SAMBO é um acrônimo de "CAMозащита Без Oружия" (SAMozashchita Bez Oruzhiya [pronuncia-se Orujiya]), que em tradução livre pode significar "autodefesa sem armas". É um sistema de luta agarrada com elementos da Luta livre e Judô, com algumas modalidades incluindo ainda golpes traumáticos (socos e chutes). O seu uniforme é conhecido como Kurtka ou Sambovka e é semelhante ao Keikogi, mas tem calças mais curtas para facilitar leglocks e nos pés se usam sapatilhas de wrestling.
Foi desenvolvido pelos professores Vasili Oshchepkov e Viktor Spiridonov. Oshchepkov estudou Judô no Japão, sob a tutela de seu fundador Jigoro Kano.[3] Posteriormente foi desenvolvido pela NKVD e o Exército Vermelho para combate corpo a corpo e defesa pessoal de suas tropas.
O Sambo é governado internacionalmente por duas federações: a FIAS (Federação Internacional Amadora de Sambo) e é um "estilo associado" da United World Wrestling (UWW). É um esporte reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional e pode se tornar um Esporte olímpico se aprovado pelo Comitê.
O sambo originou-se da junção de técnicas de autodefesa criadas ao mesmo tempo, porém independentemente, por Vasili Oshchepkov (1892-1937) e Viktor Spiridonov (1881-1943), técnicas estas com o mesmo nome (Sambo) porém com estilos diferentes.
A influência Oshchepkov eram o tenjin shin'yō-ryū e o kitō-ryū (escolas do aikijujutsu), além do judô. O estilo proposto por Oshchepkov[4] é o que mais se assemelha ao sambo atual. Oshchepkov foi executado em 1937, durante o sistema de expurgos políticos promovidos pelo regime de Stalin, acusado de ser um "espião japonês".[5]
Anatoly Kharlampiev (1906-1979), aluno de Oshchepkov, aprimorou o estilo proposto pelo mestre, compilando ainda as técnicas de Spiridinov. Foi também o responsável pelo reconhecimento da arte marcial junto ao comitê de esportes da URSS. Por suas contribuições técnicas e políticas, é reconhecido, por vezes, como criador do Sambo contemporâneo.[6]
Entretanto, não há um consenso universal sobre a existência de um criador único do Sambô.
Em 1993, a FIAS dividiu-se em duas organizações, ambas utilizando o mesmo nome e logotipo. Estes dois grupos eram referidos como FIAS oriental (sob controle russo) e FIAS ocidental (sob controle norte-americano).
Doze anos mais tarde, em 2005, a FILA conseguiu um acordo com a FIAS ocidental e reassumiu a jurisdição sobre o sambo.[7]
A FILA vem perdendo sua força junto ao sambo, o que pode ser notado no website da entidade.[8] Atualmente, a FIAS (e não a FILA) tem o poder de jurisdição nas competições internacionais de sambo esportivo e de combate.
Os resultados das competições podem ser encontrados no site da FIAS.[9]
O Sambo no Brasil foi trazido para o Brasil pelos Sambistas Carlos da Rosa Maia e Marcelo Capano em 2007. Eles fundaram a Confederação Brasileira Amadora de SAMBO (CBAS) para difundir a luta no Brasil, filiado à FIAS. O Brasil já ganhou diversas medalhas na modalidade nos Jogos Pan-Americanos.[10]
Embora tenha sido concebido como um sistema único, existem quatro versões de sambo. Sambo esportivo e de combate são as versões oficiais e sancionadas pela FIAS, enquanto as outras são variações promovidas por professores e grupos independentes.
Sambo esportivo: em termos de estilo, seria, grosso modo, uma junção da luta livre e o Judô. A competição é semelhante a luta japonesa, com algumas diferenças em relação às regras, protocolo e uniforme. Por exemplo, permite-se agarrar na perna e todas as chaves de perna, mas são proibidos estrangulamentos.
Sambo de combate: Utilizado e desenvolvido pelos militares. É a raiz do sambo. Inclui formas de combate completas: todas as finalizações (incluindo estrangulamentos, banidos do esportivo), incluindo chutes, socos, joelhadas e cotoveladas, se assemelhando assim ao MMA. Permitindo ainda golpes que são proibidos no MMA, como "tiros de meta" (chute em oponentes caídos), cabeçadas e até golpes na virilha. Embora tenha um caráter mais agressivo e sujeito a contusões, existem competições nesta versão.
Sambo auto-defensivo: similar ao krav maga e o aikido, utilizado na defesa contra agressão armada ou desarmada.
Sambo especial: desenvolvido para as Spetsnaz e Forças de Reação Rápida. O estilo nesta versão diferencia de acordo com as tarefas e objetivos. Seria, em tese, um complemento ao sambo de combate.
Sambo freestyle: Estilo de Sambo esportivo influenciado pelo Jiu-jitsu brasileiro e criado pela American Sambo Association (ASA). Todas as finalizações são permitidas (incluindo estrangulamentos e chaves de calcanhar) e foca-se na luta de solo.[11] Não é mais praticado após o fechamento da ASA.[12]
Partida de Sambo Esportivo. Ambos oponentes estão usando uma Kurtka, sapatilhas de wrestling e lutando em um tatame de wrestling.
Partida de Sambo de Combate. Além da Kurtka e das sapatilhas, se usa capacete, luvas, protetor bucal e caneleiras.
Embora o sambo original não tivesse graduações ou rankings, a Federação Internacional Amadora de Sambo (FIAS) propõe o seguinte sistema de ranking (ou faixas):[13]
Noviço (preta)
Júnior (cinza)
Adulto (marrom)
Candidato (verde)
Mestre (azul)
Mestre Internacional (vermelha)
Grande Mestre (ouro)
Professor (branca)
Além de seguir uma ordem inversa de cores das demais artes marciais proposto pela FIAS (no sambo a faixa branca é o grau mais alto e a faixa preta é o grau mais baixo), o exame de passagem de faixas preconizado pela referida entidade está relacionado a vitórias em combate com esportistas de mesmo ranking ou superior.
A URSS utilizava sistema distinto de graduação relacionado ao resultado em competições oficiais .