Referendo na Crimeia de 2014

referendo disputado sobre a decisão de se juntar à Rússia ou permanecer na Ucrânia
                          
Referendo sobre a união da Crimeia com a Rússia e/ou restituição como parte da Ucrânia.
Unificação da Crimeia
16 de março de 2014
Tipo de eleição: Plebiscito sobre
questão territorial
Demografia eleitoral
Votantes :1.200.000 (>80%)
Resultados
Subdivisões da Rússia|Sim para união com a Rússia
  
97.47%
Subdivisões da Ucrânia|Sim para união com a Ucrânia
  
2.53%

O referendo sobre o estatuto político da Crimeia foi um referendo realizado no dia 16 de março de 2014 pelo governo local da Crimeia, bem como pelo governo local de Sevastopol; subdivisões vizinhas da Ucrânia localizadas na península da Crimeia e povoadas por grandes maiorias de língua russa, a maioria delas de etnia russa.[1]

Língua materna mais comum em municípios urbanos e rurais da Ucrânia segundo censo de 2001, com o russo (em vermelho) dominante na Crimeia
Distribuição dos grupos étnicos na Crimeia até 2001

História

Em meio as tensões na região, devido à revolução ucraniana e pelo fato de o governo recém-instalado na Ucrânia começar a distanciar-se da Rússia, tropas pró-russas não identificadas (reivindicadas pela Rússia como sendo forças locais de auto-defesa, mas presumidas como soldados russos), assumiram a Crimeia em 24 de fevereiro de 2014. O parlamento da Crimeia aprovou a realização de um referendo para perguntar à população se a Crimeia deve se juntar formalmente à Federação Russa ou permanecer parte da Ucrânia.[1] O governo recém-instalado ucraniano, os líderes de uma organização que representa tártaros da Crimeia, e várias nações, no entanto, argumentam que qualquer referendo realizado pelo governo local da Crimeia, sem a autorização expressa da Ucrânia é inconstitucional e ilegítimo, uma autoridade que o governo local crimeiano não tem atualmente sob a lei ucraniana.[1][2] Não obstante a sua legitimidade, alguns meios de comunicação, como a Associated Press, relataram que o referendo é semelhante a uma declaração unilateral de independência da Ucrânia pelo parlamento da Crimeia. [a][b]

Os observadores da OSCE tentaram entrar na Crimeia três vezes, mas não conseguiram, com as testemunhas que viajaram com os observadores dizendo que tiros de advertência foram disparados para o ar da última vez que os observadores tentaram entrar.[5] As tentativas da OSCE de entrar na Crimeia partiram de um convido do governo recém-instalado na Ucrânia à organização em seu território, mas as autoridades pró-russas na Crimeia dizem que OSCE não tem permissão para entrar na região.[5]

Votação

A população respondeu a duas perguntas:

  • Você é favorável a que a República Autônoma da Crimeia se una novamente à Rússia como parte constituinte da Federação Russa?
  • Você é favorável a restaurar a Constituição da República da Crimeia de 1992 e a condição da Crimeia como parte da Ucrânia?

As opções disponíveis não incluem manter o status quo da Crimeia e Sevastopol como estavam no momento em que o referendo foi realizado. Muitos comentaristas ocidentais e ucranianos argumentaram que ambas as escolhas fornecidas no referendo resultariam na separação de facto da Ucrânia.[6][7][8]

No dia 11 de março, em sua Declaração de Independência da República da Crimeia o parlamento da Crimeia e o conselho da cidade de Sevastopol manifestaram a intenção de se juntar com a Rússia na pendência de um resultado de apoio no referendo.[9] As lideranças da Crimeia e Sevastopol também consideraram a destituição do presidente ucraniano Viktor Yanukovych na revolução ucraniana de 2014 como um golpe de Estado e o novo governo interino em Kiev como ilegítimo.[10] A ação foi considerada legítima pela Rússia, mas não pelos Estados Unidos e pelo governo de Kiev.[11]

Resultados

Os resultados preliminares apontaram que mais que 80% dos cerca de 1,5 milhão de pessoas aptas a votar apresentaram-se no referendo e que mais de 93% deles votaram na união com a Rússia como parte constituinte da Federação Russa.[12]

Ao final da apuração, 96,8% dos votos apurados foram favoráveis à secessão da península em relação à Ucrânia e à reintegração à Federação Russa.[13][14][15] Por outro lado, a minoria tártara boicotou a votação.[16]

Após o referendo, a Crimeia passou a buscar o reconhecimento da ONU e solicitou para se juntar à Federação Russa.[17] No mesmo dia, a Rússia reconheceu a Crimeia como um Estado soberano.[18][19] Entretanto, os países ocidentais declararam que não reconheceriam os resultados do plebiscito por considerá-lo ilegal.[20]

Ver também

Notas

Referências

Ligações externas