Sambo

arte marcial de origem soviética
 Nota: Para outros significados, veja Sambo (desambiguação).

Sambo[1][2] (em russo: самбо) é uma arte marcial e esporte de combate moderno originariamente desenvolvida na União Soviética no início do século XX e reconhecida como esporte pela URSS desde 1938.

Sambo
Sambo
Sambo nos jogos europeus de 2015
Informação geral
FocoAgarramentos, Misto
DurezaContato pleno
Criador(es)Vasili Oshchepkov
Viktor Spiridonov
PraticanteFedor Emelianenko, Alexander Pushnitsa, Oleg Taktarov, Igor Vovchanchyn, Nick Diaz, Vitaly Minakov, Volk Han, Andrei Kopylov, Chris Dolman, Gokor Chivichyan, Oleg Stepanov, Genrikh Shults, David Rudman, Andrei Arlovski, Blagoi Ivanov, Alexander Emelianenko, Vladimir Putin, Khaltmaa Battulga, Sergei Kharitonov, Khabib Nurmagomedov, Rasul Mirzaev, Rustam Khabilov, Dean Lister, Islam Makhachev, Ali Bagautinov, Omari Akhmedov
Grafia
Nome nativoCамбо
Outros nomesSombo
Relação com outras modalidades
Antecedente(s)Boxe, Savate, Luta greco-romana, Judô, Lutas eslavas, Aikijujutsu e diversas lutas chinesas
Descendente(s)Catch wrestling, Judo, Jujutsu, Kulachniy Boy, Savate, Kurash, Alysh, Luta greco-romana
Outras informações
Esporte olímpicoNão
Sítio oficialsambo-fias.org//
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SAMBO é um acrônimo de "CAMозащита Без Oружия" (SAMozashchita Bez Oruzhiya [pronuncia-se Orujiya]), que em tradução livre pode significar "autodefesa sem armas". É um sistema de luta agarrada com elementos da Luta livre e Judô, com algumas modalidades incluindo ainda golpes traumáticos (socos e chutes). O seu uniforme é conhecido como Kurtka ou Sambovka e é semelhante ao Keikogi, mas tem calças mais curtas para facilitar leglocks e nos pés se usam sapatilhas de wrestling.

Foi desenvolvido pelos professores Vasili Oshchepkov e Viktor Spiridonov. Oshchepkov estudou Judô no Japão, sob a tutela de seu fundador Jigoro Kano.[3] Posteriormente foi desenvolvido pela NKVD e o Exército Vermelho para combate corpo a corpo e defesa pessoal de suas tropas.

O Sambo é governado internacionalmente por duas federações: a FIAS (Federação Internacional Amadora de Sambo) e é um "estilo associado" da United World Wrestling (UWW). É um esporte reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional e pode se tornar um Esporte olímpico se aprovado pelo Comitê.

História

Academia Mundial de Sambo em Kstovo, Rússia

O sambo originou-se da junção de técnicas de autodefesa criadas ao mesmo tempo, porém independentemente, por Vasili Oshchepkov (1892-1937) e Viktor Spiridonov (1881-1943), técnicas estas com o mesmo nome (Sambo) porém com estilos diferentes.

O estilo proposto por Spiridonov, um notório pesquisador de lutas, possuía raízes no boxe, no savate, na luta olímpica (a luta greco-romana e a luta livre), estilos de wrestling tradicionais eslavas, o aikijujutsu japonês e principalmente no Shuai Jiao. Spiridonov foi o primeiro a desenvolver técnicas relacionadas ao sambo.

A influência Oshchepkov eram o tenjin shin'yō-ryū e o kitō-ryū (escolas do aikijujutsu), além do judô. O estilo proposto por Oshchepkov[4] é o que mais se assemelha ao sambo atual. Oshchepkov foi executado em 1937, durante o sistema de expurgos políticos promovidos pelo regime de Stalin, acusado de ser um "espião japonês".[5]

Anatoly Kharlampiev (1906-1979), aluno de Oshchepkov, aprimorou o estilo proposto pelo mestre, compilando ainda as técnicas de Spiridinov. Foi também o responsável pelo reconhecimento da arte marcial junto ao comitê de esportes da URSS. Por suas contribuições técnicas e políticas, é reconhecido, por vezes, como criador do Sambo contemporâneo.[6]

Entretanto, não há um consenso universal sobre a existência de um criador único do Sambô.

Organização desportiva

Federações internacionais

Em 1968, a Federação Internacional de Lutas Associadas (FILA) aceitou o Sambo como estilo internacional de luta, juntamente com a Luta Greco-Romana e a Luta Livre, modalidades estas já consagradas como olímpicas.

