Development of Writing in India and its Effect upon the Pâli Canon, in Wiener Zeitschrift für die Kunde Südasiens (36), 1993
  • Siran Deraniyagala, The prehistory of Sri Lanka; an ecological perspective (revised ed.), Archaeological Survey Department of Sri Lanka, 1992.
  • Oscar von Hinüber, Der Beginn der Schrift und frühe Schriftlichkeit in Indien, Franz Steiner Verlag.
  • Gérard Fussman, Les premiers systèmes d'écriture en Inde, in Annuaire du Collège de France 1988-1989.

Referências externas