Meridiano de Greenwich

Meridiano Longitudinal

O Meridiano de Greenwich ou Meridiano Principal é o meridiano que passa sobre a localidade de Greenwich (no Observatório Real, nos arredores de Londres, Reino Unido) e que, por convenção, divide o globo terrestre em ocidente e oriente, permitindo medir a longitude. Foi estabelecido por Sir George Biddell Airy em 1851. Definido por acordo internacional em 1884, enfrentou uma concorrência com a França (seria denominado "meridiano de Paris"), Espanha, (seria denominado "meridiano de Cádis") e com Portugal, (seria denominado "meridiano de Coimbra"), antes de ser definido como o primeiro meridiano. Assim foi definido graças ao poder da grande potência da época, a Inglaterra. Serve de referência para calcular distâncias em longitudes e estabelecer os fusos horários. Cada fuso horário corresponde a uma faixa de quinze graus de longitude de largura, sendo a hora de Greenwich chamada de Tempo Médio de Greenwich (GMT).

Meridiano de Greenwich

O Meridiano de Greenwich atravessa três continentes (Europa, África e Antártida) e oito países (na Europa:Reino Unido, França e Espanha; e na África: Argélia, Mali, Burkina Faso, Togo e Gana). Seu antimeridiano é o meridiano 180, que coincide fugazmente com a irregular Linha Internacional de Data, cruza uma parte da Rússia no estreito de Bering e uma das ilhas do arquipélago de Fiji, no oceano Pacífico.

História

Antes de Greenwich

Nem sempre o meridiano de Greenwich foi utilizado para a contagem dos graus de longitude. Balbi assim historiou o assunto, no seu Tratado de Geographia Universal, Physica, Historica e Política (1858):

… não assim os graus de longitude, por isso que contando-se de um meridiano de convenção, a que chamam primeiro meridiano há dois modos de os contar, a saber : ou até 360º começando do primeiro meridiano para a parte oriental até o encontrar pela parte ocidental, ou até 180º para a parte oriental, e até outros 180º para a ocidental, e em caso tal é mister que se declare expressamente se a longitude é oriental ou ocidental.
Os geógrafos antigos, e ainda hoje os alemães, seguiram sempre o primeiro modo de os contar; o segundo foi geralmente adaptado pelos modernos, e em particular pelos franceses e ingleses.
Quanto ao meridiano de convenção ou primeiro meridiano, convém saber, que Ptolomeu adaptou o das ilhas Afortunadas ou Ilhas Canárias, por se acharem no limite ocidental dos países naquele tempo conhecidos; que Luís XIII, rei de França, determinou por decreto aos geógrafos franceses de referirem as longitudes ao meridiano da Ilha de Ferro, que é a mais ocidental daquele arquipélago; que os holandeses adaptaram o do Pico de Tenerife; que Gerardo Mercator, célebre geógrafo, escolheu o da Ilha do Corvo no arquipélago dos Açores, porque nele no seu tempo a agulha de marear não sofria nenhuma declinação; que porém, ultimamente, quase todas as nações adaptaram os meridianos de seus respectivos observatórios. Os franceses reportam-se ao meridiano do observatório de Paris, os ingleses ao de Greenwich, os espanhóis ao de Cádis, os portugueses ao de Coimbra ou ao de Lisboa.
Meridiano 0, marcado no observatório de Greenwich, a leste de Londres

Em Portugal, no início do século XIX, adotou-se o Tempo Solar Médio (dias sempre de 24 horas, quando na realidade apresentam variações entre mais 16 ou menos 14 minutos ao longo do ano), simplificando a determinação da Hora Legal. Posteriormente, a partir de 1878, o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) passou a funcionar como único meridiano zero para todo o território nacional. Em 1912, com a adesão do país ao sistema de fusos horários, a hora legal de Portugal Continental passou a ser a do meridiano de Greenwich e os relógios tiveram que ser adiantados em 36 min e 44,68s, ou seja, a diferença entre os meridianos do OAL e o de Greenwich.[1]

Após Greenwich

Apesar da confusão em relação ao meridiano principal, já no ano de 1884 mais de um dois terços dos navios usavam o Meridiano de Greenwich como referência de longitude. No mês de outubro daquele ano, sob os auspícios de Chester A. Arthur, então presidente dos Estados Unidos, 41 delegados de 25 nações se encontraram em Washington, DC para a Conferência Internacional do Meridiano. Esta Conferência selecionou o Meridiano de Greenwich como meridiano principal devido à sua popularidade. Votaram em favor do Meridiano de Greenwich o Império Austro-Húngaro, o Chile, a Colômbia, a Costa Rica, a Alemanha, o Reino Unido, a Guatemala, o Hawaii, a Itália, o Japão, a Libéria, o México, os Países Baixos, o Paraguai, a Rússia, a Espanha, a Suécia, a Suíça e a Turquia. O Brasil e a França, todavia, abstiveram-se do voto (por várias décadas ainda, os mapas franceses permaneceram usando o Meridiano de Paris como meridiano zero) e a República Dominicana votou contra. Os representantes dos Estados Unidos, da Venezuela e de El Salvador faltaram à votação.[2]

Locais atravessados

O meridiano de Greenwich cruza:

LatitudePaís, território ou marNotas
90° a
81° 39′ N, 0° 00′ L
Oceano Ártico
81° 39′ N, 0° 00′ LMar da Groenlândia
72° 53′ N, 0° 00′ LMar da Noruega
61° 00′ N, 0° 00′ LMar do Norte
53° 45′ N, 0° 00′ LReino UnidoA terra mais setentrional cortada pelo meridiano é a costa sudoeste do parque de caravanas de Sand-le-Mere a leste de Kingston upon Hull, East Riding of Yorkshire, com latitude 53°45′34″N. O observatório de Greenwich está à latitude aproximada de 51º28'40,12"N.
50° 47′ N, 0° 00′ LCanal da Mancha
49° 19′ N, 0° 00′ LFrança
42° 41′ N, 0° 00′ LEspanhaAragão e Comunidade Valenciana (passa a leste de Castelló de la Plana)
39° 56′ N, 0° 00′ LMar MediterrâneoGolfo de Valência
38° 52′ N, 0° 00′ LEspanha
38° 38′ N, 0° 00′ LMar Mediterrâneo
35° 50′ N, 0° 00′ LArgéliaPassa no Deserto do Saara
21° 50′ N, 0° 00′ LMaliDeserto do Saara, Sahel
14° 59′ N, 0° 00′ LBurquina Fasso
11° 06′ N, 0° 00′ LTogoCerca de 600 m
11° 06′ N, 0° 00′ LGanaCerca de 16 km
10° 57′ N, 0° 00′ LTogo
10° 36′ N, 0° 00′ LGanaCorta o Lago Volta
5° 40′ N, 0° 00′ LGanaPassa pela cidade de Tema[3]
0° 00′ N, 0° 00′ LGolfo da Guiné
60° 00′ S, 0° 00′ LOceano Antártico
68° 54′ S, 0° 00′ LAntártidaTerra da Rainha Maud, reclamada pela Noruega

Ver também

Referências