No ano de 1985, a comunidade de Sambo formou a sua própria organização, a Federação Internacional Amadora de Sambo (FIAS)

Em 1993, a FIAS dividiu-se em duas organizações, ambas utilizando o mesmo nome e logotipo. Estes dois grupos eram referidos como FIAS oriental (sob controle russo) e FIAS ocidental (sob controle norte-americano).

Doze anos mais tarde, em 2005, a FILA conseguiu um acordo com a FIAS ocidental e reassumiu a jurisdição sobre o sambo.[7]

A FILA vem perdendo sua força junto ao sambo, o que pode ser notado no website da entidade.[8] Atualmente, a FIAS (e não a FILA) tem o poder de jurisdição nas competições internacionais de sambo esportivo e de combate.

Os resultados das competições podem ser encontrados no site da FIAS.[9]

No Brasil

O Sambo no Brasil foi trazido para o Brasil pelos Sambistas Carlos da Rosa Maia e Marcelo Capano em 2007. Eles fundaram a Confederação Brasileira Amadora de SAMBO (CBAS) para difundir a luta no Brasil, filiado à FIAS. O Brasil já ganhou diversas medalhas na modalidade nos Jogos Pan-Americanos.[10]

Versões do sambo

Embora tenha sido concebido como um sistema único, existem quatro versões de sambo. Sambo esportivo e de combate são as versões oficiais e sancionadas pela FIAS, enquanto as outras são variações promovidas por professores e grupos independentes.

  • Sambo esportivo: em termos de estilo, seria, grosso modo, uma junção da luta livre e o Judô. A competição é semelhante a luta japonesa, com algumas diferenças em relação às regras, protocolo e uniforme. Por exemplo, permite-se agarrar na perna e todas as chaves de perna, mas são proibidos estrangulamentos.
  • Sambo de combate: Utilizado e desenvolvido pelos militares. É a raiz do sambo. Inclui formas de combate completas: todas as finalizações (incluindo estrangulamentos, banidos do esportivo), incluindo chutes, socos, joelhadas e cotoveladas, se assemelhando assim ao MMA. Permitindo ainda golpes que são proibidos no MMA, como "tiros de meta" (chute em oponentes caídos), cabeçadas e até golpes na virilha. Embora tenha um caráter mais agressivo e sujeito a contusões, existem competições nesta versão.
  • Sambo auto-defensivo: similar ao krav maga e o aikido, utilizado na defesa contra agressão armada ou desarmada.
  • Sambo especial: desenvolvido para as Spetsnaz e Forças de Reação Rápida. O estilo nesta versão diferencia de acordo com as tarefas e objetivos. Seria, em tese, um complemento ao sambo de combate.
  • Sambo freestyle: Estilo de Sambo esportivo influenciado pelo Jiu-jitsu brasileiro e criado pela American Sambo Association (ASA). Todas as finalizações são permitidas (incluindo estrangulamentos e chaves de calcanhar) e foca-se na luta de solo.[11] Não é mais praticado após o fechamento da ASA.[12]
Partida de Sambo Esportivo. Ambos oponentes estão usando uma Kurtka, sapatilhas de wrestling e lutando em um tatame de wrestling.
Partida de Sambo de Combate. Além da Kurtka e das sapatilhas, se usa capacete, luvas, protetor bucal e caneleiras.

Graduações ou faixas

Embora o sambo original não tivesse graduações ou rankings, a Federação Internacional Amadora de Sambo (FIAS) propõe o seguinte sistema de ranking (ou faixas):[13]

  • Noviço (preta)
  • Júnior (cinza)
  • Adulto (marrom)
  • Candidato (verde)
  • Mestre (azul)
  • Mestre Internacional (vermelha)
  • Grande Mestre (ouro)
  • Professor (branca)

Além de seguir uma ordem inversa de cores das demais artes marciais proposto pela FIAS (no sambo a faixa branca é o grau mais alto e a faixa preta é o grau mais baixo), o exame de passagem de faixas preconizado pela referida entidade está relacionado a vitórias em combate com esportistas de mesmo ranking ou superior.

A URSS utilizava sistema distinto de graduação relacionado ao resultado em competições oficiais .

Sambocas ilustres

Fiódor Emelianenko em New Jersey, 2006.
  • Vladimir Putin - Master Sambo (faixa azul) e presidente honorário da FIAS.[15] É também faixa preta (branca e vermelha - sexto dan) de judô.[16]
  • Blagoi Ivanov - Campeão mundial de sambo de 2008 (venceu o mundial de sambo de 2008, derrotando Emelianenko na semifinal[17]).

Cultura popular

Referências

Ligações externas

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